Adidas garante a autarca da Maia que vai “compensar” os 300 empregos perdidos
Líder do centro de serviços da Adidas, que vai despedir até 300 pessoas, assegurou ao presidente da Câmara da Maia que, até ao verão de 2023, “os lugares irão ser todos compensados e até escalar".
O presidente da Câmara da Maia insistiu esta terça-feira ter ficado surpreendido com os 300 despedimentos na estrutura da Adidas no concelho, que diz somar atualmente perto de 900 funcionários, salientando, porém, ter ficado tranquilizado com a garantia da empresa de que vai “reconverter noutras tarefas” os postos de trabalhos agora extintos, que, segundo o autarca, “vão migrar para outras geografias do mundo, designadamente para Ásia”.
Em conferência de imprensa realizada esta tarde, António Silva Tiago revelou que o responsável daquela multinacional na Maia, Carlos Guimarães, lhe adiantou que a vontade da Adidas é “incrementar a atividade” no concelho, criando mesmo “novas oportunidades” na sequência da reestruturação desta operação, instalada desde 2009 no Parque de Ciência e Tecnologia da Maia (TecMaia).
“Hoje de manhã consegui falar com o CEO da Adidas aqui na Maia, ele confirmou-me essa realidade, mas tranquilizou-me dizendo-me que estava a envidar esforços no sentido que esses 300 [postos de trabalho] irão ser, muitos deles, reconvertidos em novas tarefas, novos trabalhos de que a Adidas necessita. E, até junho de 2023, os lugares irão ser todos eles compensados e até escalar em maior número”, apontou o autarca.
Silva Tiago garantiu que o “hub que existe na Maia é para continuar e é para ser incrementado”, assegurando que vai “acompanhar de perto toda a transição para que corra da melhor forma”. “Tenho muita pena, mas a Câmara da Maia fará tudo aquilo que puder. É evidente que a Adidas não é nenhuma empresa do município, mas está cá e nós temos muito respeito por todas as empresas cá instaladas”, disse.
No entanto, questionado sobre se há garantias efetivas de que os colaboradores afetados vão ser novamente recrutados pela multinacional de origem germânica, Silva Tiago admitiu que não. “Não há certezas. Nem que houvesse não era eu a pessoa indicada para dar essa garantia, porque eu sou somente o presidente da Câmara da Maia, não sou o responsável pela Adidas”, respondeu.
Lamentos e passos atrás
Estas novas informações surgem 24 horas depois de a multinacional de origem alemã ter confirmado que o plano de reestruturação do chamado Adidas Global Business Services (GBS) – Porto vai afetar cerca de três centenas de funcionários. “A Adidas lamenta o impacto que a decisão pode ter nos trabalhadores e está a tentar encontrar soluções justas para todos os funcionários afetados, em conversações pessoais. Será dada prioridade à transferência para outra posição no [distrito do] Porto”, referiu através de fonte oficial.
Sobre os serviços que vão deixar de ser prestados a partir de Portugal, o mesmo porta-voz da Adidas respondeu ao ECO que “várias áreas vão ser deslocalizadas, como as relacionadas com a contabilidade”. Quanto às novas que podem vir para Portugal, foi mais evasivo: “Isso ainda está sob revisão, por isso não conseguimos partilhar informação sobre isso nesta fase”.
Em declarações ao ECO, Inácio Fialho de Almeida, presidente do conselho de administração da Espaço Municipal, a empresa que gere o TecMaia, disse também esperar que este inquilino do parque tecnológico, que ocupa atualmente um edifício com cerca de 7.300 metros quadrados, esteja apenas a “dar um passo atrás para depois dar dois em frente”.
Fonte oficial da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), liderada por Luís Castro Henriques, indicou ao ECO que a agência pública, que este ano já atraiu 42 novas empresas estrangeiras para o país, num total de investimento de 2.500 milhões de euros, “não tem nenhum contrato de investimento assinado com a Adidas”.
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