Xi Xinping impõe terceiro mandato e rodeia-se de aliados

O XX Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), que reúne a cada cinco anos, selou o reforço do poder de Xi Jinping, abrindo caminho à sua entronização no poder.

Xi Jinping foi confirmado este domingo para um terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista Chinês e Presidente do país, quebrando um precedente imposto desde a morte do líder revolucionário Mao Zedong. Para o Comité Permanente do Politburo, o órgão máximo do partido, entraram mais alguns dos seus aliados.

O XX Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), que reúne a cada cinco anos, selou o reforço do poder de Xi Jinping, abrindo caminho à sua entronização no poder. Depois de no sábado ter conseguido uma nova emenda à carta magna do PCC que eleva o seu estatuto, foi este domingo designado para um terceiro mandato, durante uma votação à porta fechada.

Com a nomeação, Xi quebra a tradição instaurada desde a morte de Mao Zedong, que governou de 1949 a 1976, de os secretários-gerais fazerem apenas dois mandatos. Uma possibilidade aberta pela revisão da regra em 2018.

O seu poder foi ainda reforçado com a nova composição do Comité Permanente do Politburo, um órgão de sete membros que reúne as figuras mais influentes do partido. O primeiro a entrar no palco do Grande Salão do Povo foi Xi Jinping, como secretário-geral, seguido de Li Qiang, secretário do partido em Shangai, indicando que deverá ser ele o novo primeiro-ministro em substituição de Li Keqiang.

Li Qiang foi chefe de gabinete de Xi Jinping entre 2004 e 2007, quando este foi o responsável pela província de Zhejiang. O Comité mantém Zhao Leji e Wang Huning e tem como novos membros Cai Qi, Ding Xuexiang e Li Xi, considerados aliados do Presidente chinês.

No poder desde 2012, Xi Jinping tem vindo a reforçar o caráter autoritário do regime, reforçando a repressão e apertando o controlo sobre as empresas e a economia. No discurso do Congresso, o agora reforçado Presidente manteve, no essencial, a mesma linha política, nomeadamente em relação a Taiwan. “Continuaremos a lutar pela reunificação pacífica com a maior sinceridade e o máximo esforço, mas nunca prometeremos renunciar ao uso da força, e reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias”, disse. Na economia, defendeu o reforço da autossuficiência alimentar e a autonomia tecnológica.

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A nova vida de Horta Osório

Desde que saiu do Lloyds que o “Mourinho da banca” tem passado mais tempo em Portugal. Entrou no board de grandes empresas como a Bial, Impresa e grupo Mello. Que papel ainda terá na banca portuguesa?

“Todos temos duas vidas e a segunda começa quando percebemos que só temos uma”. Não foi por acaso que António Horta Osório citou Confúcio quando foi questionado na CNN Portugal sobre o que correu mal no Credit Suisse e como isso fez com que se voltasse a cruzar com Portugal depois de décadas fora do país.

Na verdade, trata-se mais de um semi-regresso ao país. Aos 58 anos, o gestor português divide o seu tempo entre Lisboa e Londres. Desde que saiu do britânico Lloyds, Horta Osório tem acumulado cargos em várias empresas nacionais de referência, como a Bial (farmacêutica), Impresa (media) e grupo Mello (saúde, indústria e infraestruturas), além da Fundação Champalimaud, razão pela qual passa agora 50% do seu tempo por cá.

Em todas elas o “Mourinho da banca” exerce funções não executivas, que “podem ser tão interessantes como as funções executivas, mas em momentos diferentes” da vida, como reconheceu na entrevista que concedeu à CNN Portugal, conduzida por Maria João Avillez.

Depois do trabalho de resgate bem-sucedido no Lloyds, Horta Osório parecia ter encontrado o novo ciclo na Suíça, mas os buracos no Credit Suisse – primeiro com o Archegos e depois com a Greensill — acabaram por precipitar a sua saída de um banco que resistiu à mudança cultural que o português queria impor. Foi um amargo de boca? “As coisas não são nem pretas nem brancas”, respondeu.

Horta Osório afirmou que “não tem nostalgia” dos tempos em que tinha de executar. Não é para menos, depois das últimas duas experiências. Encarar as funções não executivas é “uma evolução natural” após 30 anos a liderar bancos em quatro países diferentes: Portugal, Espanha, Brasil e Reino Unido (onde acabou por receber o título de Sir por ter devolvido os 24 mil milhões da ajuda pública dada ao Lloyds).

António Horta Osório condecorado pela Casa Real britânica.D.R.

Da Bial ao grupo Mello e Impresa

Se o Credit Suisse não mudou à sua vontade, mudou-se Horta Osório para fazer o que gosta: trabalhar com pessoas com caráter e valores “à prova de bala” e em projetos onde pode acrescentar valor.

Foi isso que diz que encontrou na Bial, “um projeto extraordinário e único em Portugal”, onde assumiu os “big shoes” de Luís Portela no cargo de chairman, no início do ano passado. A farmacêutica procura dar um novo ímpeto ao seu negócio, depois de mercados como os EUA terem ficado aquém das expectativas.

No grupo José de Mello e na Impresa, onde acabou de entrar como administrador não executivo, os desafios serão diferentes e à medida das suas dívidas: 1,12 mil milhões de euros no primeiro caso; 150 milhões no segundo.

“Vai dar um importante contributo na concretização da nossa visão estratégica e ambição de crescimento para os próximos anos”, afirmou Vasco de Mello, presidente do grupo que tem participações na Brisa (17%) e CUF (66), entre outras, e que vê o futuro fora de portas. O grupo vai investir mil milhões até ao final da década para concretizar a sua ambição.

“O grupo beneficiará muito com a sua experiência internacional e com o seu conhecimento da realidade do nosso país”, ressalvou Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo que detém a Sic e o Expresso sobre a sua contratação.

Cerberus no caminho do… Novobanco-BCP?

Fifty-fifty, como dizem os ingleses. Horta Osório passa 50% do tempo em Portugal e 50% do seu trabalho está ligado ao setor financeiro. Apesar das mudanças, não esqueceu completamente o seu passado de mais de três décadas ligado à finança.

Em julho foi contratado para senior advisor da administração do Mediobanca, um dos maiores bancos de investimento em Itália. No mês passado entrou no fundo de private equity Cerberus para ajudar em vários bancos que detém na Europa. Um deles foi inclusivamente comprado ao Novobanco, dos americanos Lone Star: o francês Vénétie, em 2018.

mais ligações que unem Horta Osório, Novobanco e Lone Star e que deixam antecipar que o gestor português pode vir a ter um papel mais importante na banca portuguesa, de onde saiu em 2003 (para liderar o britânico Abbey National, do Santander).

Foram os americanos que escolheram o braço direito de Horta Osório no Lloyds para integrar o conselho geral e de supervisão do Novobanco: Carla Antunes da Silva.

Depois da reestruturação, o banco e o acionista dos EUA já olham para outras paragens. Há notícias a darem como destino final uma eventual fusão com o BCP por meio da intervenção de fundos de investimento: Fortitude e Carlyle foram nomes já avançados pelos jornais.

Xadrez e sem ambição política

A vida poderá ter mudado em muitos aspetos para Horta Osório, mas a vontade de se aventurar na vida política continua igual a zero – ainda que nas suas intervenções públicas tenham sempre recados para dar e receitas para os males do país.

“Acho que posso ser mais útil e que posso ajudar mais intervindo através da sociedade e das empresas às quais estou ligado”, sublinhou na entrevista à CNN Portugal.

Também mantém a sua paixão pelo ténis, mergulho (faz pelo menos umas férias por ano com a família para fazer mergulho) e xadrez. Neste último caso, não tem tempo para jogar com a regularidade de que gostaria, mas dá-lhe imenso gozo colecionar tabuleiros antigos ligados a batalhas e momentos históricos.

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Estas são as datas do Governo para negociar revisão de carreiras na Função Pública e SIADAP

A partir de janeiro de 2023 começam as reuniões para a revisão do SIADAP, com o restabelecimento da regra da anualidade dos ciclos avaliativos.

No acordo plurianual assinado com a Fesap e o STE, o Governo definiu a calendarização das negociações para a revisão de carreiras e do SIADAP, bem como da valorização adicional. Além disso, vai ser feito um acompanhamento e monitorização dos compromissos inscritos no acordo.

Os calendários, segundo o acordo que vai ser assinado pelo Governo com duas das frentes sindicais representativas dos trabalhadores da Função Pública, são os seguintes:

  • Segunda quinzena de outubro e novembro 2022: valorização das carreiras de técnico superior; assistente técnico; carreiras especiais revistas, de grau de complexidade 2, que estejam comprimidas pela BRAP (áreas: Defesa, Administração Interna, Justiça e Saúde) e assistente operacional;
  • Segunda quinzena de outubro e novembro 2022: alteração da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, para os seguintes efeitos: introdução das alterações ao Código do Trabalho pela Proposta de Lei da Agenda do Trabalho Digno; alteração das regras de publicação dos atos de direito coletivo; adaptações necessárias associadas às valorizações das carreiras; manutenção de pontos sobrantes;
  • Antes da votação final global do Orçamento do Estado: o Governo “reúne com as estruturas sindicais para ouvir as prioridades destas na revisão das carreiras especiais de grau de complexidade 2 e 3″;
  • Janeiro de 2023: o Governo “compromete-se a realizar uma reunião com as estruturas sindicais para dar início à calendarização da revisão das carreiras não revistas”;
  • A partir de janeiro de 2023: revisão do SIADAP, com o restabelecimento da regra da anualidade dos ciclos avaliativos;
  • No horizonte da legislatura: Governo avalia “revisão do instrumento de regulamentação coletiva de trabalho aplicável às carreiras gerais no que respeita à organização do tempo de trabalho”.

Além disso, é também feito acompanhamento e monitorização das medidas por parte do Governo e dos sindicatos, sendo que “a iniciativa de reavaliação cabe a qualquer das partes”. Ocorre “anualmente, aquando da apresentação parlamentar da Proposta de Orçamento do Estado, em sede da negociação coletiva geral prevista no artigo 351º. da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas”, ou “sempre que ocorra alteração substancial das condições relativas à definição das matérias e calendários acordados”.

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Governo fecha acordo plurianual com Fesap e STE para aumentos na Função Pública

Governo vai celebrar acordo plurianual com Fesap e o STE para aumentos na Função Pública. De fora fica a Frente Comum. Técnicos superiores vão ganhar mais 104 euros a partir de janeiro.

Depois de fechar o acordo de rendimentos e competitividade com as confederações patronais e a UGT, o Governo conseguiu também chegar a consenso com a Fesap e Frente Sindical STE para um acordo plurianual de valorização dos trabalhadores da Administração Pública. De fora ficou a Frente Comum.

O acordo plurianual para a legislatura, que será assinado na segunda-feira, contempla as medidas já anunciadas após as reuniões com os sindicatos, nomeadamente a subida do salário mínimo da Administração Pública para 761,58 euros e aumentos de pelo menos 52 euros para os funcionários públicos, com a atualização a oscilar entre 2% a 8% consoante o nível de rendimentos, segundo adianta o Ministério da Presidência em comunicado.

O aumento do subsídio de refeição para 5,20 euros, uma medida anunciada na segunda reunião com os sindicatos, vai também concretizar-se com efeitos a partir de outubro de 2022. Está ainda contemplada a “implementação de uma regra de acumulação de pontos sobrantes do SIADAP, para efeitos de alteração do posicionamento remuneratório, em sede de avaliação de desempenho, com início no ciclo avaliativo de 21/22″.

As medidas específicas para as carreiras gerais constam neste acordo, já com o faseamento definido. Para os técnicos superiores há um salto adicional de um nível remuneratório em toda a escala da carreira, o que corresponde a um aumento de 104 euros, já em janeiro de 2023.

Os assistentes técnicos vão também ter uma subida adicional de um nível remuneratório em 2023. Finalmente, os assistentes operacionais vão ter, a partir de 2023, “uma diferenciação da carreira tendo em vista valorizar a antiguidade, com uma subida de um ou de dois níveis, respetivamente para os trabalhadores com mais de 15 ou de 30 anos de serviço na categoria”.

O acordo será assinado esta segunda-feira no Palácio Foz, em Lisboa, às 15 horas. O Governo salienta que “após um processo negocial intenso e exigente, é definido, pela primeira vez, um mecanismo de atualização salarial anual com um horizonte de quatro anos em articulação com o estabelecimento da revisão da Tabela Remuneratória Única, obedecendo a princípios de valorização das diferentes carreiras”.

Entre os sindicatos que reúnem com o Governo em representação dos funcionários públicos, a Frente Comum é a única que não entra no acordo, tendo decidido inclusivamente avançar para uma greve nacional na Função Pública para 18 de novembro. Esta federação sindical é afeta à CGTP, que também não assinou o acordo de rendimentos celebrado em sede da Concertação Social.

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Chega anuncia voto de condenação ao presidente da Assembleia da República

  • Lusa
  • 22 Outubro 2022

Projeto de voto entregue sexta-feira no Parlamento pretende manifestar a “mais profunda e severa condenação" de Augusto Santos Silva por não pautar a sua conduta institucional com a imparcialidade.

O Chega anunciou hoje que entregou um projeto de voto para condenar o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, por aquilo que acusa de uma “conduta institucional” que não é pautada pela “imparcialidade e a isenção exigíveis”.

“Tal como defendido pelo Chega em projeto de resolução análogo, no decorrer da presente legislatura, o comportamento do Presidente da Assembleia da República tem-se manifestado inadequado face ao seu mais elementar dever de imparcialidade e isenção, circunstância que merece clara e manifesta censura”, pode ler-se no projeto de voto que o partido de André Ventura anunciou hoje ter entregado no parlamento na sexta-feira.

Este projeto de voto pretende manifestar a “mais profunda e severa condenação ao comportamento do presidente da Assembleia da República por não pautar a sua conduta institucional com a imparcialidade e a isenção exigíveis ao exercício do cargo”.

O Chega defende que o presidente da Assembleia da República “deve despir-se da sua origem política e/ou ideológica para efeitos de combate político-partidário, devendo antes ser o garante da estabilidade, dignidade, isenção e imparcialidade dos trabalhos parlamentares”, acusando Santos Silva de ter atuado “por diversas vezes” de forma “contrária aos princípios inerentes à sua função”.

Segundo o regimento do parlamento, aprovado em agosto de 2020, os projetos votos de condenação, entre outros, “baixam à comissão competente em razão da matéria para discussão e votação”.

Em 2019, antes desta alteração do regimento, na altura como deputado único do Chega, André Ventura tinha apresentado um voto para condenar o então presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, pelo incidente da repreensão por recorrer em demasia à palavra “vergonha” e posteriores declarações sobre o episódio, uma deliberação rejeitada em plenário por todas as bancadas, à exceção de CDS-PP e do deputado único da Iniciativa Liberal que se abstiveram.

Recentemente, em 07 de outubro, o plenário confirmou a posição da comissão de Assuntos Constitucionais de que a censura do Chega ao comportamento do presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, não podia ser admitida, com a abstenção do PSD.

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Iniciativa Liberal tem dúvidas sobre corredor de energia com França

  • Lusa
  • 22 Outubro 2022

“Gostava de ver as contas e gostava de ver a componente técnica desta decisão que para já não é pública”, afirmou João Cotrim Figueiredo.

O presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, manifestou hoje dúvidas sobre o acordo entre Portugal, Espanha e França para acelerar as interconexões ibéricas, desde logo quanto ao financiamento e a questões técnicas.

“Temos ainda, para já, dúvidas. Por um lado qual é a base de financiamento que vai ser usada. Não se trata só do gasoduto entre Barcelona e Marselha por via marítima, trata-se também da ligação de Portugal até à fronteira, Zamora. Não está prevista. Como é que será feito o financiamento?”, referiu, em declarações à agência Lusa, o líder da IL, à margem da iniciativa “Rotas Liberais”, em Cascais, no distrito de Lisboa.

Os governos de Portugal, França e Espanha alcançaram esta semana um acordo para acelerar as interconexões ibéricas, abandonando o projeto existente, destinado apenas ao gás, por um outro que prevê um gasoduto marítimo para transportar também hidrogénio ‘verde’.

Segundo João Cotrim Figueiredo, “aquilo que conduziu a uma maior abertura da parte francesa a aceitar este acordo teve a ver com o futuro transporte de hidrogénio”, havendo “enormes dúvidas sobre o que é que fica a montante desse transporte”, ou seja, a produção do hidrogénio e a forma como isso também é financiado, além do tipo de energia que será usada para fazer a produção de hidrogénio ‘verde’.

“Estas dúvidas não nos permitem ainda responder se é uma boa ou má ideia. Agora, de um ponto de vista geral, apoiamos sempre tudo o que seja abertura de mercados”, referiu. Por isso, na análise do líder liberal, este acordo poderá “ser uma coisa boa, resolvidos os problemas de financiamento e os problemas técnicos que ainda levantam muitas dúvidas”.

“Gostava de ver as contas e gostava de ver a componente técnica desta decisão que para já não é pública”, afirmou. Já hoje o vice-presidente do PSD Paulo Rangel considerou que este acordo anunciado por António Costa é mau, argumentando que Portugal perdeu na eletricidade e no gás face a França e Espanha.

António Costa, Pedro Sánchez e Emmanuel Macron decidiram na quinta-feira avançar com um “Corredor de Energia Verde”, por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar) em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat).

O calendário, as fontes de financiamento e os custos relativos à execução do corredor verde BarMar serão debatidos num novo encontro a três em dezembro, em Alicante, Espanha.

De acordo com o texto acordado, a que a Lusa teve acesso, os ministros da Energia dos três países – que também estiveram presentes na reunião – irão começar imediatamente o trabalho preparatório para avançar com o BarMar e também sobre o reforço das interligações elétricas entre Espanha e França, “em ligação estreita com a Comissão Europeia”.

Os dois primeiros-ministros ibéricos e o Presidente francês acordaram ainda na necessidade de “concluir as futuras interligações de gás renovável entre Portugal e Espanha, nomeadamente a ligação de Celorico da Beira e Zamora (CelZa)”.

As infraestruturas que serão criadas para a distribuição de hidrogénio “deverão ser tecnicamente adaptadas para transportar outros gases renováveis, bem como uma proporção limitada de gás natural como fonte temporária e transitória de energia”.

António Costa considerou que o acordo permite “ultrapassar um bloqueio histórico” relativamente às interconexões ibéricas para gás e eletricidade.

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📹 O que é a faturação eletrónica? E como funciona?

O futuro passa cada vez mais pela faturação eletrónica. Mas, afinal, o que é? Como funciona? O ECO preparou um vídeo para que fique por dentro desta nova tendência.

Faturas em papel são coisa do passado. O futuro passa cada vez mais pela vertente digital. Mas, afinal, o que é a faturação eletrónica? Como funciona? As faturas em PDF são consideradas faturas eletrónicas? O ECO preparou um vídeo para que nada lhe escape sobre o tema.

http://videos.sapo.pt/uMoEDH9W3FWVA5GovDYB

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Forças russas ordenam evacuação de Kherson

  • Lusa
  • 22 Outubro 2022

Autoridades pró-russas instaladas em Kherson ordenaram aos residentes que abandonem a cidade, recorrendo aos barcos para atravessar o rio Dnieper, perante a possibilidade de um ataque iminente.

Autoridades pró-russas instaladas em Kherson, no sul da Ucrânia, ordenaram hoje que todos os residentes abandonassem “imediatamente” a cidade antes de um avanço das forças ucranianas. Numa mensagem no Telegram, as autoridades pró-Kremlin apelaram aos civis daquela que é uma das das principais áreas urbanas ocupadas pelos invasores no início da guerra que utilizem barcos para atravessar o rio Dnieper, para se dirigirem em direção a territórios controlados pela Rússia.

As forças russas citaram uma situação de tensão e uma alegada ameaça de bombardeamentos e “ataques de terror” por Kiev. As forças ucranianas atacaram, na sexta-feira, rotas de reabastecimento militares da Rússia em Kherson, tendo em vista um ataque em larga escala às posições russas na região.

Kyrylo Tymoshenko, conselheiro da presidência ucraniana, afirmou que “88 localidades foram retomadas” até agora às forças russas na região de Kherson, mais 13 do que o anterior balanço da ofensiva na região por Kiev. As autoridades russas alegaram por seu lado a morte de quatro pessoas, incluindo dois jornalistas, durante um bombardeamento noturno numa ponte em Kherson.

O exército ucraniano negou ter alvejado civis: “Não estamos a atingir as infraestruturas essenciais, não estamos a atingir assentamentos pacíficos e a população local”, disse uma porta-voz, Natalia Goumenyuk.

A porta-voz do comando operacional da Ucrânia no sul do país garantiu que a ponte Antonivskyi foi atingida apenas após as 22:00 locais, hora de recolher obrigatório para a população civil.

As forças pró-Rússia instaram os civis a deslocarem-se para a margem esquerda do rio Dnieper perante a contra-ofensiva ucraniana nesta região recentemente anexada por Moscovo.

Em 13 de outubro, o governador interino da região de Kherson nomeado por Moscovo, Vladimir Saldo, pediu à população civil da parte desse território que se encontra na margem direita do Dnieper que se dirigisse para a outra margem, perante o avanço das tropas ucranianas.

Esta quarta-feira, quando começou a retirada organizada, Saldo afirmou que, no primeiro dia, mais de 7.000 cidadãos foram transportados em ‘ferries’ para a margem esquerda do rio Dnieper. No total, as autoridades pró-russas pretendem retirar entre 50.000 e 60.000 habitantes num prazo de seis dias. Além disso, já instalaram as estruturas do poder da administração civil e militar fora da capital regional, também do outro lado do rio.

Os ‘contra-ataques’ ucranianos em zonas fronteiriças russas estão a tornar-se mais frequentes e ainda esta semana as autoridades de Kursk e Belgorod relataram a destruição de uma subestação elétrica e de uma estação ferroviária.

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Pró-russos fazem descarga de barragem para evitar desastre

  • Lusa
  • 22 Outubro 2022

As autoridades pró-russas na região de Kherson abriram as comportas da barragem de Nova Kakhovka para tentar minimizar o impacto de um desastre provocado por bombardeamentos.

Autoridades pró-russas na região de Kherson, na Ucrânia, começaram a libertar água da barragem de Nova Kakhovka para baixar o nível e, assim, minimizar o desastre que seria causado por uma rutura devido a um ataque à infraestrutura.

A descarga de água aumentou na última semana, de modo que, em caso de desenvolvimento negativo dos eventos, a quantidade de água que fluiria a jusante seria menor”, disse Vladimir Leontiev, chefe da administração pró-Rússia de Nova Kakhovka, no programa televisivo Soloviev Live.

O responsável explicou que todas as comportas estão abertas para realizar a “descarga preliminar de água”, depois de as autoridades russas e pró-russas alertarem sobre um possível ataque ucraniano à barragem para impedir a retirada de civis, algo que Kiev já qualificou como absurdo.

A inteligência militar da Ucrânia, por outro lado, afirma que a Rússia explorou a barragem já em abril e está atualmente a minar os portões e suportes, em preparação para uma rápida reconquista da região sul pelas tropas de Kiev.

“As insinuações sobre os ataques da central hidroelétrica desde abril são uma mentira completamente descarada”, disse Leontiev. De acordo com Leontiev, a infraestrutura está sob ataques quase diários de mísseis.

“Não há pânico, estamos tranquilos, prontos para qualquer desdobramento de eventos […]. Vamos defender a hidroelétrica”, acrescentou, embora admitindo que o impacto do desastre em caso de destruição da barragem seria extremamente grave.

É melhor nem pensar na magnitude do desastre, pois cobrirá quase toda a região de Kherson. Territórios importantes serão inundados, o que causará danos gravíssimos. Não pode ser encarado de ânimo leve”, disse.

A hidroelétrica foi construída na antiga União Soviética com ampla margem de segurança, mas é preciso, segundo o responsável “estar preparado para possíveis dificuldades”. Leontiev admitiu que, em caso de destruição da barragem do reservatório, o abastecimento de água à península anexa da Crimeia seria interrompido. “A água que é fornecida à Crimeia [através do Canal da Crimeia do Norte], desde fevereiro, foi de quase 400 milhões de metros cúbicos, um pouco menos de dois milhões de metros cúbicos por dia. Essa possibilidade será perdida [em caso de explosão ou rutura”, disse.

Ataques russos causam danos graves à rede elétrica

O operador da rede de distribuição elétrica da Ucrânia, Ukrenergo, alertou que os danos nas infraestruturas energéticas provocados pelos ataques russos de hoje podem ser mais graves que os causados pelos bombardeamentos ocorridos entre 10 e 12 de outubro.

A Ukrenergo adiantou que as tropas russas levaram hoje a cabo “outro ataque com mísseis contra instalações energéticas das principais redes elétricas das regiões ocidentais da Ucrânia”, acrescentando que “a magnitude dos danos é comparável ou pode superar as consequências dos ataques de 10 a 12 de outubro”.

Segundo a EFE, o operador elétrico ucraniano assinalou, em comunicado, que as suas equipas de reparação vão começar os trabalhos de restabelecimento de energia assim que os serviços de emergência terminem o seu trabalho. “Os especialistas da Ukrenergo estão a tomar todas as medidas para o pronto restabelecimento do fornecimento elétrico nas regiões que ficaram sem luz”, acrescenta o comunicado.

Entre as zonas afetadas constam, além de Kiev, as regiões de Chernihiv, Cherkasy, Zhytomyr, Sumy, Jarkiv, Poltava, Dnipropetrovsk, Zaporizhia e Kirovohrad.

Entre 10 e 18 de outubro, 408 instalações da infraestrutura ucraniana foram objeto de ataque e destruição por parte das forças russas e um terço das centrais elétricas da Ucrânia foram danificadas. Devido à escassez de energia elétrica em consequência dos ataques russos, a Ucrânia viu-se obrigada a introduzir cortes de luz.

Já esta manhã foi lançado um alerta de ataques aéreos para todo o território ucraniano, que se prolongou por três horas, durante as quais os russos levaram ataques em várias regiões do país.

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Georgia Meloni toma posse. Líderes da UE pedem cooperação construtiva

  • Lusa
  • 22 Outubro 2022

Georgia Meloni tomou hoje posse como primeira-ministra, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo. Ursula Von der Leyen disse esperar "uma cooperação construtiva".

A líder dos Irmãos de Itália (de extrema-direita), Giorgia Meloni, tomou hoje posse como primeira-ministra, tornando-se a primeira mulher a assumir este cargo na história do país. Os dirigentes das instituições europeias felicitaram Meloni e pediram à líder do partido de extrema-direita ‘Irmãos de Itália’ uma “cooperação construtiva”.

“Juro ser fiel à República, cumprir lealmente a Constituição e as leis e exercer o meu mandato e as minhas funções no interesse exclusivo da nação”, disse Meloni perante o Presidente da República, numa cerimónia que teve lugar no Salão das Festas do Palácio do Quirinal, em Roma. De seguida, Giorgia Meloni assinou o decreto da sua nomeação e cumprimentou o Presidente da República, Sérgio Mattarella, colocando-se à sua esquerda para presidir ao juramento dos seus 24 ministros.

Os primeiros a fazê-lo foram os seus dois vice-presidentes, Matteo Salvini e Antonio Tajani, líderes, respetivamente, da Liga, de extrema-direita, e do conservador Força Itália, os dois partidos da coligação de direita que venceu as eleições de 25 de setembro. Salvini terá também a pasta das Infraestruturas e Mobilidade Sustentável, enquanto Tajani tutelará os Negócios Estrangeiros.

A presidente da Comissão Europeia saudou, pouco depois, a nova líder do governo italiano. “Parabéns Geórgia pela sua nomeação como primeira-ministra italiana, a primeira mulher a ocupar o cargo”, disse Ursula Von der Leyen, que em 2019 também se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe do executivo europeu. “Conto e espero uma cooperação construtiva com o novo Governo relativamente aos desafios que enfrentamos em conjunto”, acrescentou.

Na mesma linha, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou: “Vamos trabalhar juntos e benefício da Itália e da União Europeia”. O ex-primeiro-ministro belga também felicitou Meloni por ser a primeira mulher a assumir aquelas funções em Itália, assim como a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

“A Europa precisa da Itália. Juntos superaremos todas as dificuldades”, disse Metsola, que desejou um “bom trabalho” à nova primeira-ministra italiana. A presidente do Parlamento Europeu sublinhou ainda que a “Europa enfrenta enormes desafios” e pediu para permanecer “unida e decidida” no apoio aos cidadãos europeus e a Ucrânia.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também saudou hoje a nova primeira-ministra de Itália, Georgia Meloni, após a tomada de posse do seu Governo. “Anseio por continuar a cooperação frutífera para assegurar a paz e prosperidade na Ucrânia, Itália e no mundo”, escreveu numa mensagem publicada no Twitter.

Do total de 24 ministérios e um subsecretário da Presidência (Alfredo Mantovano) que integram o Governo de Meloni, oito serão para o seu partido, quatro para a Liga e seis para o Força Itália, ao passo que seis serão ocupados por técnicos. A passagem do poder entre Draghi e Meloni decorrerá no domingo às 08:30 TMG (09:30 de Lisboa) no palácio Chigi, sede do Governo, seguindo-se-lhe o primeiro conselho de ministros.

Eurocética notória, Meloni desistiu de fazer campanha pela saída de Itália do euro, mas prometeu defender mais os interesses do seu país em Bruxelas – numa altura em que o crescimento depende dos quase 200 mil milhões de euros de subsídios e empréstimos concedidos pela UE a Itália, no âmbito do seu fundo de recuperação pós-pandemia de covid-19.

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Biomassa de Águeda aquece espanhóis, franceses e irlandeses

Solzaima dispara faturação com subida dos preços da energia. Líder ibérica no fabrico de soluções a lenha e pellet reforça aposta na internacionalização para aquecer casas europeias no inverno.

Fundada em Águeda em 1978, a Solzaima foi pioneira em Portugal na introdução do recuperador de calor e da salamandra de lenha. Em 2010 criou a sua primeira salamandra a pellets e em 2012 iniciou o projeto de internacionalização. Volvidas mais de quatro décadas, a empresa portuguesa reclama a liderança ibérica na construção de soluções para o aquecimento doméstico com recurso à biomassa (lenha e pellet).

Depois de ter fechado o ano passado com uma faturação superior a 20 milhões de euros, em resultado de um crescimento homólogo de 60%, no primeiro semestre deste ano, as vendas voltaram a disparar 27%, em relação aos primeiros seis meses de 2021. Com cerca de 170 trabalhadores, mais de metade do negócio já é feita nos mercados de exportação, com destaque para Espanha, França e Irlanda.

Apesar do aumento do preço do pellet, que nas últimas semanas duplicou os valores, para cerca de dez euros por saco, o presidente da Solzaima reclama que “a biomassa continua a ser a energia mais barata para o aquecimento das casas este inverno”, num contexto de fortes subidas registadas igualmente nas fontes de energia concorrentes, a eletricidade e o gás natural.

Com três marcas de posicionamentos distintos (Solzaima, Fogo Montanha e Red Pod), esta empresa industrial do distrito de Aveiro, liderada por Nuno Sequeira, concretizou em 2020 um investimento de 13 milhões de euros para construir aquela que diz ser a “unidade fabril mais moderna do setor do aquecimento”. E pretende continuar a aposta na internacionalização, iniciada durante a fase de intervenção da troika em Portugal.

Espanha foi o primeiro território onde conseguimos ter sucesso junto dos distribuidores e dos instaladores. Depois veio França, que embora tenha levado mais tempo, é agora um importante mercado para os nossos produtos.

Nuno Sequeira

CEO da Solzaima

“Espanha foi o primeiro território onde conseguimos ter sucesso junto dos distribuidores e dos instaladores, depois veio França, que embora tenha levado mais tempo, é agora um importante mercado para os nossos produtos. Com o crescimento conseguido ao longo dos anos, temos a gratificação de ser, neste momento, o maior player ibérico”, refere Nuno Sequeira, citado em comunicado.

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“Trocámos o valor das nossas renováveis e o potencial do Porto de Sines por um prato de lentilhas”, diz Rangel

Para Paulo Rangel, o acordo sobre as interligações energéticas assinado com Espanha e França lesa o interesse nacional e põe em causa Porto de Sines. PSD quer divulgação do texto e avaliação técnica.

“Na eletricidade ganhou França e o Nuclear, perdeu Portugal e as renováveis. No gás, ganhou Espanha e o Porto de Barcelona, perdeu Portugal e o Porto de Sines.” É desta forma que Paulo Rangel resume o acordo sobre as interligações energéticas assinado entre os países ibéricos e França. O eurodeputado do PSD exigiu a divulgação detalhada dos termos do entendimento e “uma avaliação técnica independente das suas consequências”.

Portugal, França e Espanha fecharam à margem do Conselho Europeu um acordo para a construção de um gasoduto entre Barcelona e Marselha, pondo fim a vários anos de impasse. Na opinião do PSD, este entendimento é muito pior do que o projeto anterior e lesivo do interesse nacional. As críticas foram deixadas por Paulo Rangel, numa declaração feita este sábado a partir da sede do partido: “Em matéria de interconexões, na quinta-feira, pela mão de António Costa, trocámos o valor das nossas renováveis e o potencial do Porto de Sines por um prato de lentilhas. Dito de modo popular, passámos de cavalo para burro“.

“Portugal ficou pior porque caíram os compromissos firmes, calendarizados e financiados desde 2014 para a construção de duas interligações elétricas nos Pirenéus. Só se manteve o Golfo da Biscaia, mas para Portugal aquelas interligações eram muito mais importantes do que qualquer ligação de gás”, começou por afirmar o eurodeputado. “Em resumo, a poderosa indústria nuclear francesa ganhou. As energias renováveis portuguesas perderam”.

O acordo também é mau para Portugal na dimensão das interligações do gás, porque faz uma troca de gasodutos que menoriza o Terminal de Sines. O abandono do MidCat, a interligação pelos Pirenéus, pela nova interligação entre Barcelona e Marselha, o BarMar, vai valorizar os terminais espanhóis de Barcelona e Valência e faz com que Sines deixe de ter importância estratégica“. “Fica assim em causa o objetivo nacional, que tantas vezes repetiu António Costa, de fazer do porto de Sines a porta de entrada do gás natural liquefeito na Europa”, acrescentou.

O novo gasoduto que ligará Barcelona a Marselha será usado para o transporte de Hidrogénio Verde. O que, para Paulo Rangel, também suscita dúvidas. “Não sabemos quais as condições de produção e para integrar Portugal no Corredor da Energia Verde não basta a ligação Celorico da Beira – Zamora, que aliás reprovou no teste ambiental. É preciso adaptar toda a rede e não se sabe nada sobre isto”.

“Sines estará ligado a Barcelona através desse corredor entre Celorico da Beira e Zamora, mas vai ter de competir com sete terminais existentes em território espanhol, incluindo aqueles que se encontram em Barcelona e na vizinha Valência. Numa palavra, no gás Barcelona e a Espanha ganharam, Sines e Portugal perderam“, reafirmou.

O eurodeputado quer que o Governo divulgue os termos do acordo — “senhor primeiro-ministro, mostre-nos o acordo na íntegra” — e exige “uma avaliação técnica independente das suas consequências”. O partido promoverá também “todas as diligências ao seu alcance na Assembleia da República e junto das instituições europeias”, nomeadamente através de questões à Comissão.

“Com este acordo do Governo Costa, que nada conseguiu em sete anos, na eletricidade ganhou França e o Nuclear, perdeu Portugal e as Renováveis. No gás, ganhou Espanha e o Porto de Barcelona, perdeu Portugal e o Porto de Sines. Na quinta-feira, o Governo e o primeiro-ministro não soube defender o interesse nacional”, insistiu.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro defendeu o acordo. “Este projeto não é só diferente, mas é também um projeto com maior valor económico para Portugal”, indicou o primeiro-ministro, no final da cimeira europeia, que teve lugar esta quinta e sexta em Bruxelas. Costa realça que, ao tratar-se de um projeto a pensar sobretudo nos gases renováveis como o hidrogénio verde, ao invés de se focar no transporte de gás, que Portugal não produz, o país beneficiará mais com o projeto do “novo corredor verde” do que com o anterior, conhecido por MidCat.

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