BRANDS' ECO Quando é que nos apropriamos de uma boa “cultura da negociação”?
As famílias portuguesas voltam a viver tempos difíceis na gestão do seu orçamento. No topo das dores de cabeça está o crédito habitação, mas pagar a conta no supermercado também tem sido um desafio.
O tempo das taxas de juro historicamente baixas chegou ao fim e a reboque de uma pandemia profundamente transformadora, aos mais diversos níveis, e de uma guerra que há já demasiados dias pressiona a economia mundial (e os nossos corações), eis-nos abraços com uma inflação que ameaça retirar-nos paz de espírito e capacidade de cumprir com todos os nossos compromissos.
Com os efeitos das mais recentes crises económicas ainda tão presentes, o expectável é que os portugueses já estivessem em campo, antecipando-se ao pior. Mas ainda não estamos aí. E é mais do que tempo de assumirmos o controlo das nossas finanças. É hora de acordar o negociador que há em nós.
Finais felizes caídos do céu? Nunca ouvi falar
Quer seja por instinto de sobrevivência ou porque “caldos e cautelas nunca são demais”, é fundamental que as famílias, sobretudo as financeiramente mais frágeis, procurem o seu banco e, juntos, percebam até onde é possível renegociar e baixar a prestação mensal do crédito habitação.
É fazer o trabalho de casa: ir ao mercado e avaliar o que tem o seu banco para oferecer e se não for suficiente para suavizar a dureza dos próximos tempos, é passar ao próximo nível e puxar dos galões de quem está consciente da sua “capacidade de negociação” e ponderar outras saídas, nomeadamente a transferência do seu crédito para outra instituição, disponível para oferecer melhores condições.
Consciente de que esta garra assenta em muita informação e sólidos conhecimentos sobre os meandros das finanças pessoais, o Doutor Finanças continua no terreno, lado a lado com os portugueses. Como sempre.
A negociação está no nosso ADN e descomplicar conceitos complexos é o nosso fio condutor. Euribor, maturidades, taxa fixa, mista ou variável, spread, seguro de vida… é crucial que estes, e outros, conceitos sejam tratados por tu e que cada família decida o que melhor se ajusta à sua situação financeira.
Se o trabalho nunca está feito, agora…
Um bom orçamento familiar, aquele ponto de partida que nos abre caminho a uma vida financeiramente consciente e equilibrada, quando bem feito, tem categorias distintas que, por estes dias, têm forçosamente de ser passadas a pente fino, de preferência.
Puxar dos galões também é rever todos os encargos, particularmente nos serviços que, sendo essenciais ou não, podem sempre ser renegociados. Sem esquecer a carteira dos seguros porque também nesta área é possível ganhar algum alívio, inclusive no crédito habitação já que não é obrigatório contratar o seguro de vida com o banco que nos concede o crédito e, por isso, podemos sempre procurar uma resposta equivalente e mais barata.
Por estes dias, a resiliência dos portugueses é mais do que um adjetivo. É sinónimo de fazer muito, com pouco e aguentar. Aguentar como poucos. Mas mais do que sobreviver há que procurar viver, da forma mais consciente e saudável possível, esta relação com o dinheiro. Vamos lá sentar à mesa e negociar.
Rui Bairrada, CEO Doutor Finanças
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