Reino Unido volta à UE, Macron demite-se e ouro atinge os 3.000 dólares: as previsões loucas do Saxo para 2023
O fim do ano significa previsões para o ano seguinte. Como vai ser 2023? O Reino Unido volta à UE, Macron demite-se e cria uma start-up. Estas são as previsões loucas do Saxobank para o próximo ano.
Como vai ser o próximo ano? O mundo vai mudar-se para uma economia de guerra, com os países a fecharem-se cada vez mais em si próprios e revertendo o processo de globalização. A OPEP, China e Índia deixarão o FMI e criarão um novo ativo de reserva mundial. O Reino Unido vai realizar um referendo para desfazer o Brexit. E Macron não vai resistir à ascensão de Marie le Pen e vai renunciar à Presidência francesa. Estas são as dez previsões loucas do Saxobank para 2023.
Projeto Manhattan para criar a “bomba atómica” na energia
A pandemia e a guerra mudaram o paradigma da energia e aceleraram a procurar fontes renováveis, perante a escalada dos preços do petróleo e do gás natural.
Com a crescente procura por energias limpas, os donos das grandes empresas tecnológicas e outros bilionários com experiência na área da tecnologia decidem unir-se para responder ao desafio da transição energética. Criam o projeto Third Stone (Terceira Pedra) com o objetivo de arrecadar biliões de dólares para financiar o desenvolvimento de soluções energéticas.
“Será o maior projeto de um projeto de investigação e desenvolvimento desde que o Projeto Manhattan deu aos EUA a primeira bomba atómica”, arriscam os economistas do Saxobank.
Macron demite-se e abre start-up
O partido de Macron e aliados perderam a maioria absoluta no Parlamento nas eleições legislativas de 2022, criando um cenário de maior desafio para o Presidente francês.
Confrontado com a forte oposição da aliança de esquerda NUPES e do partido de extrema-direita de Marine Le Pen, o governo não tem outra opção senão aprovar o Orçamento de 2023 por decreto – acionando o artigo 49.3 da Constituição.
Perante as dificuldades do Governo, Macron pensa inicialmente em convocar novas legislativas, mas as sondagens não são favoráveis. Decide então renunciar ao cargo de Presidente no início de 2023. Num discurso televisivo, Macron anuncia que a sua retirada da política para realizar o seu sonho de abrir uma start-up.
Ouro dispara para 3.000 dólares
A inflação não dá tréguas, apesar do esforço dos bancos centrais em todo o mundo. E o cenário vai manter-se no próximo ano. Os mercados apercebem-se que a alta inflação vai ser mais duradoura do que se previa. O aperto monetário da Fed vai gerar volatilidade no mercado de obrigações.
Por outro lado, com a China a afastar-se da política Covid zero, há um novo impulso na procura de matérias-primas.
O cenário de economia de guerra vai dar um lugar de destaque ao ouro no próximo ano, que atingirá os 3.000 dólares por onça.
Exército da UE força caminho à união plena
A guerra na Ucrânia mudou a visão europeia em relação a segurança e defesa. Num “movimento dramático”, todos os membros da União Europeia se movem para estabelecer as Forças Armadas da UE antes de 2028, “com o objetivo de estabelecer forças operacionais terrestres, marítimas, aéreas e espaciais totalmente tripuladas e destacáveis, a serem financiadas com 10 biliões de euros em gastos”.
Para financiar as novas Forças Armadas da UE, são emitidos títulos da UE, com base nas chaves do PIB de cada país membro. O que vai aprofundar drasticamente o mercado de dívida soberana da UE, impulsionando uma forte recuperação do euro com o aumento expressivo do investimento.
Um país proíbe toda a produção de carne até 2030
Enquanto o mundo tenta reduzir as emissões de carbono, alguns países almejam a neutralidade até 2050 (e antes), casos da Suécia, Reino Unido e Dinamarca.
Para liderar este caminho, um país irá não só impor uma taxa de imposto pesada sobre a carne como irá proibir totalmente a produção doméstica até 2030, dando prioridade a “carnes artificiais derivadas de plantas” e a tecnologias para o cultivo de carne em laboratório, com o objetivo de reduzir a pegada ecológica da agropecuária tradicional.
Reino Unido realiza referendo sobre UnBrexit
Os britânicos apercebem-se que a promessa do Brexit ficou por cumprir. O novo primeiro-ministro Sunak atira os índices de popularidade do partido conservador para mínimos históricos, depois do seu plano orçamental atirar a economia para uma recessão.
Aumenta a pressão interna sobre o Governo de Sunak, exigindo eleições antecipadas. O primeiro-ministro cede às exigências populares. Observando o apoio popular a um segundo referendo do Brexit, o líder trabalhista Keir Starmer mostra apoio a um segundo referendo para o Reino Unido regressar juntar ao UE nos moldes do acordo de David Cameron firmado antes do referendo original de 2016.
“Um governo trabalhista assume o poder no terceiro trimestre, prometendo um referendo UnBrexit para o dia 1 de novembro de 2023. O voto ReJoin vence”, prevê o banco dinamarquês.
Governos alargam controlo de preços para domar inflação
Em 2023, a “mão do governo” vai expandir-se “impiedosamente” para travar as pressões dos preços que ameaçam a estabilidade da economia e da sociedade. A solução para domar a inflação passará pelo controlo administrativo dos preços e até dos salários, de uma forma mais alargada do que temos atualmente. O Reino Unido poderá criar um Conselho Nacional de Preços e Rendas.
O esforço será em vão. “Controlar os preços sem resolver o problema subjacente não apenas gerará mais inflação, mas também arriscará rasgar o tecido social devido à queda dos padrões de vida tendo em conta os desincentivos à produção e à má alocação de recursos e investimentos”, diz o Saxobank.
OPEP+, China e Índia saem do FMI e criam novo ativo de reserva
O Ocidente proibiu transações com a Rússia devido à guerra na Ucrânia e congelou os ativos russos na sua posse. Muitos países pensarão se poderá acontecer com os ativos em dólares, libras ou euros.
Enquanto o yuan chinês não consegue ganhar tração à escala mundial, pois Pequim não mostra interesse em abandonar a política de controlo de capital e porque os EUA desconfiam do aumento de influência chinês em todo o mundo, a “solução natural” para a China e muitos dos seus parceiros comerciais será encontrar um novo ativo de reserva de moeda internacional para negociar.
Então, numa “conferência memorável” realizada em Astana, no Cazaquistão, os líderes dos países da OPEP+, China continental, Hong Kong, Índia, Brasil, Paquistão, países da Ásia Central e dezenas de países da União Africana estabelecem o Bancor, uma nova moeda que terá o código KEY. A KEY será indexada a um cabaz de matérias-primas, com o petróleo a ter o maior peso. Depois disso, os países abandonam o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Dólar fixado nos 200 ienes
O Banco do Japão é obrigado a fixar o dólar nos 200 ienes, uma desvalorização temporária para permitir uma “reinicialização” do sistema financeiro japonês, depois de não ter conseguido controlar a inflação e o valor da moeda.
Com essa atuação, o Banco do Japão consegue reduzir a dívida pública para cerca de 100% do PIB e começa a aumentar a taxa de juro de referência para 1%. Os bancos são recapitalizados em função das suas necessidades para evitar a insolvência e o Governo avança com incentivos fiscais para repatriar as poupanças avultadas que os japoneses mantêm no exterior.
O PIB real do Japão cai 8% devido ao aumento do custo de vida, mas o choque coloca o país de novo num caminho de estabilidade. O modelo japonês servirá de exemplo para uma futura crise semelhante que vai atingir a Europa e os EUA.
Proibição de paraísos fiscais abala os private equity
Com a economia de guerra, surge um foco maior nos interesses nacionais e na capacidade das nações soberanas de se afirmarem. A esse respeito, os países da OCDE voltam sua atenção para os paraísos fiscais e retiram as grandes armas, banindo-os completamente.
A OCDE concorda em adotar uma abordagem mais agressiva em relação aos paraísos fiscais. Offshores como Ilhas Cayman, Bermudas, Bahamas, Ilhas Maurício e Ilha de Man passam a ser totalmente proibidas. Isto significará que as aquisições de empresas nos países da OCDE deixam de poder ser feitas com capital com origem nos paraísos fiscais, permitindo-se apenas capital de países da OCDE ou daqueles que adotem determinados requisitos, como a troca automática de informações ou o registo do beneficiário efetivo.
Esta proibição abalaria a indústria de private equity e venture capital, fechando grande parte do ecossistema, enquanto empresas de private equity listadas em bolsa sofreriam um corte de avaliação de 50%.
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