Obras no aeroporto de Lisboa podem avançar no final de 2023, avança ANA
"É um projeto de 200 a 300 milhões de euros que conta com a criação de uma nova placa de estacionamento com possibilidade de colocar os aviões em contacto com a infraestrutura", diz CEO da ANA.
O presidente executivo da ANA – Aeroportos de Portugal disse esta sexta-feira acreditar que as obras no aeroporto de Lisboa, que vão permitir aumentar a eficiência, num investimento de 200 a 300 milhões de euros, podem avançar no final de 2023. Thierry Ligonnière avançou estas informações durante o 47.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorre em Ponta Delgada, São Miguel, nos Açores.
“O projeto desta primeira fase da expansão do aeroporto de Lisboa – que não é uma expansão de capacidade, porque isso implica licenciamento ambiental – […] coloca em cima de mesa a exequibilidade do aumento de capacidade no aeroporto de Lisboa”, disse o responsável.
“É um projeto de 200 a 300 milhões de euros que conta com a criação de uma nova placa de estacionamento com possibilidade de colocar os aviões em contacto com a infraestrutura […], permite também expandir o Terminal 1 para Sul com mais de dez portas de embarque para termos assim o embarque e o desembarque através das pontes telescópicas”, afirmou. “Isto é um salto importante no aeroporto de Lisboa”, sublinhou o CEO.
À margem do congresso, o CEO explicou ainda à Lusa que, no fundo, estas obras trarão “um bocadinho mais desempenho operacional e, eventualmente, mais capacidade de tráfego no aeroporto só pela questão da eficiência, não pela capacidade declarada”.
Sobre as obras, diz que já estão feitas a nível de projeto de execução, seguindo-se agora um processo administrativo, nomeadamente “licenciamento ambiental – não necessariamente neste caso uma declaração de impacto ambiental”, – mas haverá, segundo o mesmo, uma consulta aos utilizadores, autorizações do regulador, a ANAC, uma avaliação do concedente também.
Posto isto, “se as coisas corressem assim como estamos a imaginar – sendo que é preciso ter o contributo voluntário de todas as entidades envolvidas neste processo –, mas se todos fizessem o seu trabalho rapidamente, potencialmente podíamos arrancar com as obras no fim de 2023″, afirmou. O CEO da empresa gestora dos aeroportos nacionais disse ainda que os cadernos de encargos do projeto estão prontos, falta o concurso das obras.
Ainda à Lusa, Thierry Ligonnière explicou como poderão acontecer esses ganhos de eficiência. “Tendo posições de contacto reduz-se o recurso a autocarros e o estacionamento dos aviões em posição remota. Isto vai melhorar a qualidade de serviço e também melhorar o desempenho ambiental do aeroporto em termos gerais”, disse.
Ainda assim, questionado se as obras se traduzirão, então, num maior número de movimentos das aeronaves por hora, Thierry Ligonnière disse que vão “trazer regularidade”. “O aeroporto de Lisboa na sua capacidade atual tem dificuldades às vezes porque há irregularidades, há atrasos, há cancelamentos”, exemplificou, acrescentando que “para o aeroporto funcionar bem – para criar capacidade quando não há capacidade, de o fazer a nível da infraestrutura em si – tem de ser através do desempenho operacional”, acrescentou.
Em 29 de setembro, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou que o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, precisa de obras “já” para aumentar a sua fluidez, tendo em conta que o novo aeroporto “vai demorar”. No final do Conselho de Ministros, o governante admitiu que “o novo aeroporto vai demorar”, mas que há “urgência já hoje” e que “as obras na Portela [Humberto Delgado], não permitindo aumentar a capacidade do aeroporto, vão permitir pelo menos aumentar a fluidez do funcionamento da operação aeroportuária”, indicou.
Esta iniciativa “implica investimento e implica alterar as bases da concessão” com a ANA, detida pelo grupo Vinci, referiu, indicando que é nesse quadro que é possível “chegar a um valor” para este investimento, chegando a um “entendimento” com a concessionária. Segundo o ministro, nesta negociação com a ANA para já só estão em causa das obras no aeroporto Humberto Delgado, visto que ainda não está definida a localização da nova infraestrutura.
Na abertura do congresso, o presidente da APAVT defendeu que, não se esperando que uma solução para a nova estrutura aeroportuária seja implementada nos próximos anos, era necessário avançar já com as obras no aeroporto de Lisboa para melhorar eficiência.
Compromisso da ANA é com todos os aeroportos onde opera
Thierry Ligonnière disse ainda que a empresa está comprometida em melhorar as operações, a capacidade e a qualidade de serviço em todos os aeroportos onde opera. “Obviamente a ANA não é só Lisboa. Fala-se muito de Lisboa, mas aqui Portugal é grande, tem as ilhas, tem o Algarve, tem o Norte”, disse.
“O compromisso está lá, para a capacidade, para a operacionalidade dos aeroportos, para a qualidade de serviço, que queremos acompanhar e melhorar nos próximos anos em todas as zonas do país sem exceção”, frisou ainda. O CEO da empresa gestora dos aeroportos em Portugal, que é sempre amplamente questionado pelo novo aeroporto complementar ao de Lisboa, afirmou, por isso, que “o compromisso da ANA é com todos os territórios”, explicando que há especificidades em cada uma das geografias.
Por exemplo, no caso da Madeira “a problemática” que estão a tentar resolver é a dos ventos. “Está aqui o Eduardo Jesus [secretário do Turismo e Cultura da Madeira]. É uma luta comum para tentarmos encontrar as soluções para reduzir o problema dos ventos da Madeira, que condiciona a atratividade do destino, porque representa uma taxa de irregularidade que é elevada para as companhias aéreas. Para mitigar isso há trabalho feito e há trabalho que tem que ser feito ainda”, afirmou.
Quanto aos Açores, Ligonnière disse que falou com o presidente da SATA, Luís Rodrigues sobre as perspetivas de crescimento das operações da SATA nos próximos anos para se perceber a procura prevista. “No Aeroporto de Faro, por exemplo, estamos a fazer a cobertura do aeroporto que é um investimento bastante grande. Estamos a desenvolver uma central fotovoltaica. Vai haver centrais fotovoltaicas quase em todos os aeroportos do país. Todos os acordos estão assinados”, enquanto no Porto “houve um investimento de capacidade importante no ano passado com o prolongamento do ‘taxiway fox’ e vai haver também este ano obras de reabilitação profunda da pista”, explicou.
O presidente da ANA adiantou também que em todos os aeroportos estão “a mudar os sistemas de deteção de explosivos”. “Não se fala disso quando as coisas correm bem. Mas são investimentos pesados, são 30 milhões (de euros), por exemplo, só para a mudança destes sistemas”, explicou.
“Estão a ser feitas muitas coisas em todos os aeroportos. E há um investimento que efetivamente não é visível que é todo o contributo que nós estamos a dar, com os nossos parceiros do turismo, para o desenvolvimento da conectividade e a instalação e desenvolvimento de novas operações aéreas. E, nomeadamente, um dos sucessos recentes foi a base da Ryanair na Madeira que tem contribuído para a recuperação e não só, a ultrapassar o tráfego de 2019 em mais de 30%”, referiu.
Para Thierry Ligonnière é preciso ainda fazer projeções de tráfego “com todos os parceiros para perceber o que vão ser as mudanças”, sobretudo depois da pandemia covid-19. “Começámos esse trabalho, estamos a rever os planos diretores de todos os aeroportos a nível nacional. O trabalho está em curso para que atualizar os planos de desenvolvimento. Há muitos desenvolvimentos que estão a ser feitos. Não são necessariamente todos visíveis por parte dos passageiros”, concluiu.
(artigo atualizado às 21h56)
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