Lítio “desembarga” investimento da Aveleda em Ponte de Lima

Aveleda retoma plano de expansão na região dos Vinhos Verdes, que engloba mais 70 hectares e outros 3,5 milhões de euros, após Direção-Geral de Energia travar exploração de lítio na Serra d’Arga.

Em julho de 2018, a Aveleda começou a plantar na aldeia de Cabração, no concelho de Ponte de Lima, aquela que era anunciada como a futura maior vinha da região dos Vinhos Verdes, com um potencial de 200 hectares no total até 2020, fruto de um investimento avaliado em sete milhões de euros. No entanto, embora a empresa já tenha ali aquela que é a sua maior parcela de vinha, o projeto acabou por não passar dos 70 hectares, uma vez que, já depois da primeira plantação, essa zona no sopé da Serra D’Arga, a 19 quilómetros do Atlântico, acabou por ser identificada como uma das que teria potencial para a exploração de lítio, obrigando o grupo a suspender os planos de expansão.

Fevereiro de 2022: numa fase de transição governativa, já depois do PS assegurar uma maioria absoluta nas legislativas antecipadas, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática informou que a Avaliação Ambiental Estratégica promovida pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) concluiu que na área da Serra d’Arga — abrange os concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Viana do Castelo e Ponte de Lima, num total de dez mil hectares de área –, “as restrições ambientais inibem a prospeção e consequente exploração” de lítio, ficando assim esta zona fora do objeto do futuro concurso.

Em declarações ao ECO, o co-CEO e administrador da Aveleda, Martim Guedes, confirma que a segunda parte do investimento, avaliada em perto de 3,5 milhões de euros, está “em condições” de ser retomada depois desta clarificação, nos moldes em que tinha sido planeada inicialmente. “Vamos retomar a plantação dos outros 70 hectares de vinha. Dá-nos essa previsibilidade de que a vinha não vai ser expropriada para ali fazer minas de lítio. Foram notícias excelentes para nós, por podermos avançar com o investimento, e pela própria Serra d’Arga, que, de facto, tem um valor ambiental e de biodiversidade extraordinário. Falo até pessoalmente: ia-me custar imenso ver aquilo transformado numa mina a céu aberto”, sublinha o empresário.

Vamos retomar a plantação dos outros 70 hectares de vinha. Dá-nos essa previsibilidade de que a vinha não vai ser expropriada para ali fazer minas de lítio.

Martim Guedes

Co-CEO da Aveleda

O grupo fundado em 1870 e sediado em Penafiel, que tem também presença no Douro, na Bairrada e no Algarve, estabeleceu no plano estratégico desenhado em 2014 o objetivo de triplicar para 600 hectares a área de vinha nos Verdes, em que é o maior produtor e em que se destaca com a marca Casal Garcia, passando a ser “largamente” o maior proprietário nessa região. Martim, que partilha a liderança executiva com o primo António, ambos da quinta geração da família Guedes, justifica essa aposta “não só por uma questão de redução da dependência económica de fornecedores, mas sobretudo por uma questão de qualidade, para [conseguir] controlar a qualidade de uma maior percentagem do vinho que [vende]”.

Em 2021, a Aveleda atingiu um novo recorde de vendas, no valor de 44 milhões de euros, com um crescimento homólogo de 8%. E no orçamento para este ano tem previsto um aumento da faturação para 47 milhões de euros, mantendo nesta fase o “otimismo” quanto ao cumprimento dessa meta. No último exercício, que terminou com um total de 173 colaboradores, mais 21 do que no último, contabilizou 21,5 milhões de garrafas produzidas nas linhas de enchimento do grupo.

Polónia a emergir, Rússia a imergir

Do Minho ao Algarve, outro grande investimento está em curso no projeto Villa Alvor, aos pés da Serra de Monchique, onde em 2019 adquiriu metade da antiga Quinta do Morgadio da Torre e tem “um plano muito faseado de aumentar entre 5 a 10 hectares de vinha todos os anos”, planeando chegar a 30 hectares. Já a outra componente do projeto, que engloba aquela que ambiciona vir a ser a maior unidade de enoturismo algarvia e que inclui a construção de uma nova adega, está a “demorar mais um bocadinho”.

“Tivemos mais dificuldades ao nível das aprovações e também tivemos algumas surpresas nos estudos técnicos. O projeto está a demorar mais um bocadinho, mas vamos avançar. Estamos nesta fase a submeter o projeto de arquitetura. Não desistimos dessa ambição de criar a maior unidade de enoturismo do Algarve. Qual o novo prazo? É difícil responder, depende das aprovações. Mas se conseguirmos começar a construir daqui a um ano seria bom”, aponta Martim Guedes.

Já incluído no planeamento, outro “investimento significativo” será feito na Quinta Vale D. Maria, no Douro, que o grupo comprou em 2017 ao primo Cristiano van Zeller. Por um lado, envolverá a área produtiva, ao nível de linhas de enchimento e das estruturas de vinificação; por outro lado, incluirá uma vertente imobiliária, com a reconstrução e requalificação de algumas casas degradadas que pertencem a esta conhecida propriedade localizada no vale do Rio Torto.

A Aveleda, que já admitiu que irá voltar a subir os preços dos vinhos em 2022, exporta 70% da produção, com Estados Unidos, Alemanha e Brasil a figurarem como os três maiores mercados externos. Um dos mercados com maior crescimento no ano passado, onde encaixou mais de um milhão de euros, foi a Polónia, que ajudou a dar “mais alguma diversificação” no negócio internacional. Questionado sobre se a instabilidade provocada pela guerra no Leste europeu poder afetar o comportamento de consumo, admite que já se nota “alguma retração e mais algum receio por parte dos clientes, como é natural”.

E a Rússia? “Tentámos durante muitos anos. No ano passado, finalmente conseguimos ter uma trajetória de sucesso e faturámos praticamente 200 mil euros no mercado russo. Estava a começar a despertar e agora teve aqui um revés muito grande. Para a Ucrânia nunca vendemos nada de significativo, por isso em termos de volume de negócio não tem impacto direto. Tem [um efeito] indireto, por tudo o que se passa no mundo”, contextualizou Martim Guedes.

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App 29k da Fundação José Neves quer ajudar jovens a lidar com stress. Já tem 25 mil utilizadores

A app adicionou novas ferramentas para ajudar os jovens dos 15 aos 20 anos a lidarem com as adversidades e o stress, de forma a melhorarem o seu bem-estar e saúde mental.

A aplicação portuguesa 29k da Fundação José Neves (FJN) adicionou novas ferramentas para ajudar os jovens dos 15 aos 20 anos a lidarem com as adversidades e o stress, de forma a melhorarem o seu bem-estar e saúde mental. A cantora Nenny, o bailarino António Casalinho são os novos embaixadores da 29k. A app já alcançou os 25 mil utilizadores registados.

A aposta da app nos mais jovens é “mais um passo importante para que o programa de desenvolvimento pessoal da FJN possa chegar a todos os portugueses”, começa por dizer Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves.

“Existe um problema de saúde mental nas faixas etárias mais jovens que não pode ser ignorado. A juventude é uma fase desafiante, na qual as mudanças físicas, emocionais e sociais tornam os jovens particularmente vulneráveis ao desenvolvimento de problemas de saúde mental. A app 29k FJN é uma ferramenta que os pode ajudar a lidar com os seus problemas e frustrações. Está comprovado que quando bem utilizada pode gerar um impacto duradouro e muito positivo”, acrescenta, em comunicado.

Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José NevesRicardo Castelo

Dados da Organização Mundial da Saúde demonstram que, a nível mundial, a prevalência de jovens com é doença mental é de cerca de 20%, e continua a crescer. Atualmente, estima-se que um em cada sete jovens (entre os 10-19 anos) tem problemas de saúde mental e que o suicídio é a quarta principal causa da morte de jovens dos 15 aos 29 anos.

“A adolescência é uma fase de transformação das nossas emoções, em que muitas vezes experienciamos períodos de sofrimento e em que existe o risco de podermos desenvolver problemas de saúde mental. Acreditamos que através do desenvolvimento pessoal podemos promover um melhor bem-estar e uma melhor saúde mental”, explica Pedro Morgado, vice-presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho e coordenador científico da aplicação 29k FJN.

“A aplicação 29k FJN desenvolveu cursos dedicado aos jovens dos 15 aos 20 anos porque acreditamos que se promovermos a saúde mental e o desenvolvimento pessoal nesta faixa etária podemos verdadeiramente construir um futuro mais saudável e um futuro mais feliz”, salienta.

Os três cursos direcionados para os mais jovens — “Lidar com o stress”, “Construir relações” e “Sê teu amigo” — têm como embaixadores vários jovens portugueses, entre os quais a cantora Nenny, o bailarino António Casalinho.

Veja aqui os vídeos com as declarações dos embaixadores jovens.

A app da Fundação José Neves é gratuita, está disponível para iOS e Android e pode ser descarregada através deste link.

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Bruxelas anuncia fim da fase de emergência do combate à pandemia de Covid-19

  • Joana Abrantes Gomes
  • 27 Abril 2022

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que os Estados-membros estão a "entrar numa nova fase da pandemia" numa transição para uma "gestão mais sustentável" da doença.

A União Europeia (UE) anunciou esta quarta-feira a saída da fase de emergência da pandemia de Covid-19, numa altura em que diminui a pressão sobre os sistemas de saúde, assim como as restrições nos Estados-membros.

“Estamos a entrar numa nova fase da pandemia, à medida que passamos do modo de emergência para uma gestão mais sustentável da Covid-19”, apontou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A decisão ocorre na sequência da diminuição significativa no número de mortes e hospitalizações em toda a UE devido à prevalência da variante Ómicron que, embora mais contagiosa, é menos grave, juntamente com altas taxas de imunização. Cerca de três quartos dos cidadãos europeus estão totalmente vacinados, sendo que mais de metade recebeu uma dose de reforço.

No entanto, a líder do Executivo comunitário sublinhou a necessidade de “permanecer vigilantes”. “Os números de infeções ainda são altos na UE e ainda há muitas pessoas que estão a morrer da Covid-19. Adicionalmente, novas variantes podem emergir e podem circular rapidamente”, acrescentou.

Von der Leyen apelou, nesse sentido, a que os Estados-membros mantenham vários cuidados de combate à pandemia e que comecem já a preparar a próxima fase. “Precisamos de intensificar ainda mais a vacinação“, disse, pedindo que os 27 implementem sistemas de vigilância para identificar novas variantes da Covid-19.

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Argélia ameaça romper contrato de gás com Espanha

  • Lusa
  • 27 Abril 2022

Se o gás argelino exportado para Espanha for reenviado para Marrocos pode haver "uma violação dos compromissos contratuais" e razões para rescindir o contrato entre a Sonatrach e clientes espanhóis.

A Argélia advertiu esta quarta-feira Espanha que qualquer desvio do gás exportado, “cujo destino não seja outro do que o previsto no contrato”, significará uma violação contratual, segundo o Ministério das Minas e Energia argelino. A informação foi adiantada pela agência oficial do país do norte de África.

O ministro das Minas e Energia argelino, Mohamed Arkab, referiu num comunicado que foi esta quarta notificado “por mensagem eletrónica, pela sua homóloga espanhola, Teresa Ribera, da decisão de Espanha de autorizar a exploração, em fluxo inverso, do Gasoduto Magrebe-Europa (GME)”.

O GME, que fornecia gás argelino a Espanha e Portugal através do território marroquino, foi encerrado em outubro de 2021, quando expirou o contrato de 25 anos, em plena tensão entre Argélia e Marrocos. A Argélia adiantou que a “operação (solicitada pela Espanha para o uso do GME) vai ser realizada hoje ou amanhã [sexta-feira]”.

“As quantidades de gás natural argelino entregues a Espanha, cujo destino não seja outro do que o previsto nos contratos, vão ser consideradas uma violação dos compromissos contratuais e, portanto, poderão levar ao incumprimento do contrato que vincula a Sonatrach [empresa petrolífera estatal da Argélia] aos seus clientes espanhóis”, acrescentou.

A Argélia é o principal fornecedor de gás a Espanha, uma fonte de energia fundamental num momento em que a crise do conflito russo-ucraniano levou a União Europeia (UE) a considerar suspender as suas compras de gás à Rússia.

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Wall Street fecha em alta à boleia da Microsoft

  • Joana Abrantes Gomes
  • 27 Abril 2022

Depois de uma forte queda na terça-feira, a bolsa de Nova Iorque encerrou no 'verde', numa semana em que várias empresas divulgam resultados trimestrais.

Wall Street fechou em terreno positivo na sessão desta quarta-feira, após uma queda acentuada no dia anterior, graças aos resultados trimestrais da Microsoft e da Visa que aliviaram as preocupações dos investidores em torno do aumento das taxas de juro e do abrandamento do crescimento económico global.

Enquanto o índice industrial Dow Jones fechou a subir 0,23%, para 33.314,98 pontos, e o S&P 500 encerrou a avançar 0,25%, para 4.185,80 pontos, o Nasdaq teve ganhos ligeiros de 0,03%, para 12.486,60 pontos.

A Microsoft subiu 4,81%, um dia após ter anunciado um resultado líquido de 16,72 mil milhões de dólares entre janeiro e março, superando assim as projeções de lucros. O salto da rede de pagamentos Visa foi ainda maior, de 6,47%, depois de divulgar receitas acima dos níveis pré-pandémicos.

Já a “dona” do Facebook recuou 3,32% antes de anunciar os seus resultados do trimestre, que se espera que registe um crescimento mais lento, enquanto a Tesla avançou 0,58% depois de uma queda de 12% na terça-feira, devido a preocupações de que o chefe executivo, Elon Musk, possa ter de vender ações para financiar a sua compra do Twitter.

Quase um terço das empresas do S&P 500 comunicaram resultados esta semana. Globalmente, quase 80% das empresas que compõem o S&P 500 superaram as expectativas dos analistas de Wall Street.

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EUA exigem fim “imediato” do bloqueio petrolífero na Líbia

  • Lusa
  • 27 Abril 2022

A produção do país tem-se situado nos 600.000 barris diários, metade dos 1,2 milhões que atingiu nos últimos meses.

Os Estados Unidos, através da embaixada norte-americana em Tripoli, pediram esta quarta-feira aos líderes líbios o fim “imediato” dos recentes encerramentos de poços e portos petrolíferos que travaram a produção de crude no país, com elevadas perdas.

A embaixada norte-americana manifestou-se “profundamente preocupada” pelo contínuo bloqueio do setor, que na sua perspetiva “priva os líbios de grandes rendimentos, contribuiu para o aumento dos preços e poderá provocar cortes de energia e problemas de abastecimento de água e escassez de combustível”.

A produção do país tem-se situado nos 600.000 barris diários, metade dos 1,2 milhões que atingiu nos últimos meses, o que implica uma perda de mais de 60 milhões de dólares (56,6 milhões de euros) por dia, segundo os dados oficiais.

O setor petrolífero está afetado de novo pela instabilidade política, após grupos tribais e manifestantes terem forçado o encerramento de terminais para exigir ao Governo de Unidade Nacional (GUN), em Tripoli, que ceda o poder ao Executivo paralelo designado pelo Parlamento de Tobruk.

O encerramento das infraestruturas petrolíferas “pode afetar a capacidade do país de beneficiar desta infraestrutura no futuro para alcançar o seu pleno potencial produtivo”, indicou a embaixada em comunicado. Nesse sentido, Washington recordou aos líderes líbios as diversas resoluções do Conselho de Segurança da ONU que protegem a Companhia Nacional de Petróleo (NOC), e reiterou o seu compromisso de fomentar um mecanismo de distribuição dos lucros deste setor.

O Executivo paralelo de Fathi Bashagha, designado pelo Parlamento, também pediu o fim do bloqueio das operações petrolíferas e a retoma das exportações. A NOC (sigla em inglês) anunciou na semana passada o encerramento de vários campos petrolíferos, incluindo o El Sharara, o mais importante do país, para além da suspensão da exportação em pelo menos três portos.

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PSD quer ouvir ministro do Ambiente e outras entidades sobre acordo no preço do gás

  • Lusa
  • 27 Abril 2022

Para o PSD, a proposta "não é inteiramente clara no seu alcance e nos benefícios gerados, podendo traduzir-se em distorções e em custos escondidos que terão impacto mais adiante no tempo".

O PSD quer ouvir o ministro do Ambiente, o presidente da ERSE e outras entidades sobre o acordo entre os governos de Portugal e Espanha e a Comissão Europeia para um mecanismo temporário de fixação do preço médio de gás.

Num requerimento enviado esta quarta-feira ao presidente da Comissão de Ambiente e Energia, os deputados do PSD salientam que a alta de preços no setor da energia já se registava no último trimestre de 2021, “tendo-se acentuado a volatilidade e a incerteza neste domínio” com a guerra da Ucrânia.

Na terça-feira, os governos de Portugal e Espanha chegaram a um acordo político com a Comissão Europeia para o estabelecimento de um mecanismo temporário que permitirá fixar o preço médio do gás nos 50 euros por MWh.

O compromisso anunciado em Bruxelas terá uma duração de cerca de 12 meses e permitirá fixar o preço médio de gás em cerca de 50 euros por megawatt, contra o atual preço de referência no mercado de 90 euros, sendo que o preço começará nos 40 euros, assim que o acordo político alcançado for formalizado, o que deverá suceder ainda esta semana.

Para o PSD, “esta proposta não é inteiramente clara no seu alcance e nos benefícios gerados, podendo traduzir-se em distorções e em custos escondidos que terão impacto mais adiante no tempo”.

Há ainda o risco de o mecanismo proporcionar uma subsidiação da produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis em Espanha (por exemplo a partir do carvão), o que seria negativo tendo em conta as prioridades nacionais em matéria de descarbonização e de combate às alterações climáticas”, referem.

Para prestar esclarecimentos ao parlamento sobre este tema, os deputados do Grupo Parlamentar do PSD requereram a audição do ministro do Ministro do Ambiente e Ação Climática (MAAC), Duarte Cordeiro, e dos presidentes da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) e do OMIP SGMR (mercado a prazo) e do OMIE (mercado spot).

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Qual o “plano B” dos países da UE face a um corte de gás russo?

  • Joana Abrantes Gomes
  • 27 Abril 2022

Com a ameaça de corte de gás russo, aumenta o risco de apagões e, numa altura em que os países tentam mudar para outras fontes energéticas, as opções são limitadas. Quais as alternativas dos países?

A possibilidade de a União Europeia (UE) deixar de receber gás proveniente da Rússia está a começar a tornar-se real, após a petrolífera estatal russa Gazprom anunciar a suspensão das entregas de gás à Bulgária e à Polónia a partir desta quarta-feira. O Kremlin ameaçou que o corte pode ser alargado a mais países da UE caso se recusem a fazer o pagamento em rublos, mas a presidente da Comissão Europeia já garantiu que o bloco comunitário “está preparado” para o corte de gás russo”. Diante deste cenário, qual o “plano B dos Estados-membros?

Para a Alemanha, a maior dependente do gás russo na UE, a solução pode estar na queima de carvão de lignite. Segundo a agência noticiosa alemã DPA, já há planos para ampliar uma mina de carvão na aldeia de Luetzerath, enquanto funcionários do Governo alemão apontam ainda a mina a céu aberto de Garzweiler, no estado da Renânia do Norte-Vestefália, como alternativa para reduzir as importações de combustíveis fósseis russos. Porém, esta fonte de energia pode tornar a região ainda mais poluente.

Por outro lado, a ameaça russa de só aceitar pagamentos em rublos fez soar os alarmes em Berlim ainda no final de março, altura em que o Governo alemão declarou a fase de alerta precoce do plano de emergência de gás. Trata-se da primeira de três fases possíveis, que consiste na monitorização para a qual foi convocada uma equipa de crise para se reunir diariamente, ao mesmo tempo que o regulador energético alemão está a fazer um levantamento junto das empresas sobre a sua utilização de gás para ajudar a determinar a distribuição de fornecimentos.

Além dessa medida preventiva, o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, apelou aos consumidores e às empresas do país para reduzir o consumo, frisando que “qualquer kilowatt por hora conta”. Ainda assim, perante um corte no fornecimento de gás russo, os consumidores seriam protegidos pelo maior tempo possível, o que implicaria que a indústria, sobretudo química e metalúrgica, suportasse o peso de um plano de racionamento.

Menos exposta que a Alemanha, a França teria primeiro de interromper as grandes centrais elétricas alimentadas a gás no caso de uma suspensão do abastecimento russo. Num país onde o combustível russo tem um peso de cerca de 17% no consumo de gás, este seria depois interrompido para as grandes indústrias químicas, refinarias de petróleo, centros comerciais e estádios, enquanto os fornecimentos para edifícios residenciais e pequenas empresas seriam cortados em último recurso, de acordo com a principal operadora de rede de transmissão de gás francesa, a GRTgaz.

“Contudo, em tal situação, [a França] deveria preparar-se para reduções no consumo, em particular no caso de um inverno frio ou de uma interrupção durante o inverno”, alertou a GRTgaz, numa declaração na passada sexta-feira. É por isso que Paris procura fontes alternativas de abastecimento de gás, estando já a aumentar a capacidade de importação de gás natural liquefeito e a considerar a possibilidade de construir um terminal flutuante para receber gás dos EUA.

De acordo com um decreto do Governo francês publicado na sexta-feira, em cenário de escassez, as empresas francesas que consomem mais de 5 gigawatt/hora (GWh) de gás por ano serão as primeiras a enfrentar restrições. Nesse caso, a GRTgaz e outros distribuidores serão autorizados a pedir aos grandes utilizadores que reduzam ou cortem o consumo no prazo de duas horas, e o Governo poderá impor multas àqueles que ignorem o pedido dos operadores de rede.

A Itália, por sua vez, maximizará a produção de carvão ou de óleo combustível. A 28 de fevereiro, quatro dias após o início da invasão russa da Ucrânia, o Governo liderado por Mario Draghi adotou medidas que permitirão aumentar a oferta ou reduzir a procura de gás, se necessário.

A energia gerada pelas centrais alimentadas a gás será substituída pela maximização da produção de outras fontes, como de carvão ou óleo combustível, enquanto a contribuição para o cabaz energético italiano de fontes renováveis permanecerá inalterada.

Adicionalmente, o primeiro-ministro italiano referiu que a reabertura de algumas centrais de carvão fechadas pode ser uma opção em cima de mesa, por forma a ajudar a colmatar o seu défice de fornecimento de energia e reduzir a dependência do gás russo, que atualmente representa cerca de 40% das suas importações.

“A Itália não tem problemas de abastecimento a curto prazo”, disse o ministro italiano da Transição Ecológica, Roberto Cingolani, após uma reunião com os seus homólogos europeus em Bruxelas, citado pela agência noticiosa Ansa. “Temos de pensar em reabastecer as reservas a partir do próximo ano, mas temos uma estratégia a curto, médio e longo prazo para acabar com a dependência do gás russo”, sublinhou.

Na sequência da decisão da Gazprom, a ministra do Ambiente da Polónia, Anna Moskwa, assegurou na terça-feira que as reservas de gás natural do país se encontram nos 76% e que a segurança energética do país não está em causa, enquanto a empresa de gás polaca PGNiG afirmou em comunicado que a situação “não afeta o fornecimento atual aos [seus] clientes que estão a receber combustível conforme solicitado”.

Quer a Polónia, quer a Bulgária, que não aceitaram pagar o gás em rublos, disseram não ter intenção de renovar os contratos estabelecidos com a Gazprom, ao mesmo tempo que acusam a energética russa de violar os contratos em vigor, que expiram no final deste ano. “Uma vez que todas as obrigações legais e comerciais estão a ser cumpridas, é evidente que, neste momento, o gás natural está a ser usado como uma arma económica e política na guerra atual“, declarou o ministro da Energia da Bulgária, Alexander Nikolov, citado pela Reuters.

A estas consequências poderão seguir-se outras, já que há gasodutos na Polónia e na Bulgária que fornecem a Alemanha, a Hungria e a Sérvia, e a Gazprom avisou que o transporte de gás através dos dois países também será cortado se o combustível for transportado “ilegalmente”. “Os pagamentos pelo gás fornecido desde 1 de abril têm de ser feitos em rublos, usando os novos detalhes de pagamento, sobre os quais os compradores foram informados atempadamente“, reiterou a empresa.

Ainda esta quarta-feira, fonte da energética russa citada pela Bloomberg disse que dos 10 compradores europeus de gás russo que abriram contas no Gazprombank, quatro já pagaram fornecimentos na moeda russa, o que, segundo Ursula von der Leyn, significa violar as sanções impostas por Bruxelas. Pagar em rublos, se isso não estiver previsto no contrato, é uma violação das nossas sanções”, sublinhou a presidente do Executivo comunitário, detalhando que “cerca de 97% dos contratos estipulam explicitamente que os pagamentos sejam feitos em euros ou em dólares”.

Para fazer face à decisão da Rússia, a Comissão Europeia iniciou um plano composto por duas etapas. “Primeiro, vamos assegurar que a decisão da Gazprom tem o menor impacto possível nos consumidores europeus. Hoje, os Estados-membros reuniram-se no grupo de coordenação do gás, a Polónia e a Bulgária atualizaram-nos sobre a situação e ambos estão a receber gás dos seus vizinhos da UE, o que mostra a solidariedade mas, também, a eficácia de investimentos passados, por exemplo, em conectividade e em infraestruturas de gás”, explicou Von der Leyen.

Ainda nesta primeira fase, Bruxelas vai “intensificar o trabalho com os grupos regionais dos Estados-membros, que poderão providenciar a mais imediata solidariedade uns aos outros, se necessário”, o que “irá mitigar qualquer impacto decorrente de possíveis disrupções no fornecimento de gás”.

Já a segunda parte do plano visa assegurar que há armazenamento e fornecimento de gás no médio prazo, acelerando a implementação do “Repower EU”, a estratégia delineada recentemente para reduzir a dependência europeia da energia russa “já este ano”. “Também chegámos a um acordo com os Estados Unidos para fazer mais importações este ano e nos seguintes e estamos a trabalhar com os Estados-membros para assegurar fornecedores de gás alternativos junto dos nossos parceiros”, apontou Von der Leyen, frisando ainda que “a era de combustíveis fósseis russos está a chegar ao fim”.

De momento, o mercado europeu do gás natural já está no limite, com preços cinco vezes superiores aos do mesmo período no ano passado. Esta quarta-feira, o anúncio da energética estatal russa fez disparar os preços do gás natural em 12,5%.

No ano de 2021, a UE comprou 155 mil milhões de metros cúbicos de gás à Rússia, o que equivale a 45% das importações e perto de 40% do consumo total conjunto dos 27 Estados-membros, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

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Emmanuel Macron procura primeiro-ministro de cariz “social e ambiental”

  • Lusa
  • 27 Abril 2022

"Vou nomear alguém que está ligado à questão social, à questão ambiental e à questão produtiva", disse o Presidente francês.

O Presidente francês reeleito, Emmanuel Macron, disse esta quarta-feira que o seu próximo primeiro-ministro será alguém com provas dadas no âmbito social e ambiental, enquanto a esquerda e a direita se organizam para as eleições legislativas em junho.

Na sua primeira visita pós-eleitoral, o Presidente francês foi esta quarta até à cidade de Cergy, perto a Paris, visitar um mercado junto a um bairro social. A visita não teve grande preparação, já que as redações só souberam esta manhã da deslocação improvisada do chefe de Estado, mas centenas de pessoas saíram à rua.

Após a eleição de domingo em que prometeu respostas para os franceses descontentes com a sua liderança, o Presidente prepara agora o seu próximo mandato e a prioridade é encontrar um novo primeiro-ministro que deverá conduzir a maioria do partido de Macron, República em Marcha, nas legislativas de 12 e 19 de junho.

“Vou nomear alguém que está ligado à questão social, à questão ambiental e à questão produtiva”, disse o Presidente respondendo aos jornalistas.

Entre as principais figuras apontadas para liderar o Governo até junho está a ministra do Trabalho, Elisabeth Borne, o ministro da Agricultura, Julien Denormandie, e o presidente da Assembleia Nacional, Richard Ferrand. Ao mesmo tempo, outras figuras ressurgem para este lugar, como a antiga ministra do Presidente Nicolas Sarkozy, Nathalie Kosciusko-Morizet, ou até mesmo o antigo autarca de Paris, o socialista Bertrand Delanoë.

Caso perca a maioria na Assembleia Nacional para outro partido, Macron será obrigado a governar em ‘coabitação’ com um primeiro-ministro de outra cor política. De forma a travar a renovação da maioria do Presidente, a oposição organiza-se agora à esquerda e à direita para constituir listas às eleições legislativas que lhes permitam enfrentar o candidato de Macron.

À esquerda, a França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon aceitou encontrar-se com o Partido Socialista para negociar eventuais apoios nas eleições, com os socialistas – que obtiveram menos de 2% nas eleições presidenciais – a mostrarem-se mais abertos do que a França Insubmissa, que alcançou quase 22%.

Segundo os dois partidos, as discussões “são sérias” e “construtivas”, embora não esteja prevista uma união. Os partidos parecem ter evoluído as suas posições, depois de entre as duas voltas o secretário-geral do PS, Olivier Faure, ter “estendido a mão” à extrema-esquerda e do outro lado ter havido “uma recusa categórica” de qualquer conversação.

Também os ecologistas estão a aproximar-se da França Insubmissa, com o candidato presidencial d’Os Verdes, Yannick Jadot, a dizer mesmo que quer uma coligação com Jean-Luc Mélenchon. A situação d’Os Verdes é atualmente precária já que ainda lhes falta arrecadar 2 milhões de euros de despesas que não vão ser reembolsadas pelo Estado por não terem conseguido mais de 5% nas urnas na primeira volta das eleições.

Já à direita, o ex-comentador político Eric Zémmour anunciou que não vai apresentar deputados nas circunscrições dos candidatos Marine Le Pen, Eric Ciotti e Nicolas Dupont-Aignan. Tanto Le Pen como Dupont-Aignan encabeçam partidos de extrema-direita, mas Ciotti integra o partido Os Republicanos, embora represente uma fação mais à direita do partido.

Este é um gesto na tentativa de alcançar uma união de direitas, muito desejada por Eric Zémmour, mas já rejeitada por Le Pen. Com a derrota no domingo, Marine Le Pen já está também a preparar as legislativas, voltando a ser candidata na região de Pas-de-Calais.

O Conselho Constitucional, órgão que fiscaliza o cumprimento da Constituição francesa, validou nesta quarta-feira a reeleição do presidente Emmanuel Macron nas eleições presidenciais francesas de 24 de abril. Conforme anunciado pelo presidente do Tribunal Constitucional, Laurent Fabius, o centrista Macron obteve 18.768.639 votos (58,54% do eleitorado registado), contra 13.288.686 de (41,46%) Marine Le Pen, candidata da extrema-direita.

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Covid-19 e guerra engordam Segurança Social. Há mais trabalhadores a descontar

A Segurança Social conta com mais um milhão de trabalhadores a contribuir face a 2015, o que resulta em parte da integração de pessoas durante a pandemia. Há também mais imigrantes.

A pandemia e a guerra da Ucrânia vieram trazer muitas mudanças ao país, e algumas diferenças significativas estão a acontecer na Segurança Social. Por um lado, durante a pandemia registou-se um aumento de pessoas que se inscreveram no sistema, nomeadamente para poderem usufruir dos apoios sociais, dando um impulso à sustentabilidade. Já a invasão russa levou a que o país tivesse de acolher vários cidadãos ucranianos, tendo implementado uma entrada automática na Segurança Social, que poderá agora servir de molde para os imigrantes que vêm trabalhar para Portugal.

Na intervenção inicial da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, perante os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito da discussão da proposta de Orçamento do Estado na generalidade, um dos destaques foi o aumento do número de trabalhadores que fazem parte do sistema, seja trabalhadores por conta de outrem, seja trabalhadores independentes.

“Neste momento, ultrapassámos, pela primeira vez, 4,7 milhões de trabalhadores inscritos ativos a descontar para a Segurança Social”, disse Ana Mendes Godinho. Este número, um aumento de um milhão face a 2015, representa cerca de 77% da população ativa portuguesa, que está neste momento a descontar, adiantou.

O movimento levou também a que fosse atingido um “valor recorde de 58 mil milhões de salários declarados à Segurança Social”, acrescentou a ministra, que é “fruto da criação de emprego e resultante da integração no sistema de pessoas durante a pandemia”.

Nas contribuições para a Segurança Social, os cidadãos estrangeiros têm também vindo a ganhar relevância. Ana Mendes Godinho salientou esta evolução notando que o país tinha, “em 2015, 191 mil estrangeiros a contribuir”, número que subiu para 473 mil em 2021. Assim, “10% das pessoas a contribuir para a Segurança Social são cidadãos estrangeiros imigrantes“, disse. As contribuições dos imigrantes atingiram 1,3 mil milhões de euros.

A responsável reiterou assim que o papel dos imigrantes é “evidente”, “no tem sido a evolução dos trabalhadores a fazerem parte deste sistema coletivo”. “Crescemos brutalmente em novos trabalhadores estrangeiros a fazerem parte do sistema e a contribuírem decisivamente com 1.300 milhões”, sinalizou, reiterando que é necessário “conseguir ir mais longe”.

“É uma área que temos de ir mais longe, nomeadamente no momento em que vivemos”, disse, apontando querer “posicionar Portugal como país de acolhimento de trabalhadores”. A ministra apontou também que a “experiência” em termos de acolhimento de ucranianos poderá fazer com que a integração no futuro seja feita de forma diferente.

No início de março, o Governo aprovou um regime simplificado para acolher cidadãos ucranianos, que contempla a atribuição automática dos números de identificação da Segurança Social (NISS), identificação fiscal (NIF) e acesso ao Sistema Nacional de Saúde. Desta forma, os refugiados ucranianos podem começar logo a trabalhar, sendo que existem já 29 mil ofertas de emprego espalhadas pelo país, segundo adiantou a ministra.

“Neste momento, temos já 1.400 contratos de trabalho celebrados com cidadãos ucranianos“, sublinhou também, sendo que além disto há 5.700 cidadãos ucranianos em cursos de língua portuguesa. Este número de pessoas com contratos de trabalho “só foi possível com inscrição automática na Segurança Social”, apontou Ana Mendes Godinho, o que “só mostra que é o caminho que temos de replicar”.

Este mecanismo está assim a provar-se eficaz, pelo que a experiência com os cidadãos ucranianos se poderá transformar “numa forma massiva de integração de forma diferente”, admitiu a ministra do Trabalho.

Ana Mendes Godinho destacou também que a maior abrangência dos trabalhadores a descontar “tem contribuído para o reforço da sustentabilidade do sistema da Segurança Social”. Segundo as previsões do Governo, 2022 será o “quinto ano consecutivo com o saldo global da Segurança Social superior a dois mil milhões de euros ano”, atingindo cerca de 2,5 mil milhões de euros.

Com este Orçamento do Estado, “em termos da capacidade de fundo de Estabilização, ganhamos 26 anos face ao OE de 2015, e se compararmos com 2021 ganhamos nove anos”, salientou a ministra. Mesmo com estes ganhos, o Governo vai criar uma comissão para apresentar uma reflexão sobre diversificação de fontes de financiamento da Segurança Social e de inclusão de novas formas laborais, segundo anunciou Mendes Godinho, o que poderá trazer ainda mais mudanças para o sistema.

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“Não me interessa o jogo dos 2%” do PIB no orçamento da defesa, diz Marcelo

  • ECO
  • 27 Abril 2022

O Presidente quer "equipamento compatíveis" e "condições apelativas", como promoções, para as Forças Armadas.

Marcelo Rebelo de Sousa desvaloriza a meta de atingir 2% do PIB no orçamento da Defesa, como pressiona a aliança Atlântica (NATO). “Não me interessa o jogo dos 2%”, disse o Presidente da República, em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3, depois de insistir que o debate deve ser “mais amplo” e ir além do debate do Orçamento do Estado.

“O reforço do orçamento da defesa é um discurso que está agora em curso e até daqui a um mês”, disse Marcelo. Mais importante que o número, continua o Presidente, são dois tipos de intervenções: por um lado, “equipamentos compatíveis”, a prazo, com as missões nacionais e, por outro, a motivação das Forças Armadas (FA). “E motivar significa que quem está no quadro permanente tenha condições apelativas para lá continuar”, disse.

Entre essas condições, Marcelo Rebelo de Sousa destaca as promoções nas FA, que não podem chegar “sistematicamente com um ano de atraso”, como se se continuasse a “viver em troika. Com a guerra na Ucrânia “lá longe, mas que toca na nossa vida”, o Chefe de Estado defende que este é o momento para os portugueses perceberem que para “ter Forças Armadas é preciso criar condições”.

No discurso do 25 de abril, o Presidente da República tinha avisado que os portugueses não podem “clamar por maior envolvimento” dos militares em ações dentro e fora do país, e ao mesmo tempo “pensar que há mais onde gastar o dinheiro”. O objetivo de gastar 2% do PIB em defesa tem 2024 como horizonte temporal e Marcelo reconheceu esta quarta-feira que “Portugal está a fazer um esforço para realizar”.

Mas é preciso ir além desta meta, porque “estamos viver um novo mundo, pode até ser um novo modelo geopolítico”, disse o Presidente, que deu o exemplo da possível entrada da Suécia e Finlândia na NATO como uma “mudança radical”.

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Escrituras, registos e certidões acessíveis por via eletrónica a partir de junho

  • Lusa
  • 27 Abril 2022

Os cidadãos vão poder aceder a todos os documentos que estão arquivados nos cartórios, muitos deles há dezenas de anos", disse o bastonário da Ordem dos Notários.

A Ordem dos Notários vai ter disponível a partir de 1 de junho uma plataforma de arquivo eletrónico nacional através da qual vai ser possível pedir acesso a certidões, escrituras, registos de testamentos e outros documentos por via eletrónica.

Os cidadãos vão poder aceder a todos os documentos que estão arquivados nos cartórios, muitos deles há dezenas de anos, pedir a sua desmaterialização e a sua consulta por via eletrónica”, explicou à Lusa o bastonário da Ordem dos Notários, Jorge Batista da Silva, no final da cerimónia de tomada de posse de novos notários que hoje decorreu em Lisboa.

Para o bastonário, o arquivo nacional digital representa “uma alteração do paradigma de utilização de documentos jurídicos” e “uma grande mudança e rutura” na “forma transparente” como as pessoas vão poder aceder aos documentos e usá-los com valor legal.

“Temos a plataforma já pronta. Os novos documentos têm a obrigação legal de ser incluídos já na plataforma, os outros à medida que as pessoas vão precisando os notários vão digitalizando e colocando na plataforma. Esta plataforma tem ainda a característica de ter valor legal, assinada com certificados digitais qualificados, em que as pessoas podem usar os documentos sem qualquer risco de inalterabilidade dos documentos”, disse o bastonário.

“Muda mesmo a forma como as pessoas lidam com a documentação”, dando o exemplo da documentação que guardamos relativa à compra de um imóvel e que agora pode ser gerida digitalmente. A plataforma tem ainda a particularidade de permitir, por exemplo, que uma procuração registada em Portugal possa ser usada com valor legal em qualquer país com o qual Portugal tenha acordos, bastando o envio de um código para aceder à cópia digital do documento.

Os notários querem também contribuir para “as boas práticas” no que diz respeito a negócios que envolvam criptomoedas, estando a desenvolver um manual com diretrizes para a realização de negócios envolvendo estas moedas, com especial preocupação para eventuais crimes de branqueamento de capitais, garantindo que se realizam “com segurança”.

Jorge Batista da Silva referiu que a guerra na Ucrânia trouxe particular relevância à questão. “Numa altura em que temos uma obrigação especial de verificar a lista de pessoas sancionadas, neste momento, é particularmente importante a verificação se os envolvidos no negócio se efetivamente o podem realizar e se são pessoas sancionadas ou não”, disse.

Quando estão em causa criptomoedas é necessário tomar cuidados adicionais na verificação de identidade, na comunicação, quando for o caso, ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal, para efeitos de controlo prévio da operação para ver se pode ser efetuada, mas o importante é que se possa fazer o negócio”, acrescentou.

Para o bastonário dos notários o importante é “criar regras para que isso se faça em segurança e Portugal não se torne num país desregulado”.

A ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, que presidiu à cerimónia, sublinhou a importância de a celeridade nos atos notariais não comprometer a exigência de segurança e a “fé pública” que lhes é inerente, mas, por outro lado, defendeu que essa segurança não pode redundar em burocracias desnecessárias.

Sublinhando o serviço público prestado pela classe, na sua intervenção a ministra felicitou ainda os notários pelas iniciativas solidárias de prestação de serviços a título gracioso aos refugiados ucranianos em Portugal. À saída não esteve disponível para prestar declarações aos jornalistas.

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