Marcelo alerta para lentidão, tentação de justiça na praça pública e violação de segredo

  • Lusa
  • 20 Abril 2022

O Presidente da República alertou para a "crónica queixa da violação do segredo de justiça", para "a tentação de fazer justiça na praça pública", face às "esperas infindáveis" por alguns processos.

O Presidente da República alertou esta quarta-feira para a “crónica queixa da violação do segredo de justiça, sem resultados visíveis”, para “a tentação de fazer justiça na praça pública“, face às “esperas infindáveis” por alguns processos.

Estes alguns dos efeitos da visão ou perceção de muitos portugueses – injusta, admito que sim, muitas vezes, mas que não pode ser ignorada por nenhum de nós”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na sessão solene de abertura do ano judicial, no Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa.

O chefe de Estado considerou que a justiça em Portugal, em termos gerais, “continua lenta de mais”, ou porque “os recursos continuam a ser ou insuficientes ou pouco efetivos no seu uso”.

Essa lentidão, que é desigual, afeta em muitos casos o progresso económico e social do país e, sobretudo, a própria perceção da justiça pelos cidadãos, e curiosamente parece dar sinais de contaminar fórmulas alternativas de jurisdição, como a arbitral – aliás, caríssima para o cidadão comum”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a perceção da justiça pelos cidadãos “é muitas vezes injusta, por minorar o mérito e o trabalha de milhares de protagonistas”, mas realçou que “acaba por ter efeitos que não podem ser ignorados, num tempo em que aquilo que parece ser se sobrepõe com frequência àquilo que é”.

“E o que parece pesa imenso, e não é só assacável à comunicação social”, prosseguiu.

O Presidente da República considerou que prevalece “a ideia de que ainda há uma justiça para os ricos e outra para os pobres” e defendeu “a exigência de maior comunicação e melhor comunicação por parte do poder judicial, incluindo naquela justiça que é menos mediática, mas não é menos relevante”.

Em seguida, deixou alertas sobre “a concentração dos cidadãos num número preciso de casos processuais, generalizando o que sobre eles entendeu à justiça como um todo” e sobre “a crónica queixa da violação do segredo de justiça, sem resultados visíveis, a não ser a crença de que os processos aparecem nos média por um fenómeno de iluminação vinda de outra galáxia”.

O chefe de Estado advertiu também para “a tentação de fazer justiça na praça pública, porque a impaciência e a velocidade da opinião escrita e falada se contenta cada vez menos com esperas infindáveis e prefere julgar logo a ter de aguardar umas décadas” e para “a preocupação crescente com a prevenção dos litígios ou da violação da lei, antes mesmo da intervenção dos tribunais”.

Marcelo apela a “nova fase” no combate à corrupção e reafirmação da democracia

O Presidente da República apelou também a que se abra “uma nova fase” no combate à corrupção em Portugal, considerando que a opinião pública exige urgência nesta matéria, e a que se reafirme os princípios democráticos. Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “o Governo avançou com novo mecanismo de combate à corrupção, que se espera seja verdadeiramente independente e que conjugue a sua atuação com o Tribunal de Contas”.

“Podemos, se quisermos, tentar abrir uma nova fase em que a vontade de combater essa chaga não só permita multiplicar investigações – o que já começou a ocorrer no passado recente – como converter esperas de década, década e meia, duas décadas até uma decisão final num tempo muitíssimo mais razoável em democracia”, afirmou.

O chefe de Estado assinalou que a Assembleia da República aprovou no fim da anterior legislatura, “em muitos casos por unanimidade, um conjunto de diplomas contra a corrupção” e foi “até perto de matéria sensível” para “mais reforçado combate ao enriquecimento ilícito, mas que passe no juízo de apreciação do Tribunal Constitucional”.

Se as “leis para apertar a malha aos que surgem com património incompatível com rendimentos de cargos políticos ou públicos, ou para travar favores, preferências” são ainda insuficientes, então “que se façam, mas comedidamente, com ponderação, para serem eficazes”, e que “se aplique essas leis, ainda que imperfeitas ou incompletas, testando o seu alcance e eficácia”, disse.

Por outro lado, o Presidente da República realçou que “as magistraturas desejam e merecem mais e melhores meios” e pediu que, se “há falta de magistrados” ou “problemas no acesso”, então “que se resolva”.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “a justiça relacionada com o combate à corrupção ganha aos olhos da opinião pública uma ainda maior urgência coletiva e uma ainda maior dramatização, mais acentuada ainda na opinião publicada“.

“Como responder a essa sensação de mal estar social de convicção de que a corrupção continuaria a estar imparável e de que quase tudo e quase todos sucumbiriam às suas tentações: políticos, funcionários, magistrados, grupos empresariais, entidades associativas, cidadãos?”, questionou, dando a resposta: “Em tempos como este cumpre manter cabeça fria e serena e agir consistentemente”.

“Há erros de perceção a esclarecer, com rigor e clareza? Que se esclareça”, acrescentou. O Presidente da República terminou a sua intervenção com a defesa do regime democrático, argumentando que “a mais imperfeita das democracias é sempre mais justa do que a mais sofisticada das ditaduras”.

“Nós queremos uma muito melhor democracia, mas democracia, não queremos aventuras ou seduções de democracias ditas iliberais, ou seja, ditaduras dissimuladas. Reafirmemos, pois, os valores os princípios democráticos e pratiquemo-los no dia-a-dia. Evitemos as condutas que enfraqueçam aqueles valores e princípios. Previnamos o seu desrespeito. Combatamos a sua violação. Reformemos a justiça onde e quando e como tal se revele necessário, sem messianismos, que são próprios de instituições débeis ou frágeis, mas com instituições fortes e prestigiadas e, sobretudo, com cidadania exemplar”, apelou.

O chefe de Estado sustentou que uma sociedade justa depende da “honestidade pessoal e cívica de todos e de cada um”, sem a qual “não nascerá nem crescerá espontaneamente a honestidade pessoal e cívica” dos seus representantes, que são “o espelho” do povo.

“Eu persisto em acreditar que nós somos um povo visceralmente honesto. Não vejo razão para acreditar que esse povo honesto deixe de escolher pelo seu voto”, declarou.

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Trabalhadores da indústria conserveira realizam greve nacional quinta-feira

  • Lusa
  • 20 Abril 2022

A Associação Nacional dos Industriais das Conservas de Peixe recusa negociar a tabela salarial e a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho, critica o sindicato.

Os trabalhadores da indústria conserveira vão realizar na quinta-feira uma greve nacional, reivindicando um novo contrato coletivo de trabalho, estando prevista uma concentração pelas 14:30 na lota da Figueira da Foz, segundo o dirigente do SINTAB Avelino Mesquita.

De acordo com o sindicalista, a Associação Nacional dos Industriais das Conservas de Peixe (ANCIP) recusa negociar a tabela salarial e a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) e defendeu que deve haver a valorização de um setor “essencial” e que esteve “na linha da frente” durante a pandemia.

“A ANCIP não quer negociar o CCT das conservas. Já andamos nisto há dois anos e sempre a dizerem que negoceiam, que negoceiam e, chega-se às horas, e, por um motivo ou outro, não negoceiam”, disse o dirigente sindical do Sindicato nacional dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (SINTAB), à Lusa, por telefone.

Avelino Mesquita explicou que esta é “uma tentativa de negociar, pelo menos, o CCT” e o aumento salarial. “O que queremos é que o CCT esteja em vigor (…) e o aumento do salário, porque empresas que estiveram na linha da frente [durante o pico da pandemia], que tiveram milhões e milhões de lucros e só têm os trabalhadores pelo salário mínimo nacional, não se compreende que não queiram aumentar mais que o salário mínimo”, lamentou o sindicalista.

Avelino Mesquita não consegue antever ainda a adesão à greve, mas remeteu para as anteriores, nas quais disse ter havido adesões de 100%. “Aqui na COFISA, na Figueira da Foz, tivemos, no dia 31, uma a 100%, e pensamos que amanhã [quinta-feira], será também a 100% que é para mostrar, quer à administração da empresa, quer à associação, que os trabalhadores não vão largar enquanto não for negociado”, sublinhou.

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BCP avança 3% e segura ganhos na bolsa de Lisboa

Banco liderado por Miguel Maya somou 3% e segurou a bolsa de Lisboa em terreno positivo. Sessão foi bastante favorável para a banca europeia.

A bolsa de Lisboa encerrou a sessão desta quarta-feira em alta, muito graças ao bom desempenho das ações do BCP, que somaram mais de 3%, permitindo ao PSI acompanhar a rota dos ganhos nos índices europeus.

O índice de referência nacional ganhou 0,28% para 6.123,51 pontos, com a sessão a ficar marcada por algum equilíbrio na balança dos ganhos e das perdas: sete cotadas registaram subidas, outras sete saíram a perder e uma (REN) não registou qualquer oscilação em relação à sessão anterior.

No prato dos ganhos, destacaram-se as ações do BCP: avançaram 3,08% para 0,1743 euros, também impulsionadas pelo dia positivo que o setor europeu registou. O índice financeiro do Stoxx fechou em alta de 2%, com bancos franceses como o Société Générale, BNP Paribas ou Crédit Agricole a ganharem 3%.

Outros pesos pesados como a EDP e EDP Renováveis também deram um contributo positivo, ao valorizarem 1,07% e 0,92%, respetivamente. E a retalhista Jerónimo Martins ganhou 0,19%.

A pesar mais no lado das perdas estiveram as ações da Galp, que deslizaram 2,21% para 11,515 euros, e isto num dia em que os preços do barril de petróleo recuperam ligeiramente depois da queda de 5% na última sessão.

Contas feitas, Lisboa conseguiu acompanhar o otimismo dos investidores europeus. Os índices de Madrid, Frankfurt e Paris tiveram ganhos de quase 1,5%. O Stoxx 600 avançou também cerca de 1%.

Do outro lado do Atlântico, o índice tecnológico Nasdaq cai cerca de 1%, pressionado sobretudo pelas ações da Netflix, que afundam 36%, na pior sessão em duas décadas, depois de ter anunciado que perdeu 200 mil subscritores no primeiro trimestre do ano — foi a primeira quebra de utilizadores nos últimos dez anos.

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Leão não vê incompatibilidade no cargo de vice-reitor do ISCTE

Ex-ministro, que é agora vice-reitor do ISCTE, garante não ter tido "qualquer intervenção" na decisão do Ministério das Finanças de conceder apoio financeiro a um projeto do próprio ISCTE.

João Leão garantiu não ter tido “qualquer intervenção” no financiamento do próprio Ministério das Finanças ao Centro de Valorização e Transferência de Tecnologias do ISCTE. O ex-ministro das Finanças defendeu ainda que o seu antigo ministério apenas recebeu este projeto aprovado pelo Ministério da Ciência, contrariando o que o ex-ministro do Ensino Superior Manuel Heitor referiu ao jornal Público.

O jornal citou Manuel Heitor para dizer que, dos vários projetos apresentados pelo seu ministério nos últimos cinco anos, apenas o do ISCTE foi aprovado para o apoio da dotação centralizada do Ministério das Finanças. O Público indicou ainda que, por lei, a afetação da verba só pode ser feita com a assinatura do ministro das Finanças.

Em comunicado, João Leão — agora vice-reitor do ISCTE — disse que não foi assim que aconteceu. O ex-ministro das Finanças começou por explicar que, “no Orçamento do Estado de 2017, foi criada uma dotação centralizada para financiar entidades da administração central com dificuldades em executar projetos com fundos europeus devido a necessidades adicionais de contrapartida pública nacional”.

“Ao longo dos últimos anos, várias entidades foram financiadas em diferentes áreas, nomeadamente na Educação e Ciência, na Agricultura, Saúde, na Presidência do Conselho de Ministros, na Administração Interna, entre outras, nos termos que a lei prevê”, continuou.

No que toca à área da Educação e Ciência, “foi financiada a contrapartida pública nacional de projetos de construção e renovação de muitas dezenas de escolas” e, nas universidades, “o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) apenas submeteu um único projeto, o do ISCTE, para financiamento no âmbito desta dotação”.

O referido projeto do ISCTE “obteve aprovação” do MCTES, “foi instruído” pelo Instituto de Gestão Financeira da Educação (IGEEFE) e “obteve parecer positivo” da Direção-Geral do Orçamento, argumentou.

Foi ainda aprovado pelo Ministério do Planeamento e pela Secretaria de Estado do Orçamento, sublinha Leão. Apesar de esta última pertencer à chancela das Finanças, o novo vice-reitor do ISCTE rematou: “Enquanto ministro das Finanças, não tive qualquer intervenção nesta decisão de financiamento.”

João Leão terminou o comunicado dizendo que, “no que se refere aos Institutos Politécnicos, apenas houve um outro processo no âmbito desta dotação referente a três” institutos. “Este processo não obteve parecer positivo dos serviços, não cumprindo os requisitos para atribuição de financiamento por esta via. No entanto, refira-se que estes três Institutos Politécnicos obtiveram reforços extraordinários superiores a 16 milhões de euros desde 2016″, concluiu.

À noite, no Jornal 2 da RTP2, João Leão reiterou a ideia de que “no que se refere a universidades, apenas foi aprovado e submetido pelo Ministério da Ciência” o projeto do ISCTE e que a afetação da verba de 5,2 milhões não passou por uma intervenção direta da sua parte.

Questionado sobre se via alguma incompatibilidade pelo facto de ter saído do Ministério das Finanças para ser vice-reitor do ISCTE, João Leão argumentou que é natural que tenha regressado à universidade onde já tinha assumido vários cargos e que lhe “parecem funções naturais” assumir ao cargo de vice-reitor agora depois de “funções tão complexas como de as de Ministro das Finanças”.

(Notícia atualizada pela última vez às 22h09)

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Aumentar a confiança dos cidadãos e empresas na Justiça é “desígnio a perseguir”, diz ministra da Justiça

  • Lusa
  • 20 Abril 2022

A ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, afirmou que aumentar a confiança dos cidadãos e das empresas na justiça é "um dos desígnios a perseguir".

A ministra da Justiça afirmou esta quarta-feira que aumentar a confiança dos cidadãos e das empresas na justiça é “um dos desígnios a perseguir”, sendo por isso um dos primeiros desafios práticos contribuir para “a melhoria do conhecimento”.

“Um dos primeiros desafios práticos é o de contribuir para a melhoria do conhecimento. Do conhecimento para a confiança e do conhecimento para a eficiência. Para tal, é decisivo que se reforce o investimento na melhoria dos indicadores da Justiça, agora com recurso a ferramentas eletrónicas renovadas, e se potencie o seu uso. É também decisivo que se reutilize a abundante informação gerada, sempre no respeito pelas regras de tratamento de dados”, disse Catarina Sarmento e Castro na abertura do ano judicial no Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa, na sua estreia neste tipo de cerimónia.

Segundo a ministra, o conhecimento ajuda “a situar mais corretamente a perceção dos destinatários sobre o sistema de justiça, em permanente escrutínio de resultados”, permitindo o reforço da transparência e, com ela, da confiança.

Para a ministra da Justiça, os dados do conhecimento também permitem reconhecer e assinalar que o grau de eficiência ainda “não é homogéneo em todos os tribunais e em todos os tipos de litígios”, e que “há um caminho que importa percorrer”.

Catarina Sarmento e Castro disse que os diagnósticos estão feitos e há medidas no terreno, sendo agora necessário “resolver as disfuncionalidades que a prática vai revelando”, sublinhando que o conhecimento é também instrumento para um “outro desafio importante destinado a garantir uma justiça mais eficiente, que é o desafio de uma melhor gestão do sistema”.

Referiu a propósito que, na procura da eficiência, medidas gestionárias podem ser aprofundadas de modo a melhorar os métodos de trabalho, a gestão dos recursos humanos, identificando onde fazem falta, melhorando a gestão processual, documental e de apoio e também a articulação das instâncias judiciárias com serviços complementares da Justiça.

Tudo isto, prosseguiu, é fundamental para a resposta em várias vertentes, designadamente na fase de inquérito criminal ou também para proporcionar uma melhor resposta multidisciplinar às vítimas de crimes, com destaque para aquelas que se encontram sem situação de especial vulnerabilidade.

Catarina Sarmento e Castro disse ainda ser “importante que se leve a sério o desafio da tramitação judicial digital por definição, com a exclusividade da tramitação processual eletrónica em todas as jurisdições e instâncias judiciais, inclusive na fase de inquérito, para tornar efetiva a celeridade das decisões”.

“Neste percurso de transição digital, é fundamental a concretização dos investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”, enfatizou.

Catarina Sarmento e Castro prometeu que será dado um novo impulso ao processo de digitalização, acelerando-se a modernização dos sistemas de informação e de infraestrutura tecnológica da justiça, com o desenvolvimento e implementação dos sistemas de tramitação processual, o Magistratus (sistema de interface para Juízes dos Tribunais Comuns e dos Tribunais Administrativos e Fiscais) e o MP Codex (para Magistrados do Ministério Público).

Prometeu ainda o reforço do sistema de informação para as Secretarias Judiciais, de interface com mandatários, para assegurar a interoperabilidade de sistemas, a desmaterialização das comunicações e a incorporação de capacidades de analítica e de inteligência artificial.

A par dos desafios do conhecimento, da gestão, do digital e da formação de magistrados, oficiais de justiça e outros operadores judiciários, Catarina Sarmento e Castro apontou também como prioridades implementar um sistema de apoio judiciário efetivo e de qualidade, persistir no combate à corrupção, através da “Estratégia Nacional Anticorrupção 2020-2024” e dar resposta aos desafios do sistema prisional.

“Merecerá reflexão também o aprofundamento da presença no sistema de Justiça de meios alternativos de resolução de conflitos, que potenciam o acesso à justiça, alargando a oferta à procura de tutela”, adiantou.

No novo ciclo que se abre na Justiça, a ministra garantiu que podem contar com ela para “ouvir todos, mas sobretudo para fazer com todos”, mas exigindo que “esse caminho de melhor justiça e para todos” seja percorrido por todos.

“Uma justiça mais eficiente e mais célere, mais próxima, de maior qualidade e mais cognoscível, porque mais transparente e, por isso, refundadora da confiança”, foi outras das metas traçadas por Catarina Sarmento e Castro, que prometeu todo o seu empenho.

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Inflação não será único fator para decidir aumentos na Função Pública, diz Mariana Vieira da Silva

A atualização salarial nos próximos anos terá também em conta "a avaliação da natureza de inflação, o sucesso de medidas e a situação do país", explica a ministra.

Após as primeiras reuniões do Governo com os sindicatos da Administração Pública, Mariana Vieira da Silva mantém o aumento salarial para os funcionários de 0,9% em 2022. Para os próximos anos, a ministra assegura que serão retomadas as atualizações salariais anuais, mas a inflação não será o único fator a determinar o valor. Além deste indicador, a atualização terá também em conta “a avaliação da natureza da inflação, o sucesso das medidas tomadas e a situação do país”, explica a ministra.

“Todos os passos que são dados têm que ser sustentáveis no tempo”, defende Mariana Vieira da Silva, sinalizando que “todas as instituições internacionais referem que vivemos um pico inflacionista, de conjuntura, que é transitório”. Desta forma, recusa avançar com uma revisão do aumento para este ano, uma das principais reivindicações dos sindicatos.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, também já tinha rejeitado aumentos intercalares para a Função Pública, apesar de o antecessor João Leão ter sinalizado que existe margem para tal. Os sindicatos reivindicam uma atualização deste valor, tendo em conta a inflação que se tem verificado nos últimos meses.

Na definição dos aumentos para 2022, o Governo utilizou como referência a inflação a 30 de novembro, que acabou por ditar uma atualização de 0,9%. Se o mesmo mecanismo fosse usado para 2023, o aumento poderia rondar os 4%, já que é essa a previsão do Governo, inscrita no Orçamento do Estado para este ano. No entanto, Mariana Vieira da Silva destacou que existem várias nuances à determinação do valor, nomeadamente a situação internacional que se viver e situação económica e financeira do país. Desta forma, poderá, por exemplo, ser feita a distinção entre o indicador geral ou a inflação core, que exclui componentes mais voláteis, por exemplo.

Confrontada com o desânimo dos sindicatos perante a manutenção do aumento para 2022 nos 0,9%, apesar da inflação que se vive, Mariana Vieira da Silva salientou que a atualização anual “é apenas uma das dimensões” dos salários: o OE “prevê aumento da massa salarial de 2,5% dos funcionários, com o efeito das progressões”, sendo que “o valor aumenta 3,6% com novas admissões”.

As prioridades do Governo para as negociações, cuja calendarização será feita logo após a aprovação final do OE, centram-se em quatro questões: simplificação do recrutamento, a revisão da tabela remuneratória única, revisão das carreiras técnicas superiores e as mudanças no SIADAP.

(Notícia atualizada às 17h18)

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Santos Silva promete empenho para que haja maior clareza e rigor nas leis

  • Lusa
  • 20 Abril 2022

O presidente da AR, Augusto Santos Silva, prometeu empenhar-se para que o parlamento produza leis mais claras, simples e rigorosas, compreensíveis por todos.

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, prometeu esta quarta-feira empenhar-se para que o parlamento produza leis mais claras, simples e rigorosas, compreensíveis por todos, considerando que há ainda muito por fazer nesta matéria.

Augusto Santos Silva assumiu esta posição na sua primeira intervenção enquanto presidente da Assembleia da República numa sessão solene de abertura do ano judicial, no Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa.

O presidente da Assembleia da República argumentou que “leis e decisões judiciais claras representam um meio poderosíssimo para induzir a confiança nos contratos, agilizar procedimentos e diminuir burocracias, prevenir e combater a corrupção, facilitar o acesso à justiça e imprimir celeridade na sua administração”.

“Geram, além do mais, substanciais reduções dos custos de contexto na realização de investimentos e enormes poupanças na despesa das famílias, das empresas e do Estado. Temos mesmo de avançar, em conjunto, no esforço de tornar as leis mais rigorosas, mais simples e mais compreensíveis“, defendeu.

Augusto Santos Silva considerou que em Portugal e na Europa vários programas conduziram já a “melhorias concretas” na clareza e rigor da legislação, “mas muito resta ainda por fazer”. Como exemplo de progresso, apontou a “operação de limpeza” do ordenamento jurídico português “de inúmeros diplomas já caducos”.

“E o que eu quero hoje aqui dizer a todos os operadores judiciários é que me empenharei para que o parlamento faça, nesta tarefa de todos, a sua parte – que enquanto assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses, na pluralidade e diversidade dos interesses e ideias, e enquanto legislador por excelência, o parlamento produza leis claras, tão simples quanto possível, compreensíveis por todos”, afirmou, observando que esta “não é tarefa pouca ou menor, bem pelo contrário”.

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Miranda assessora MadoquaPower2X em projeto para produção de hidrogénio e amoníaco verdes em Sines

A equipa multidisciplinar da Miranda foi liderada pelo sócio Nuno Antunes, co-coordenador da área de prática de Energia e Recursos Naturais.

A Miranda & Associados foi responsável pela assessoria jurídica à MadoquaPower2X, um consórcio formado pelas empresas Madoqua Renewables (luso-neerlandesa), Power2X (neerlandesa) e pelo fundo Copenhagen Infrastructure Partners (dinamarquês), no projeto de produção, à escala industrial, de hidrogénio e amoníaco verdes na Zona Industrial e Logística de Sines.

“O projeto, inteiramente inovador no panorama português e enquadrado nos esforços de transição energética, com um total de investimentos que poderá ultrapassar os mil milhões de euros, e que irá contribuir significativamente para os objetivos estabelecidos na Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), prevê a instalação de 500MW de capacidade de eletrólise, recorrendo a energia de fontes renováveis“, explica o escritório.

A equipa multidisciplinar da Miranda foi liderada pelo sócio Nuno Antunes, co-coordenador da área de prática de Energia e Recursos Naturais, e inclui as sócias Maria João Mata e Rita Lufinha Borges, bem como Sara Castelo Branco, Catarina Santinha, Catarina Campelo, Luís Leão Neves e Salomé Freitas.

“Este é o tipo de projeto complexo no setor da energia, incluindo em matéria de transição energética, em que a Miranda se tem destacado nas várias jurisdições em que está presente”, notou Nuno Antunes. Para o sócio, o trabalho desenvolvido “assentou numa equipa altamente qualificada e experiente, excecional na sua disponibilidade e dedicação na resposta aos desafios que foram surgindo”.

Por sua vez, Maria João Ribeiro Mata, sócia da área de prática de Comercial e Societário, acrescentou que “foi um privilégio contribuir para a concretização de um projeto pioneiro que promove desígnios ambientais de longo prazo”.

A cerimónia de lançamento irá decorrer na próxima sexta-feira, dia 22 de abril, em Sines, no Centro de Negócios da Zona Industrial e Logística de Sines.

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Mélenchon quer ser primeiro-ministro

Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado na primeira volta das eleições francesas, já se vê como primeiro-ministro, depois de apelar contra o voto em Le Pen.

O terceiro colocado da primeira volta de eleições presidenciais francesas, Jean-Luc Mélenchon, admite que quer ser primeiro-ministro quer vença Emmanuel Macron ou Marine Le Pen na segunda volta deste domingo, avançou esta quarta-feira a Bloomberg (acesso condicionado).

“Peço aos franceses que me elejam enquanto primeiro-ministro” disse Mélenchon, que também apelou aos seus apoiantes a não votarem em Marine Le Pen. No entanto, o líder da esquerda francesa admitiu não ser sua função dizer à população se deveriam, ou não, votar em Macron, votar em branco ou absterem-se.

O candidato de 70 anos obteve 22% dos votos na primeira volta das eleições francesas, ficando 420.000 votos abaixo dos necessários para ir à segunda volta. Mélenchon conta com o apoio da esquerda francesa, representada por cerca de 7,7 milhões de apoiantes. O candidato sugeriu ainda estar recetivo a uma aliança com os restantes partidos à esquerda de modo a obter a maioria no parlamento.

A constituição francesa estabelece que o presidente está encarregue de nomear o primeiro-ministro, mas caso o presidente não tenha a maioria, tradicionalmente, é escolhido um primeiro-ministro da mais recente maioria. Macron e Le Pen já anunciaram políticas sociais ou verdes, de modo a atrair os apoiantes de Mélenchon, sendo que o mesmo ainda não confirmou se iria concorrer às legislativas marcadas para junho, onde se elegem os 577 membros da assembleia francesa.

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PGR diz que persistente falta de meios compromete ação do Ministério Público

  • Lusa
  • 20 Abril 2022

A Procuradora-Geral da República alertou que as potencialidades do Ministério Público estão condicionadas por um “expressivo e persistente défice de recursos materiais e humanos".

A Procuradora-Geral da República (PGR) alertou esta quarta-feira que as potencialidades do Ministério Público (MP) estão condicionadas por um “expressivo e persistente défice de recursos materiais e humanos”.

“A vastidão de competências que estão atribuídas (ao MP), sem paralelo na generalidade dos outros Estados, e o atual contexto em que as exerce, em particular, o grave défice de quadros – avultando o ritmo de jubilações que vêm ocorrendo e que previsivelmente continuarão a ocorrer nos tempos mais próximos –, tornam bem difícil a gestão e igualmente o desempenho de todos e de cada um dos magistrados”, advertiu Lucília Gago na cerimónia de abertura do ano judicial.

Segundo Lucília Gago, a falta de meios do MP permite “justificar a afirmação de ser a autonomia do MP insatisfatória, e até ilusória, ao não contemplar a vertente financeira”.

Para a PGR, “nesse contexto adverso pontua também a generalizada insuficiência da afetação de oficiais de justiça e de recursos materiais e humanos para dar cabal resposta às cada vez mais imprescindíveis perícias financeiras, contabilísticas e informáticas, com reflexos negativos e até de verdadeira asfixia de domínios”.

Lucília Gago falou ainda da situação pandémica e dos seus efeitos na sociedade e na justiça, na recuperação de ativos como área prioritária do MP, dos direitos dos jovens e crianças, do regime jurídico do menor acompanhado, da violência doméstica, da expansão do fenómeno da cibercriminalidade, dos desafios da nova era digital e dos interesses difusos, nomeadamente na defesa do ambiente.

Elegeu ainda como prioritário o “combate intransigente aos fenómenos criminais especialmente graves, integrados quer na cibercriminalidade, quer na criminalidade económico-financeira, quer ainda na criminalidade violenta e organizada“.

Em relação à cibercriminalidade, a PGR indicou que a expansão do fenómeno se tornou “galopante, com as denúncias apresentadas ao MP a mais que duplicarem de 2019 para 2020 e de 2020 para 2021”, observando que os dados mais recentes apontam para um enorme aumento do número de casos em 2022.

Quanto à recuperação de ativos e ao combate à criminalidade mais grave e complexa, a PGR entende que “é indispensável assegurar que os criminosos não retiram qualquer vantagem económica da sua prática, privando-os, sem contemplações e sem exceções, dos benefícios económicos gerados pela atividade criminosa”, por vezes associada ao branqueamento de capitais e terrorismo.

Reiteramos o forte empenho da Procuradoria-Geral da República na criação de uma efetiva cultura de recuperação dos ativos, traduzida na interiorização por todos os magistrados do MP da indispensabilidade de realização de uma investigação patrimonial e financeira tendente a confiscar as vantagens obtidas pelos criminosos com a prática do crime, garantindo que este não compensa”, vincou.

Lucília Gago lembrou ainda que os objetivos estratégicos de política criminal para o triénio 2022-2024 passam pelo combate à corrupção e crimes conexos, tendo presente o risco associado ao aumento dos fundos públicos disponibilizados para o combate à crise económica bem como os riscos de abuso de regimes específicos de flexibilização nos procedimentos de contratação pública ou de fiscalização financeira.

Referiu também que a violência de género, que continua a apresentar um nível preocupante de frequência e gravidade, nomeadamente face à agudização dos riscos de menor capacidade de reação das vítimas a situações violentas, em particular das mais vulneráveis como mulheres e crianças.

No capítulo dos direitos das crianças e dos jovens, mencionou que a dinamização da intervenção tutelar educativa vem merecendo particular atenção perante fenómenos de criminalidade violenta e grave praticados por jovens e também face às potencialidades de prevenção criminal que encerra.

Considerou ainda que face ao impacto da pandemia e da guerra surgem acrescidas necessidades de proteção dos adultos vulneráveis.

A PGR apelou também para a necessidade do reforço da qualidade e quantidade dos equipamentos informáticos e dos meios digitais disponíveis, particularmente “num tempo em que o teletrabalho gera maior nível de utilização dos sistemas informáticos e novas exigências a nível da fluidez e segurança das comunicações eletrónicas”, dizendo ser preciso assegurar a transição digital na área da justiça.

“Esse reforço (…) traduz o sinal de modernidade gerador de eficácia e celeridade, capaz de positivar avanços anunciados, mas ainda muito longe de plena concretização”, concluiu.

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China ratifica acordo que proíbe trabalho forçado

  • Lusa
  • 20 Abril 2022

A assinatura deste acordo é uma condição imposta pela União Europeia para confirmar um acordo bilateral sobre investimentos assinado no final de 2020.

A China ratificou esta quarta-feira as convenções internacionais que proíbem os trabalhos forçados, uma condição imposta pela União Europeia (UE) para confirmar um acordo bilateral sobre investimentos assinado no final de 2020.

A comissão permanente do Congresso Nacional do Povo (parlamento chinês) ratificou a Convenção sobre o Trabalho Forçado da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 1930, e a Convenção sobre a Abolição do Trabalho Forçado (1957), anunciou o CNP no final de uma sessão de três dias.

A ratificação aconteceu depois de, em fevereiro, uma comissão de peritos da OIT ter manifestado “profunda preocupação” acerca do tratamento das minorias étnicas e religiosas na China, particularmente em Xinjiang (noroeste), uma região predominantemente muçulmana.

Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, pelo menos um milhão de uigures e membros de outras etnias muçulmanas estão ou foram detidos em campos na região de Xinjiang. As autoridades chinesas defendem serem centros de formação, mas a OIT sustenta que são de “reeducação política”.

O assunto preocupa a comunidade internacional. Nos Estados Unidos, entrou em vigor em dezembro de 2021 uma lei que proíbe a compra de produtos que resultem do trabalho forçado de uigures na China. Washington acusa Pequim de genocídio contra essa minoria, o que a China rejeita firmemente.

A UE e a China chegaram em 30 de dezembro de 2020 a um acordo de princípio sobre o investimento, ao fim de sete anos de negociações, durante uma videoconferência entre líderes comunitários e o Presidente chinês, Xi Jinping.

O acordo não chegou a ser ratificado devido à imposição por Bruxelas a Pequim de sanções por violação dos direitos humanos e consequente retaliação da China.

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Bastonário diz que Ministério Público deve dar explicações sobre absolvições de políticos

  • Lusa
  • 20 Abril 2022

O bastonário da Ordem dos Advogados considerou que o Ministério Público deve explicar aos cidadãos as absolvições de titulares de cargos políticos nos últimos anos.

O bastonário da Ordem dos Advogados (OA) considerou esta quarta-feira que o Ministério Público (MP) deve explicar aos cidadãos as absolvições de titulares de cargos políticos nos últimos anos, apresentando os motivos na origem dessas acusações.

“Temos assistido nos últimos tempos a muitas absolvições de cidadãos que exerceram funções políticas ao mais alto nível, os quais, no entanto, tiveram que viver durante anos com o estigma de uma acusação criminal”, disse Luís Menezes Leitão na cerimónia de abertura do ano judicial, no salão nobre do Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa, que conta também com intervenções da ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Para Menezes Leitão, “esperar-se-ia, a bem da credibilidade da nossa justiça que, sendo as mesmas julgadas improcedentes nos Tribunais, os cidadãos tivessem uma explicação pública por parte do Ministério Público sobre o que motivou a sua acusação”.

O bastonário da OA vincou que a credibilidade do setor é “fonte de grande preocupação” e que há uma “absoluta falta de recursos humanos”.

Apesar de visar o MP e de lhe exigir “máxima responsabilidade” no exercício dos seus poderes, Menezes Leitão reivindicou a defesa da autonomia dos magistrados, recusando “quaisquer tentativas” de controlo por parte do poder político, mas não deixou de responder às vozes que já defenderam o fim da fase de instrução dos processos.

“A fase de instrução é absolutamente essencial para assegurar a jurisdicionalização da nossa investigação criminal, colocando a acusação do MP sob controlo judicial”, observou Menezes Leitão, que criticou ainda a mediatização da detenção de cidadãos para interrogatório por juiz de instrução, acrescentando que “a eliminação da fase da instrução representaria um duro golpe no processo penal, em prejuízo dos direitos dos cidadãos”.

Entre as críticas do bastonário dos advogados esteve também a justiça penal, nomeadamente a “desastrada reforma do Código de Processo Penal”, em novembro de 2021, ao notar que o parlamento “agiu de uma forma absolutamente precipitada” antes da sua anunciada dissolução e que a mesma foi “fonte de tantos problemas” que já deu azo a uma nova proposta de lei do governo para promover a sua alteração.

Menezes Leitão apontou ainda críticas ao estado da justiça cível e à situação dos tribunais administrativos e fiscais, lamentando que haja processos “à espera de uma decisão há dez ou vinte anos” e que tal represente uma situação de “desamparo” para os cidadãos, na qual só o Estado beneficia, uma vez que “não vê as medidas que ilegalmente toma contra os cidadãos eficazmente sindicadas pelos tribunais”.

“A nossa justiça cível (…) só não é igualmente tão morosa em virtude do elevado valor das custas judiciais, que levam a que só lhe tenham acesso os muito ricos ou os muito pobres, estes últimos por beneficiarem do apoio judiciário. Há anos que se salienta ser imperioso a redução das custas judiciais, sendo inaceitável que a água que deveria saciar a sede de justiça dos cidadãos seja em Portugal paga pelos mesmos ao preço do champanhe francês”, ironizou.

Depois de condenar a não realização da cerimónia de abertura do ano judicial em 2021, devido à pandemia de covid-19, considerando que “tal foi prejudicial” para a justiça portuguesa, o bastonário da OA insurgiu-se contra a suspensão de direitos fundamentais sem o devido controlo judicial e, por isso, reclamou que seja dada à Ordem dos Advogados o poder de pedir a fiscalização da constitucionalidade das leis ao Tribunal Constitucional.

“É assim necessário defender a Constituição, atribuindo à Ordem dos Advogados competência para a fiscalização da constitucionalidade das leis. E é fundamental instituir o recurso de amparo para permitir aos cidadãos recorrerem diretamente ao Tribunal Constitucional para defesa dos seus direitos fundamentais”, sentenciou.

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