Rutura “intencional” no Nord Stream pode levar “até meses” a reparar

Docentes ouvidos pelo ECO/Capital Verde estimam que reparações às ruturas no Nord Stream 1 e 2 possam levar meses, obrigando à UE a recuar nas metas ambientais perante a chegada do inverno.

O apuramento das causas e os respetivos trabalhos de reparação nas quatro ruturas do Nord Stream 1 e 2 poderão demorar “várias semanas, ou até mesmo meses”, estimam os professores ouvidos pelo ECO/Capital Verde, numa altura em que o bloco europeu está há um mês sem receber gás da Rússia. Isto vai obrigar a União Europeia não só a reforçar a procura por diferentes fontes de energia, quer seja pela “importação cada vez mais volumosa de gás natural liquefeito de outros fornecedores”, como a Argélia, ou pelo regresso a outros combustíveis fósseis, como o carvão, mas também a “sacrificar” os objetivos ambientais, assinalam.

A possibilidade de a Rússia desligar a “torneira” do gás à Europa, já tinha sido assumida pelos 27 Estados-membros desde o início do verão, altura em que Moscovo reduzia sucessivamente os níveis de fluxos enviados através do Nord Stream 1 obrigado ao bloco europeu a definir estratégias para o inverno. E, se no início de setembro, a estatal russa Gazprom suspendera indefinidamente o envio de gás à União Europeia, alegando falta de condições técnicas nas turbinas do gasoduto, agora as quatro ruturas registadas na semana passada no Nord Stream 1 e 2 obrigam a que a interrupção seja mais prolongada. E, se os trabalhos de reparação não começarem em breve, as duas infraestruturas poderão ficar inutilizáveis para sempre.

É possível fazer reparações nestes gasodutos mas isso vai requerer tempo. Serão necessárias investigações para avaliar os danos causados e só depois poderão ser projetados os trabalhos de recuperação, que serão mais ou menos demorados em função dos estragos verificados”, refere Rui Baptista, professor do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) ao ECO/Capital Verde.

O governo da Dinamarca já tinha alertado que as inspeções às quatro ruturas poderiam levar entre até três semanas, isto devido à composição da infraestrutura — cada tubo de aço terá uma parede de cimento de cerca de 4 centímetros, sendo, por sua vez, revestido com outros 6 a 11 centímetros de betão protegidos com aço — mas também devido à profundidade de cerca de 100 metros no Mar Báltico onde as condutas se encontram e ainda pela quantidade de gás que escapou das ruturas, apesar dos dois gasodutos estarem inoperacionais.

“No Nord Stream 1 é normal que haja fugas de gás. Ao contrário da eletricidade, nas infraestruturas de gás consegue-se armazenar [este combustível] nas condutas. É como com a água, pode estar cortada na saída mas os tubos estão cheios à mesma”, explica Carlos Santos Silva, acrescentando que no caso do Nord Stream 2, que nunca chegou a ser utilizado, poderão estar a ocorrer fugas por eventuais testes que tinham sido colocados em curso.

A estes obstáculos acrescem outros dois: os níveis de corrosão que surgirão do contacto entre o aço e a água salgada, que poderão danificar de forma irreversível as duas interconexões, e ainda a “vontade [política], de todas as partes, em fazer essa reparação”, diz Rui Baptista. “E parece que pelo menos alguns não querem que tal aconteça”.

Até ao momento, ainda não foi possível apurar o que poderá ter resultado nas explosões que levaram às quatro ruturas, mas os dois docentes subscrevem as teses defendidas pelas autoridades europeias e internacionais, que falam numa sabotagem, possivelmente, da autoria de um agente estatal. “Este tipo de condutas marítimas são feitas de cimento e têm uma espessura significativa, com uma profundidade relativamente elevada. Se tivesse sido uma [rutura], até poderíamos pensar num evento catastrófico, ou inesperado, mas quatro ruturas, num espaço de tempo curto, em duas infraestruturas separadas, sugere que pode ter havido uma ação intencional”, argumenta o professor do IST.

A Alemanha, Polónia e Dinamarca acreditam que existem suspeitas de que ruturas tenham sido intencionalmente provocadas depois de um relatório preliminar de uma autoridade de segurança alemã ter indicado que as causas apontavam para uma ação violenta e não um simples problema técnico.

A Rússia garantiu colaborar com as autoridades internacionais para o apuramento dos factos, tendo convocado, na semana passada, uma reunião entre os membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para discutir os danos causados. De lá, saíram apenas acusações entre Washington e Moscovo pela tentativa de sabotar os gasodutos construídos pela Rússia, enquanto os governos da Suécia e Dinamarca divulgaram relatórios que provam que as fugas tinham sido provocadas por fortes explosões submarinas.

Até que seja apurada a verdade, a União Europeia está perante uma nova pressão para enfrentar os meses que se avizinham, ainda que já tenha em curso uma estratégia que visa mitigar os impactos mais danosos: “Vai ser mesmo necessário reforçar medidas de poupança energética”, afirma o professor da FCUL. “Se o inverno for rigoroso em termos de temperatura os povos da Europa vão sofrer de uma forma ou de outra, porque à escassez de combustível junta-se o agravamento de custos que obviamente serão mais sentidos por quem tem menos recursos financeiros disponíveis — isto é, os pobres da Europa”, remata.

Ambiente também sofre

“Existe aqui uma grande pressão sobre a Europa, com o regresso ao carvão na Alemanha e o nuclear em França. Enquanto não houver alternativas, vamos recuar um bocado nos objetivos de redução das emissões de gases poluentes”, explica ao ECO/Capital Verde o professor Carlos Santos Silva, do departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico (IST). “Vamos sacrificar o pilar ambiental em detrimento do pilar social e económico. Não é concebível no século XXI que as pessoas passem frio ou que as indústrias fiquem paradas. Há que fazer escolhas”, diz.

Em julho, a Agência Internacional de Energia (AIE) já tinha alertado que, face ao agravamento da guerra da Ucrânia e da crise energética, antecipava uma subida significativa no consumo de carvão na União Europeia. Nos primeiros seis meses do ano, a subida foi de 10%, “impulsionada pela procura de carvão do setor elétrico, que estimamos tenha aumentado 16%”. No segundo semestre, a AIE estima que a tendência se mantenha “devido à necessidade de economizar gás para o inverno perante a incerteza sobre os fluxos russos”.

Mas a Alemanha não é a única a recuar no carvão. De acordo com a AIE, França, Países Baixos, Espanha, Itália, Grécia, Chéquia, Hungria e Áustria estão a prolongar a vida útil das centrais a carvão com encerramento previsto, a reabrir centrais encerradas ou a aumentar os limites do horário de funcionamento das centrais a carvão para reduzir consumo de gás. De momento, as reservas europeias de gás já ultrapassaram os 80%, mas face aos receios de um inverno severo as poupanças podem não ser suficientes. Em Berlim, o presidente da entidade reguladora de energia do país, Klaus Mueller já admitiu que mesmo com as reservas de gás a atingirem os 95% (objetivo do Governo de Olaf Sholtz), isso só cobriria cerca de dois meses e meio de procura para aquecimento, indústria e energia se a Rússia cortar completamente os fornecimentos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Costa afasta cenário de recessão e diz que Portugal vai continuar a crescer

  • Lusa
  • 5 Outubro 2022

"Portugal vai crescer menos do que cresceu este ano, mas não vamos ter nenhum cenário de não crescimento e menos ainda de recessão", disse o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro, António Costa, afastou esta quarta-feira um cenário “de não crescimento e menos ainda de recessão” no próximo ano, e antecipou que a economia vai “continuar a crescer acima da média europeia”.

Falando aos jornalistas no final da cerimónia comemorativa dos 112 anos da Implantação da República, António Costa afirmou que na segunda-feira o Governo vai apresentar o Orçamento do Estado para o próximo ano que “é um Orçamento que está ajustado às realidades”.

“Este ano somos o país da União Europeia que teve um crescimento mais alto, no próximo ano a recessão em muitos países europeus nós necessariamente não somos imunes e, portanto, Portugal vai crescer menos do que cresceu este ano, mas não vamos ter nenhum cenário de não crescimento e menos ainda de recessão“, salientou.

De acordo com o primeiro-ministro, o cenário económico para 2023, no qual assentará o Orçamento do Estado, é “de crescimento moderado, ajustado às realidades do tempo” que “assenta numa desaceleração significativa da taxa de inflação e sobretudo uma preocupação fundamental que é a chave para a política económica, que é podermos manter o emprego e podermos sustentar sem alimentar a espiral de inflação aquilo que são os rendimentos das famílias e a capacidade de competir das empresas”.

“Depois de termos este ano um crescimento muito acima dos 6% e que foi o mais elevado da União Europeia, no próximo ano vamos obviamente ter o nosso crescimento ajustado aquilo que é a evolução da zona euro. Portanto, não vamos ter crescimentos desta ordem, nada que se pareça, mas é um cenário onde podemos ter confiança que o país vai continuar a crescer, vai continuar a crescer acima da média europeia e a aproximar-se dos países mais desenvolvidos da União Europeia”, apontou Costa.

O chefe de Governo adiantou também que o ministro das Finanças, Fernando Medina, reunirá na sexta-feira “com todos os partidos representados na Assembleia da República, como está previsto no estatuto da oposição” e “será em primeira mão aos partidos da oposição” que o Governo vai apresentar o cenário macroeconómico, recusando antecipar dados concretos.

António Costa afirmou que “o essencial das medidas orçamentais estão desenhadas”, mas o Governo espera, até ao fecho da proposta de Orçamento que vai apresentar “concluir as negociações com os parceiros sociais para que o Orçamento do Estado para 2023 já possa refletir aquilo que vai ser o acordo de médio prazo para a competitividade e os rendimentos”.

“Nós estamos a trabalhar com os parceiros em sede de concertação social para podermos fechar um acordo de competitividade e rendimentos que é um acordo plurianual, tal como apresentámos para a administração pública, que visa assegurar que no horizonte desta legislatura, 2026, não só não há perda de poder de compra como, no horizonte da legislatura, há uma melhoria do poder de compra e, sobretudo, alcançamos o objetivo a que nos tínhamos proposto de aumentar o peso dos salários na riqueza nacional para 48% que é a média europeia”, apontou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

FMI pede “esforços sem precedentes” para redução de emissões em 25% até 2030

A entidade acusa os governos de "décadas de procrastinação" face aos objetivos climáticos. Para cumprir com o Acordo de Paris serão necessários "esforços sem precedentes".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) critica a falta de ação por parte dos governos internacionais em cumprir com os objetivos ambientais. Após “décadas de procrastinação em políticas climáticas” tornou-se claro para a entidade que é “cada vez mais urgente agir agora”, alertando que as emissões de gases com efeito estufa (GEE) têm que ser cortadas em 25% até 2030 para cumprir com os objetivos do Acordo de Paris.

Numa análise aos impactos da descarbonização a nível macroeconómico, o FMI sublinha que para limitar a temperatura média global em 1,5 ºC, tal como define o Acordo de Paris, assinado em 2015, serão necessários “esforços sem precedentes” que representariam “uma séria aceleração” dos compromissos em relação à década anterior. E, numa altura em que o bloco europeu atravessa uma crise energética, motivada pela guerra na Ucrânia, o FMI argumenta ser a oportunidade ideal para acelerar a transição energética.

Quanto custará a transição? “Depende, em grande parte, da rapidez com que a geração de eletricidade pode ser descarbonizada”, responde o FMI. “Quanto mais difícil for a transição para eletricidade limpa, maiores serão os custos macroeconómicos em termos de crescimento [do PIB] e inflação”, explica a entidade.

Ainda assim, “essas despesas são geríveis” e “facilmente ofuscadas pelos inúmeros benefícios a longo prazo”, seja a nível da produção, estabilidade financeira ou na saúde, diz a entidade. Segundo o FMI, dependendo do ritmo a que a geração de energia possa ter origem em tecnologias de baixo carbono, os custos da descarbonização podem pesar entre 0,15 e 0,25 pontos percentuais no crescimento do Produto Interno Bruto. Cumulativamente, acrescentaria entre 0,1 e 0,4 pontos percentuais, anualmente, à inflação.

“Para evitar o aumento destes custos, é importante que as políticas climáticas e monetárias sejam credíveis”, apela a organização, alertando que medidas que envolvam interrupções, abrandamentos, adiamentos apenas aumentarão as despesas. As várias estimativas indicam ainda que a substituição de combustíveis fósseis pode variar entre regiões, com o maior peso a verificar-se nos exportadores de combustíveis fósseis.

O FMI defende que não é “tarde demais para evitar o mais catastrófico dano climático”, porém, a tarefa de garantir que a temperatura global se mantém abaixo dos 2°Celsius, como pede o Acordo de Paris, e que os custos dessa realidade se mantenham a níveis “razoáveis”, vai exigir “uma ação imediata, credível, transparente e ambiciosa” a nível mundial – ainda que a guerra na Ucrânia e a deterioração da relação entre os Estados Unidos e a China tenha colocado os objetivos climáticos “em risco”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Liz Truss admite mais “perturbação” causada por reformas para estimular economia

  • Lusa
  • 5 Outubro 2022

Primeira-ministra britânica defende que o Governo tem de deixar de se preocupar com a redistribuição dos rendimentos e focar-se focar mais em fazer crescer a economia.

A primeira-ministra britânica, Liz Truss, admitiu esta quarta-feira a possibilidade de mais “perturbação” nos mercados financeiros à medida que introduzir medidas e reformas para estimular o crescimento económico.

Num discurso de encerramento do congresso anual do Partido Conservador em Birmingham, que começou no domingo, Truss reconheceu existir alguma oposição às suas ideias, mas defendeu a necessidade de acabar com a “deriva e atraso” nas reformas. “Precisamos de fazer as coisas de forma diferente. Como se viu nas últimas semanas, será difícil. Sempre que há mudança, há perturbação. Nem todos serão a favor. Mas todos irão beneficiar do resultado — uma economia em crescimento e um futuro melhor. É para conseguir isso que temos um plano claro”, afirmou.

Segundo Truss, o Governo tem de deixar de se preocupar com a redistribuição dos rendimentos e focar-se focar mais em fazer crescer a economia, pois entende que desta forma todos vão beneficiar.

‘Durante demasiado tempo, o debate político tem sido dominado pela forma como distribuímos um bolo económico limitado. Em vez disso, precisamos de fazer crescer o bolo para que todos recebam uma fatia maior. É por isso que estou determinada a adotar uma nova abordagem e a tirar-nos deste ciclo de impostos elevados e de baixo crescimento”, afirmou.

É este o nosso plano: fazer crescer a nossa economia e reconstruir o Reino Unido através de reformas. (…) Sempre que há mudança, há perturbação”, vincou. Ainda assim, prometeu manter sob controlo as contas públicas, gastando o dinheiro dos contribuintes de forma eficiente e reduzindo os custos públicos.

O discurso foi interrompido por um protesto de duas ativistas da organização ambientalista Greenpeace, que Truss sugeriu fazerem parte daquilo que chama “coligação anti-crescimento”. Mas, além da oposição, ambientalistas ou sindicatos, Liz Truss também é motivo de críticas entre os ‘tories’.

Embora tenha sido eleita líder Conservadora e primeira-ministra há apenas um mês, na imprensa britânica já se questiona quanto tempo será capaz de sobreviver no cargo. O descontentamento dentro do próprio grupo parlamentar já forçou Truss a recuar na abolição do escalão mais alto (45%) do imposto sobre os contribuintes e agora existe dissensão interna se decidir não atualizar os apoios sociais de acordo com a taxa de inflação (9,9% em agosto).

A antiga ministra do Trabalho e Pensões, Esther McVey, disse que os planos de cortar os subsídios em termos reais seriam um “enorme erro” e até a líder da Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, membro do Governo, disse que “faz sentido” que o subsídio de subsistência (Universal Credit) continue a estar ligado à inflação.

Muitos membros do partido ainda estão irritados com a turbulência causada pelo “mini-orçamento” de 23 de setembro que fez desvalorizar a libra e subir os juros da dívida pública, o que obrigou a uma intervenção do Banco de Inglaterra.

Além de um pacote para congelar os preços da energia para pessoas e empresas, o plano incluiu cortes fiscais estimados em 43.000 milhões de libras (49.000 milhões de euros no câmbio atual) que serão pagos com dívida pública, mas sem detalhes sobre como esta será reduzida no futuro.

Embora o valor da libra tenha recuperado e a situação estabilizado, os mercados financeiros continuam a antecipar uma subida acentuada das taxas de juro que terá impacto em questões como o crédito à habitação, complicando a crise do aumento de custo de vida.

A incerteza criada nos últimos dias agravou a queda da popularidade do Partido Conservador nas sondagens para uma média de 25 pontos percentuais atrás do Partido Trabalhista, na oposição desde 2010, de acordo com o politólogo John Curtice. “Poderá Liz Truss sobreviver?”, questionou o antigo editor político da BBC Andrew Marr na revista ‘The New Statesman’, acrescentando que “a implacável máquina conservadora pode ejetá-la se não houver melhorias”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Primeira-ministra dinamarquesa convoca eleições antecipadas para novembro

  • Lusa
  • 5 Outubro 2022

Primeira-ministra Mette Frederiksen foi ameaçada pelo Partido Social Liberal, uma das formações que dá maioria ao Governo, com uma moção de censura caso não convocasse eleições.

A primeira-ministra dinamarquesa, a social-democrata, convocou esta quarta-feira eleições gerais antecipadas para 1 de novembro, sete meses antes do previsto, para tentar alcançar a maioria parlamentar.

O Partido Social Liberal, uma das formações que dá maioria ao Governo social-democrata, tinha ameaçado Frederiksen com uma moção de censura se não convocasse eleições, após apresentar em junho um relatório crítico sobre a gestão feita pelo executivo em relação ao abate de milhões de visons, devido a uma mutação do coronavírus.

Frederiksen qualificou de “estranho” antecipar as eleições a meio a uma crise internacional “energética, económica e de segurança” e garantiu que o seu partido, se vencer, apostará na formação de um governo amplo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Banco de Espanha revê em baixa crescimento do PIB e em alta inflação para 2023

  • Lusa
  • 5 Outubro 2022

Banco de Espanha justifica o menor crescimento do PIB com a inflação ainda elevada, as condições de financiamento menos favoráveis, o aumento da incerteza e o enfraquecimento da procura global.

O Banco de Espanha baixou esta quarta-feira a previsão de crescimento da economia espanhola em 2023 para 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e aumentou a estimativa da inflação no próximo ano para 5,6%.

No caso do crescimento do PIB, a nova estimativa de crescimento é 1,5 pontos percentuais inferior à anterior, que o Banco de Espanha tinha feito em junho, enquanto na inflação a previsão é 3,1 pontos superior. O Banco de Espanha justifica o menor crescimento do PIB com a inflação ainda elevada, as condições de financiamento menos favoráveis, o aumento da incerteza e o enfraquecimento da procura global.

A recuperação do nível de crescimento do PIB anterior à pandemia (antes de 2020) só deverá ocorrer no primeiro trimestre de 2024, ou seja, dois trimestres mais tarde do que aquilo que o Banco de Espanha estimava em junho passado.

Já para este ano, o Banco de Espanha estima um crescimento do PIB espanhol de 4,5%, mais quatro décimas do que aquilo que previa em junho, o que justifica com “as exportações de serviços de turismo”, que compensaram o impacto negativo da guerra na Ucrânia. A instituição ressalva que, ainda assim, a guerra perturba as perspetivas económicas para os próximos trimestres por causa do “aumento da incerteza geopolítica e o recrudescimento recente da crise energética na Europa”.

Para 2024, a previsão do Banco de Espanha é que o PIB espanhol cresça 2,9%, mais quatro décimas do que a previsão de junho, esperando um maior dinamismo económico a partir da primavera de 2023.

Quanto às taxas de inflação, o banco estima que serão “significativamente mais elevadas e persistentes do que as previstas em junho”, com a média a dever fixar-se em 8,7% em 2022, em 5,6% em 2023 e em 1,9% em 2024. Estas previsões devem-se “às surpresas recentes no avanço dos preços” e “aos novos caminhos esperados no futuro para os preços da energia”, assim como a “um euro mais desvalorizado” do que em junho.

O Banco de Espanha reconhece que as projeções estão marcadas por “uma extraordinária incerteza” e que existe o risco de revisão em alta da inflação e em baixa do crescimento da economia. Quanto ao desemprego, prevê uma taxa de 12,8% este ano (menos duas décimas do que na previsão anterior), de 12,9% em 2023 e de 12,4% em 2024.

Já para o défice público, a previsão é de 4,3% do PIB este ano, 4% em 2023 e 4,3% em 2024, enquanto a dívida pública espanhola se deverá situar em 113,3% do PIB em 2022, em 110,7% em 2023 e em 109,9% em 2024. As estimativas do Banco de Espanha não coincidem com as mais recentes avançadas pelo Governo, que prevê um crescimento do PIB em 2023 de 2,1% e um défice de 3,9% do PIB em 2023.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BMW na TAP? Foram a opção mais barata, garante a gestão

  • ECO
  • 5 Outubro 2022

A TAP comprou 50 automóveis BMW, com um valor de renda mensal de 500 euros, em renting operacional. Gestão garante que foi a opção mais barata.

A TAP encomendou 50 viaturas BMW para a administração e diretores para substituir a frota de Peugeot ao abrigo de um contrato de renting operacional, mas Christine Ourmières-Widener garante que a companhia terá uma poupança de até 630 mil euros face à alternativa de manutenção do atual contrato, que se iniciou em 2017.

A notícia é da CNN/TVI: “A nova frota da TAP é constituída exclusivamente por modelos plug-in híbridos, ecologicamente mais favoráveis e com menores emissões de CO2, e a possibilidade de circularem em modo apenas elétrico. No topo da frota está um desportivo BMW 530e e o SUV BMW X3 xDrive 30e, ambos com motorização de 292 cavalos, um consumo anunciado entre 1,8 e 2,6 litros aos 100 km e uma autonomia estimada em modo elétrico de 61 ou 50 quilómetros, respetivamente. O preço de venda ao público destes modelos começa nos 65 120 euros para o 530e e nos 65 870 euros para o X3. A maioria desta nova frota é composta por BMW X2 xDrive 25e com motorização de 220 cavalos e capaz de um consumo de 1,8 litros aos 100 km. O PVP inicia-se nos 52 409 euros“. A resposta da TAP saiu em comunicado, no qual confirma a operação, garante que foi realizado um concurso aberto a várias marcas, seis no total, e que ganhou a que melhores condições ofereceu.

A atual frota é de 2017 e atinge em 2023 o máximo de renovações dos contratos de renting. A opção recaiu sobre os modelos híbridos plug-in por razões ambientais, mas também económicas. “Esta opção representa uma poupança de 20% do valor mensal da renda e tributação relativamente a novos contratos de renting para viaturas com características semelhantes às atuais (gasóleo)“. A gestão executiva da TAP explica que a renda mensal é de 500 euros, quando as outras propostas apontavam para um custo mensal por mês de 750 euros. A diferença, explica a TAP, está também no valor residual, que no caso da BMW é superior ao de outros modelos.

A explicação da TAP tem referências aos objetivos de poupança de despesa implícitos no plano de reestruturação e que obrigou o Estado a injetar 3,2 mil milhões de euros na companhia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marcelo deixa recados: “Erros, omissões e incompetências fragilizam e matam” a democracia

No discurso do 5 de Outubro, o Presidente da República falou na importância de uma democracia "baseada em factos" e não apenas nas leis.

O Presidente da República discursou esta quarta-feira nas comemorações do 5 de Outubro, onde chamou a atenção para a importância de uma democracia “baseada em factos” e não apenas nas leis. Num discurso em que evitou tocar diretamente nos temas da atualidade, Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda assim recados implícitos à governação. “Erros, omissões e incompetências fragilizam e matam” a democracia.

“É importante que, mais do que nunca, se leve a sério que a democracia se constrói todos os dias“, começou por dizer o Chefe de Estado, na cerimónia de comemoração dos 112 anos desde a Implantação da República.

“Hoje temos uma república democrática que não tínhamos em 1922”, continuou Marcelo, referindo que hoje “temos uma democracia com mais liberdades” e um “sistema partidário, variado, flexível e inclusivo, em que praticamente todas as forças mais votadas já foram decisivas em leis essenciais e integraram Governos”.

Contudo, sublinhou que “não é suficiente termos democracia na constituição e leis” e que “importa termos democracia nos factos”. É preciso “melhores e mais atempadas leis, mais justiça, mais prevenção e combate à corrupção”, apontou o Presidente da República.

“Há insatisfações, indignação e exigências de mais e melhor”, disse, referindo-se ao discurso do presidente da Câmara de Lisboa, momentos antes. E isso “é sinal da força da democracia. É saudável exigência crítica”.

“Os que governam tendem quase sempre a ver-se como eternos e a fecharem-se em si próprios e os que se opõem, quase sempre a exasperarem-se com uma espera vista como eterna no acesso ao poder”, continuou Marcelo Rebelo de Sousa, alertando, contudo, que “nada é eterno em democracia”. “Nem os Presidentes, nem os governos, nem as oposições”, notou.

E foi aqui que o Chefe de Estado deixou alguns recados, afirmando que “erros, omissões e incompetências fragilizam e matam” a democracia. “Sabemos como começam as ditaduras, o que são e o que duram, e como é difícil recriar a democracia” depois disso.

Autarca de Lisboa pede “mudança” e “audácia”

Carlos Moedas também discursou, antes de Marcelo, e não poupou nas palavras. O presidente da Câmara de Lisboa começou por dizer que Portugal “evoluiu sempre, recusou a estagnação e fez do confronto de ideias o caminho para o desenvolvimento”. “Somos um país que evoluiu através do confronto”, mas de um “confronto saudável, sem presunções de superioridade moral e que sempre recuou radicalismos“.

O autarca apontou que “uma verdadeira república não é, nem poderia, ser a república de um partido”, como aconteceu em 1910. E, aqui, apelou para a importância da mudança, inspirada na “vontade de mudança” daqueles tempos. “Os tempos exigem muito de nós. Os atuais desafios exigem audácia e não resignação. Audácia para crescer mais e libertar as famílias e as empresas”, notou.

“Não nos podemos resignar perante alguma estagnação económica”, continuou. “Não queremos apenas convergir com a Europa, queremos mais. Queremos ser um país cada vez mais preparado”, disse, defendendo “que se libertem os portugueses do jugo fiscal, que não se veja o país a cair para a cauda da Europa” e que Portugal “continue a crescer de forma sustentável”.

(Notícia atualizada às 13h27 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Retalhistas espanhóis preocupados com o dinheiro em trânsito

  • Servimedia
  • 5 Outubro 2022

Quase metade dos estabelecimentos espanhóis (47,1%) demonstram-se preocupados com a possibilidade de roubos aquando a movimentação de dinheiro. Os dados são revelados por um estudo da Prosegur Cash.

De acordo com um estudo da Prosegur Cash, 47,1% dos estabelecimentos espanhóis estão preocupados com o risco de assalto e roubo quando movimentam dinheiro, sendo as Astúrias, com 83,3%, e a Catalunha, com 71%, as comunidades mais afetadas, noticia a Servimedia.

Por negócio, as tabacarias (48,7%) e as estações de serviço (57,8%) são os pontos de venda que mais denunciam a insegurança que sofrem ao levar a cabo este processo. Estes são alguns dos dados do inquérito realizado pela Prosegur Cash, entre mais de 500 estabelecimentos comerciais em toda a Espanha.

O estudo também indica que 8,7% declararam ter sido vítimas destes crimes em alguma ocasião. Por outro lado, 46,3% dos estabelecimentos espanhóis estão preocupados com roubos e assaltos dentro dos seus próprios estabelecimentos. Mais uma vez, a região das Astúrias é a que mostra maior preocupação, com 83,3%, seguida pelas Ilhas Canárias com 70%.

Nesta área, as empresas que apresentam a maior percentagem de preocupação são as estações de serviço, com 57,8%, e as farmácias, com 50,7%.

No último ano, o montante de levantamentos em ATM aumentou consideravelmente, depois de ter caído drasticamente durante a pandemia. Durante 2021, houve um crescimento de 8,74%, que atingiu um total de 111,131 milhões de euros (números muito semelhantes aos registados em 2015), de acordo com dados do Banco de Espanha.

Esta é uma das principais razões pelas quais os retalhistas continuam a defender os pagamentos em dinheiro. A este respeito, oito em cada dez gestores de lojas em Espanha (81,7%) consideram muito importante manter o pagamento em dinheiro nos seus estabelecimentos, porque isto lhes permite fornecer um serviço mais inclusivo e evitar perder oportunidades de venda.

No entanto, nos últimos cinco anos, as agências bancárias no país foram reduzidas em 33%. Esta circunstância tem um efeito negativo nos retalhistas, que veem como a viagem e o tempo que leva a depositar o dinheiro recolhido na caixa aumentou, o que lhe cria uma maior insegurança.

Por último, mais de metade dos retalhistas espanhóis estão preocupados com o tempo que passam a gerir as receitas de caixa e os levantamentos nos bancos (59,1%). Valência e La Rioja, ambas com 80%, são as regiões que mais se queixam do tempo que têm para dedicar a esta tarefa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Arábia Saudita vai receber os Jogos Asiáticos de Inverno de 2029

  • Servimedia
  • 5 Outubro 2022

O resort Trojena, a ser construído nas margens do Mar Vermelho como parte da cidade futurista de Neom, será o local que receberá o evento desportivo. Estima-se que o projeto esteja pronto em 2026.

A Arábia Saudita será a sede dos Jogos Asiáticos de Inverno de 2029, o que a torna no primeiro país da Ásia Ocidental a receber este evento, noticia a Servimedia.

O local do evento polidesportivo é o resort Trojena, que está a ser construído na futurista cidade do Mar Vermelho de Neom, que se espera estar concluído em 2026. O anúncio foi feito numa reunião da Assembleia Geral do Conselho Olímpico da Ásia, no Camboja.

Abdulaziz bin Turki, ministro saudita dos Desportos, afirmou: “Temos orgulho em anunciar que ganhámos a candidatura para acolher os Jogos Asiáticos de Inverno de 2029. Isto continuará a posicionar o reino como uma das principais nações desportivas do mundo”.

Ao todo, é esperado que mais de 30 países concorram neste evento desportivo, que compõe modalidades que vão do esqui alpino ao hóquei no gelo, esqui de fundo e patinagem artística, entre outros.

Trojena é um projeto no âmbito do Neom, a proposta do país para criar uma cidade futurista do tamanho da Bélgica, que foi concebida para oferecer atividades turísticas durante todo o ano. Isto inclui 30 quilómetros de pistas de esqui a uma altitude de 2600 metros durante os meses de Inverno.

A acrescentar ao potencial da oferta saudita estão as instalações que Trojena irá acolher, que irão incluir uma vasta gama de hotéis, ofertas de lazer e gastronómicas, bem como o facto de 40% da população estar num raio de 6 horas, graças à proximidade do local aos aeroportos internacionais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CES: Crescimento económico de 15,5% entre 2019 e 2024 é difícil de concretizar

  • Lusa
  • 5 Outubro 2022

"Com estes números o crescimento no período em causa ficará abaixo dos 10%", estima o conselho presidido por Francisco Assis.

O Conselho Económico e Social (CES) considera que o crescimento económico de 15,5% entre 2019 e 2024 previsto pelo Governo nas Grandes Opções é “um valor difícil de concretizar” e aponta para um valor inferior a 10%.

A posição do CES consta no parecer sobre as Grandes Opções (GO) para 2022-2026 a que a Lusa teve acesso e que foi aprovado na terça-feira no plenário daquele órgão. “Mesmo admitindo que o Governo possa estar a prever um crescimento acima da generalidade das previsões conhecidas para 2023 e 2024, trata-se de um valor difícil de concretizar face ao histórico envolvido e às estimativas existentes para 2022″, realça o CES referindo-se à previsão do Governo nas GO de um crescimento de 15,5% entre 2019 e 2024.

O CES lembra que as previsões da Comissão Europeia no verão, para Portugal, apontavam para um crescimento de 6,5% em 2022 e de 1,9% em 2023 e que o Conselho das Finanças Públicas (CFP) avançou recentemente com uma previsão de 6,7% para este e de 1,2% para o próximo, aumentando para 2,0% a sua previsão para 2024. “Com estes números o crescimento no período em causa ficará abaixo dos 10%”, estima o conselho presidido por Francisco Assis.

Sobre a previsão do Governo da trajetória de redução da dívida pública, que aponta para um valor perto dos 100% em 2026, o CES sublinha que “a redução progressiva do rácio da dívida pública em percentagem do PIB, visando a sustentabilidade das finanças públicas, constitui um objetivo importante para o país”.

O organismo volta também a criticar “a recorrente ausência do cenário macroeconómico de médio prazo” nas GO, considerando que “impede o CES de avaliar corretamente o impacto das medidas anunciadas” além de fragilizar a discussão “em torno de meras indicações avulso que ao longo das GO vão sendo apresentadas”.

Quanto aos fundos europeus, o CES salienta o “papel central” que as verbas têm tido nas políticas públicas, mas alerta que as GO “estão muito dependentes de fundos comunitários – em particular, do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e do PT2030″.

O PT2020 representa cerca de 90% do investimento público, o valor mais elevado na UE, colocando constrangimentos de opções políticas na resolução dos problemas do país”, defende o CES, recomendando que “o investimento público não seja tão dependente dos fundos europeus, os quais devem ser complementares do OE, devendo o Estado assegurar dotações necessárias de forma a não comprometer os objetivos de investimento”.

O Governo deverá apresentar aos partidos com assento parlamentar o cenário macroeconómico até ao final da semana, antes da entrega da proposta do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), na Assembleia da República na segunda-feira, dia 10 de outubro. A divulgação antecipada do cenário macroeconómico tem sido pedida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CES: Metas do Governo para evolução do salário mínimo devem ser revisitadas

  • Lusa
  • 5 Outubro 2022

"Atendendo ao elevado valor da inflação previsto para 2022 e 2023, poderá ser necessário revisitar as metas", diz o Conselho Económico e Social.

O Conselho Económico e Social (CES) defende que as metas do Governo para a evolução do salário mínimo nacional nos próximos anos devem ser revisitadas, tendo em conta o nível de inflação em 2022 e 2023.

A posição do CES consta no parecer sobre as Grandes Opções (GO) para 2022-2026, a que a Lusa teve acesso, e que foi aprovado na terça-feira em plenário daquele órgão de consulta e Concertação Social, sem votos contra e com oito abstenções. “Atendendo ao elevado valor da inflação previsto para 2022 e 2023 poderá ser necessário revisitar as metas previamente estabelecidas no que diz respeito à evolução do salário mínimo nacional nos próximos anos”, pode ler-se no documento.

A meta apresentada pelo Governo para o próximo ano é de uma atualização do salário mínimo dos atuais 705 euros para 750 euros, mas o executivo apresentou entretanto na Concertação Social a intenção de avançar com um adicional salarial para fazer face à inflação, pelo que o valor deverá ficar acima da meta anunciada. O Governo tem ainda como meta que o salário mínimo atinja os 900 euros até final da legislatura, em 2026.

Quanto à administração pública, o órgão presidido por Francisco Assis “regista a intenção do Governo de continuar a valorizar” os funcionários públicos, mas sublinha que “face à perda real de salários registada na última década” sugere “maior ambição na valorização das carreiras e dos salários, tendo em vista a atração e retenção de trabalhadores”.

O parecer do CES foi elaborado antes de o Governo ter dado a conhecer aos sindicatos do setor a proposta de aumentos para a função pública, numa reunião realizada esta segunda-feira. No documento apresentado aos sindicatos da função pública, o Governo propõe um mecanismo plurianual (até 2026) que prevê aumentos mínimos mensais de cerca de 52 euros para os funcionários públicos, variando entre 8% para as remunerações mais baixas e os 2% a partir de 2.570 euros.

O CES considera ainda “insuficientes” as medidas de resposta ao aumento dos preços anunciadas pelo Governo. “As GO referem que o montante do financiamento das medidas de resposta ao aumento dos preços é de 5.685 milhões de euros, financiados por fontes nacionais, sendo o valor mais elevado em 2022 (5.483 milhões de euros), seguido de 2023 (157 milhões de euros) e 2024 (45 milhões de euros)”, refere o conselho.

No documento, o CES sublinha “o esforço no combate ao aumento do custo de vida, todavia, considera estas medidas insuficientes, especialmente num contexto de previsão de aumento das receitas fiscais”. Quanto ao pagamento único de 125 euros por adulto com rendimentos mensais até 2.700 euros, o CES diz que “é insuficiente para compensar as perdas de rendimento acumuladas”.

Já sobre o complemento excecional a pensionistas em 2022, de atribuição em outubro de 50% do valor da pensão, “poderá traduzir-se numa não atualização das pensões no futuro, face aos valores esperados com a aplicação da legislação em vigor”, alerta o CES.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.