“Encenação ridícula”, “dia triste”. A reação dos partidos ao novo questionário a governantes
Os partidos criticaram de imediato a proposta de questionário para a verificação prévia dos futuros membros do Governo, aprovada em Conselho de Ministro. Conheça as reações.
Os partidos reagiram, no Parlamento, ao mecanismo de escrutínio prévio de futuros governantes aprovado esta quinta-feira pelo Governo em Conselho de Ministros. O Bloco de Esquerda foi o primeiro a criticar a encenação “ridícula” e a salientar que “a responsabilidade de indicar pessoas para o Governo é do senhor primeiro-ministro”. A Iniciativa Liberal refere que a proposta, “na prática, só pretende desresponsabilizar o Governo daquilo que é a sua responsabilidade”.
Os ministros e Secretários de Estado vão ter de responder a um questionário de 34 questões, sob declaração de honra, com o “objetivo de aferir a capacidade da pessoa para ser nomeado para um cargo público”, segundo a ministra da Presidência.
BE considera “ridícula toda a encenação” sobre novo questionário
O BE considerou “ridícula toda a encenação” sobre o questionário para avaliação de eventuais membros do Governo, defendendo que “todos os casos que aconteceram têm um responsável” que é o primeiro-ministro, António Costa. “Sobre este questionário aos eventuais membros do Governo, devo dizer que no mínimo – e para não ser demasiado cáustico para com o Governo – é ridícula toda esta encenação”, criticou o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, em declarações aos jornalistas após ter sido conhecido o novo mecanismo de escrutínio aprovado pelo Governo.
Para o dirigente do BE, está a ser feita “tanta coisa para se demonstrar o óbvio”, ou seja, que “a responsabilidade de indicar pessoas para o Governo é do senhor primeiro-ministro, qualquer mecanismo que possa existir é da responsabilidade do senhor primeiro-ministro e qualquer consequência de uma indicação errada para o Governo é do senhor primeiro-ministro”.
“Todos os casos que aconteceram têm um responsável e esse responsável é António Costa e não é este novo mecanismo, que mais serve para desviar as atenções do que outra coisa, que retira esta responsabilidade”, criticou. Na análise de Pedro Filipe Soares, “este questionário é como o melhoral: não faz bem nem faz mal”.
IL diz que questionário para governantes é “uma mão cheia de nada”
O ainda presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, classificou como “uma mão cheia de nada” a solução de um questionário de verificação prévia. “É uma solução que é uma mão cheia de nada, e que na prática só pretende desresponsabilizar o Governo daquilo que é a sua responsabilidade, que é saber quem nomeia para funções governativas”, afirmou o liberal em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
João Cotrim Figueiredo criticou que, “passado uma semana [desde que foi anunciado pelo primeiro-ministro que iria passar a existir um mecanismo] a montanha pariu um rato” e acusou o primeiro-ministro de se ter lembrado “disto de repente a meio do debate”. O líder da IL considerou que “é mais um dia triste” e que a solução encontrada pelo Governo se trata de “uma encenação e de uma autêntica jogada de comunicação que na prática resultou em nada”.
“Mas alguém se lembra de repente que a solução para um problema que é diário no Governo, de incompatibilidades, de problemas de foro judicial, alguém se lembra que é um questionário de 34 perguntas que é a solução? Ninguém acredita nisto, somos todos adultos, pelo amor de deus”, argumentou. Apontando que o primeiro-ministro “propôs [uma solução], não foi aceite, voltou para trás, voltou a fazer uma segunda proposta”, criticou: “a segunda proposta é um questionário?”.
“Eu não vi quais são as 34 perguntas e os cinco grupos em que se agrupam, mas vão-me dizer que alguma daquelas perguntas não pode ser feita de viva voz, não pode ser apurada no normal processo de escrutínio? O que se pretende com isto? Corresponsabilizar o senhor Presidente da República? Que faz nisto um triste papel, diga-se de passagem, porque acaba por ser parte de uma solução, apadrinhou-a”, afirmou. E disse não entender “porque é que o senhor Presidente da República se presta a esse papel”.
Chega critica questionário que classifica como “cortina de fumo inútil”
O Chega criticou a solução do Governo de estabelecer um questionário, classificando-o como uma “cortina de fumo inútil” sem “força legal”.
“Este questionário apresentado em Conselho de Ministros longamente é uma absoluta cortina de fumo inútil. Nós não sabemos se este questionário vai ser público ou não, e com toda a probabilidade não vai ser, não sabemos se as perguntas e respostas vão ser do conhecimento geral“, defendeu André Ventura, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Para o líder do Chega, este questionário “significa que na prática o Governo vai fazer o escrutínio que está a fazer até agora que é, em círculo fechado, interno, com única responsabilidade do primeiro-ministro ou de alguém que ele designe”.
“Não é uma obrigação legal, é um mero mecanismo interno e portanto não resolverá nenhum problema. Não se definem quais são as sanções em caso de ser apanhada uma mentira ou uma omissão ou uma falsidade e, portanto, corremos o risco de tornar apenas este mecanismo em mais uma declaração”, considerou.
Defendendo que este questionário “não vai ter força jurídica” e “não vai ter nenhuma força legal”, Ventura disse não entender “qual vai ser o papel do Presidente da República” e salientou que “nem a ministra [da Presidência] conseguiu explicar isso”.
PAN considera que “montanha pariu um rato” com questionário
O considera que “a montanha pariu um rato” com o novo questionário apresentado pelo Governo para verificar os futuros governantes. “Estamos perante um caso de grave instabilidade política. Não é com soluções desta natureza que vamos restabelecer a confiança dos cidadãos na democracia e no poder político”, afirmou a deputada e porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, em declarações aos jornalistas no parlamento, em reação às decisões aprovadas em Conselho de Ministros.
Para a deputada, “parece que a montanha pariu um rato”. Sousa Real defendeu que a sucessão de casos no Governo “põe em causa as instituições” e necessitaria de outra solução mais forte. “Precisamos de ter mais consequências. Desconhecemos até as consequências se existirem desconformidades no requerimento agora criado. Quase se presta a cair no ridículo: vão perguntar se a pessoa cometeu um crime, se desviou dinheiro, se corrompeu ou foi corrompido?”, questionou.
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