Atlantic Gateway recebia dinheiro da TAP para pagar salários de acionistas

Empresa que foi dona de 61% da TAP celebrou contrato de prestação de serviços com a companhia aérea. Verbas serviam para pagar salário de administradores do consórcio acionista.

A Atlantic Gateway recebeu verbas da TAP no âmbito de um acordo de prestação de serviços, depois de ter ficado com 61% do capital na privatização em novembro de 2015, segundo um contrato a que o ECO teve acesso. Só em 2017, foram faturados 1,17 milhões de euros à companhia aérea. Humberto Pedrosa, acionista do consórcio com David Neeleman, diz que era a forma de os administradores ligados à holding receberem os salários.

O contrato celebrado pela TAP com a Atlantic Gateway, consórcio representado na assinatura por Humberto Pedrosa e o filho, David Pedrosa, previa a prestação de serviços de “planeamento e estratégia, nomeadamente apoio na elaboração, análise e acompanhamento na implementação, da estratégia global nas duas diferentes componentes estabelecidas para o Grupo TAP e para a segunda outorgante [TAP S.A.] em particular”. E do lado da TAP, quem assinou o acordo foi Fernando Pinto, à data presidente executivo, e David Pedrosa, que aparece assim dos dois lados do acordo.

A Atlantic Gateway SGPS terá prestado ainda “serviços de apoio à reestruturação da dívida financeira, incluindo apoio na definição e implementação da estratégia de financiamento das operações, e na negociação com as entidades bancárias das linhas de crédito de suporte às operações”.

Há um anexo ao contrato, ainda mais detalhado, sobre os serviços a prestar:

  • Participação em reuniões de alta direção tendentes a definir a estratégia global do Grupo;
  • Partilha do know-how operacional para a gestão dos ativos tangíveis e intangíveis, planos de fidelização, rotas, software, etc;
  • Participação em reuniões com os quadros superiores e intermédios das segunda outorgante tendo em vista assegurar a implementação da estratégia global definida pelo Grupo;
  • Análise e acompanhamento dos processos tendentes à implementação de medidas destinadas a assegurar o cumprimento dos compromissos assumidos;
  • Estratégia para o desinvestimento em ativos não-core;
  • Apoio na renegociação da dívida bancária;
  • Apoio na definição e implementação da estratégia de financiamento das operações;
  • Apoio na negociação com as entidades bancárias das linhas de crédito existentes.

O contrato definia que “a remuneração a receber pela primeira outorgante [Atlantic Gateway] como contrapartida pela prestação dos serviços contratados é fixada em termos equivalentes aos que normalmente seriam contratados entre entidades independentes e tendo em conta a estrutura de custos da primeira outorgante”.

O ECO teve acesso aos valores referentes aos serviços de consultoria de gestão prestados pela Atlantic Gateway em 2017. Só nesse ano, foram pagos pela TAP 1.169.674,65 euros.

Humberto Pedrosa garante ao ECO que as verbas correspondem à remuneração dos administradores, “que não recebiam salário da companhia, mas através de um débito de prestação de serviços”. Segundo o dono da Barraqueiro e antigo acionista da TAP, além do próprio, que chegou a ser presidente do conselho de administração, também David Neeleman e David Pedrosa recebiam desta forma. O nome deste último aparece associado a perto de metade do montante (475.335 euros) naquele ano de 2017, facto que será explicado por ter uma remuneração bastante mais elevada tendo em conta ser, à data, administrador executivo.

O que é normal é ter salário. Ali optou-se por ser através de um débito por prestação de serviços da Atlantic Gateway, penso que por ser mais favorável para a TAP.

Humberto Pedrosa

Antigo acionista e administrador da TAP

Esta forma de pagamento vigorou até a Atlantic Gateway deixar de ser acionista da TAP, confirma Humberto Pedrosa. O que só aconteceu em outubro de 2020, quando o Governo optou pela renacionalização no contexto da pandemia. O gestor justifica a opção na altura com a poupança de encargos, nomeadamente fiscais, para a companhia aérea. “O que é normal é ter salário. Ali optou-se por ser através de um débito por prestação de serviços da Atlantic Gateway, penso que por ser mais favorável para a TAP”, diz.

De acordo com o contrato, a holding de Humberto Pedrosa e David Neeleman compromete-se a comunicar à TAP, até 31 de janeiro de cada ano, por escrito, a estimativa da remuneração anual que lhe será devida com referência ao ano em causa. Esta será apurada “com base nas contas reais/orçadas do ano anterior disponíveis à data, acrescidas do orçamentado até ao final do ano”. Fica também estabelecido que “o valor da remuneração poderá ser ajustado mediante o cumprimento de objetivos diretamente relacionados com os compromissos assumidos pela primeira outorgante com a assinatura do acordo”.

David Neleman, Humberto Pedrosa e David Pedrosa entraram para a administração da TAP SPGS a 12 de novembro de 2015, quando se consumou a privatização de 61% da companhia aérea, durante o segundo Governo de Passos Coelho. O restante capital manteve-se no Estado. Humberto Pedrosa deixou a presidência do conselho de administração em 2017, mantendo-se, no entanto, como não executivo, depois da reversão parcial da privatização levada a cabo já pelo Governo de António Costa, que colocou o Estado de novo com 50% dos direitos de voto. O chairman passou a ser Miguel Frasquilho.

A TAP voltou a divulgar um relatório de governo societário em 2021, referente ao exercício de 2020. É o único onde aparece uma menção à remuneração dos antigos gestores, com David Pedrosa a auferir 45 mil euros e Humberto Pedrosa 11.252 euros, sendo que deixaram os cargos a 30 de setembro. Em relação a David Neeleman não é referido qualquer valor.

A privatização da TAP à Atlantic Gateway em 2015 tem estado debaixo de polémica. Os 226,75 milhões de dólares que a empresa usou na altura para capitalizar a companhia aérea vieram diretamente da Airbus, como indica uma análise legal da Serra Lopes Cortes Martins & Associados feita em agosto de 2022 para a companhia aérea e revelada pelo ECO. A quantia terá sido entregue em contrapartida de um negócio de leasing de 53 aviões pelo fabricante europeu, fechado pelo próprio David Neeleman, e que segundo os advogados pôs a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização, violando o Código das Sociedades Comerciais.

O Bloco de Esquerda anunciou que vai pedir toda a documentação sobre o negócio de aquisição de aviões entre David Neeleman e a Airbus, que permitiu a entrada do empresário da TAP, no âmbito da comissão parlamentar de inquérito sobre a tutela política da gestão da companhia, que tomou posse esta quarta-feira.

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Africa Specialty Risks é novo titular de cobertura Lloyd’s

  • ECO Seguros
  • 22 Fevereiro 2023

A organização fornece soluções de transferência de risco a clientes locais e globais em todo o continente africano.

O grupo pan-africano de resseguros Africa Specialty Risks (ASR) é o novo titular de cobertura da Lloyd’s. A organização fornece soluções de transferência de risco a clientes locais e globais em todo o continente africano. É apoiado pelo Helios Investment Partners’ Fund IV, beneficiando do seu alcance em toda a região, e do seu conhecimento e experiência em mercados-chave. O ASR passa a colaborar com os consórcios da Lloyd’s e gere autoridades delegadas para linhas de negócio especializadas, que se iniciam com os riscos de violência política e terrorismo.

O ASR recebeu o seu estatuto de titular da cobertura através do patrocínio da Atrium, um agente gestor da Lloyd’s. Stuart Harmer, subscritor de terrorismo e de violência política da Atrium, comentou: “a Atrium está extremamente orgulhosa de ser um dos principais apoiantes da Africa Specialty Risk subscrevendo negócios de violência política e aguarda com grande expectativa uma parceria de sucesso, uma vez que o ASR continue a demonstrar conhecimento e perícia”.

Amit Khilosia, chefe da região África da Lloyd’s, acrescentou: “estou extremamente orgulhoso por acolher o ASR na Lloyd’s como um titular de cobertura. A iniciativa demonstra o nosso compromisso comum com África, e estou muito ansioso por trabalhar com a ASR para proporcionar um acesso eficiente aos produtos e capacidade da Lloyd’s”.

Brian McGregor, diretor de subscrição e chefe de propriedade do ASR, acrescentou que tornar-se um titular de cobertura aprovado do Lloyd’s é essencial para trazer a tão necessária capacidade de seguro para África. “Isto é mutuamente benéfico, alargando o alcance do Lloyd’s em África e permitindo ao ASR aprofundar a sua relação com o principal mercado de seguros do mundo”, disse McGregor.

O ASR aderiu ainda, recentemente, ao Conselho Empresarial e de Investimento da Commonwealth (CWEIC), a rede empresarial da Commonwealth com mais de 100 parceiros estratégicos empresariais e governamentais de 31 países e territórios.

Como membro do CWEIC, o ASR participou em visitas de mercado ao Gana e à Nigéria lideradas pelo presidente do CWEIC, Lord Marland. “Graças às reuniões organizadas pela CWEIC, tivemos o privilégio de reunir alguns dos mais altos dirigentes empresariais públicos e privados dos dois países”, afirmou um representante da ASR, em declarações. “Na ASR, queremos apoiar as empresas na gestão dos riscos associados às suas operações e investimentos em África, incluindo no Gana e na Nigéria”, disse. “A visita proporcionou-nos uma oportunidade fantástica para demonstrar a nossa equipa executiva e explicar a metodologia de avaliação de risco“.

-artigo atualizado em 23.02.2023 às 14:26

 

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Axa entra na arena do metaverso

  • ECO Seguros
  • 22 Fevereiro 2023

Com a criação do jogo "Axadia" no metaverso, a Axa é a primeira seguradora a estar presente, no mundo virtual, com possibilidade de investimento. Os participantes podem mesmo alcançar um NFT.

A seguradora francesa Axa lançou uma experiência de metagame, um jogo virtual, intitulado “Axadia“, no metaverso ‘The Sandbox‘.

A iniciativa permite promover a marca, ao encorajar o público a descobrir a missão, valores, processo de recrutamento e os compromissos sociais da seguradora. ‘The Sandbox’ é uma forma de mundo digital, construído sobre a tecnologia blockchain. Este permite reclamar um terreno virtual – ou comprá-lo – e desenvolvê-lo, fornecendo um método de investimento em ativos digitais ou cripto.

“Devemos continuar a ser pioneiros da inovação tecnológica e explorar os novos mundos em que o futuro do nosso setor pode ter lugar”, disse Patrick Cohen, CEO da Axa France.

De acordo com a companhia francesa, a experiência é a primeira do seu género no setor dos seguros e da banca. Com a novidade, a Axa junta-se a outras empresas que já têm presença no metaverso, que deverá crescer para um mercado de 5 triliões de dólares até ao final da década.

Em setembro do ano passado, o metaverso recebeu a sua primeira agência bancária suíça. O Sygnum Bank anunciou que iria abrir uma agência na virtual Times Square, em Nova Iorque, e receber os visitantes com um ‘crypto punk’, como noticiado pela publicação finews.ch.

O banco privado Julius Baer também se aventurou no metaverso, no ano passado, com o objetivo de atrair talento tecnológico. Criou um jogo na plataforma ‘Roblox’, onde os candidatos podiam completar o “Be Baer Challenge”.

O metagame “Axadia” tem vários níveis e permite aceder a um NFT.Axa /Youtube

Os visitantes da “Axadia” podem explorar vários níveis, incluindo uma área de recrutamento, onde os jogadores enfrentam testes de resiliência e coragem. A aventura destaca, novamente, o compromisso da Axa para com a sociedade e o ambiente. A experiência também apresenta um museu onde os visitantes podem acompanhar a história da empresa.

Há também um nível secreto a ser descoberto no final. Ali, os participantes podem receber um Non-Fungible Token, em português, símbolo não fungível (NFT) da Axa, com a forma de um escudo, como tributo à missão das seguradoras.

Há ainda um incentivo adicional para participar. Se 10 mil participantes completarem a experiência Axadia até 1 de março, a ‘Axa Hearts in Action’ doará 10 mil euros à Emmaues Connect, uma associação que combate a exclusão digital e social de pessoas vulneráveis.

“Devemos continuar a ser pioneiros da inovação tecnológica e explorar os novos mundos em que o futuro do nosso setor pode ter lugar”, disse Patrick Cohen, CEO da Axa France.

 

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“Se as seguradoras têm dúvidas, o que é a ASF para dizer que não têm”

O direito ao esquecimento foi tema fulcral da audição dos deputados a Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da ASF. Lucros das companhias e riscos de catástrofes também.

Direito ao esquecimento, fundo sísmico, alterações climáticas, lucros excessivos de seguradoras, cartel dos seguros, foram algumas das questões que os deputados da Comissão de Economia e Finanças (COF) da Assembleia da República quiseram saber de Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) na audiência anual da AR com a autoridade de seguros e fundos de pensões.

Margarida Corrêa de Aguiar enfrentou na Assembleia da República João Cotrim de Figueiredo (IL), Patrícia Dantas (PSD), Rui Afonso (Chega), Miguel Matos (PS) e Duarte Alves (PCP).

Durante duas horas Margarida Aguiar respondeu às perguntas dos deputados Miguel Matos (PS) , Patrícia Dantas (PSD), Rui Afonso (Chega!), João Cotrim de Figueiredo, (IL) e Duarte Alves (PCP). Tardiamente presente na sala, mas sem intervenção, esteve Mariana Mortágua (BE), inquisidora habitual da presidente da ASF nestas audiências. Antes, Margarida Aguiar tinha apresentado um relatório sobre as atividades recentes e ações previstas para 2023 pela ASF.

Os deputados tenderam a não repetir questões que outros já tivessem colocado e também houve uma certa escolha das respostas dado o tempo disponível limitado por outros compromissos da COF.

Dirigido aos factos, foram estes os tópicos escolhidos pelos deputados e qual a resposta dada por Margarida Corrêa da Aguiar (MCA).

Fundo sísmico ou de catástrofes naturais

Margarida Corrêa de Aguiar (MCA): A ASF está a retomar este assunto, com o modelo apresentado pelo ISP, antecessor da ASF, em 2011. Este pode ser atualizado e sabemos que o Governo está a tratar deste dossiê. A cobertura do risco sísmico é baixíssimo, está abaixo dos 20%, na habitação e não é obrigatório exceto para a propriedade horizontal e só cobertura de incêndio. Trabalhamos no desk board da EIOPA para mapear o risco de catástrofes naturais. A solução terá de ser mutualizada pelos segurados, seguradores, fundo sísmico, resseguradores e o Estado. O Fundo deve ser autónomo, com financiamento partilhado e com administração própria. Antes, temos de olhar para a prevenção, fiscalização, sensibilizar as pessoas em relação ao tema, o fundo sísmico é o último recurso. A ASF vai corresponder a encomenda do Governo para atualizar o plano de 2011 e se o seguro contra sismos será obrigatório ou não é uma decisão política. Os seguros obrigatórios têm de ser objeto de estudo porque têm impacto nas finanças familiares.

Alterações climáticas e Transição Verde

MCA: Após publicação da Lei de bases do clima, a ASF vai apresentar, depois do próximo verão, um relatório sobre estado da arte a sustentabilidade de seguros e fundos de pensões. Do lado dos ativos a seleção que fazem pode ajudar, mais ou menos, a transição verde. No lado dos produtos espera-se que possa haver mais inovação e que possam existir seguros para riscos catastróficos.

Incumprimento do Direito ao Esquecimento pelas seguradoras

MCA: Em dezembro de 2021 enviámos à COF e ao Governo uma carta com um conjunto de questões relacionadas com a aplicação da lei. Vão existir questões que têm de ser resolvidas se não vai haver discricionariedade da lei e não vamos conseguir executá-la. A lei não estabelece qual o organismo do Estado que promove o acordo com as seguradoras. É desse acordo que vai existir uma grelha de referência para ser aplicada a cada patologia ou incapacidade. Esse passo é essencial e tem de sair deste acordo. Do lado das seguradoras não está claro “pessoas que tenham mitigado risco agravado de saúde ou deficiência”. Devia ser clarificada esta definição. Havendo grelha e acordo a execução da lei pode evoluir. E é bom que se cumpra a lei e se identifique o orgão do Estado a envolver.

Em 2022 tivemos 15 reclamações em relação a este tema. Não sei se por desconhecimento da lei, ou não, pode não parecer volumoso, mas um caso que seja para a ASF é muito.

Passados 15 dias sobre o publicação da lei do direito ao esquecimento enviámos a carta, o que mostra a nossa preocupação para que a lei seja aplicada. Pergunto o que podemos fazer para colocar a lei a funcionar? O setor está a aplicar a lei, mas o entendimento não é claro. Se o setor diz que tem dúvidas quem somos nós para dizer que não tem!

Há gestão de são e prudente, só isso explica que em crises como na pandemia e agora o setor se mantenha resiliente do ponto de vista financeiro. Tem capitais adequados para fazer face a situações de crise e esse capital tem de ser remunerado

Resgates de produtos PPR para amortização de crédito à habitação

MCA: Este processo começou há pouco tempo. Em relação a decisões anteriores, como durante a pandemia em que houve exceção, teve pouco impacto, teve pouca expressão em número e capital resgatado.

Como espera a atividade do setor em 2023?

MCA: A evolução dos Ramos Não Vida está ligado ao andamento da economia e tem estado acima do crescimento desta. Este ano esperamos que haja alinhamento com a economia, abrandamento nalguns ramos. Não terá desempenho que teve em 2022. Por exemplo em acidentes de trabalho tem a ver com o emprego e a massa salarial, no automóvel também há flutuação como também há nas frotas ligadas à atividade das empresas.

No ramo Vida existirá alguma preocupação em produtos que não garantam capital. Por isso espera-se que as seguradoras apresentem produtos que garantam capital. As poupanças vão para onde se sentirem mais seguras. Taxas de juro a subir são atrativas para poupar, mas trazem incerteza pelo nível de inflação. As seguradoras são criativas, e estarão à espera de alguma estabilidade para lançar produtos. Nos seguros de Vida Risco quando à retração no crédito a habitação e no crédito ao consumo também há retração em relação a estes.

Lucros do setor segurador. É exagerado o aumento dos lucros de 324 milhões em 2017 para 645 milhões em 2021, Há uma desproporção ou não entre receitas e encargos

MCA: Em 2021 disse que estávamos a trabalhar um relatório de prestação de contas no âmbito da Covid e mostra que as seguradoras no conjunto das medidas que tomaram, as moratórias de seguros e as de caráter voluntário, tiveram impacto negativo nos resultados de 74 Milhões.

O supervisor tem de assegurar um equilíbrio. Não podemos ter seguradoras a explorar seguros com prejuízos técnicos. Têm de ser ponderados nos prémios, mas têm de ter resultados positivos. Temos de avaliar essa ponderação. Devem assegurar exploração positiva e ser ponderadas nos tarifários que praticam, na venda de seguros desnecessários e não permitir o subseguro e o sobresseguro.

O setor tem de ter lucros. Há gestão de são e prudente, só isso explica que em crises como na pandemia e agora o setor se mantenha resiliente do ponto de vista financeiro. Tem capitais adequados para fazer face a situações de crise e esse capital tem de ser remunerado.

Risco cibernético, houve registo de acidentes, em que se traduziu e quais os impactos?

MCA: Tirando um caso que está resolvido, há incidentes, mas são geríveis. A ASF aprovou norma de segurança para tecnologias de informação e comunicação para impor regras de governance às seguradoras neste campo, para criar seguranças a níveis adequados. Passámos a ter um relatório de incidentes e uma base de dados porque as seguradoras precisam de conhecer os riscos para poder fazer um pricing.

Literacia financeira: Portugal ocupa a última posição dos 19 países da zona Euro

MCA: A Literacia em geral é um problema do país e deve um desígnio nacional apostar na literacia. Todos os operadores e ASF têm um papel nisso. Existe o Plano Nacional de Formação Financeira, plano do CNSF (Conselho Nacional dos Supervisores Financeiros) que vai com 11 ou 12 anos de existência com bons resultados. Estamos a fazer um investimento para sensibilizar o público. A ASF e a Universidade do Minho estão a fazer um estudo para caracterizar a poupança para a reforma e os resultados preliminares indicam que quem se preocupa são os mais letrados.

Não podemos tolerar no setor segurador práticas de cartel, este caso foi relacionado com grandes empresas e acidentes de trabalho, não vai ter grandes impactos no setor

Sistema de pensões

MCA: Apresentámos uma ideia à APS e à APFIPP de uma ferramenta que permita um local digital onde se possa consultar para cada pilar de segurança social, seja do sistema público, seja do 2º pilar que são fundos de pensões de empresas e o 3º pilar da poupança individual. A Comissão Europeia tem em marcha este Pension Tracking System mas tem de haver esforço público e privado para juntar esta informação no mesmo sítio. Se as pessoas estiverem conscientes da sua poupança poderá haver mais atenção à reforma. Serei persistente em relação a este tema.

Cartel dos seguros

MCA: A ASF procura assegurar que há concorrência. Temos concorrência até na Saúde. O cartel existiu apesar de existir uma supervisão de qualidade. Não devo falar de questões da AdC, não sei como acompanha a setor segurador.

Em devida altura demos informação à AdC, houve seguradoras que utilizaram a clemência e outras não o fizeram. Não podemos tolerar práticas de cartel no setor segurador, este caso foi relacionado com grandes empresas e acidentes de trabalho, não vai ter grandes impactos no setor.

Danos reputacionais aconteceram com o Cartel

MCA: Na avaliação fit and proper de pessoas envolvidas no cartel a legislação é clara. A idoneidade de uma empresa ou pessoa que confessa não tem o mesmo juízo de prognose sobre quem é condenado.

Número de agentes e corretores contraiu. Isso é bom para o mercado?

MCA: É boa notícia. Tivemos uma quebra de 33% de 2021 para 2022. Acontece porque há maior exigência no exercício da atividade. Formação obrigatória e, por exemplo, o seguro de responsabilidade civil. É uma profissionalização de acordo com a lei, não é atividade regulatória. A digitalização está a retirar deste setor muito mediadores de idades mais avançadas que faziam negócios muito locais que hoje estão despovoados. Mas os mediadores são importantes pela capilaridade, não só para a venda de seguros mas para assistência aos segurados quando há sinistros.

Poupança insuficiente, Fundos de pensões em Portugal 9,3% do PIB na OCDE 67%

MCA: Mercado precisa de ser desenvolvido, para isso é preciso mais poupança dirigida a fundos de pensões e isso passará por produtos, mas também por uma cultura de poupança, quadros regulatórios e fiscais que incentivem a poupança dirigidos às empresas e às pessoas. São sistemas complementares ao público, nunca estando este em causa.

Faria sentido A ADSE ser supervisionada pela ASF

MCA: A decisão de gerir a ADSE como um seguro de saúde é política. As práticas são diferentes.

O Fundo de Garantia Automóvel (FGA) tinha 636 milhões de euros de ativos em 2020, gera superavit sempre e não baixa a taxa aplicada no seguro automóvel

MCA: Um estudo sobre o FGA foi feito e entregue ao governo ao secretário de Estado das Finanças em 2021. Incluía um estudo atuarial e as possibilidades de ajustar a situação que temos hoje. Para o nível de risco que calculamos, concluímos que vai ser criado excedente todos os anos. Tem de ser o decisor político a decidir.

O FGA tem um papel económico e social relevantíssimo e o nosso principal foco é socorrer as vítimas a partir do primeiro momento com despesas médicas e apoio financeiro até atribuição final de indemnizações. Há um consumo de tempo até à decisão final de indemnizar, mas esse atraso é causado pelos tribunais.

Mais de 10 seguradoras não têm sequer 1 empregado e estão a operar. Não se põe em causa pelo menos os requisitos de proteção de dados

MCA: São sucursais, a ASF não as supervisiona. Mas nem todas as empresas têm dimensão para gerir sistemas de informação. Por isso temos normas para regular essas subcontratações. O que não pode ser passado para outusourcing é a estratégia do negócio ou dos sistemas de informação, as seguradoras têm de ter competências para gerir as suas estratégias.

Quem supervisiona as sucursais e como podemos estar certo da sua solvabilidade

MCA: A supervisão Prudencial pertence às autoridades da sede da casa-mãe. Existe um regime europeu de Solvência II e a sua aplicação é igual em todos os estados membros, seguradora e seguradora. Do ponto de vista institucional está tratado e bem tratado.

Temos 23% de população idosa e esse rácio a piorar. Como acautelar essas despesas de saúde e menor contributo do Estado

MCA: As taxas de substituição (diferença entre o último salário e a primeira pensão) estão a piorar e são precisas medidas para compensar isso. A taxa de poupança em Portugal é de 9,3% na zona Euro 17%, mas compra habitação é uma poupança. Um instrumento que está a ter interesse em estudar é o reverse mortgage, é uma atividade de seguros e substituir esse património imobiliário por uma renda vitalícia ao proprietário.

O PEPP pode ser uma oportunidade. Não pode ser como o PPR, precisamos de um produto de longo prazo para a reforma, mas não se pode desmobilizar sem desemprego longa duração e ou doença grave. Está a ser feita a regulamentação.

A gestão do FEFSS (Fundo de Equilibrio Financeiro da Segurança Social) parece calamitosa. Mais de metade do fundo está em dívida pública portuguesa e 22% está investido em ações. O fundo tem risco e está mais a financiar o estado do que a sustentar pensões.

MCA: Não supervisionamos o FEFSS. Pela minha experiência deve ter uma gestão de risco adequada à que financia. Deve ter uma gestão para o longo prazo, não pode ser qualquer carteira. Tem de adquirir ativos para o longo prazo.

O evento terminou com o compromisso de reenvio à COF por parte da ASF de documentos mencionados durante a audição.

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Mais de metade dos portugueses considera mudar para os elétricos, conclui Liberty

  • ECO Seguros
  • 22 Fevereiro 2023

Estudo da Liberty em Portugal, Espanha e Irlanda concluiu que mais de metade dos condutores estão prontos para os elétricos. Custos e questões sobre infraestruturas desencorajam.

A Liberty organizou um estudo, em Portugal, Espanha e Irlanda, que concluiu que mais de metade dos condutores está a considerar a compra de um veículo elétrico, 55% dos inquiridos em Portugal e 56% em Espanha. As hesitações para a adoção de veículos elétricos são ligeiramente menos pronunciadas em ambos os países do que na Irlanda. O custo dos veículos ‘verdes’ é citado como uma preocupação para 65% dos portugueses, 54% dos espanhóis e 70% dos irlandeses inquiridos.

Apenas 25% dos portugueses e 36% dos condutores espanhóis são desencorajados pelas preocupações com as infraestruturas de carregamento dos veículos elétricos do seu país, em comparação com quase metade dos irlandeses, 49%.

O inquérito, na Irlanda, foi realizado entre um estudo representativo a nível nacional a 488 proprietários de automóveis, ou de seguros residenciais, em novembro e dezembro. As sondagens em Portugal, compostas por 500 adultos, e Espanha, 800 adultos, foram realizadas em simultâneo.

De acordo com o estudo da Liberty Insurance e da RED C, sete em cada 10 motoristas irlandeses inquiridos optam por não adquirir veículos elétricos por considerarem que estes são demasiado caros. A Liberty apurou ainda que quase metade dos motoristas irlandeses evitam comprar veículos híbridos elétricos porque acreditam que não existem infraestruturas de carregamento suficientes no país, e um terço, 35%, acredita que estes automóveis só são adequados para curtas distâncias ou condução urbana.

“É importante que a informação chegue aos condutores antes que comecem a pesquisar a sua próxima compra de automóvel“, disse Mairead Carty, Head of Portuguese and Irish Motor na Liberty Seguros Espanha. “É importante que continuemos a encorajar e a incentivar este comportamento. No entanto, a investigação sugere que as preocupações permanecem em relação às limitações práticas dos veículos elétricos, particularmente específicas à prevalência de pontos de carregamento nas estradas. Nos próximos meses, esperamos que a tendência para os carros elétricos ganhe um novo impulso”, acrescentou a líder.

Outros receios sobre os veículos elétricos incluem a incerteza sobre as contas de eletricidade residencial, em caso de carregarementos em casa, em 31% dos inquiridos, e um quarto, 25%, declarou não saber o suficiente sobre veículos elétricos para considerar a compra.

 

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Mudum entrega análise de dados à BI4ALL

  • ECO Seguros
  • 22 Fevereiro 2023

A colaboração da Mudum com a BI4ALL deu resposta à necessidade da companhia de reforçar a sua capacidade interna em matéria de dados e integrou, num único programa de dados, "pilares prioritários".

A Mudum Seguros associou-se à BI4ALL, especializada em serviços de data analytics e inteligência artificial, para rever da arquitetura tecnológica de suporte a dados, no âmbito da integração da área na estrutura da seguradora.

“Era crucial que [a empresa tecnológica] tivesse conhecimento da realidade e especificidades do setor segurador, incluindo as exigências decorridas da regulamentação IFRS17, e que tivesse a capacidade de ajustar o ritmo e equipas aos vários projetos em curso na companhia”, especificou Mara Ferreira, Diretora na Direção de Dados Tecnologia e Transformação da Mudum Seguros.
Estender a capacidade de uso de dados para melhorar os serviços que prestamos e a forma como operamos foi considerado prioritário para a companhia. Nesse sentido, em 2022, decidimos reforçar a aposta na área de dados e foi criada uma estrutura organizativa dedicada”, explicou Mara Ferreira, Diretora na Direção de Dados Tecnologia e Transformação da Mudum Seguros.

A colaboração com a BI4ALL deu resposta à necessidade da companhia de reforçar a sua
capacidade interna em matéria de dados e integrou, num único programa, os pilares prioritários da nova fase da companhia: “governance, arquitetura e tecnologia, regulamentação e segurança, cultura”, disse a Mudum, em comunicado.

“Procurávamos uma entidade que tivesse conhecimento e experiência no desenho e implementação de arquiteturas e soluções tecnológicas, que tirasse partido das capacidades atuais, mas que também conhecesse os desafios inerentes a uma organização com sistemas de informação maduros. Era ainda crucial que tivesse conhecimento da realidade e especificidades do setor segurador, incluindo as exigências decorridas da regulamentação IFRS17, e que tivesse a capacidade de ajustar o ritmo e equipas aos vários projetos em curso na companhia” especificou Mara Ferreira.

A solução da BI4ALL permite a adoção interna das novas ferramentas de trabalho para exploração de dados e produção de informação para reporting; disponibilização centralizada, a curto e médio prazo, dos principais KPI’s de cada área; criação de políticas de dados e de gestão de informação que tenham um alinhamento estratégico com o negócio e tirar maior partido da informação, através de um sistema de Business Intelligence (BI).

A Mudum é um excelente exemplo de como as soluções de analytics permitem que as empresas tenham enormes vantagens ao ter a informação centralizada e trabalhada conseguindo obter insights realmente importantes para a tomada de decisão e a otimização dos processos. Transformar os dados em conhecimento é vital para as organizações”, salientou Nuno Barboza, CEO da BI4ALL.

No decorrer do projeto, a BI4ALL participou na criação do catálogo e glossário de dados da companhia, apoiou as boas práticas e regras de uso de tecnologia para a exploração de informação e desenvolveu provas de conceito com o Centro de Excelência do grupo Crédit Agricole Assurances. Estas visam a experimentação da tecnologia para avaliar a sua adequação aos requisitos da companhia relativamente a capacidades de gestão, integração tecnológica, inventariação de dados (automática e manual), usabilidade, segregação de funções, custos de investimento, custos de manutenção e dependência do fornecedor.

 

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PS em empate técnico com PSD em nova sondagem. Direita ultrapassa esquerda

  • ECO
  • 22 Fevereiro 2023

Os dois maiores partidos estão em situação de "empate técnico", com ligeira vantagem para os socialistas. BE reforça vantagem sobre CDU.

PS e PSD estão em situação de empate técnico e a direita parlamentar tem mais votos do que toda a esquerda. O possível cenário eleitoral é divulgado nesta quarta-feira através de uma sondagem da Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o jornal Público, RTP e Antena 1.

O PS recolhe 32% da preferência dos inquiridos, mais um ponto percentual do que o PSD. No entanto, como a margem de erro na sondagem é de 3,1%, define-se que os dois maiores partidos estão em situação de empate técnico.

A aproximação do PSD ao PS deve-se, sobretudo, à descida dos socialistas, que há pouco mais de um ano conseguiram uma maioria absoluta com 41,37%; na altura, os sociais-democratas arrecadaram 27,67% dos votos. O partido Chega cimenta o terceiro lugar, com 11% das intenções de voto, o que compara com os 7,18% de janeiro de 2022. A Iniciativa Liberal alcança os 8%.

Na esquerda parlamentar, o Bloco de Esquerda também capta maior interesse, ao atingir os 7% das preferências – contra 4,40% dos votos de janeiro de 2022; a CDU perde relevância, com 4%. PAN e Livre têm 2% cada e o CDS-PP vale 1%.

A direita parlamentar, em conjunto, consegue 50% das intenções de voto; a esquerda fica-se pelos 47%. Esta é a quarta sondagem consecutiva desde outubro em que PS e PSD estão em situação de empate técnico. A sondagem foi elaborada entre 9 e 17 de fevereiro, tendo sido inquiridas 1.002 pessoas.

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Bloco de Esquerda quer negócio de aviões de Neeleman na comissão de inquérito da TAP

O Bloco de Esquerda quer também ver os contratos de consultoria celebrados pela companhia, incluindo a contratação da norte-americana Evercore para assessorar a TAP na atual privatização.

O Bloco de Esquerda vai pedir toda a documentação sobre o negócio de aquisição de aviões entre David Neeleman e a Airbus, que permitiu a entrada do empresário da TAP, afirmou esta quarta-feira a deputada Mariana Mortágua.

Queremos toda a documentação que diga respeito à decisão de David Neeleman de trocar a frota de aeronaves e usar esses recursos para pagar a própria TAP no momento da privatização em 2015″, afirmou Mariana Mortágua, que é membro efetivo da comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre a tutela pública da gestão da TAP, que tomou posse estar quarta-feira.

Esta é uma notícia que chegou já depois de ter sido constituída a CPI e que pode ter lesado a TAP. Por isso, queremos conhecer as suas consequências, perceber o que se passou e se a tutela tinha ou não conhecimento não só do negócio da venda e da troca das aeronaves, mas que este dinheiro tenha sido usado para a capitalização da TAP e, portanto, para pagar a própria privatização da TAP”, acrescentou a deputada. Para esse efeito, o Bloco de Esquerda (BE) quer ter acesso à documentação e avaliações já ao dispor da companhia aérea.

 

Mariana Mortágua afirmou que o BE já entregou o primeiro pedido de documentação para ser enviado à CPI. Uma vez enviado formalmente o pedido, as entidades têm dez dias para responder. Além do negócio de David Neeleman, em 2015, o partido vai focar-se em mais dois “eventos essenciais”.

A deputada revelou que o BE quer “toda a correspondência entre a administração da TAP e as tutelas políticas nos vários ministérios sobre prémios de gestão, prémios de rescisão e salários”. “Queremos perceber como foram decididos os prémios, queremos todos os elementos do contrato da CEO da TAP, todos os termos da sua negociação, incluindo a comunicação com o escritório de advogados que assessorou a TAP neste processo”, acrescentou, referindo-se à indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis, antiga administradora executiva e mais tarde secretária de Estado do Tesouro.

A atual privatização, que o Governo quer arrancar em breve, é o terceiro alvo do partido liderado por Catarina Martins. “Queremos ter acesso a todos os contratos de assessoria e de consultoria, incluindo o contrato de consultoria para assessorar a atual privatização da TAP [a Evercore]. É uma empresa norte-americana que já tinha trabalhado com a CEO da TAP no passado e queremos ter acesso ao processo de seleção desta empresa”, afirmou Mariana Mortágua. O BE quer ainda conhecer “todos os documentos que dizem respeito à escolha da frota automóvel da TAP, que justificam as decisões que foram tomadas e se havia ou não opções mais baratas, para conseguirmos dirimir as responsabilidades neste caso”.

As declarações de Mariana Mortágua seguiram-se a uma reunião da mesa da CPI e dos coordenadores de cada partido representado. Está já agendada uma nova reunião para amanhã à tarde para “apreciação e votação do regulamento da comissão e outros assuntos”.

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SNS pagou 108 milhões de euros em horas extras aos médicos em 2022

  • Lusa
  • 22 Fevereiro 2023

O Serviço Nacional de Saúde tem atualmente mais 30.018 profissionais de saúde do que em dezembro de 2015, totalizando 150.000.

O valor pago em horas extras aos médicos pelo trabalho realizado em serviços de urgência foi de cerca de 108 milhões de euros em 2022, segundo dados provisórios avançados esta quarta-feira pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

“Dos dados que já dispomos neste momento, o volume de horas de trabalho suplementar que foi contratualizado ao abrigo do decreto-lei n.º 50-A/2022 excedeu aquilo que era o trabalho suplementar realizado entre julho de 2019 e dezembro de 2019″ que totalizou 74 milhões de euros, disse o vogal da ACSS Tiago Gonçalves na Comissão de Saúde, onde o conselho diretivo da instituição foi ouvido a pedido do PCP sobre a falta de profissionais no SNS.

O decreto-lei, que entrou em vigor em julho de 2022, estabelece um regime remuneratório do trabalho suplementar realizado por médicos em serviços de urgência, em que é definido um valor hora até 50 euros a partir das 51 horas de trabalho suplementar; 60 euros por hora a partir das 101 horas e 70 euros por hora a partir das 151 horas.

“O valor unitário das horas é remunerado de maneira substancialmente superior e por isso também tem um impacto financeiro naturalmente superior”, ressalvou Tiago Gonçalves em reposta ao deputado do PSD Guilherme Almeida. O volume de horas extras também superou as 2.293.000 realizadas em 2019, adiantou o responsável, sem precisar o valor de 2022.

Ao abrigo deste diploma, avançou ainda, os hospitais públicos contrataram até ao passado dia 14 de janeiro 558 médicos especialistas. As especialidades mais predominantes são a Medicina Interna, com 69 profissionais, Pediatria, com 51, Anestesiologia com 32, Ginecologia-Obstetrícia com 32 e Cirurgia Geral com 29, revelou.

Segundo o responsável, o Serviço Nacional de Saúde dispõe atualmente de mais 30.018 profissionais de saúde do que em dezembro de 2015, totalizando 150.000. “É um crescimento de cerca de 25%, que tem um impacto em especial no grupo profissional dos enfermeiros, com mais cerca de 12.000, e no grupo profissional dos assistentes operacionais, com mais cerca de 6.094 profissionais”, referiu.

entre os médicos, o crescimento é de 5.713 profissionais, dos quais 4.200 são médicos especialistas e 1.500 são médicos internos. Relativamente aos horários de trabalho, Tiago Gonçalves disse que apenas 1.911 médicos, de um universo de 21.183, têm horários abaixo das 35 horas semanais.

Durante a audição, o presidente da ACSS, Vítor Herdeiro, foi questionado pelo deputado do Chega se não há uma duplicação de competências com a Direção Executiva do SNS. Vítor Herdeiro sublinhou que a preocupação da direção executiva e do Ministério da Saúde é que “não haja sobreposições”. “Portanto, quando pergunta se estou com medo de a ACCS ficar, digamos, de alguma forma desvirtuada ou despida das suas funções, eu diria que não”, respondeu Vítor Herdeiro.

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Proteção Civil emite aviso à população devido ao frio e chuva para os próximos dias

  • Lusa
  • 22 Fevereiro 2023

Descida da temperatura, mínimas abaixo da média para a época do ano, com os períodos de chuva serão mais frequentes na sexta-feira.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) emitiu esta quarta-feira um aviso à população devido às previsões de tempo frio e chuva para os próximos dias. Em comunicado, a Proteção Civil refere que, segundo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), prevê-se para os próximos dias tempo frio e precipitação. Com a descida da temperatura, as mínimas ficam abaixo da média para a época do ano, os períodos de chuva serão mais frequentes na sexta-feira, e podem ser acompanhados de trovoada e granizo, vento e formação de gelo e geada no interior do país.

A ANEPC salienta também que está prevista queda de neve acima dos 600/800 metros nas regiões Norte e Centro e acima dos 800/1000 metro na região sul na quinta-feira, descendo temporariamente para os 400/600 metro a partir do final da tarde.

A Proteção Civil alerta a população para os riscos de intoxicações por inalação de gases devido a inadequada ventilação, incêndios em habitações resultantes da má utilização de lareiras e braseiras ou avarias em circuitos elétricos e recomenda especial atenção aos grupos populacionais mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com patologias crónicas e população sem-abrigo.

As autoridades chamam ainda a atenção para os perigos do piso escorregadio e eventual formação de lençóis de água e gelo, bem como para a possibilidade de queda de ramos ou árvores devido aos ventos fortes. A ANEPC aconselha também os cidadãos a evitarem a exposição prolongada ao frio, a usarem várias camadas de roupa e a acautelarem a prática de atividade física no exterior.

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Born vai buscar diretora de estratégia à Amorim Luxury

Mafalda Corte Real assume direção de estratégia da Born, agência que opera em Portugal e Angola. "Existe espaço para as agências entrarem mais na estratégia de negócio", acredita o partner da agência.

Mafalda Corte Real reforçou, como brand strategy director, a Born, agência fundada por Duarte Vilaça e João Félix da Costa há 18 anos. A nova responsável de estratégia da agência transita do grupo Amorim Luxury, onde liderou o marketing das marcas JNcQUOI e Fashion Clinic. “Já seguíamos o percurso profissional da Mafalda há alguns anos. É alguém com um perfil muito interessante, com um misto de consultoria e marketing, com experiência no mercado nacional e angolano“, diz Duarte Vilaça, sobre o novo quadro da empresa que, após iniciar a carreira como consultora na Deloitte, esteve sete anos na Worten, onde foi brand marketing manager e desempenhou funções nas áreas de CRM, customer experience e insights.

“A Mafalda reforça a capacidade da Born acrescentar valor aos negócios dos nossos clientes, suportando as nossas soluções criativas com mais e melhor conhecimento e visão estratégica sobre as indústrias onde atuam”, prossegue Duarte Vilaça. Daí, explica o responsável em conversa com o +M/ECO, para o desempenho destas funções a opção ter recaído numa profissional que estava no mundo das empresas e não das agências. “Há poucos recursos no mercado português para funções de planeamento estratégico em agências”, concretiza o responsável, que caracteriza a estratégia na maioria das agências como “estando mais perto da criatividade e menos do negócio”.

Ora, esta é uma área cada vez mais procurada pelos clientes, diz Duarte Vilaça, que desde a pandemia explica estar a sentir uma maior necessidade de fornecer serviços na área de reposicionamento estratégico. “Existe espaço para as agências entrarem mais na estratégia de negócio“, assegura, apontando este como um desafio para as agências. “Temos que ter pessoas com perfil de consultoria, até pelo nível de interlocutores que temos nas empresas quando discutimos negócio“, diz.

Atualmente, e com o lançamento antes da pandemia da Gigantic – Digital Growth, unidade que trabalha a performance de vendas através de canais digitais, a liderança das operações foi separada, ficando Duarte Vilaça na Born e João Félix da Costa na Gigantic. Duarte Vilaça passou então a acumular a gestão estratégica, criativa, a gestão macro de clientes e a própria gestão da empresa, explica, quando questionado sobre a necessidade da criação desta nova função, que lhe permitirá repartir algumas responsabilidades.

Presente em Portugal e Angola, a Born conta com 30 profissionais, aos quais se juntam mais dez da Gigantic.

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Comissão de inquérito à TAP toma posse. Santos Silva destaca instrumento “particularmente poderoso”

No arranque da comissão de inquérito à TAP, o presidente da Assembleia lembra que "é tradição portuguesa usar-se com parcimónia, mas também com a eficácia" esta figura parlamentar.

A comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP tomou posse esta quarta-feira. O presidente da Assembleia da República lembrou que se trata de um instrumento “particularmente poderoso”, apelando à “eficácia” dos deputados.

O instrumento parlamentar de inquérito é particularmente poderoso no que diz respeito à fiscalização, ao estabelecimento de factos, à avaliação política de factos, que é tradição portuguesa usar-se com parcimónia, mas também com a eficácia que a sua potência aconselha”, afirmou Augusto Santos Silva.

“Desejo um bom trabalho a todos, na diversidade que nos caracteriza, mas também tendo em conta as características particulares da comissão parlamentar e direitos e deveres muito amplos que os membros de comissão de inquérito detêm. Recordo também que além das filiações nos diferentes grupos parlamentares, os membros das comissões de inquérito têm poderes individualmente assumidos que exercem livremente, segundo a sua consciência”, assinalou também. “Desejo a todos um bom trabalho e com a eficácia que caracteriza a nossa assembleia”, acrescentou.

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP, SGPS, S.A. e da TAP, S.A., em particular no período entre 2020 e 2022, sob controlo público” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada com as abstenções de PS e PCP. É justificada com a necessidade de “escrutínio das decisões que mantiveram um regime de privilégio na administração da TAP pública, que vigorou em paralelo com um plano de austeridade imposto aos trabalhadores”.

Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022. Quatro meses depois, a gestora assumiu a presidência da NAV Portugal, nomeada pelo Ministério das Infraestruturas, saindo no início de dezembro para a Secretaria de Estado do Tesouro. Na véspera de Natal, o Correio da Manhã fez manchete com a compensação recebida da companhia aérea, o que levaria à sua demissão. Seguiu-se a saída do secretário de Estado das Infraestruturas e do Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, abrindo uma crise no Governo.

Acelerar os trabalhos

A CPI é presidida pelo deputado do PS Jorge Seguro Sanches, que na sua primeira intervenção salientou a necessidade de acelerar os trabalhos. “Teremos seguramente um trabalho árduo pela frente, que todos teremos de dignificar servindo de forma urbana e rigorosa o interesse nacional”, começou por afirmar. “Temos nos termos da deliberação 90 dias para o nosso trabalho, onde se incluem todas as diligências, a documentação, as inquirições, a elaboração do relatório. E partilho com todos que a data de conclusão dos nossos trabalhos será a 23 de maio. Impõe-se por isso acelerarmos os nossos trabalhos, nomeadamente aqueles que são de preparação de prova”, sublinhou.

Logo após a tomada de posse reuniu a mesa da CPI e os coordenadores de cada partido. Ficou já agendada uma nova reunião para esta quinta-feira à parte para apreciar e votar o regulamento da comissão. Integram a CPI nove deputados do PS, quatro do PSD e quatro repartidos por Chega, Bloco de Esquerda, PCP e Iniciativa Liberal.

O Público avançou a semana passada que pelo maior partido no Parlamento estarão Carlos Pereira (como coordenador do grupo parlamentar), Ana Paula Bernardo, Vera Brás, Bruno Aragão, Hugo Carvalho, Fátima Fonseca, Rita Madeira e Hugo Costa. Como suplentes entram Cristina Sousa e Miguel Matos.

O PSD leva Paulo Moniz (coordenador), Hugo Carneiro, Paulo Rios de Oliveira e Patrícia Dantas. João Barbosa de Melo e Hugo Oliveira são os suplentes. Filipe Melo será o deputado efetivo do Chega e Pedro Passanha o suplente. Pela Iniciativa Liberal estará Bernardo Blanco, como efetivo, e Carlos Guimarães Pinto será o suplente.

Mariana Mortágua, que tem já experiência acumulada de outras comissões de inquérito, será a deputada efetiva pelo Bloco de Esquerda. Pedro Filipe Soares é o suplente. Pelo PCP estará Bruno Dias, que tem sido o principal rosto do partido nas intervenções sobre a companhia aérea, sendo Duarte Alves o suplente. Livre e PAN não terão qualquer membro efetivo, o que foi contestado por Rui Tavares e Inês Sousa Real, respetivamente.

(notícia atualizada às 20 com declarações de Jorge Seguro Sanches)

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