Europa escapa à recessão por um triz este ano. Inflação vai desacelerar para 5,6% na Zona Euro
Um ano depois do início da guerra na Ucrânia, UE escapa à recessão. A inflação, depois de atingir pico em 2022, começa a desacelerar. Dos 8,4% registados na Zona Euro, deverá passar para 5,6% em 2023.
A Europa escapa por um triz à recessão técnica. De acordo com as previsões económicas de inverno da Comissão Europeia, divulgadas esta segunda-feira, a economia europeia entrou em 2023 mais forte do que o antecipado e, por isso, deverá crescer 0,8% e a Zona Euro 0,9%. As previsões de evolução da inflação também são ligeiramente mais baixas.
“Após a expansão robusta verificada na primeira metade de 2022, a dinâmica de crescimento reduziu no terceiro trimestre, embora ligeiramente menos do que o antecipado”, sublinham as Previsões de Inverno da Comissão Europeia. A estimativa do executivo comunitário é de que tanto a economia da União Europeia como a da Zona Euro tenham crescido 3,5% em 2022. E agora, para 2024, as previsões apontam para um abrandamento para 0,9% este ano na Zona Euro que depois deverá acelerar para 1,5%. Já no conjunto da União Europeia, a previsão é de um crescimento de 0,8% este ano e de 1,6% no próximo.
O comissário europeu para os Assuntos Económicos avança que tudo aponta para que a economia europeia “consiga evitar uma contração no primeiro trimestre”, mas o abrandamento que se espera resulta do elevado clima de incerteza que se vive devido à guerra a Ucrânia, que se arrasta há já um ano, mas também do impacto da política monetária mais restritiva, que levou a uma subida acentuada das taxas de juro para travar a aceleração da inflação. A escalada dos preços atingiu em 2022 o seu pico com a inflação a chegar aos 8,4% na Zona Euro. Mas devido à diversificação dos fornecedores e ao tempo mais ameno que levou a uma “queda abrupta” no consumo de gás o preço do gás nos mercados grossistas “desceu para níveis bem inferiores aos verificados antes da guerra”.
As previsões da Comissão apontam para uma desaceleração da inflação para 5,6% este ano, na Zona Euro, e depois para 2,5% em 2023. Mas Paolo Gentiloni sublinha que o comportamento da inflação é muito díspar entre os vários Estados-membros, com as economias a Leste, e em geral fora da Zona Euro, com valores muito mais elevados. Por exemplo, a previsão é de que a taxa de inflação acelera para 16,4% na Hungria em 2023, desacelere para 11,7% na Polónia ou 9,7% na Roménia.
Mas o comissário europeu fez ainda um outro alerta: se, por um lado, a Comissão europeia antecipa uma desaceleração da inflação – “três meses consecutivos de moderação na inflação sugerem que o pico já foi atingido” – a inflação subjacente (que não tem em conta os preços da energia nem dos alimentos) ainda está a subir.
Quanto aos riscos em torno das previsões, Paolo Gentiloni considera que que estão “equilibrados”, o que contrasta com as avaliações das previsões anteriores que davam conta de um “risco de agravamento”.
Ainda assim, “a economia europeia continua envolta em desafios” e “os ventos contrários que retraem a economia europeia continuam fortes”, sublinha o relatório. Se a descida dos preços da energia são uma boa notícia para as famílias, a Comissão antecipa que os salários reais vão continuar a descer no curto prazo, recuperando apenas nos últimos trimestres parte do poder de compra perdido, quando o crescimento dos salários ultrapassar a desaceleração da inflação. Aliás, a Comissão alerta que, em 2024, prevalecem os riscos em torno da inflação sobretudo se o crescimento dos salários se mantiver acima da inflação durante um período de tempo prolongado.
E porque o mercado de trabalho continua a exibir sinais de forte resiliência e porque a inflação subjacente continua a acelerar, os mercados agora antecipam que as taxas de juro subam até meio do ano a um ritmo mais elevado do que o antecipado aquando das previsões do outono. Gentiloni sublinhou mesmo que a subida dos juros já se fez sentir num abrandamento da concessão de crédito às famílias e que agora se está a verificar também ao nível das empresas. Isto vai acabar “inevitavelmente” por ter impacto tanto no investimento como no consumo, que é também afetado negativamente pela perda de poder de compra já que os aumentos salariais não acompanharam a evolução da inflação.
A Comissão prevê que a taxa de desemprego permaneça no mínimo histórico de 6,1% até ao final de 2022. Para este ano, Bruxelas espera apenas uma “subida marginal” do desemprego.
No que se refere à vertente externa, a Comissão espera que continue e dar “pouco apoio” ao crescimento, porque não é expectável que o conflito na Ucrânia se resolva “no horizonte das previsões”, mas também porque a força do euro poderá pesar nas exportações. No entanto, “o ambiente externo parece marginalmente melhor do que há uns meses” e os desenvolvimentos na China e nos Estados Unidos “apontam para uma previsão melhor”. Mas se a reabertura da China antecipa uma procura externa mais forte também pode ter como efeito colateral aumentar a inflação global.
(Notícia atualizada com mais informação)
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