“A tal da Lixa” expande fábrica de solas para sapatos
A Atlanta, uma das maiores produtoras de componentes para a indústria do calçado, investiu mais de um milhão de euros para construir um novo pavilhão industrial na Lixa dedicado às solas de borracha.
É na Lixa que mora há 28 anos a Atlanta, uma das maiores fabricantes portuguesas de solas, com uma produção diária de 22 mil pares para a indústria do calçado. E que acaba de se tornar ainda maior, com a expansão da unidade industrial situada nesta localidade do concelho de Felgueiras, onde está sediado um grande produtor de vinho verde que tem como marca mais popular “O Tal Vinho da Lixa”.
Em declarações ao ECO durante a feira profissional Lineapelle, que arrancou na terça-feira em Milão (Itália) com uma delegação nacional constituída por 33 empresas, o responsável comercial da Atlanta, José Luís, adiantou que o novo pavilhão industrial foi construído ao lado da fábrica, em terrenos que já pertenciam à empresa detida por Paulo Ribeiro e Alberto Meireles, num investimento superior a um milhão de euros e que inclui a renovação do parque de máquinas.
“Precisávamos de ampliar a fábrica devido à procura que temos, senão corríamos o risco de não ter a capacidade de corresponder à necessidade dos clientes. Esta nave é especificamente para os componentes em borracha, que é o material que mais usamos e que pesa mais no negócio”, resumiu o porta-voz desta histórica empresa do setor, que emprega 96 pessoas, labora em três turnos diários e que faturou cerca de 15 milhões de euros no ano passado.
Com produção de solas apenas em Portugal – “já tivemos oportunidades de fazer parcerias [de fabrico no estrangeiro], para já não sentimos necessidade de o fazer, mas o dia de amanhã é uma incógnita”, frisou –, exporta 50% da produção para países onde também se fabrica calçado, como Espanha, Itália, Paquistão, Índia, China ou Marrocos. Entre os clientes mais conhecidos estão a Tommy Hilfiger, Gant, Kenzo ou Paul Smith, com o designer britânico a ser um dos últimos a entrar na lista.
Precisávamos de ampliar a fábrica, senão corríamos o risco de não ter a capacidade de corresponder aos clientes. Esta nave é especificamente para os componentes em borracha, que é o material que mais usamos e que pesa mais no negócio.
Depois de 2022 ter sido “um ano bastante aceitável”, na expressão de José Luís, reconhece que “as coisas não estão fáceis para ninguém” no que toca às perspetivas de negócio para este ano. No entanto, “a parte mais desagradável” tem sido o aumento do custo das matérias-primas, que já levou a Atlanta a subir os preços 10% a 15% no último ano. “Para quem paga é sempre difícil aceitar. Mesmo para nós, no papel de compradores. (…) Esperamos que estabilize para todos podermos ir mais além”, completa.
No campo da inovação e da sustentabilidade, a empresa nortenha que há duas décadas não abdica de estar na Lineapelle porque “as coisas não vêm ter a casa” e é uma boa forma de captar novos clientes, tem uma parceria com a Universidade do Minho, com quem faz a investigação de novos materiais e fórmulas de fabrico. Alguns deles estão em fase final de desenvolvimento e os resultados “parecem promissores”, sublinha o responsável comercial da Atlanta.
Em 2022, o cluster português do calçado, que inclui as componentes para a indústria e os artigos de pele, exportou um valor recorde de 2.347 milhões de euros para 172 países. Desde o início deste ano já integrou uma dezena de iniciativas promocionais e o plano de promoção externa da associação do setor (APICCAPS), no valor de dez milhões de euros, um dos que terá de esperar até maio para receber “luz verde” do Ministério da Economia, prevê mais de 40 ações durante este ano, sendo 55% do orçamento para feiras e 31% para promoção e prospeção.
(O jornalista viajou para Milão a convite da APICCAPS)
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