Acesso a financiamento “está muito mais caro” e a criar limitações nas micro e pequenas empresas, alerta AHRESP
Alojamento e restauração foi um dos setores onde os empréstimos mais se reduziram. AHRESP salienta impacto da pandemia nas empresas do setor e efeitos da subida das taxas de juro.
Num contexto de subida de juros, o acesso ao financiamento “está muito mais caro e está a criar limitações objetivas nas micro e pequenas empresas”, afirma a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), ao ECO. Dados do Banco de Portugal mostram que os empréstimos às empresas recuaram em janeiro, com destaque para o setor do alojamento e restauração, o que a AHRESP justifica com as consequências da pandemia.
O montante de empréstimos concedidos pelos bancos às empresas recuou 0,1% em janeiro, naquela que foi a primeira queda desde abril de 2019 e o alojamento e restauração está entre os setores que sentiram uma redução mais expressiva. “Esta retração nos pedidos de empréstimos está diretamente relacionada com as consequências da pandemia de covid-19″, indica Ana Jacinto.
“Se, em 2020, as empresas de alojamento e da restauração se viram obrigadas a recorrer a financiamento, quer bancário, quer através do Turismo de Portugal, para manter as atividades em funcionamento e cumprir com todas as obrigações, neste momento, a pressão nas tesourarias motivada por esse excesso de crédito contratualizado está a fazer com que as empresas rejeitem o acesso a novo crédito”, aponta a secretária-geral da AHRESP.
A AHRESP recorda que Portugal “foi dos países que menos apoio a fundo perdido concederam durante a pandemia“, o que diz ter provocado “uma severa descapitalização e um elevado sobre-endividamento”. “Só no final de 2020, início de 2021, é que foi disponibilizado o Programa APOIAR, com fundo perdido direto para a tesouraria das empresas, o que fez com que diminuísse a necessidade de financiamento das empresas”, admite, mas mesmo assim as empresas tiveram de começar a liquidar o crédito no segundo semestre de 2022.
As companhias do setor encontram-se assim numa “situação de excesso de obrigações financeiras que está a criar uma forte pressão nas empresas e a motivar uma maior rejeição de crédito”, alerta Ana Jacinto. “A comprovar esta realidade estão os dados do BdP, que mostram que, em janeiro de 2023, a taxa de variação anual nos empréstimos às empresas de alojamento e restauração foi de -7,6%, quando na totalidade da economia foi de -0,1%“, acrescenta.
Desta forma, as empresas que se viam a braços com a recuperação da pandemia tiveram de enfrentar a subida das taxas de juro. Apesar de a AHRESP não ter ainda dados concretos sobre o impacto desta evolução, Ana Jacinto indica que “não há margem para dúvidas de que o acesso [ao financiamento] está muito mais caro e está a criar limitações objetivas nas micro e pequenas empresas”.
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