Morreu José Manuel Galvão Teles, sócio fundador da Morais Leitão

O sócio fundador da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados, José Manuel Galvão Teles tinha 84 anos. De 1996 a 2006 foi membro do Conselho de Estado, por designação de Sampaio.

O sócio fundador da Morais Leitão, José Manuel Galvão Teles, faleceu aos 84 anos. “Advogado há 60 anos, José Manuel Galvão Teles foi um jovem empenhado na construção e na luta ativa pela democracia, um político convicto da importância dos direitos fundamentais e foi, também, um homem de família e um homem de cultura”, refere em comunicado a Morais Leitão.

José Manuel Galvão Teles fundou a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados, tendo contribuído centralmente para uma “advocacia empenhada” e “leal” no serviço aos clientes, no quadro e na defesa de um Estado de direito liberal e democrático. “Sempre viu a advocacia como uma continuação do seu exercício de cidadania, a par da vida política, social, humana e cultural, tendo sido justamente homenageado com a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados em 2010“, lê-se no comunicado.

“A sua experiência na advocacia portuguesa é, em si mesma, uma representação fiel da história político-económica do nosso país: tendo defendido réus acusados de crimes políticos durante o Estado Novo, participou depois em processos internacionais pela paz e contra o Apartheid, consolidando no Portugal democrático uma carreira dedicada às fusões e aquisições, mas também ao contencioso, tendo patrocinado algumas das ações cíveis de maior valor julgadas em tribunais portugueses e, com sucesso, alguns dos mais importantes e mediáticos processos-crime”, sublinho o escritório.

José Manuel Galvão TelesJosé Carlos Carvalho

Nos anos 60, foi presidente Nacional da Juventude Católica, fundador e dirigente da “Cooperativa Pragma” (dissolvida posteriormente pela PIDE), editor dos “Cadernos GEDOC”, presidente do “Centro Nacional de Cultura” e colaborador da revista “O Tempo e o Modo” (e consequentemente interrogado pelo regime quanto às atividades desenvolvidas), candidato a deputado pela Oposição (CDE) nas eleições de 1969 e advogado de defesa em importantes processos políticos, como a defesa do arquiteto Nuno Teotónio Pereira. Opôs-se sempre à guerra colonial, com uma voz muito ativa, intervindo e alertando publicamente para a situação política nacional.

Ainda em 1974 e 1975, no âmbito da descolonização, foi chefe de delegação do Governo português em diversas missões de natureza política e económico-financeira, designadamente em Angola e Moçambique, negociando com as diferentes fações.

Na sua sequência, assumiu em 1975/76 o cargo de Embaixador de Portugal nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Deste período, salienta-se o seu papel fundamental no processo de negociação da descolonização, bem como a oposição à ocupação de Timor-Leste, pela sua independência. Nos anos 70 e 80, fez parte da Presidência do Tribunal Internacional para Julgamento dos Crimes do Apartheid.

De 1996 a 2006 foi membro do Conselho de Estado, por designação do Presidente da República, Jorge Sampaio. Em 2005 foi agraciado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Em 2010 recebeu a medalha de Honra da Ordem dos Advogados, tendo sido em 2022 galardoado com o Prémio de Carreira da Advocacia Societária pela Associação das Sociedades de Advogados de Portugal (ASAP). Em novembro de 2022 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao longo da sua vida de advogado patrocinou algumas das ações cíveis de maior valor julgadas em tribunais portugueses. Foi igualmente advogado de defesa, com sucesso, em alguns dos mais importantes e mediáticos processos-crime. Paralelamente, em reconhecimento da sua experiência e relevância no desenvolvimento do Direito Civil e do Direito das Sociedades, José Manuel Galvão Teles assumiu variadíssimos cargos executivos e não executivos nos órgãos sociais das mais relevantes empresas nacionais e estrangeiras a operar em Portugal.

Apaixonado pelas artes, fundou e foi dirigente de várias associações e fundações privadas ligadas à cultura, como a Fundação Serralves, a Fundação Mário Soares, a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna e a Fundação Júlio Pomar.

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