Crie energética dá lucro recorde de 151 mil milhões a petrolífera saudita
Resultado líquido disparou 47% em 2022, à boleia dos preços elevados da energia. Empresa quer continuar a aumentar produção nos próximos anos.
A gigante petrolífera Saudi Aramco anunciou ter registado lucro recorde de 161.000 milhões de dólares (151.000 milhões de euros) em 2022, obtidos graças à alta dos preços do crude.
No relatório anual, a empresa, conhecida formalmente por Saudi Arabian Oil Co., sublinhou que o lucro é “o maior de sempre”, devendo-se ao aumento dos preços da energia registado na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, que trouxe sanções e a limitação da venda de petróleo e gás russo nos mercados ocidentais.
No documento, a Aramco disse esperar aumentar a produção para aproveitar a procura do mercado, permitindo financiar os planos do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, para desenvolver paisagens urbanas futuristas para afastar a Arábia Saudita do petróleo.
Os planos surgem apesar das crescentes preocupações internacionais sobre a queima de combustíveis fósseis que aceleram as mudanças climáticas.
“Dado que prevemos que o petróleo e o gás continuarão a ser essenciais no futuro próximo, os riscos de subinvestimento no nosso setor são reais — inclusive contribuindo para preços mais altos de energia“, disse o presidente executivo da Saudi Aramco, Amin H. Nasser, num comunicado.
Os lucros aumentaram 46,5% quando comparados aos resultados da empresa em 2021, de 110.000 milhões de dólares (103.200 milhões de euros). A Aramco faturou 49.000 milhões de dólares (46.000 milhões de euros) em 2020, quando o mundo enfrentou o pior do bloqueio da pandemia de covid-19, interrupções de viagens e preços do petróleo temporariamente negativos.
A Aramco colocou a sua produção de petróleo em cerca de 11,5 milhões de barris por dia em 2022 e indicou que espera atingir os 13 milhões de barris por dia até 2027. Para aumentar essa produção, prevê gastar até 55.000 milhões de dólares (51.600 milhões de euros) este ano em projetos de capital.
A Aramco também declarou um dividendo de 19.500 milhões de dólares (18.300 milhões de euros) para o quarto trimestre de 2022, a ser pago no primeiro trimestre deste ano.
O petróleo bruto Brent de referência é agora negociado em torno de 82 dólares (76,94 euros) o barril, embora os preços tenham atingido mais de 120 dólares (112,60 euros) o barril em junho.
A Amnistia Internacional (AI) considerou hoje “escandaloso” o lucro da maior petrolífera do mundo. “É escandaloso que uma empresa obtenha lucro de mais de 151.000 milhões de euros num único ano com a venda de combustíveis fósseis, o principal fator da crise climática”, disse a secretária-geral da AI, Agnès Callamard, num comunicado.
Para Callamard, “mais chocante” é o facto de o lucro ter sido acumulado “durante uma crise global do custo de vida e ajudado pelo aumento dos preços da energia decorrente da guerra iniciada pela Rússia com a invasão da Ucrânia”, em 24 de fevereiro de 2023.
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