easyJet admite “olhar para oportunidades” de privatização da TAP
Companhia low-cost britânica não fecha a porta a analisar entrada no capital da TAP, “se alguém contactar ou abordar” a empresa.
A companhia aérea easyJet admite “olhar para as oportunidades à medida que forem surgindo” e “se alguém contactar ou abordar” a empresa relativamente à privatização da TAP, embora não haja “absolutamente qualquer plano”, focando-se antes na operação atual.
“Olharemos para as oportunidades se alguém nos contactar ou nos abordar, mas neste momento não há absolutamente nenhum plano e estamos completamente concentrados nos nossos próprios planos”, disse em entrevista à agência Lusa o diretor da easyJet para o mercado europeu, Thomas Haagensen.
“Temos um enorme desafio à nossa frente para […] cumprir estes objetivos para o verão e depois poderemos olhar para as oportunidades à medida que forem surgindo, mas neste momento o nosso foco é o nosso próprio crescimento”, acrescentou o responsável da transportadora aérea de baixo custo, que opera desde novembro passado 18 ‘slots’ diários que pertenciam à TAP no aeroporto de Lisboa.
Numa altura em que o Governo português planeia reprivatizar a companhia aérea TAP, mantendo uma posição parcial na companhia, Thomas Haagensen escusou-se a comentar “os planos de qualquer outra companhia aérea”, salientando antes a expansão da easyJet em Lisboa, que “é uma notícia fantástica para o consumidor português e para o resto dos europeus que querem ir a Portugal”.
“Do nosso lado, estamos a concentrar-nos na nossa operação, até porque temos um desafio espantoso à nossa frente” referente a estas faixas horárias adicionais e às novas rotas a partir de Portugal, adiantou o responsável.
A posição surge depois de, no início de março, o ministro das Finanças, Fernando Medina, ter manifestado “plena confiança” de que, após as polémicas relacionadas com a gestão da empresa, a TAP “prosseguirá com sucesso o caminho do seu processo de reestruturação, isto é, o caminho da sua sustentabilidade futura, que passará pela privatização de uma parte do seu capital”, admitindo assim que o executivo mantenha uma posição acionista na companhia aérea no processo.
Embora esta alienação do capital do Estado português da TAP não esteja prevista no plano de reestruturação aprovado pelo executivo comunitário, certo é que é uma prioridade para o Governo.
Esta semana, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, admitiu que “riscos existem” com a privatização da TAP, mas destacou os “bons exemplos na Europa” com outras companhias aéreas de bandeira, que a seu ver não perderam valor estratégico.
Aludindo aos casos dos grupos aéreos privados Air France–KLM, que junta as companhias aéreas de bandeira francesa e holandesa, e ao International Airlines Group, que resulta da fusão das transportadoras britânica British Airways, espanhola Iberia e irlandesa Aer Lingus, o ministro considerou ser possível que, integrando a TAP numa grande empresa, esta se pode manter “como um ativo estratégico para Portugal”, sendo este o “objetivo primordial” da privatização.
Em dezembro passado, a Comissão Europeia deu ‘luz verde’ ao plano de reestruturação da TAP e à ajuda estatal de 2.550 milhões de euros para permitir que o grupo regressasse à viabilidade, impondo para isso compromissos de forma a não prejudicar a concorrência europeia, sendo que um deles levou à alienação de 18 faixas horárias diárias no aeroporto de Lisboa em prol da easyJet.
A companhia aérea britânica de baixo custo está presente em 37 países europeus e em 150 aeroportos, nos quais operam mais de 1.000 rotas com 320 aviões por toda a Europa, num total de quase 14 mil trabalhadores em toda a rede e de 69,7 milhões de passageiros transportados em 2022.
A easyJet chegou em 1998 a Portugal, onde tem hoje mais de 830 trabalhadores e três bases (em Lisboa, Porto e Faro) para operar 89 rotas com mais de 30 aviões (19 dos quais baseados no país), sendo a segunda companhia aérea com maior presença no país, num total de 7,4 milhões de passageiros transportados em 2022.
Ao todo, a easyJet tem uma disponibilidade de 11,2 milhões de lugares de e para Portugal.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
easyJet admite “olhar para oportunidades” de privatização da TAP
{{ noCommentsLabel }}