Adico “bate” dez milhões com nova fábrica de mobiliário hospitalar e carpintaria
Conhecida pela “cadeira portuguesa” para esplanadas, empresa familiar de Estarreja reforça na área de carpintaria e fecha compra de fabricante de mobiliário hospitalar e geriátrico na Murtosa.
Fundada em 1920 por Adelino Dias Costa, cujas iniciais deram nome àquela que é atualmente a mais antiga empresa de mobiliário metálico em Portugal, a Adico fechou no início deste ano a compra da totalidade do capital da JMS, especializada no desenvolvimento e fabrico de mobiliário hospitalar e geriátrico, adiantou ao ECO o presidente executivo, Miguel Carvalho.
Com esta aquisição, cujo valor não quis revelar, a histórica fabricante de Avanca, no concelho de Estarreja, completa o negócio iniciado em 2019 — quando ficou com 51% da empresa da Murtosa e decidiu separar as áreas hospitalar e de mobiliário –, integrando mais de 80 trabalhadores e uma unidade industrial com 11 mil metros quadrados, “equipada com a mais moderna tecnologia”.
Esta aquisição vai permitir-nos ser mais competitivos e aumentar a nossa quota de mercado quer no segmento care, quer no mobiliário metálico.
Miguel Carvalho, que integra a comissão executiva com a prima, Adelina Dias Costa, uma das cinco irmãs acionistas e que pertencem à terceira geração da família, descreve a aquisição como “estratégica do ponto de vista do desenvolvimento do negócio de um setor que está em franco crescimento e onde a empresa é uma referência ibérica”, permitindo ao grupo ser “mais competitivo e aumentar a quota de mercado quer no segmento care, quer no mobiliário metálico”.
“Além disso, permite-nos ainda a criação de um conjunto de sinergias do ponto de vista produtivo e industrial com a Adico, que são fundamentais para a expansão da nossa presença no mercado nacional, mas com foco muito específico nos mercados internacionais, onde o mobiliário [da empresa principal] tem vindo a registar uma incrível aceitação e uma procura cada vez maior”, completa o gestor.
Mas esta não é a única novidade na empresa que começou por produzir camas de ferro e logo na década de 1930 ganha fama com as mesas e cadeiras metálicas para esplanadas, tendo a tradicional “cadeira portuguesa” como maior ícone industrial. No final do ano passado, com o objetivo de “diversificar e aumentar a capacidade de resposta” também a área de carpintaria, comprou 60% da CTM – Mobiliário, fundada em 2011 por Carlos Tavares e sediada na mesma localidade do distrito de Aveiro.
A Adico já tinha uma unidade interna de carpintaria, mas era “manifestamente insuficiente para dar resposta à procura” nesta área. E na CTM, fábrica com que já trabalhava, reconheceu “enorme profissionalismo e conhecimento no tratamento das madeiras”. “Insere-se na estratégia de diversificação das áreas de negócios, através da criação pontual de peças de mobiliário de autor que tenham por base a madeira, sob a chancela Adico Wood, bem como na redução da dependência de fornecedores externos”, justifica.
Com a integração da JMS e da CTM, o universo empresarial da Adico alcançou em 2022 um volume de negócios de dez milhões de euros e atingiu um EBITDA de 750 mil euros, de acordo com os dados fornecidos ao ECO, em que a fabricante do concelho de Estarreja realça o crescimento de 46% na faturação ao longo dos últimos quatro anos, em que duplicou também o peso das exportações.
No último exercício, as vendas realizadas em mais de três dezenas de mercados internacionais pesaram 32% do total, com destaque para destinos como França, Espanha, Alemanha, Países Baixos, Bélgica, Itália, Japão, Austrália, Coreia do Sul e Estados Unidos da América (EUA). No que toca ao efetivo de trabalhadores, com as duas aquisições completadas, esta empresa familiar de capitais exclusivamente portugueses emprega agora 158 pessoas.
Com um crescimento de 27% nas compras a Portugal, os EUA ultrapassaram a Alemanha no terceiro lugar da lista dos melhores mercados externos para a indústria portuguesa do mobiliário. A progressão nos negócios realizados do outro lado do Atlântico contribuiu para um novo recorde nas exportações do setor em 2022, a rondar os 2.000 milhões de euros, 8% acima do anterior valor máximo, registado um ano antes do início da pandemia.
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