Língua “foi uma das razões fundamentais” porque CEO da TAP não foi ouvida pela IGF
O inspetor-geral de Finanças afirmou na comissão de inquérito que foram dadas todas as oportunidades para presidente da TAP enviar esclarecimentos.
O inspetor-geral de Finanças garante que a autoridade de auditoria atuou com independência na avaliação ao acordo de saída de Alexandra Reis da administração da TAP. António Ferreira dos Santos explicou que a língua foi uma das principais razões porque a CEO da companhia não foi ouvida presencialmente.
O facto de Christine Ourmières-Widener falar francês e não português (que estava a aprender) “é uma das razões fundamentais porque não foi ouvida” presencialmente no âmbito da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), afirmou o inspetor-geral de Finanças.
António Ferreira dos Santos quis deixar claro, no entanto, que a presidente executiva teve a oportunidade de enviar todos os esclarecimentos que desejasse. “Acabámos por dar mais uma oportunidade à engenheira Christine de expor a sua posição, remetendo questões em português, fazer a resposta, e esta ser traduzida para português”, afirmou. “Estaríamos sempre disponíveis” para receber novos esclarecimentos”, acrescentou, incluindo uma audição presencial, que diz não ter sido solicitada.
A CEO da companhia aérea respondeu já ao ofício da Direção Geral do Tesouro e Finanças sobre o projeto de demissão, contestando o facto de não ter sido ouvida previamente pela IGF, como avançou o CEO.
“A IGF é uma organização quase centenária. Ao longo da nossa vida apesar de funcionarmos na dependência do Ministério dos Finanças, sempre nos pautámos pela independência em relação às matérias que somos chamados a avaliar”, afirmou inspetor-geral, garantindo que também neste caso os inspetores atuaram com “independência e sem se deixarem instrumentalizar por opiniões externas”.
António Ferreira dos Santos afirmou também que não existiu nenhum contacto com o ministro das Finanças, Fernado Medina, desde que foi pedida a auditoria. Apenas no dia 3 de março, quando entregou presencialmente o relatório. Assinalou também que a legislação prevê a homologação dos relatórios pelo ministro das Finanças, sem a qual eles não existem.
O inspetor-geral das Finanças é a primeira de uma longa lista de cerca de 60 personalidades que serão chamadas à CPI. Na quinta-feira será ouvido o administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires.
A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estendendo-se por um período de 90 dias.
(notícia atualizada às 20h30)
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