TAP “é de longe a companhia em que aviões mais pesam” nos custos
Administrador financeiro da companhia aérea afirma que já foram renegociados quase 3.000 contratos, o que gerou poupanças de 150 milhões de euros.
Os custos com os aviões pesaram 14,6% nos custos da TAP no ano passado, mais do que nas outras companhias aéreas, afirmou o administrador financeiro da TAP aos deputados da comissão parlamentar de inquérito à companhia. Uma fatura herdada com o contrato de leasing de 53 aviões negociado por David Neeleman em 2015.
“A dívida numa companhia aérea está relacionada sobretudo com os aviões. Os aviões são caros. Em percentagem das receitas, a TAP é de longe a que tem maior peso. Foi de 14,6% em 2022. Este custo não compara bem com outras companhias aéreas”, afirmou o administrador financeiro (CFO) da companhia aérea, quando questionado pelo deputado Bruno Dias sobre o contrato de leasing de aviões negociado pelo antigo acionista privado antes da privatização em 2015.
Gonçalo Pires afirmou que a empresa está a trabalhar para reduzir os custos com os vários fornecedores, indicando que a TAP já renegociou “quase 3.000 contratos conseguindo poupanças de 150 milhões de euros”. “Estamos em negociações em que vamos conseguir poupanças importantes”, acrescentou.
“O custo dos nossos aviões é muito alto e temos compromisso para compra de aviões superior ao necessário para desalavancagem da empresa“, disse o CFO. A empresa encetou negociações com a Airbus em janeiro, mas admitiu que não está a ser fácil. “Respeitamos todos os contratos assinados”, disse.
“A TAP decidiu fazer um estudo operacional e jurídico sobre o special purchase agreement de 2015. Esse estudo foi entregue à tutela e as responsabilidades da TAP acabam aí. Qual é a responsabilidade da TAP? É junto da Airbus, dos lessors [financiadores] e da Rolls Royce trabalhar todos os dias”, afirmou o administrador financeiro, assinalando que “é quase impossível alterar um contrato de financiamento”.
A companhia aérea pediu um estudo à consultora Airborne, noticiado pelo ECO, que conclui que a TAP estará a pagar até 28% mais do que as concorrentes pelas mesmas aeronaves, devido ao contrato negociado por David Neeleman.
Gonçalo Pires afirmou que o leasing dos 53 novos aviões também tem vantagens. “Deu uma dimensão à TAP que a TAP não tinha e a dimensão melhora a probabilidade de ter melhores resultados. Este é um negócio de escala. Companhias como a Airbus conseguem diluir mais custos fixos”, apontou. “A TAP tem das frotas mais jovens da Europa. Isso melhora a experiência do cliente e permite gastar menos combustível, num cenário em que custos subiram”, acrescentou.
“Este ano o grande problema tem a ver com a manutenção. A falta de peças por causa da guerra na Ucrânia e a falta de pessoal. Já anunciámos medidas de retenção. Temos a perspetiva de contratar 80 técnicos de manutenção durante 2023″, revelou o administrador financeiro.
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