Exclusivo Europa precisa de 140 milhões de postos de carregamento para elétricos até 2040
EY estima que daqui a duas décadas estejam a circular 290 milhões de elétricos na Europa, sendo precisos mais de 140 milhões de carregadores para dar resposta. Investimento ascende aos 350 mil milhões
A popularidade dos automóveis elétricos acelerou. Espera-se que, até 2030, as vendas de carros elétricos representem cerca de 55% do total de automóveis vendidos naquele ano. No entanto, a fraca oferta de infraestruturas de carregamento poderá comprometer o desenvolvimento do setor.
Num estudo da EY a que o Capital Verde teve acesso, a consultora estima que, até 2040, o número de postos de carregamento necessários para dar resposta aos cerca de 239 milhões de automóveis elétricos, que estarão em circulação na Europa, ultrapassará os 140 milhões. Para concretizar esta meta, serão precisos cerca de 350 mil milhões de euros de investimento, necessários para cobrir os custos com o equipamento e com a instalação.
A estimativa surge num estudo da EY, desenvolvido em parceria com a associação de veículos elétricos na Europa Eureletric, onde são identificados seis pontos-chave determinantes para o sucesso do setor. A acessibilidade aos postos de carregamento é apontada como um deles.
“À medida que a demografia de consumidores de veículos elétricos se alarga para um grupo maior de consumidores com valores e expectativas mais generalizadas, é fundamental uma infraestrutura de carregamento acessível para todos“, recomenda a consultora.
Atualmente, existem mais de 482.000 pontos de carregamento acessíveis ao público pela Europa fora e, embora o número de carregadores de corrente contínua instalados na Europa tivesse aumentado 90%, entre 2021 e 2022, este ritmo poderá não ser suficiente até 2040. “São necessários mais carregadores e mais cedo do que o previsto anteriormente“, aponta a consultora.
Mas existem previsões para mais cedo. Por exemplo, até 2025, a EY estima que serão necessários um milhão de pontos de recarga pública na Europa, incluindo nos destinos de chegada, tais como centros comerciais. E recomenda ainda que os locais de trabalho instalem mais de 600.000 carregadores para os seus funcionários. Para a próxima década, o número de carregadores públicos deverá ascender aos 2,8 milhões, enquanto os locais de trabalho deverão contabilizar 2,4 milhões postos de recarga.
Feitas as contas, indica a EY, os países do bloco europeu precisarão aproximadamente 670.000 novos pontos de carga por ano — ou 13.000 por semana.
“Embora seja um desafio significativo, a implementação pode ser acelerada através da remoção de barreiras regulamentares”, diz o estudo, sugerindo, a título de exemplo, a facilitação no acesso a terrenos para a instalação de infraestruturas, melhores e mais rápidos processos de licenciamento e melhores ligações à rede de energia.
Venda de carros elétricos “acelera” na Europa
A venda de carros elétricos cresceu mais rápido do que inicialmente previsto pelo setor. A nível global, as vendas deste tipo de automóveis duplicaram em 2021, e saltaram 55% no ano seguinte, representando 13% do total de vendas dos carros em 2022.
“Esta tendência deverá continuar, fazendo com que o mercado de massas torne a adoção iminente”, indica o estudo da EY, acrescentando que essa transformação impactará o transporte rodoviário de forma “irreversível”. “Se o resto do ecossistema não estiver pronto nem suficientemente dimensionado, a adoção de carros elétricos pode tropeçar e cair“, alertam.
A China lidera, neste momento, a venda de automóveis elétricos. Em 2022, estes carros representaram 27% do total de vendas no país. Na Europa, esse valor cai para os 20%, (17% em 2021) ainda que a EY aponte “um forte crescimento em dois anos consecutivos”. No total, foram vendidos 2,7 milhões de veículos elétricos.
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, o valor das vendas de carros elétricos ascenderam aos 48% em 2022, ultrapassando a marca dos 1,1 milhões de veículos vendidos pela primeira vez.
Até 2030, o EY estima que as vendas de veículos elétricos a bateria e os híbridos plug-in representem mais de metade das vendas globais de veículos. Ou seja, três anos mais cedo do que o previsto em 2021.
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