Marcelo condecora António Saraiva e aponta desafios para a CIP em “anos muito difíceis”
A conjuntura atual impõe ao novo presidente da CIP "um papel mais complexo", que envolve manter e reforçar a unidade interna, a ligação aos portugueses e a defesa da concertação social, disse Marcelo.
O chefe de Estado condecorou esta quarta-feira o presidente cessante da CIP, António Saraiva, e apontou desafios para a nova liderança desta confederação nos próximos anos, que antevê “muito, mas muito difíceis”.
Numa intervenção no Centro de Congressos de Lisboa, após a posse dos novos órgãos sociais da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Marcelo Rebelo de Sousa atribuiu a António Saraiva a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Industrial, a quem expressou gratidão pelos seus 13 anos à frente da instituição.
Dirigindo-se ao novo presidente da CIP, Armindo Monteiro, o chefe de Estado considerou que a conjuntura atual lhe impõe “um papel mais complexo”, que envolve manter e reforçar a unidade interna, a ligação aos portugueses e a defesa da concertação social, mas não só.
Armindo Monteiro terá também de “manter e reforçar a transversalidade do diálogo com os diversos quadrantes políticos, manter e reforçar a pedagogia da importância da sociedade civil, da empresa, da iniciativa privada na criação da riqueza, do emprego, da sustentabilidade, da responsabilidade social, da renovação etária, da afirmação da mulher, do constante acento tónico na indústria”, elencou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, é “um papel que muito pedirá à nova liderança, por natureza substancialmente diversa da anterior”, que terá de encontrar “o estilo” para dirigir a CIP num período de “anos que serão muito, mas muito difíceis, e muito acelerados e muito pressionantes”.
O Presidente da República referiu que em Portugal começará “no final deste ano um ciclo político eleitoral com as eleições na Madeira, com continuação nas eleições nos Açores e no Parlamento Europeu [em 2024], mais as eleições autárquicas [em 2025], mais as eleições presidenciais e legislativas [em 2026]”, e observou: “Tempo muito longo de sucessivas eleições”.
Vêm aí “por toda a Europa atos eleitorais múltiplos, incluindo as eleições europeias, e nos Estados Unidos da América primárias a partir do ano que vem”, com “sistemas políticos, económicos e sociais em mudança e os sistemas políticos europeus muito frágeis, muito frágeis com lideranças muito frágeis” e “novas formas de organização e atuação laboral, patronal ou social em sentido amplo”, acrescentou.
O chefe de Estado alertou ainda que este é um tempo de “escrutínios crescentes mais incisivos e mais emocionais, mais inorgânicos e mais emocionais” por parte dos meios de comunicação e de “clivagens etárias entre os mais jovens e os menos jovens acentuadas e clivagens comportamentais mais variadas”.
Marcelo Rebelo de Sousa, que discursou depois do novo presidente da CIP, disse ter retirado das suas palavras “uma chamada à capacidade de antecipação, mas ao mesmo tempo de criação de esperança” e “capacidade de não depender sistematicamente e em termos demasiados dos poderes públicos”, o que apontou como “um grande desafio da sociedade portuguesa”.
O Presidente da República apelou à “capacidade de visão, de futuro a médio e longo prazo, de inovação, de criatividade, de antecipação, de progresso, de crescimento, de justiça social” por parte das empresas. “Tenho a certeza de que a CIP neste novo tempo histórico, com uma nova liderança com um estilo diferente, saberá desempenhar um papel de tomo nessa dinâmica, se souber abrir-se em vez de fechar-se, agir em vez de reagir, prever em vez de seguir, liderar em vez de se ajustar àquilo que os outros lideraram”, concluiu.
No Centro de Congressos de Lisboa estavam presentes, entre outros, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, o presidente do PSD, Luís Montenegro – a quem Marcelo Rebelo de Sousa se referiu também como “líder da oposição” – e os líderes parlamentares do PS, Eurico Brilhante Dias, e do PSD, Joaquim Miranda Sarmento.
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