Preços dos produtos agrícolas vão continuar sob pressão, alerta Coface

  • ECO Seguros
  • 29 Junho 2023

Alerta sobre matérias-primas agrícolas reforçado no segundo trimestre de 2023. Elevados custos de produção, tensões comerciais e aumento dos riscos climáticos continuarão a pesar, adverte a Coface.

A Coface alerta que “os produtos agrícolas continuam no centro do jogo geopolítico”. A produção de vários produtos agrícolas (açúcar, óleo de palma, cereais) será afetada a partir do final de 2023. Embora os preços dos géneros alimentícios tenham diminuído desde meados de 2022, permanecem elevados em termos históricos, alerta seguradora especializada em crédito.

Vários países, liderados pela Índia, anunciaram que manterão durante o segundo semestre do ano as restrições às exportações de géneros alimentícios, introduzidas há quase um ano em resposta aos preços elevados. Estas medidas continuarão a limitar o comércio internacional, numa altura em que a produção de cereais está altamente concentrada. A China detém, atualmente, mais de 50% das existências mundiais de trigo.

A seguradora de crédito destaca em comunicado que “o abastecimento de cereais é um elemento-chave da estratégia coerciva de Vladimir Putin e esta alavanca, formalizada pela criação de um corredor marítimo no Mar Negro, deverá durar tanto tempo como o conflito”. “O acordo, que é muito frágil, uma vez que é prorrogado de dois em dois meses, confirma a pressão sobre as cadeias mundiais de abastecimento de cereais a médio prazo”, acrescenta.

A Coface aponta ainda para a maior frequência das anomalias climáticas e meteorológicas, que vão aumentar a volatilidade dos preços dos produtos agrícolas. Os atuais períodos iniciais de calor intenso e o significativo défice hídrico afetarão o rendimento dos cereais (trigo, milho) até ao final do ano. Além disso, a ocorrência quase certa (>90%) de um episódio de El Niño a partir do terceiro trimestre de 2023 agravará as tensões existentes. Sinónimo de tempo mais quente e seco do que o normal no Indo-Pacífico, este episódio agravará os efeitos subjacentes das alterações climáticas.

Neste contexto, os preços dos produtos agrícolas já estão a subir, como é o caso do açúcar, do trigo, do milho e do cacau. O açúcar é um bom indicador das tendências futuras, uma vez que combina todos os riscos atuais: está sujeito a restrições à exportação pelos principais produtores, enquanto os preços do petróleo bruto Brent estão a apoiar a procura de açúcar para produzir bioetanol.

Além disso, as previsões meteorológicas estão aumentar a incerteza quanto aos níveis de produção em 2023 para os maiores produtores mundiais (Brasil, Índia e UE).

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