Investimentos na exploração de lítio crescem 50% em 2022 à boleia do setor energético

O mercado das matérias-primas críticas valia 320 mil milhões em 2022 e deverá continuar a crescer rapidamente. Segundo a AIE, o lítio foi o principal impulsionador destes investimentos.

Numa altura em que a União Europeia tem já definida uma estratégia que visa impulsionar o setor das matérias-primas críticas, a Agência Internacional de Energia (AIE) revela que o investimento no desenvolvimento do setor aumentou 30% só em 2022, seguindo a tendência verificada no ano anterior, altura em que a aposta nestes recursos cresceu 20%. Segundo o relatório divulgado esta quarta-feira, a entidade internacional conclui que, entre os diferentes minerais, o lítio registou o aumento mais acentuado do investimento, com um salto de 50% potenciado pelo setor energético, seguido do cobre e do níquel.

“O forte crescimento das despesas das empresas no fornecimento de minerais apoia a acessibilidade e a rapidez da transição para as energias limpas, que serão fortemente influenciadas pela disponibilidade de matérias-primas críticas”, lê-se na nota divulgada.

Os custos de exploração destas matérias-primas críticas também aumentaram 20% em 2022, impulsionadas pelo crescimento recorde na exploração de lítio, dados os impulsos registados no Canadá e Austrália, mas também, devido ao crescimento da aposta em África e no Brasil. O lítio destacou-se como um líder claro nas atividades de exploração, tendo as despesas aumentado em cerca de 90%.

Matérias-primas críticas como o lítio, níquel, cobalto ou cobre são considerados recursos essenciais para o desenvolvimento de setores relevantes numa economia livre de carbono, nomeadamente, os veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares.

A primeira análise anual do mercado de minerais críticos da AIE, mostra que a implantação recorde de tecnologias de energia limpa está a impulsionar uma enorme procura destes recursos. Entre 2017 a 2022, o setor da energia foi o principal fator a contribuiu para uma triplicação da procura global de lítio, um salto de 70% na procura de cobalto e um aumento de 40% na procura de níquel. Segundo os dados da agência liderada por Fatih Birol, o mercado destes minerais atingiu 320 mil milhões de dólares em 2022 e deverá continuar a crescer rapidamente, passando cada vez mais para o centro das atenções da indústria mineira mundial.

“Num momento crucial para a transição de energias limpas em todo o mundo, somos encorajados pelo rápido crescimento do mercado de matérias-primas críticas, que são cruciais para que o mundo atinja os objetivos energéticos e climáticos”, cita a nota as declarações do diretor executivo da AIE, Fatih Birol. “Mesmo assim, persistem grandes desafios. É necessário fazer muito mais para garantir que as cadeias de abastecimento de minerais críticos sejam seguras e sustentáveis“.

No bloco europeu, o executivo de Ursula von der Leyen apresentou uma proposta aos 27 Estados-membros, este ano, que visa proteger o bloco europeu de uma possível escassez de recursos que possa comprometer a produção em setores estratégicos, desde painéis solares e turbinas eólicas, a bombas de calor, baterias ou semicondutores.

Nesse sentido, a Comissão Europeia quer, até 2030, que, pelo menos, 10% das matérias-primas críticas utilizadas na União Europeia sejam extraídas em solo europeu, tais como o lítio ou cobalto. Além disso, Bruxelas quer assegurar cerca de 40% do consumo anual da UE para processamento e refinação, 15% para reciclagem e assegurar que não mais de 65% do consumo anual de cada matéria-prima estratégica, em qualquer fase relevante da transformação, seja proveniente de um único país terceiro. Esta última consideração é relevante visto que, atualmente, cerca de que 98% destas matérias-primas proveem de países fora do bloco europeu.

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