Empresários dos Açores querem “atitude incisiva” com Ryanair
A Câmara do Comércio considera estar-se “perante uma situação muito séria”, uma vez que o setor do turismo “representa uma percentagem muito significativa do PIB da região", cerca de 12%.
A Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) considerou esta quinta-feira que o governo regional tem de tomar uma “atitude incisiva” sobre “a ameaça de abandono” da companhia aérea Ryanair da região, salientando o peso do turismo na economia local.
Em comunicado divulgado após uma reunião para analisar a situação do setor do turismo regional, em “particular a ameaça do abandono” da Ryanair dos Açores, a CCIA considera estar-se “perante uma situação muito séria”, uma vez que o setor do turismo “representa uma percentagem muito significativa do PIB [Produto Interno Bruto] da região, cerca de 12%”. O turismo, defende o CCIA, “é fundamental para todas as ilhas, incluindo as mais pequenas”.
“De salientar, também, que os investimentos privados nos últimos anos têm sido muito elevados, aliás muito edificado urbano foi reconstruído à boleia do turismo e, por isso, tem de se fazer mais e melhor em prol deste setor”, salienta a CCIA. Na nota, o CCIA reivindica que o executivo regional [PSD/CDS-PP/PPM) “seja mais incisivo no que pode e deve fazer, bem como no que tem de exigir do Governo da República”, considerando que se está “perante uma situação de ‘déjà-vu’ relativamente à dinâmica das companhias aéreas nos Açores”.
“Tivemos uma primeira experiência quando a Easyjet saiu da região, a seguir a Delta e agora a situação da Ryanair, que vem reforçar que não somos competitivos. Algo está a falhar na nossa competitividade externa”, lê-se no comunicado. De acordo com a CCIA, é “necessário mais investimento para a notoriedade do destino turístico”, uma vez que a ausência de competitividade “é, de facto, um ponto muito preocupante, e dentro de pouco tempo pode-se ter um problema idêntico com a United Airlines”.
“Não podemos ignorar, ainda, que esta posição da Ryanair é agravada com o facto de estarmos perante uma privatização da SATA e a grande incerteza do que vai ser a privatização da TAP. A realidade é que o nosso ecossistema de acessibilidades está num turbilhão”, acrescenta o organismo.
Além disso, para o CCIA é “fundamental que o Governo Regional exija que todas as taxas e tarifas sejam competitivas” e faça “o que lhe compete na divulgação e promoção do destino Açores”. Em 27 de julho, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, disse que “estão no bom caminho” as negociações do Governo Regional com a empresa de aviação Ryanair para a manutenção da base da companhia no arquipélago.
“Neste momento, do nosso lado, as questões estão muito bem encaminhadas. Mas, há de facto ainda situações para resolver com a ANA [Aeroportos de Portugal] Vinci. E são essas que estão pendentes e um acordo só está fechado quando estiver fechado com as três partes”, disse Berta Cabral aos jornalistas, em Ponta Delgada, no final de uma reunião com o executivo da ANA.
Na altura, o Jornal de Negócios noticiou que a Ryanair e o Governo dos Açores ainda não tinham chegado a um entendimento para a manutenção da base da companhia aérea no arquipélago. Ao Jornal de Negócios, o CEO da companhia aérea, Eddie Wilson, confirmou a manutenção das negociações, mas disse que não tinha ainda existido “nenhum desenvolvimento para incentivar” a empresa a ficar e que a decisão de sair de Ponta Delgada estaria “iminente”.
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