China avisa que investigação a subsídios nos carros elétricos pode ter “impacto negativo” nas relações com UE
Governo chinês defende que a medida anunciada pela presidente da Comissão Europeia é "abertamente protecionista" e alerta para distorções na indústria.
O Governo chinês já reagiu ao anúncio da presidente da Comissão Europeia sobre o lançamento de uma investigação aos subsídios dados aos fabricantes de carros elétricos na China, alertando para o “impacto negativo” nas relações entre o país e a União Europeia. Pequim diz que esta medida é “abertamente protecionista”.
Esta medida, “tomada em nome da ‘concorrência leal’”, é “abertamente protecionista” e “vai ter um impacto negativo nas relações económicas e comerciais entre a China e a União Europeia”, advertiu um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. O governante disse ainda que este ato “irá perturbar e distorcer seriamente a indústria automóvel global e a cadeia de abastecimento, incluindo a UE”.
Ursula von der Leyen defendeu, no discurso do Estado da União esta quarta-feira, que “os mercados globais estão inundados com carros elétricos baratos chineses que têm subsídios de Estado”, o que “está a distorcer o mercado”. Anunciou, por isso, uma investigação aos subsídios atribuídos a veículos elétricos pelo Governo chinês.
A presidente da Comissão Europeia assegurou que iria dialogar com a China no decorrer deste percurso, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, já sinalizou que se vai deslocar à China na próxima semana para discutir esta questão.
Perante estas declarações, a diplomacia chinesa argumentou que a vantagem competitiva do país foi “obtida através de trabalho árduo” e é “resultado de inovação tecnológica ininterrupta”.
As exportações de veículos elétricos pela China mais do que duplicaram (+110%), entre janeiro e agosto, segundo dados da Associação de Fabricantes de Automóveis da China (CAAM) difundidos na quarta-feira. No ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros elétricos – mais do que em todos os outros países do mundo juntos.
A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o status quo de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.
Cinco das dez marcas de veículos elétricos mais vendidas no mundo são chinesas. A maior é a BYD, que a nível global fica apenas atrás da norte-americana Tesla. O domínio chinês alarga-se também à indústria de baterias. As chinesas CATL e BYD são os maiores fabricantes mundiais. Pequim mantém ainda forte controlo no acesso a matérias-primas essenciais, incluindo terras raras.
O anúncio de Ursula von der Leyen teve também já efeitos nas bolsas, com as ações dos principais fabricantes chineses de veículos elétricos a registar quedas esta quinta-feira. Por volta das 10:30 locais (03:30, em Lisboa), as ações do maior vendedor de veículos elétricos do país asiático, a BYD, caíam 1,61%, na Bolsa de Valores de Hong Kong. A mesma tendência foi seguida por outras grandes empresas do setor, incluindo a Leapmotor (-3,69%), Nio (-1,49%), GAC (-0,99%), Geely (-0,93%) ou a Xpeng (-0,56%).
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