Escolas de turismo atraem cada vez mais alunos estrangeiros. Matrículas deverão crescer crescer 20% este ano
PALOP e Ásia são as principais geografias dos candidatos à formação inicial da rede de escolas sob a alçada do Turismo de Portugal.
As escolas de turismo nacionais estão a atrair cada vez mais alunos estrangeiros. Neste ano letivo estima-se que haja um aumento de cerca de 20% do número de estudantes internacionais matriculados na rede de escolas, refletindo a subida do número de candidatos que, num ano, disparou 52%. PALOP e Ásia são as principais geografias de origem.
“2023 poderá vir a ser um ano de viragem” acredita Ana Paula Pais, diretora da área de formação do Turismo de Portugal, ao ECO. No próximo ano deverá ser lançado o procedimento para a obra da nova Escola de Hotelaria e Turismo, no Estoril, estando ainda prevista a execução das escolas do Chocolate (Óbidos) e o Centro Enogastronómico (Lamego).
O número de candidatos internacionais às escolas de formação turística do Turismo de Portugal tem vindo a aumentar. Neste ano letivo, a rede de escolas recebeu 862 candidatos estrangeiros através do regime especial de acesso e ingresso de estudantes internacionais, uma subida de 52% em relação aos 570 candidatos no ano letivo anterior e de 79% face há dois anos, altura em que as escolas receberam 479 candidaturas.
A maioria (75%) são alunos de países de língua oficial portuguesa — como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Brasil — 12% são asiáticos, maioritariamente do Bangladesh, Índia, Nepal, Paquistão, e os restantes 13% distribuem-se por origens muito diversas como a América do Sul (Colômbia, Venezuela, Equador), EUA, Canadá, Médio Oriente e alguns países do Norte de África (Marrocos, Tunísia e Egito).
“No ano letivo 2022-2023 tivemos cerca de 351 alunos internacionais matriculados efetivamente nas nossas Escolas, pelo que a estimativa é que consigamos crescer cerca de 20% este ano, com cerca de 420 alunos internacionais matriculados. Este valor representa cerca de 50% dos candidatos, dado que muitos não reúnem condições de ingresso, não têm habilitações académicas de entrada ou não conseguem obter os vistos necessários”, adianta Ana Paula Pais, diretora da área de formação do Turismo de Portugal, ao ECO.
“Não sabemos ainda com exatidão quantos alunos internacionais teremos porque estão ainda a decorrer as matrículas e não sabemos ao certo quantos alunos obterão os seus vistos. Neste momento está a decorrer a 2.ª fase de candidaturas, e só teremos os números finais das colocações na 3.ª semana de setembro”, ressalva.
Turismo com falta de profissionais
Setor com peso relevante na economia nacional, no turismo aponta-se que faltem mais de 40 mil profissionais para responder ao crescimento estimado para esta indústria. Para responder à falta de pessoas, em março, o Governo anunciou o objetivo de aumentar em 20% o número de trabalhadores neste setor para 350 mil em 2026. E um investimento de 20 milhões de euros, entre 2024-2027, na rede de escolas de turismo.
“Estes investimentos passam pela construção e remodelação de infraestruturas, melhoria significativa da eficiência energética e hídrica, reforço da conectividade e implementação de novas soluções tecnológicas e implementação de projetos de inovação pedagógica (desde laboratórios de inovação à criação de salas de aula do futuro), garantindo que a rede continuará a liderar a formação para o setor do turismo e contribuindo para posicionar Portugal como um destino de referência e excelência para estudar turismo”, aponta a diretora da área de formação do Turismo de Portugal.
A procura pela formação inicial apresenta este ano uma ligeira evolução positiva em relação aos últimos anos, embora ainda insuficiente face às necessidades globais do setor. Particularmente, áreas consideradas em ascensão, como atividades de natureza e ar livre e animação turística, carecem de um reforço promocional adicional, de forma a divulgar todo o potencial de valorização pessoal e contributo para a diferenciação económica, social e ambiental.
Parte desse investimento será para o projeto o Tourism International Academy (TIA), que passa pela requalificação do campus da Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Portugal, no Estoril.
“O projeto do campus do Estoril tem estado a evoluir de acordo com previsto, tendo já sido reabilitada a Residência de Estudantes, que desde o ano passado está em pleno funcionamento“, refere Ana Paula Pais.
“Está também praticamente concluída a intervenção no Centro de Inovação para o Turismo (Centro de Incubação de Base Tecnológica), uma estrutura de suporte à inovação e ao empreendedorismo no setor e que desenvolverá a sua atividade em estreita colaboração com as duas escolas existentes no campus, devendo ser inaugurado até ao final do ano”, denota. E, “em curso” está também o processo de licenciamento do projeto de construção da nova Escola de Hotelaria e Turismo, cujo procedimento de obra está previsto ser lançado “já no próximo ano.”
Já as escolas de Chocolate (Óbidos) e o Centro Enogastronómico (Lamego), projetos que fazem parte do Plano de Modernização da rede de escolas, tem execução prevista para o “próximo ano, estando neste momento a decorrer a fase estudo de projetos, revisão de projeto e de estabelecimento das parcerias locais/regionais e internacionais, fundamentais para o seu sucesso”.
Uma aposta que visa transformar Portugal “no melhor destino para estudar e a trabalhar em turismo” e que passa pela melhoria das qualificações dos profissionais: aumentar em 10% os profissionais de turismo com o ensino secundário e superior e em 15% os estudantes em turismo.
Nas escolas do Turismo de Portugal, “a procura pela formação inicial apresenta este ano uma ligeira evolução positiva em relação aos últimos anos, embora ainda insuficiente face às necessidades globais do setor. Particularmente, áreas consideradas em ascensão, como atividades de natureza e ar livre e animação turística, carecem de um reforço promocional adicional, de forma a divulgar todo o potencial de valorização pessoal e contributo para a diferenciação económica, social e ambiental”, refere Ana Paula Pais.
“Se tomarmos como referência os candidatos que tivemos na primeira fase de candidaturas à nossa rede de escolas, 2023 pode vir a ser um ano de viragem, registando-se um acréscimo de candidatos nacionais e internacionais”, acrescenta a responsável.
Se tomarmos como referência os candidatos que tivemos na primeira fase de candidaturas à nossa rede de escolas, 2023 pode vir a ser um ano de viragem, registando-se um acréscimo de candidatos nacionais e internacionais.
Ana Paula Dias aponta este interesse para o setor — que viu desaparecer cerca de 50 mil profissionais durante a pandemia — nas “melhorias que as empresas têm procurado introduzir nas respetivas profissões após a diluição dos principais impactes da pandemia de COVID-19″. Mudanças como “salários mais elevados, organização do trabalho mais amigável e mais compatível com o equilíbrio entre vida familiar e vida profissional, como, por exemplo, a introdução de horários diretos e cada vez menos horários repartidos”, elenca a diretora da área de formação do Turismo de Portugal.
Que formação procuram
Depois de em 2022 a rede de escolas ter tido 2.582 alunos inscritos, em 2023 esse número reduziu para 2.182. “Esta diminuição no número de jovens foi largamente compensada com um aumento significativo de profissionais em formação que, em 2022, ascenderam a 17.871 e, até 21 de julho de 2023, já se elevam a 37.714 (participantes em ações de formação contínua e executiva, online e presencial)”, aponta a responsável.
“Na formação executiva, a tendência é de forte crescimento com um aumento da procura por formação online, mas também formação presencial em áreas diversificadas. Desde 2020 que a nossa oferta de formação contínua e executiva cresceu mais de 200%, em número de pessoas formadas, em número de horas lecionadas e em número de novos programas disponibilizados“, destaca Ana Paula Pais.
Já na formação inicial, os cursos de Especialização Tecnológica (CET), como Gestão e Produção de Cozinha (25%), Gestão e Produção de Pastelaria e Gestão Hoteleira Alojamento (15%) e Culinary Arts e Gestão de Turismo (10%) estão entre os mais procurados.
Na formação contínua tem ganho ainda “muita força as áreas da gestão de pessoas, da gestão do negócio, das finanças, do marketing, bem como as áreas comportamentais em geral e a inovação (aplicações informáticas, inteligência artificial, etc.)”, tendo ainda se verificado um “expressivo crescimento da procura pelas áreas das tecnologias, do marketing digital, da sustentabilidade e da gestão das pessoas.”
Um aumento da formação do profissional que poderá permitir uma integração mais facilitada no mercado de trabalho, como indicia um inquérito realizado pela Turismo de Portugal — no Portal Escolas, com mais de 400 respostas — a que o ECO teve acesso. Dos alunos que completaram a formação nas escolas do Turismo de Portugal, 94% conseguem uma integração imediata no mercado de trabalho ou reforçam a sua formação. Destes, 76% entram no mercado de trabalho — um aumento de 2 pontos percentuais face ao ano anterior, com os restantes 18% a optar por reforçar a sua formação.
Do total de inquiridos, seis meses após formação, dos diplomados empregados, 89% exercem funções do Turismo: 38% na hotelaria; 48% na restauração e 4% na área do Turismo. A maioria dos diplomados empregados (86%) encontra-se a desenvolver atividade com contrato de trabalho a termo certo, com 8% a desenvolver atividade ao abrigo de estágio profissional e 4% presta serviços por conta própria.
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