Fitch revê em alta notação do BCP para fora do patamar de ‘lixo’
A agência de notação citou a melhoria dos rácios de capital e o aumento da rentabilidade num ambiente de taxas de juro mais altas como razões para a revisão em alta para 'BBB-'.
A Fitch reviu em alta o rating do BCP para ‘BBB-‘ de ‘BB+’, uma melhoria de um nível que retira a notação do banco do patamar de ‘lixo’, promovendo-a a grau de investimento. A melhoria dos rácios de capital e dos lucros numa altura de taxas de juro mais altas são duas das razões citadas pela agência. O outlook é estável.
A agência é a última das quatro principais a devolver o rating do BCP ao desejado patamar de investment grade, após a S&P, a Moody’s e a DBRS já o terem feito nos últimos meses.
“A melhoria reflete a nossa visão de que os rácios de capital do banco aumentaram para níveis adequados e compatíveis com os ratings mais elevados“, afirmou a Fitch. “Isto foi apoiado por uma rendibilidade significativamente mais forte, dadas as taxas de juro mais elevadas, uma forte eficiência de custos e um balanço com riscos de crédito reduzidos”.
Adiantou que a atualização também reflete a redução dos riscos relacionados com os custos de litígio provenientes da sua subsidiária polaca (Bank Millennium; BB/Positive) em relação aos antigos empréstimos hipotecários denominados em francos suíços.
Para a Fitch, o setor da banca em Portugal registou progresso significativo desde 2016 na melhoria da resiliência a choques, notando também que rendibilidade aumentou devido à retoma da economia, reestruturação dos modelos de negócio e juros mais alta. “Tudo isto deverá suportar desempenho resiliente face a pressões macroeconómicas no segundo semeste de 2023 e no ano de 2024”, sublinhou.
Em relação à capitalização do BCP, a agência referiu que melhorou devido a um rácio de capital comum Tier 1 (CET1) mais elevado (final do primeiro semestre em 14,0% face aos 12,6% do final de 2022, resultando em maiores reservas de capital face aos requisitos mínimos regulamentares, rentabilidade materialmente mais forte e redução de capital sem reservas ativos problemáticos (estimados em cerca de 20%).
Na análise dos fatores que poderiam levar a um downgrade do rating, a Fitch apontou para o caso de o rácio CET1 cair materialmente abaixo de 13% sem um plano credível para restaurá-lo acima desse nível. “Acreditamos que isto poderá advir de custos legais maiores do que o esperado da sua subsidiária polaca, encargos de imparidade de empréstimos superiores ao esperado ou distribuições de acionistas mais elevadas do que o atualmente
Miguel Maya, CEO do BCP, escreveu hoje num email aos colaboradores, ao qual o ECO teve acesso, “é um dia com um significado especial para todos os profissionais do BCP“, sublinhando que “passaram praticamente 12 anos desde que o banco deixou de merecer essa notação por parte das principais agências de rating”. Adiantou que as implicações para um banco cotado, o único Banco cotado em Portugal, de não ser investment grade, “são muito relevantes a diversos níveis como bem sabemos”.
Explicou ainda que esta evolução foi “verificada num contexto muito adverso, no qual nos deparámos com uma crise própria do banco, seguida de uma crise financeira global, de uma degradação da economia e das finanças de Portugal que levou o país a requerer ajuda externa internacional , uma pandemia sem precedentes nas nossas vidas profissionais e uma política monetária que estipulou que as taxas de juro estivessem negativas ao longo de mais de sete anos”.
Maya realçou ainda “um contexto político/jurídico na Polónia com implicações muito relevantes ao nível do provisionamento, uma guerra no coração da Europa decorrente da inqualificável invasão da Ucrânia pela Rússia, e, já há mais de um ano, um contexto inflacionista com o qual Portugal não se deparou nas últimas três décadas e que está a ter relevantes implicações na economia e na qualidade vida das pessoas”.
[Notícia atualizada às 17h55]
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