Trabalhadores da Cimpor admitem recorrer à Justiça para travar corte de apoios
Cimpor justificou ao ECO a decisão com o objetivo de "uniformizar os direitos de todos os trabalhadores”, já que “um grupo pequeno de trabalhadores atualmente ativos teriam direito ao benefício".
Os trabalhadores da Cimpor admitem recorrer à Justiça para travar a decisão da administração de retirar os complementos de assistência na doença aos atuais e futuros reformados e suas famílias. Este sistema complementar, que existe desde os anos 1960, chega ao fim a 20 de outubro, dia em que os trabalhadores têm agendada uma manifestação à porta da sede da empresa, confirmou ao ECO Fátima Messias, membro da comissão de trabalhadores da Cimpor.
A decisão unilateral do grupo turco Oyak vai afetar cerca de 1.300 beneficiários. Só quem chega à idade da reforma, ou pré-reforma, a trabalhar na cimenteira tem direito a este sistema complementar de apoio, que “com os atuais problemas do Sistema Nacional de Saúde (SNS), que não dá resposta, e a idade dos beneficiários se torna cada vez mais essencial”, sublinha a também dirigente da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom).
A comissão de trabalhadores reuniu com a direção da Cimpor, a 6 de outubro, que “anunciou a conclusão da reestruturação iniciada em 2011, que teve como desfecho o fim da subsidiação dos planos de saúde privada aos atuais e futuros reformados da empresa”, disse ao ECO fonte oficial da Cimpor.
Fátima Messias conta que a empresa manteve a decisão, embora tenha avançado que poderão estudar esquemas alternativos com algumas seguradoras. Por isso, os trabalhadores vão manifestar-se em Lisboa, no dia 20, com a responsável a garantir que “está em cima da mesa a possibilidade de recorrer à via judicial se a empresa não revogar a decisão”.
A responsável sindical recorda que este apoio “vai reduzir-se tendencialmente”, porque cada vez menos pessoas permanecem 40 anos na mesma empresa. Fátima Messias explicou ao ECO que a decisão foi tomada unilateralmente pela empresa, comunicada por escrito aos trabalhadores a 19 de setembro, e não foi justificada por razões financeiras, mas sim “razões de mercado”.
Ao ECO, a Cimpor justifica que a “decisão foi tomada por forma a uniformizar os direitos de todos os trabalhadores”, tendo em conta que “apenas um grupo pequeno de trabalhadores atualmente ativos teriam acesso a este benefício no momento da sua reforma, e a homogeneizar as políticas de funcionamento em todas as empresas do grupo”. A cimenteira garante ainda que “zela pelo bem-estar de todos os seus colaboradores e acredita que a equidade é um valor fundamental na gestão diária empresarial”.
Para os trabalhadores, a decisão é “inaceitável”, tendo em conta os bons resultados que cimenteira tem em Portugal, “um lucro líquido a rondar os 130 milhões de euros de lucros líquidos e que se tem revelado um bom negócio que permite investir noutras geografias”, diz a responsável.
A Cimpor foi comprada pela OYAK (Ordu Yardımlaşma Kurumu), cujo principal acionista é o fundo de pensões do exército turco, a 18 de janeiro de 2019. A operação envolveu a aquisição de todos os ativos que compõem as unidades de negócio da Cimpor em Portugal e em Cabo Verde — as três fábricas e as duas moagens de cimento, as 20 pedreiras e as 46 centrais de betão localizadas em Portugal e em Cabo Verde.
Estes complementos são suportados quase integralmente pela Cimpor. Os familiares beneficiários pagam uma “contribuição mínima” de apenas seis euros.
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