Grupo José de Mello lança holding para crescer no setor do vinho
A opção deve-se "ao crescimento da Ravasqueira, que foi bastante acentuado na última década, a evolução positiva do setor dos vinhos e, também, claro, a visão do grupo acionista".
O Grupo José de Mello anunciou esta terça-feira o lançamento da holding Winestone, pretendendo “estar ao nível dos três maiores operadores” até 2030, tendo já alargado o seu portefólio através de aquisições ou contratos de exploração.
“Esta opção estratégica é tomada num quadro dinâmico onde conflui em três fatores essenciais: o crescimento da Ravasqueira, que foi bastante acentuado na última década, a evolução positiva do setor dos vinhos e, também, claro, a visão do grupo acionista”, explicou o presidente executivo da Winestone, Pedro Pereira Gonçalves, num encontro com jornalistas, num hotel em Lisboa.
O responsável da empresa de Arraiolos que está na esfera do Grupo José de Mello desde 1943 apontou que o setor vitivinícola é “altamente fragmentado” e, perante “alguma consolidação”, o grupo viu uma oportunidade de “também ser protagonista nessa consolidação do setor”.
O presidente executivo do Grupo José de Mello, Salvador de Mello, apontou como principais objetivos, além da dimensão, um crescimento numa média anual de dois dígitos, exportações a representarem mais de 60% das vendas e o desenvolvimento de novas regiões.
Até agora, a produção vitivinícola por parte do grupo limitava-se à região do Alentejo, através da exploração da Ravasqueira, em Arraiolos, mas na apresentação da Winestone foram anunciadas as aquisições da marca Wiese & Krohn e da sua Quinta do Retiro Novo, no vale do Rio Torto, no Cima Corgo. Para cumprir os objetivos, a holding estabeleceu contratos de exploração da Quinta do Côtto (Cidadelhe), de produção Douro DOC, e do Paço do Teixeiró (Baião), de produção de vinhos verdes.
Até 2030, a Winestone, que não revelou os valores dos contratos, espera chegar ao nível dos principais três produtores em termos de volume de negócios – através de crescimento orgânico e não orgânico – e que as exportações representem 60%, com destaque para os Estados Unidos da América, Brasil, Reino Unido, Canadá e Alemanha.
Até lá, a Winestone quer subir a faturação para cerca de 60 milhões de euros e, para isso, admite mais aquisições. “A componente do crescimento orgânico é muito relevante também, isto não é só crescimento por aquisições, embora façam sentido as aquisições face a um mercado que é muito fragmentado”, apontou Salvador de Mello. Pedro Pereira Gonçalves sublinhou que, apesar das aquisições e das integrações, todas as áreas de produção destes projetos serão mantidas.
“Depois estruturamos de forma a que haja um reporte central, no fundo, à Winestone, e consigamos uma transferência de valores e de objetivos entre cada um dos projetos”, acrescentou, detalhando que mantiveram em função todas as pessoas pré-contratos de aquisição e exploração, ainda que defenda o reforço das equipas.
Questionado sobre os efeitos de fenómenos climatéricos mais agressivos, como períodos de seca ou inundações, Pedro Pereira Gonçalves apontou que o plano estratégico da holding “reflete bastante” as preocupações com esses fenómenos. Para tal, explicou que a diversificação e complementaridade das regiões trarão “equilíbrio à execução de cada um dos projetos”.
Ainda assim, registou que há uma preocupação “mais efetiva na região do Alentejo”, mas saudou o empenho do Governo e do Ministério da Agricultura, que “tentam procurar soluções, todos os anos, para resolver esse tema”.
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