DBRS antevê que moratória do crédito à habitação tenha pouco impacto no balanço dos bancos

Apesar de não prever um efeito negativo nas receitas líquidas de juros dos bancos, a DBRS alerta para os desafios operacionais que serão colocados aos bancos pela aplicação da moratória.

A moratória do crédito à habitação, que o Governo anunciou a 21 de setembro e que permitirá a fixação da prestação da casa durante dois anos, não deverá impactar significativamente o balanço dos bancos, segundo a avaliação dos analistas da DBRS.

“Com base na nossa avaliação preliminar, as medidas relativas às prestações hipotecárias terão provavelmente um impacto limitado nos fundamentos de crédito dos bancos”, refere a agência de notação de crédito num comunicado publicado esta quinta-feira.

“Entendemos que os mutuários continuarão a pagar juros conforme o contrato original, enquanto uma parte do capital será diferida. Consequentemente, não prevemos um efeito negativo nas receitas líquidas de juros dos bancos, nem novas reclassificações nos NPL/empréstimos da fase 3“, refere a DBRS, sublinhando ainda que as medidas apoiarão os mutuários a curto e médio prazo.

Todavia, isso não significa que esta medida desenhada pelo Governo para apoiar as famílias com crédito à habitação não coloque alguns desafios às instituições financeiras. “Esperamos alguns desafios operacionais, uma vez que os bancos terão de cumprir determinados requisitos de divulgação e gerir os pedidos de futuros clientes“, referem os analistas. “Nesta fase, não é certo o número de pedidos que serão recebidos, mas, em geral, esperamos que os bancos estejam preparados, dada a experiência acumulada com as medidas de moratória durante a Covid-19.”

Além disso, apesar de considerar que a moratória beneficia as famílias no curto e médio prazo, a DBRS refere que a medida já irá provocar mudanças estruturais no seio da crise da habitação que se sente há vários meses, e que “é provável que se mantenham os desafios para as famílias e para os bancos, em especial num cenário de taxas de juro e de inflação mais elevadas a longo prazo”, lê-se no relatório.

Os analistas lembram que cerca de 87% dos contratos de crédito à habitação são ainda indexados a uma taxa variável, e por isso sujeitos às oscilações das taxas de juro, e que, “em junho, o total de empréstimos às famílias ascendia a cerca de 128 mil milhões de euros, o que corresponde a 4,4 vezes o capital CET 1 do sistema bancário nacional.”

Assim, num ambiente de contínua subida das taxas de juro ou de manutenção dessas taxas em níveis elevados, a pressão sobre o orçamento das famílias e sobre o balanço dos bancos pode agravar-se no futuro.

Porém, a DBRS sublinha que o setor bancário beneficiou durante largos anos do aumento das taxas de juro, uma vez que os empréstimos foram reavaliados a um ritmo mais rápido do que os passivos e que, “de um modo geral, o sistema está numa posição muito mais forte para resistir a um potencial abrandamento económico, graças aos progressos significativos alcançados com a sua redução de riscos”

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