5 gráficos que mostram a diferença nas condições de vida em Portugal e na UE
Desde a população em risco de pobreza à esperança média de vida à nascença, o cenário varia entre os vários países da União Europeia (UE). Portugal está acima da média em alguns indicadores.
Quantas famílias estão a passar dificuldades? E onde se vive mais tempo? Apesar dos progressos dos últimos anos, as condições de vida das famílias variam entre os países europeus — e prevalecem as desigualdades, mostra a mais recente edição do Eurostat sobre as condições de vida na Europa. O ECO selecionou cinco gráficos que ajudam a compreender como Portugal se posiciona face aos restantes Estados-membros.
Começando pela caracterização das famílias, é possível perceber que Portugal destoa pouco. A situação menos habitual, tal como em todos os Estados-membros, é pais ou mães solteiros, ou seja, um agregado composto por um adulto com crianças. Seguem-se os casais com crianças, que representam cerca de 15% dos agregados familiares de Portugal, o que está em linha com a média europeia.
Percentagem de agregados por composição do agregado:
Mas é na restante distribuição que começam a surgir diferenças. Em Portugal, o terceiro tipo mais comum de agregados é composto por adultos solteiros sem crianças, enquanto, na maioria dos países, este representa a maior parte das situações.
Na UE, mais de um terço das casas são habitadas por adultos sem crianças, percentagem que cai para pouco mais de 20% nas casas portuguesas. Por cá, seguem-se de perto os casais sem crianças, sendo que o mais comum é mesmo outro tipo de agregado, que não está contemplado neste conjunto — por exemplo, jovens adultos a viver com os pais.
Já no que diz respeito às condições financeiras das famílias, Portugal encontra-se acima da média da UE no que diz respeito à percentagem de famílias com pelo menos alguma dificuldade em pagar as contas (“make ends meet“, na formulação em inglês). Há mais famílias com dificuldades do que em países próximos, como Espanha, França e Alemanha. Mas Portugal acaba por ficar abaixo de Estados como Itália, Grécia e os países de Leste.
Percentagem de agregados com alguma dificuldade em pagar contas:
É de salientar que estes valores se agravaram entre 2021 e 2022, numa altura marcada pelo aumento do custo de vida, devido, por um lado, à inflação ainda elevada, e, por outro, à subida dos juros, que penaliza principalmente as famílias com crédito à habitação.
Quanto ao risco de pobreza ou exclusão social, Portugal está abaixo da média europeia, com cerca de 20,1% da população nesta situação, o que compara com 21,6% na UE.
O Eurostat divulga também dados do risco de pobreza consoante a cidadania, que mostram que o cenário varia. Segundo o gabinete de estatísticas europeu, os cidadãos de fora da UE a viver em Portugal têm uma percentagem mais elevada de risco de pobreza, em linha com os restantes Estados-membros. Em contrapartida, os cidadãos da UE a viverem em Portugal têm uma maior proporção de pessoas em risco de pobreza do que os de nacionalidade portuguesa. Isto só acontece em seis países.
Percentagem de cidadãos maiores de idade em risco de pobreza ou exclusão social, por cidadania:
Entre os Estados-membros da UE, a Polónia foi o único país onde a percentagem de adultos em risco de pobreza ou exclusão social é mais elevada para os cidadãos nacionais do que para os cidadãos de países terceiros.
Passando à saúde, os portugueses estão no meio da tabela no que diz respeito aos gastos das famílias. A média comunitária foi de 760 euros por habitante em 2021, enquanto em Portugal foi de 820 euros. São valores mais baixos do que em países como Alemanha, Noruega, Finlândia e Áustria, onde superou os 850 euros.
Despesa dos agregados em saúde:
Este valor “variou muito entre os Estados-membros da UE, desde menos de 400 euros por habitante na Chéquia [República Checa], Eslováquia, Hungria e Chipre para 1.200 euros por habitante no Luxemburgo e 1.340 euros por habitante na Bélgica”, salienta o Eurostat.
Enquanto isso, apesar de ter alguns indicadores menos positivos, Portugal encontra-se acima da média no que diz respeito à esperança de vida à nascença. A média nos países da UE é de 80,1 anos, segundo dados de 2021, enquanto em Portugal é de 81,5 anos. Já no que diz respeito à diferença entre homens e mulheres, encontra-se em linha com os restantes: 78,5 anos para os homens e 84,4 anos para as mulheres.
Esperança de vida à nascença, por sexo:
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