Infarmed revoga autorização a colombianos para produzir canábis em Portugal
Revogada autorização à Clever Leaves para o cultivo, fabrico, importação e exportação de canábis para fins medicinais. Multinacional encerrou todas as operações em Portugal.
O Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde revogou as autorizações que tinham sido concedidas à Clever Leaves Portugal para o cultivo, fabrico, importação e exportação a partir da planta canábis para fins medicinais”. O aviso, assinado pela diretora de Inspeção e Licenciamentos, Fernanda Ralha, foi publicado em Diário da República esta quinta-feira.
Depois de ter entrado em 2019 em Portugal, onde instalou o primeiro centro de produção de canábis medicinal na Europa, a colombiana Clever Leaves anunciou no início deste ano o encerramento de todas as operações em Portugal, como parte de um plano de restruturação, e o despedimento dos 63 trabalhadores.
A decisão surgiu cerca de um ano depois de ter enviado a primeira remessa de flor seca para os Estados Unidos. Em janeiro, a empresa referiu que estava a “reduzir a produção agrícola em Portugal” e que, a partir do segundo trimestre, cultivaria “exclusivamente as suas variedades de flores nas estufas colombianas”, cessando o cultivo, os processos pós-colheita e o fabrico no país.
A Clever Leaves detinha uma propriedade com 84 hectares em São Teotónio (Odemira), com 10 mil metros quadrados de cultivo em estufa. Além disso, em 2021 tinha aberto uma unidade de transformação no BlueBiz – Parque Empresarial da Península de Setúbal. Com o encerramento em Portugal, estimou um corte de custos na ordem dos sete milhões de euros em 2023.
Citado em comunicado, Andres Fajardo, CEO da Clever Leaves, disse na altura que, embora a decisão de deixar Portugal tenha sido “extremamente difícil”, era para “o melhor interesse da empresa”. Frisando que “os baixos custos de mão-de-obra” e o “clima agrícola ideal” na Colômbia eram uma “vantagem competitiva extremamente importante” para a multinacional.
A saída da operação de Portugal custou à empresa entre 19 e 21 milhões de dólares, calculou o grupo colombiano. A despesa incluiu o pagamento de indemnizações e remunerações a funcionários, gastos com a retirada e abandono de equipamento e com a saída das propriedades antes do tempo previsto, e ainda com inventários que não seriam vendidos.
Segundo dados do Infarmed, até ao final do primeiro semestre deste ano estavam emitidas 76 autorizações finais para quatro tipos de negócio de canábis: cultivo, importação/exportação, fabrico e distribuição por grosso. Em 2022, as exportações portuguesas aumentaram 63% em termos homólogos, para um total de cerca de dez toneladas. Alemanha, Polónia e Austrália foram os maiores compradores, destronando Israel, que liderava no ano anterior.
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