Fábrica de pneus de Famalicão escapa a plano de despedimentos na Continental

Grupo alemão assegura ao ECO que programa para reduzir custos em 400 milhões de euros não abrange o negócio dos pneus. Continental Mabor é a quarta maior exportadora nacional e emprega 2.600 pessoas.

O anúncio feito pela Continental de que vai cortar milhares de empregos a nível mundial para reduzir gastos anuais no valor de 400 milhões de euros deixou em sobressalto os trabalhadores do grupo alemão em Portugal, onde tem como principal ativo uma fábrica de pneus em Vila Nova de Famalicão, que é a quarta maior exportadora nacional e onde trabalham cerca de 2.600 pessoas.

No entanto, fonte oficial da multinacional germânica assegura ao ECO que este plano não terá implicações em Portugal, ficando circunscrito à divisão Automotive. “Os anúncios recentes não estão relacionados com o negócio de pneus da Continental ou com a unidade ContiTech [comercialização de produtos como correias, componentes e ferramentas industriais]”, esclarece o grupo.

A Continental Mabor, considerada a primeira fábrica de pneus em Portugal e que nos anos 1980 foi detida pelo grupo Amorim, passou em 1993 a ser controlada a 100% pela multinacional alemã. Sediada na freguesia de Lousado, é a principal empresa do grupo em Portugal, tendo no último exercício contribuído com quase 1,3 mil milhões de euros (crescimento a rondar 20% em termos homólogos) para o volume global de faturação no país, que totalizou 1,6 mil milhões de euros.

Emprega ainda perto de mil pessoas noutras atividades em Portugal. Entre elas, um centro de desenvolvimento de tecnologias no Porto (CES – Continental Engineering Services), que presta também serviços transversais ao grupo em áreas como consultoria financeira, auditoria interna ou recursos humanos, num total de cerca de 400 funcionários. Já este ano, abriu um centro de soluções no Minho, com especialistas de tecnologias de informação, inteligência artificial e análise aplicada, comércio eletrónico e engenharia industrial.

Pedro Carreira, presidente da Continental Mabor PortugalRicardo Castelo/ECO

Como o ECO adiantou em setembro, a principal fábrica da Continental em Portugal recebeu “luz verde” da casa-mãe para a construção de um novo armazém industrial, com uma área superior a 4.000 metros quadrados e 26 metros de altura, que vai permitir o carregamento automático dos pneus em verde dentro das prensas de vulcanização. O CEO da Continental Mabor, Pedro Carreira, adiantou ao ECO que esta “obra gigante”, avaliada em cerca de 60 milhões de euros, vai começar a funcionar em meados do próximo ano.

Despedimentos “na casa dos quatro dígitos”

Na comunicação feita esta semana a nível global, em que prometeu “a maior responsabilidade social possível”, a fabricante de equipamento automóvel sediada em Hanôver salientou que “o número exato de empregos afetados em todo o mundo não está decidido, mas estará na casa dos quatro dígitos”. A estratégia completa apenas será divulgada a 4 de dezembro.

Antes do comunicado oficial, durante o fim de semana, a revista Manager Magazin tinha noticiado que o corte afetará cerca de 5.500 empregos, incluindo 1.000 na Alemanha, citando fontes da empresa. Um número que, a confirmar-se, representaria perto de 3% do conjunto dos 200 mil trabalhadores que a gigante alemã tem a nível global. A Continental indicou que a eliminação de emprego deve abranger sobretudo funções administrativas.

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