Política económica deve ser dirigida à “economia real e não reduzida à esfera financeira”, diz ex-ministro Augusto Mateus
Ex-ministro da Economia defende que a política económica deve estar focada na economia real e que os fundos europeus devem ser aplicados consoante os objetivos e não "esbanjados".
O ex-ministro da Economia Augusto Mateus defende a necessidade de uma nova política económica, que deve ser dirigida à “economia real e não reduzida à esfera financeira”, na apresentação de um estudo que realizou a pedido da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). O economista considera também que “é fundamental uma política de competitividade em Portugal”.
No estudo “O Contributo do Comércio e Serviços para a Competitividade e a Internacionalização da Economia Portuguesa”, Augusto Mateus faz um conjunto de recomendações para tornar a economia portuguesa mais competitiva, corrigindo “défices”.
Uma das questões que destaca é o foco que deve ser apontado à economia real, salientando que “há demasiada setorização” e uma “visão restritiva com que muitos Governos abordam a dinamização das empresas e a estrutura dos fundos europeus”.
No que diz respeito aos fundos da União Europeia, considera que existe uma “corrida aos fundos estruturais”, mas a sociedade portuguesa “ainda é muito corporativa”. “Há sempre uma razão para pedir dinheiro”, critica, apelando à análise crítica de como aplicar os fundos, nomeadamente, tendo em conta a necessidade de investimento. “Temos gerido fundos estruturais para a despesa pública”, acrescenta.
Assim, reitera que “um país para ter futuro usa os fundos estruturais europeus em função das suas políticas”, mas o que se tem verificado em Portugal é que “tem havido um primado de decisões muito motivadas por haver dinheiro e ser preciso gastá-lo”, entende. “Se gasta dinheiro naquilo que não faz sentido, esbanjou”, atira.
O ex-ministro defende também a necessidade de focar no valor acrescentado, já que “exportámos mais importações” — ou seja, grande parte do que Portugal exporta é composto pela montagem de componentes importados e pouco valor acrescentado. Apesar de as exportações terem vindo a crescer e atingirem 50% do PIB, um dado que tem sido aproveitado politicamente, como detalha, quando se olha para os números em termos de valor acrescentado, este cai para cerca de 29,9%.
Neste sentido, Augusto Mateus aponta a importância de se ter uma “política de competitividade em Portugal”, nomeadamente, para “dinamizar a acumulação de capital nas empresas para investir”.
Na apresentação estava também presente o presidente da CCP, João Vieira Lopes, que salientou que quando foi decidido avançar com o trabalho, não estavam previstas eleições, mas será apresentado ao Presidente da República e ao Governo, bem como aos partidos e candidatos, enquanto “visão da economia que tem de ser repensada para não continuarmos a andar para a cauda da Europa”.
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