Primeira-ministra francesa diz-se aberta ao diálogo com sindicatos e patrões

  • Lusa
  • 14 Maio 2023

"Estou a ouvir", afirma Borne em entrevista publicada este domingo no Le Journal Du Dimanche, na qual assegura que "jamais foi cortada a comunicação" com os dirigentes sindicais.

A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, assegura que está aberta ao reinício do diálogo social, esta semana, com as organizações sindicais e patronais, após meses de desencontro sobre a reforma das pensões.

“Estou a ouvir”, afirma Borne em entrevista publicada este domingo no Le Journal Du Dimanche, na qual assegura que “jamais foi cortada a comunicação” com os dirigentes sindicais.

Borne vai reunir-se separadamente, na terça-feira e na quarta-feira, com os responsáveis dos principais sindicatos e das organizações empresariais, numa tentativa de retomar o diálogo social, após vários meses de interrupção pela polémica aprovação da reforma das pensões.

Apesar de os sindicatos recusarem reunir-se com o Governo sem tratar das pensões, finalmente acederam a tratar de outras questões que consideram muito urgentes, como a valorização dos salários, perante a persistência do aumento da inflação, ou a segurança no trabalho.

No dia 8 de junho, a Assembleia Nacional debaterá uma proposta de lei do grupo de centro direita regionalista LIOT, para anular o recuo na idade da reforma. Borne considera “irresponsável” fazer a população acreditar que esta proposta pode prosperar. Acrescentou que os promotores da medida estão a dizer aos franceses que não devem preocupar-se com o equilíbrio financeiro do sistema de pensões e defendeu que o atual desequilíbrio pode agravar-se. “Mentir aos franceses é algo grave”, afirma.

O reinício do diálogo social ocorrerá, apesar se manterem propostas contra a reforma das pensões e em 06 de junho, dois dias antes do debate na Assembleia Nacional, os sindicatos organizam outra jornada nacional de mobilização.

A primeira-ministra, a segunda mulher a exercer o cargo na história de França, que na terça-feira cumprirá um ano de mandato, considera que 27 leis aprovadas num parlamento no qual o macronismo não tem maioria absoluta é “um balanço sólido e coerente com os compromissos do Presidente”, Emmanuel Macron.

Após a reunião mal sucedida que Borne manteve com os sindicatos em 05 de abril, pouco antes da promulgação da lei das aposentações que aumenta a idade de reforma de 62 para os 64 anos, a primeira-ministra volta a convocá-los ao Palácio Matignon.

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Mais de 600 mil jovens inscritos nas Jornadas Mundiais da Juventude

  • Lusa
  • 14 Maio 2023

Num curto discurso, antes da visita às instalações, o bispo auxiliar de Lisboa adiantou que nesse lote de inscritos está representado "a quase totalidade dos países do mundo".

Mais de 600.000 peregrinos inscreveram-se até este domingo na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realiza entre 1 e 06 de agosto em Lisboa, revelou o presidente da Fundação JMJ.

“Na primeira fase já são mais de 600 mil jovens que manifestaram interesse em participar nessa jornada. Dessa primeira fase para as outras há um caminho, mas é um número muito significativo comparando com outras jornadas”, disse Américo Aguiar, durante uma visita à sede da Fundação JMJ, em Lisboa, do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e do primeiro-ministro português, António Costa.

Num curto discurso, antes da visita às instalações, o bispo auxiliar de Lisboa adiantou que nesse lote de inscritos está representado “a quase totalidade dos países do mundo”.

A 80 dias do início do encontro mundial, que vai contar com a presença do Papa Francisco, Américo Aguiar pediu confiança na organização e assegurou que tudo está a ser feito “dentro dos calendários”.

O presidente da Fundação JMJ disse ainda que não se pode “perder muito tempo”, tendo em conta que falta cerca de dois meses e meio, sentindo um “misto entre alegria e aflição”.

A acompanhar António Costa estiveram os ministros da Saúde, Manuel Pizarro, da Administração Interna, José Luís Carneiro, e a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, que é a responsável do Governo pela organização do encontro mundial.

Na visita marcaram também presença o coordenador da JMJ nomeado pelo Governo, José Sá Fernandes, e o Cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente.

Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 1 e 06 de agosto, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.

O Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se na JMJLisboa2023, no dia 23 de outubro de 2022, no Vaticano, após a celebração do Angelus. Este gesto marcou a abertura mundial das inscrições para o encontro mundial de jovens com o Papa.

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Portugal recicla apenas 13% das embalagens que coloca no mercado

Em Portugal, as metas para a reciclagem em 2030 dificilmente serão atingidas. As falhas na UE para obter uma economia circular, a produção e o consumo estão a criar uma crise de resíduos de plástico.

Portugal recicla apenas 13% das embalagens que coloca no mercado, avança o jornal Público. A Agência Portuguesa do Ambiente e as associações de produtores de embalagens, que são responsáveis pelo sistema de recolha seletiva, garantem que estamos a recuperar 42% do lixo que produzimos, mas o Ministério do Ambiente de Duarte Cordeiro mandou fazer novos cálculos por duvidar das virtudes da auto-regulação do mercado.

Conclusão do Governo: o país apenas tem 13% dos seus resíduos reciclados. Em março, o Governo aprovou o Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2030 (PERSU). A tabela 6 desse mesmo plano mostra que a “preparação para reutilização e reciclagem” em 2019, em vez de um resultado, passou a mostrar dois, que comparam com o objetivo desejado para 2030, que é o de alcançar 60% de reciclagem — uma meta que, alerta o ministro, “dificilmente atingiremos”.

Ao incluir na tabela 6 uma coluna onde os resultados são de apenas 13% de reciclagem de resíduos, o ministro quis usar “métricas mais exigentes” do que as que a APA geralmente publicita. “O ministério inscreveu no PERSU uma métrica, a mais exigente, que nos diz que o país apenas tem 13% dos seus resíduos reciclados, o que significa que reconhece o atraso existente neste domínio”, sublinha Duarte Cordeiro. “O atraso é evidente e não orgulha o país.” Esta discrepância de valores (42% contra 13%), resultado da aplicação da tal “métrica mais exigente”, demonstra que a indústria produtora de embalagens está a declarar uma pequena parte do lixo realmente existente.

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Mais de 60 milhões escolhem este domingo Presidente e parlamento da Turquia

  • Lusa
  • 14 Maio 2023

Com a maioria das sondagens a anteciparem a derrota de Erdogan nas presidenciais, o ato eleitoral na Turquia constitui também uma prova da capacidade de sobrevivência política do atual presidente.

Cerca de 61 milhões de eleitores vão este domingo às urnas na Turquia para eleger um Presidente e um parlamento, num sufrágio em que se joga a sobrevivência política do atual chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan.

Com a maioria das sondagens a anteciparem a derrota de Erdogan nas eleições presidenciais, o ato eleitoral na Turquia constitui também uma prova da capacidade de sobrevivência política do atual chefe de Estado de 69 anos.

O fundador do AKP, uma formação conservadora e islamista, enfrenta o líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata e nacionalista), Kemal Kiliçdaroglu, 74 anos, apoiado por uma coligação heterogénea de seis partidos e por uma formação de esquerda defensora dos direitos da minoria curda, que poderá ter a sua última oportunidade de terminar nas urnas com o crescente autoritarismo de Erdogan.

Em declarações aos jornalistas, depois de votar, Kiliçdaroglu, que é o principal adversário do atual presidente Erdogan, destacou que “a primavera vai regressar” ao país.

“Todos sentimos falta da democracia. Sentimos falta de estarmos juntos, de nos abraçarmos uns aos outros. Vão ver, a Primavera vai regressar a este país, se Deus quiser, e vai durar para sempre”, afirmou.

O presidente turco cessante Recep Tayyip Erdogan desejou “um futuro proveitoso” ao país e à democracia, depois de ter votado em Istambul.

“É importante que todos os eleitores votem sem preocupações até às 17:00 (14:00 em Lisboa) para mostrar a força da democracia turca”, afirmou Erdogan, sem comentar se previa uma vitória.

A três dias do escrutínio, as sondagens davam ao candidato da Aliança da Nação, liderada pelo CHP e que agrega mais cinco partidos, de centristas a nacionalistas de direita e uma formação islamista, 49,3% dos votos, caso a opção dos indecisos (7%) fosse distribuída proporcionalmente pelos dois candidatos. O Presidente Erdogan apenas receberia 43,7% dos votos.

Para as eleições legislativas, o cenário altera-se, com a Aliança Popular de Erdogan – liderada pelo AKP e que repete a coligação com o Partido de Ação Nacionalista (MHP, extrema-direita) de Devlet Bahçeli e duas outras pequenas formações ultranacionalistas – em vantagem, com cerca de 44%, dos votos expressos contra 39,9% para a Aliança da Nação.

Neste caso, será decisiva a votação na Aliança Trabalho e Liberdade, liderada pelo Partido da Esquerda Verde, defensor dos direitos da população curda e creditado nas sondagens com 10,5% dos votos e que poderá retirar ao AKP e aliados a sua sólida maioria absoluta.

Numa sociedade fragmentada, Kiliçdaroglu prometeu devolver ao país o sistema parlamentar interrompido em 2017 e uma restauração dos direitos e liberdades, muito deterioradas devido ao crescente autoritarismo presidencial.

O combate ao elevado desemprego e à corrupção, o regresso a uma justiça independente, em que os veredictos sejam baseados na lei e não em decisões políticas, e a liberdade dos ‘media’, num país com quase 50 jornalistas na prisão, foram outras prioridades enunciadas pelo candidato da Aliança da Nação.

Kiliçdaroglu também prometeu restaurar a confiança no meio empresarial e na população, relações externas baseadas nos interesses da política nacional, melhoria das relações com a União Europeia e manter as relações cordiais com a Rússia, aliado político e importante parceiro comercial.

A estratégia de campanha de Erdogan, numa permanente associação entre nacionalismo e religião, foi centrada em propagar a ideia de uma Turquia moderna, que inaugurou a sua primeira central nuclear em cooperação com a Rússia, e poderosa, com um desenvolvimento exponencial da indústria do armamento.

O Presidente turco acusou também o bloco opositor de serem “infiéis”, de colaborarem com a guerrilha curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), ilegalizado e considerado “organização terrorista” por Ancara e países ocidentais, de pretenderem fragmentar o país e de colocarem a Turquia sob a alçada de “potências imperialistas”.

O ato eleitoral turco traduzir-se-á numa escolha de modelo de sociedade entre um líder poderoso e um opositor que propõe o consenso e a negociação.

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Governo admite derrapagem de 500 milhões de euros nas obras do Metro de Lisboa e Porto

  • Lusa
  • 14 Maio 2023

Jorge Delgado admite que as obras de expansão do metro de Lisboa poderão ter uma derrapagem superior a 500 milhões de euros.

O secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, admite que as obras de expansão do metro de Lisboa e Porto poderão ter uma derrapagem superior a 500 milhões de euros, mas assegura que os custos adicionais “vão ser cobertos”.

“Neste conjunto de mil e 700 milhões de euros, nós estamos a falar de um número final que se aproximará dos 500, 600 milhões de euros de custos adicionais”, refere Jorge Delgado em entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios.

A derrapagem, salienta o governante, deve-se a dois fatores que estão “muito bem identificados”: “custos associados ao arranque da obra, ainda antes do arranque da obra quando se tem de introduzir medidas mitigadoras, e custos de revisão de preços que resultam desta inflação excecional”.

Questionado se esse valor pode ainda aumentar, o secretário de Estado admite que sim, lembrando que, por norma, o valor final de qualquer obra pública costuma ser superior ao inicialmente previsto.

“Pode, pode aumentar naturalmente, como toda a obra pública que é feita que tem uma forma de revisão de preço, o valor final é sempre por norma ligeiramente superior”, admite.

No final de fevereiro, em declarações aos jornalistas durante uma visita às obras do túnel que ligará as futuras estações da Estrela e de Santos do Metropolitano de Lisboa, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, disse que o alargamento da rede em 18 quilómetros, entre a extensão da linha Amarela, a extensão da linha Vermelha e a nova linha Violeta, que vai ligar Loures e Odivelas, representará um investimento de mais de mil milhões de euros.

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Operadoras (e Governo) querem nova presidente mais dialogante na Anacom: “Precisamos de menos ego e mais lego”

No congresso das comunicações, os CEO da Meo, Nos e Vodafone pediram à tutela que a nova liderança da Anacom seja mais aberta ao diálogo. Galamba ouviu. E prepara-se para entregar.

A Anacom pode estar em vias de sofrer uma profunda transformação, com a alteração dos principais rostos na administração e uma rutura completa na forma de atuar ao longo dos últimos seis anos. Com os mandatos do presidente e do vice-presidente quase a chegarem ao fim, as operadoras apelam a uma nova liderança mais aberta ao diálogo. E, assumindo que o ministro da tutela resiste em funções, será isso mesmo que João Galamba se prepara para entregar.

O magno congresso do setor das comunicações decorreu esta semana em Lisboa e voltou a contar com o debate anual dos CEO da Altice, Nos e Vodafone. Questionados sobre o que esperam da próxima presidente da Anacom, que terá de ser uma mulher devido à regra da alternância de género, os gestores convergiram, como esperado, no apelo a uma regulação mais alinhada com os interesses das empresas, incluindo a sustentabilidade. Mas não só. “Acho que precisamos de menos ego e mais lego na regulação”, atirou Ana Figueiredo, a líder do grupo que controla a Meo.

Por sua vez, Miguel Almeida e Luís Lopes, respetivamente líderes da Nos e da Vodafone, pediram uma Anacom mais dialogante com as empresas do setor. Uma ideia que acabaria por ser secundada pelo ministro das Infraestruturas numa intervenção pouco depois.

Questionado sobre que perfil deve ter a futura presidente da Anacom, Miguel Almeida falou em alguém que “convide ao diálogo, porque, historicamente, esse diálogo produziu resultados”. “Há pouco, o Luís [Lopes] referiu que os custos de desenvolver fibra em Portugal comparativamente com outros países europeus eram mais baixos. E parte da razão por trás disso tem a ver com a regulação que foi feita a seu tempo e com base nesse diálogo”, afirmou o gestor.

Depois, acrescentou que “isso perdeu-se nos últimos seis anos” sob a liderança de João Cadete de Matos, cuja atuação mereceu críticas das empresas reguladas praticamente desde a primeira hora (o presidente da Anacom, em contrapartida, argumenta estar a defender os interesses dos consumidores, em detrimento dos interesses económicos das empresas).

“Portanto, aquilo que esperamos é que, num próximo mandato, exista esse diálogo e que exista essencialmente por parte da administração uma consciência daquilo que é a missão da Anacom. E uma das missões da Anacom, quiçá a mais importante, é assegurar um desenvolvimento sustentável, concorrencial, do setor das telecomunicações. Esta componente da missão foi completamente ignorada nos últimos seis anos e, portanto, aquilo que nós gostaríamos muito de ver era alguém que tivesse consciência daquela que é a missão da Anacom”, disse Miguel Almeida.

32º Digital Business Congress APDC - 10MAI23
Da esquerda para a direita: Ana Figueiredo (Altice), Luís Lopes (Vodafone) e Miguel Almeida (Nos)Hugo Amaral/ECO

Para Luís Lopes, “mais do que a pessoa”, importa a “visão” que tem para o setor. “Ou seja, é uma visão que tem que ter por base não apenas um pilar e uma certa obsessão por um dos pilares, mas os três pilares [que] constituem o fundamento da Anacom, que é a sustentabilidade do setor, obviamente ter em conta o consumidor e o papel de defesa do consumidor. Mas há os outros pilares também são importantes”, apontou o novo CEO da Vodafone.

O gestor, que regressou a Portugal vindo da Vodafone na Alemanha, e que tinha afirmado no início do debate que o setor português das telecomunicações “está doente” (por causa do que diz serem os fracos retornos dos investimentos), considerou, então, que a Anacom do futuro deve promover um “equilíbrio” das várias forças para que o setor possa “ficar mais saudável”. “O nosso apelo é que a visão e a política que venha a ser adotada para o setor vá nesse sentido, obviamente, tendo por base um maior diálogo”, insistiu.

Se não houver alterações no Governo até lá, o ministro João Galamba vai ter a responsabilidade de escolher a próxima presidente da Anacom quando o mandato de Cadete de Matos terminar em meados de agosto. O governante estava na plateia e ouviu as palavras dos presidentes das operadoras. Subindo ao púlpito, depois de ter entrado de rompante no auditório enquanto fugia dos jornalistas, e levando um discurso escrito, Galamba começou por dizer que não iria criticar a Anacom. Mas terminou alinhado com as operadoras.

Galamba ou Cadete: quem é o ministro?

O discurso de João Galamba esta quarta-feira teve uma relevância acrescida, porque foi a primeira intervenção pública do ministro desde que pediu a demissão. Um pedido que foi recusado pelo primeiro-ministro, António Costa, abrindo um conflito institucional entre o Governo e o Presidente da República.

No palco do congresso anual da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), Galamba apontou a mira e atirou mesmo ao regulador das comunicações, aprofundando uma posição que já tinha assumido noutra ocasião na Assembleia da República: a Anacom está a ir além da sua função.

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João Galamba (o terceiro a contar da esquerda) ouviu os apelos dos CEO das operadoras a partir da plateiaHugo Amaral/ECO

“É necessário também um diálogo aberto entre regulador e regulados, e entre estes e o Governo. E é necessário uma separação adequada entre as políticas públicas, que devem ser promovidas e perseguidas pelo Governo, e as medidas regulatórias – enfatizo, regulatórias, e só regulatórias – que devem caber à Anacom”, disse João Galamba. “A Anacom não deve ter atividades administrativas. Deve-se cingir às atividades regulatórias, é para isso que os reguladores existem e é esta a condição para a sua independência técnica e funcional. E quando não temos essa realidade, as coisas tornam-se menos transparentes, obviamente, e com problemas para todos: para o setor, obviamente para o Governo, mas também, e é preciso dizê-lo, para o regulador”, rematou.

“A regulação independente é essencial, mas deve ser regulação e não formulação de políticas públicas. A gestão e o exercício de competências administrativas devem ser exercidas pelo Estado e pelos serviços funcionalmente dependentes do Estado”, acrescentou também.

As palavras que se seguiram terão tranquilizado as operadoras: a Anacom tem de ser “fonte de estabilidade” e não provocar problemas ao setor, ao Governo e a ela mesma, disse. “Para o futuro, espero um setor onde haja lugar à crítica e ao diálogo construtivos, ao respeito institucional e à procura equilibrada de soluções para o desenvolvimento do setor e para a defesa dos consumidores, procurando sinergias e melhorando processos produtivos. É nestas linhas que devemos desenhar e executar a política de comunicações que o país necessita, com envolvimento de operadores e autarquias e o papel importante do regulador como fonte de estabilidade no setor”, concluiu, arrancando sonoros aplausos da plateia.

À semelhança de anos anteriores, Cadete de Matos e a Anacom não se fizeram representar no congresso da APDC. Mas, no dia anterior, o presidente do regulador pôde intervir numa outra conferência, o 1.º Encontro das Entidades Reguladoras Portuguesas, iniciativa da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). Na ocasião, Cadete de Matos insistiu numa ideia que já tinha avançado há alguns anos: a nomeação de administradores dos reguladores devia acontecer por concurso público internacional. E os quadros deviam poder candidatar-se.

Mas, para isso acontecer, é preciso o Governo também o querer, o que não parece ser o caso. Além disso, em fevereiro, o presidente da Anacom enviou ao Governo uma “proposta de alteração legislativa” para reduzir para seis meses o prazo máximo de fidelização nas telecomunicações, uma proposta que surgiu menos de um ano depois de a Lei das Comunicações Eletrónicas ter sido alterada pelos deputados. Galamba acabou por a meter na gaveta.

Por agora, Cadete de Matos ainda tem várias semanas de mandato para cumprir. Mas, no setor, onde há quem questione se o ministro da tutela é Galamba ou Cadete, a pergunta do milhão de dólares é esta: afinal, quem vai ser a escolhida para ocupar a liderança da Anacom?

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Já há três governos dependentes da extrema-direita na UE. O que esperar das Europeias em 2024?

  • Joana Abrantes Gomes
  • 13 Maio 2023

No poder ou através de apoio parlamentar, a extrema-direita já segura os governos de Itália, Suécia e, em princípio, Finlândia. Europeias podem ver crescimento destes partidos como voto de protesto.

Falta cerca de um ano para as próximas eleições europeias e, até lá, há vários países da União Europeia (UE) que vão às urnas para elegerem novos governos. Entre os 27 Estados-membros, a extrema-direita chegou ao poder pelo menos em Itália – e, ao que tudo indica, o mesmo acontecerá na Finlândia – enquanto o Governo sueco conta com o seu apoio parlamentar, para além dos polémicos governos da Polónia e da Hungria. Pode este aparente crescimento da extrema-direita verificar-se nas eleições de 2024 para o Parlamento Europeu?

“É difícil dizer”, responde ao ECO o especialista em questões europeias Paulo Sande, que reconhece que, nos últimos anos, se tem assistido a subidas e descidas dos partidos de extrema-direita. Porém, “a ideia de que essa subida é constante também não é verdade”, ressalva, assumindo que não parece que se esteja a caminhar “no sentido de uma crescente e irreversível tendência para que os partidos de extrema-direita assumam o poder e que tenham no Parlamento Europeu, a partir do próximo ano, um peso que não têm ainda agora“.

Apesar da dificuldade em definir o que são partidos de extrema-direita, existem dois grupos políticos no Parlamento Europeu que são de extrema-direita ou, pelo menos, integram eurodeputados de partidos de extrema-direita: a Aliança dos Reformistas e Conservadores Europeus (ECR, na sigla em inglês) e o Identidade e Democracia (ID). Ambos somam, atualmente, 128 eurodeputados.

A título de exemplo, o Irmãos de Itália, partido da primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, o Partido dos Democratas Suecos, que apoia a coligação governamental na Suécia, ou o Lei e Justiça, que governa na Polónia, fazem parte do ECR; do lado do ID, encontram-se o Partido dos Finlandeses, atualmente em negociações para o Executivo da Finlândia, e a Liga, de Matteo Salvini, que faz parte do Governo italiano.

O ECR, neste momento, integra um conjunto de partidos que procuraram, sendo partidos de extrema-direita – como por exemplo é o caso dos polacos, do Lei e Justiça (PiS) –, criar uma imagem de “credibilidade”, no sentido de dizer “nós não somos bem a extrema-direita, há uma extrema-direita mais à direita do que nós”, que é o ID.

Margarida Marques

Eurodeputada (PS)

Em declarações ao ECO, a eurodeputada socialista Margarida Marques distingue ambas as famílias políticas. O ECR tem “forças muito diferentes” e, ao longo da atual legislatura, procurou “criar uma imagem de ‘credibilidade’, no sentido de dizer ‘nós não somos bem a extrema-direita, há uma extrema-direita mais à direita do que nós’, que é o ID”, afirma, considerando que se está a assistir a uma “normalização do ECR” e aqueles que são mesmo a extrema-direita são a ID.

A mesma ideia é reforçada por José Manuel Fernandes, eurodeputado eleito pelo PSD, que vê o ID como “mais extremista” do que o ECR, embora reconheça que o ECR “tem gente moderada, mas também tem gente que não ficava mal no ID”.

Ainda assim, para o eurodeputado social-democrata, os extremos existem quer à direita, quer à esquerda, sendo que muitas vezes se autoalimentam. “Em mais de 90% das votações no Parlamento Europeu, no voto final, votam no mesmo sentido e votam contra”, especialmente em questões de fundos e programas europeus, assinala.

José Manuel Fernandes também vê uma normalização da extrema-direita, o que acontece quando partidos moderados tentam ocupar o seu espaço e fazer acordos, mas também quando “a extrema-esquerda chama à extrema-direita aquilo que não é extrema-direita”.

O voto de protesto nas eleições europeias

As últimas eleições europeias, em 2019, tiveram a maior taxa de participação (50,6%) desde as eleições de 1994. Apesar do aumento da taxa de participação, subsistem grandes diferenças entre os Estados-membros, com taxas que variaram entre 88% na Bélgica e 23% na Eslováquia. Portugal teve uma taxa de abstenção recorde de 68,6%.

Ao ECO, o cientista político Vicente Valentim explica que as eleições europeias são, tal como as autárquicas, aquilo que se chama de eleições de segunda ordem. “Pelo menos na perceção dos cidadãos está um bocadinho menos em causa o governo nacional, que é o que as pessoas percecionam que tem mais influência sobre a vida delas“, explicita.

Por isso, além da menor participação, “há muito mais tendência para haver aquilo que se chama de voto de protesto” em eleições europeias, argumenta o também investigador de pós doutoramento na Universidade de Oxford. “Se as pessoas, por algum motivo, estão descontentes com o Governo, acabam por votar em partidos diferentes porque é uma forma de vocalizarem o seu descontentamento, tendo, pelo menos da sua perceção, menos consequência”, acrescenta, notando que é a direita radical, em particular, que ganha muito este voto de protesto.

É de notar, no entanto, que em Itália o voto de protesto pode voltar-se contra o atual Governo, que é de extrema-direita. E, em Espanha, que nas legislativas de dezembro pode ver o centro-direita formar governo com o Vox, é possível que não dê para haver voto de protesto nas europeias. Neste caso, Vicente Valentim realça duas questões: “Por um lado, o Governo vai ser recente, sendo possível que haja um período de negociações governamentais, e depois os governos têm aquilo que se chama um período de lua de mel; por outro, as pessoas têm sempre mais tendência para votar em partidos pequenos, porque há a ideia do voto útil”.

As eleições europeias são aquilo que se chama eleições de segunda ordem no sentido em que, pelo menos na perceção dos cidadãos, está um bocadinho menos em causa o governo nacional, que é o que as pessoas percecionam que tem mais influência sobre a vida delas. Por isso, em todo este tipo de eleições, quer sejam europeias, quer sejam municipais, há muito mais tendência para haver aquilo que se chama de voto de protesto. Se as pessoas, por algum motivo, estão descontentes com o Governo, acabam por votar em partidos diferentes porque é uma forma de vocalizarem o seu descontentamento, tendo, pelo menos da sua perceção, menos consequência.

Vicente Valentim

Cientista político e investigador na Universidade de Oxford

Olhando para o caso português, o Chega irá concorrer pela primeira vez às europeias e, se se tiver em conta as sondagens, Paulo Sande vê muitas probabilidades de o partido liderado por André Ventura – que em 2020 se juntou ao ID – passe a ter “vários ou dois ou três eurodeputados”. “A minha opinião é que isso vai oscilar de país para país: há países onde a extrema-direita vai crescer mais, outros onde estagna e outros onde desce“, aponta.

Cordão sanitário ou integrar a extrema-direita no poder?

Para as propostas legislativas receberem ‘luz verde’ dos eurodeputados, é frequente existirem acordos entre as diferentes famílias políticas. Mas, na atual legislatura, os grupos políticos fizeram um cordão sanitário ao ID – não ao ECR. Isto é, não deram relatórios nem elegeram qualquer dos seus membros para a presidência ou vice-presidência de uma comissão parlamentar.

No entanto, esta semana, a líder do grupo dos Socialistas e Democratas disse que, embora a colaboração “tradicional” entre o Partido Popular Europeu (PPE), o S&D e o Renew Europe tenha corrido bem nos últimos anos, é pouco provável que continue após as eleições de 2024. Em entrevista ao Euractiv, Iratxe García Pérez culpa os movimentos do PPE, de centro-direita, no sentido de colaborarem com a extrema-direita, o que ultrapassa a “linha vermelha pró-UE” dos socialistas e corre o risco de perturbar o equilíbrio entre os diferentes grupos políticos.

Havendo um grande aumento da extrema-direita e até da direita conservadora em Estrasburgo após as eleições do próximo ano, Paulo Sande antecipa “bastantes problemas” para o bloco comunitário. Ainda que com “linhas vermelhas diferentes que chocam entre si, se houver um entendimento e um crescimento – e provavelmente haverá – poderá haver um grupo fortíssimo no Parlamento Europeu“, nota.

O especialista em assuntos europeus considera “provável” que, nesse caso, se faça novamente um cordão sanitário, visto que “estão em causa valores muito fortes da UE, que, aliás, estão vertidos na Carta dos Direitos Fundamentais e, portanto, colocam-se problemas existenciais à própria União”.

Mas o também professor universitário na Universidade Católica duvida da eficácia dos cordões sanitários. “Há uma expressão muito antiga francesa que diz ‘vi muitas vezes radicais chegarem a ministros, não conheço muitos ministros radicais’; provavelmente, a maneira de responder – não digo a todos – é colocá-los na esfera do poder“, defende.

Não me parece que estejamos a caminhar no sentido de uma crescente e irreversível tendência para que os partidos de extrema-direita assumam o poder e que tenham no Parlamento Europeu, a partir do próximo ano, um peso que não têm ainda agora.vPor outro lado, também é difícil definir o que é que são partidos de extrema-direita, de direita, mais ou menos contrários à democracia – no fundo, que tenham uma atitude que possa por em causa os valores europeus.

Paulo Sande

Especialista em assuntos europeus

Na Finlândia, exemplifica, “inseri-los no Governo talvez seja a melhor maneira de os suavizar, de lhes tirar as veleidades mais extremas”, enquanto “no caso de Itália, em que se dizia que a Meloni poderia ter uma tentação eurocética e mais radical, para já não se está a ver isso – está a ver-se na imigração”.

A melhor maneira não é fazer cordões sanitários, é integrá-los, dar-lhes aquilo que querem até ao ponto em que isso é possível, tentar encontrar equilíbrios entre as várias funções. Se eles se recusarem, então aí sim, terá de haver posições mais fortes, de resistência e de oposição”, conclui Paulo Sande.

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📹 Cuidados a ter com os seguros

  • ECO
  • 13 Maio 2023

Cuidado com as franquias. No seguro automóvel de danos próprios, as peças e o arranjo da parte eletrónica, cada vez mais presente nos veículos atuais, torna astronómico o custo de qualquer reparação.

Há vários cuidados a ter com os seguros. Verifique se não existem duplicações de coberturas de riscos. Por exemplo, seguros de viagem e seguros integrados em cartões de crédito.

Já em multiriscos mantenha atualizado o valor dos bens seguros: valor de reconstrução nos edifícios e de substituição no recheio. Isto porque, em caso de sinistro, a seguradora apenas pagará a proporção do custo. Subscreva a cláusula de Atualização Automática de Capitais.

Veja o vídeo com as várias dicas que o ECO lhe preparou.

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TAP. Lacerda responde a Souto e diz que orientação do Governo foi retirada

  • Lusa
  • 13 Maio 2023

O antigo administrador da TAP Diogo Lacerda Machado relativizou a “orientação despropositada” do secretário de Estado Alberto Souto sobre o “chumbo do orçamento da TAP.

O antigo administrador da TAP Diogo Lacerda Machado relativizou a “orientação despropositada” do secretário de Estado Alberto Souto sobre o “chumbo” a um orçamento da empresa dado que depois foi retirada.

Horas após Alberto Souto ter admitido que deu, a pedido do então ministro das Infraestrutura, Pedro Nuno Santos, uma indicação para que o administrador votasse contra um orçamento da transportadora aérea, Lacerda Machado afirmou que a orientação era “tão despropositada” que “não foi único dos nomeados pelo Estado a viabilizar as contas da TAP para 2022”, contrariando a indicação do Estado.

Num esclarecimento por escrito enviado à Lusa, Diogo Lacerda Machado, que na quinta-feira admitiu ter existido pressão de Alberto Souto quando estava na TAP, disse ter havido uma conversa conjunta do então secretário de Estado Adjunto e das Comunicações com os administradores indigitados pelo Estado – ele próprio, Miguel Frasquilho, Bernardo Trindade, António Meneses, Ana Pinho e Esmeralda Dourado.

“A orientação de voto que o secretario de Estado transmitiu viria, aliás, a ser retirada”, lê-se na declaração de Lacerda Machado, sem avançar mais explicações sobre o sucedido.

Este sábado, numa publicação no Facebook, o antigo secretário de Estado revelou que o ex-administrador “ameaçou demitir-se, mas não o fez”.

Lacerda Machado explicou hoje que, como a orientação para ‘chumbar’ o orçamento da transportadora foi retirada, não renunciou ao cargo.

A polémica começou na quinta-feira durante uma audição da comissão de inquérito à tutela política da gestão da TAP quando Diogo Moura Lacerda assumiu que houve pressão política quando o secretário de Estado lhe pediu para votar contra o orçamento da companhia aérea.

“Eu disse que não o faria”, acrescentou Lacerda Machado, dizendo que explicou ao Governo que a legitimidade da sua decisão “vinha da eleição em assembleia-geral”, mas se o executivo entendesse apresentava a renúncia ao cargo.

Este sábado, Alberto Souto admitiu que transmitiu uma orientação ao antigo administrador da TAP sobre o orçamento da empresa em 2020, mas recusou ter feito pressões políticas quanto à gestão corrente.

“O normal é que uma vez por ano, justamente na aprovação do orçamento, o acionista converse com os seus representantes e indique a posição que eles devem veicular”, escreveu Alberto Souto

Em “todas as empresas públicas ou sociedades com capital do Estado”, há uma orientação em documentos estratégicos e “é esse o sentido de uma saudável tutela”, escreveu, no texto, o ex-secretário de Estado.

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Porto entra no top dez das cidades mais procuradas no mundo para habitação de luxo

  • Ana Petronilho
  • 13 Maio 2023

No ano passado, pela primeira vez, o Porto entrou para o top dez dos destinos residenciais de luxo mais procurados no mundo, à frente de cidades como Hamptons, Zurique ou Canes.

A procura de habitação de luxo no país está, cada vez mais, a alastrar para fora de Lisboa. No ano passado, pela primeira vez, o Porto entrou para o top dez dos destinos residenciais de luxo mais procurados no mundo, à frente de cidades como Hamptons, Zurique ou Canes.

Em 2022, na Invicta o segmento de residencial de luxo cresceu 12,7% no que toca a valorização de preços. O que garantiu ao Porto a décima posição na tabela das 100 localizações-chave (incluindo cidades, destinos de sol e de esqui) que constam do mais recente Prime International Residential Index, que analisa o desempenho de preços nos 100 maiores mercados residenciais de luxo do mundo extraído, que faz parte do estudo The Wealth Report.

E neste top dez, o Algarve ocupa a sétima posição dos destinos mais procurados no mundo com uma valorização de preços na ordem dos 15,3%, onde existem propriedades de luxo disponíveis, por exemplo na Quinta do Lago, com um preço base de 3,5 milhões de euros. Valores que também resultam da quebra de 89% no número de novas habitações face a 2005, naquela região.

Lisboa ocupa o 40.º lugar da tabela (a mesma posição que em 2021) com uma valorização de 6% nos preços, equiparada a Florença, Madrid e Val dʼIsère, em França. A tabela é liderada pelo Dubai. (ver gráfico abaixo)

 

Estas são apenas algumas das conclusões do estudo anual realizado pela consultora britânica Knight Frank que apresenta, em parceria com a Quintela + Penalva, as tendências e perspetivas do mercado residencial mundial.

Apesar do aumento das taxas de juro e da subida generalizada dos preços, o mercado residencial de luxo “está resiliente” e Portugal está, cada vez mais, no radar dos investidores e das famílias. Entre as 25 cidades analisadas pelo The Wealth Report, este ano, em média, os preços dos imóveis de luxo vão aumentar 2%, com o Dubai a liderar a subida, onde é esperado um aumento de 13,5%.

Em Lisboa, os valores de mercado na habitação de luxo vão continuar a subir este ano com o estudo a apontar para um aumento de 4%. Um aumento que é apenas ultrapassado pelo mercado residencial de luxo no Dubai e em Miami, onde se prevê uma subida de 5%. Aqui, a capital portuguesa está equiparada a cidades como Dublin, Madrid e Paris, e fica à frente do Mónaco (3%) e de Nova Iorque (2%).

Americanos entre os que mais investem em Portugal

O estudo aponta ainda que Portugal é o sétimo país europeu que mais atrai o investimento de famílias e de empresas na gama residencial de luxo, numa tabela que é liderada pela França e onde Espanha ocupa a segunda posição.

Mas entre os americanos, no ano passado, Portugal foi o destino europeu eleito para investir numa residência de luxo. Apesar de ainda não ocuparem a primeira posição de quem mais compra uma casa de luxo no país, estando esse lugar ocupado pelos britânicos, em 2022 os americanos entraram, pela primeira vez, para o top cinco desta tabela. “Portugal deixou de ser um mero local de residência de férias para passa a ser um dos destinos de localização mais populares para famílias que procuram uma mudança de estilo de vida”, diz Alex Koch de Gooreynd, sócio da Knight Frank e responsável pelos mercados português e suíço.

A procura de casas com valores entre os três e os sete milhões de euros vai continuar “resiliente” sobretudo entre os investidores que procuram destinos costeiros como Itália, França ou Portugal, que “oferecem um estilo de vida que a maioria das pessoas procura no pós-pandemia” e onde “os custos ainda são baixos”, lê-se no relatório.

E aqui o The Wealth Report destaca Portugal, frisando que o país tem assistido a “um enorme aumento” na procura de casas de luxo por parte de “jovens empresários milionários que trabalham em empresas americanas tecnológicas e que procuram destinos de surf”. Esta tem sido uma tendência que mostra, para já, “poucos sinais de abrandamento” e que já levou a “muitas empresas tecnológicas a abrir escritórios em Lisboa”, prevendo-se, por isso, que o número de jovens investidores do setor tecnológico continue a subir este ano e em 2024.

Lisboa é mais cara que Dubai

Com um milhão de dólares compra-se uma casa de luxo com 96 metros quadrados em Lisboa. Com o mesmo valor é possível comprar uma habitação de luxo maior, com uma área 105 metros quadrados, no Dubai, onde os preços mais cresceram em 2022, subindo 44,2%.

Também em Madrid se consegue comprar uma casa de luxo maior que em Lisboa, com uma área de 106 metros quadrados. Na Cidade do Cabo, com o mesmo valor, a casa terá 218 metros quadrados, revela ainda o The Wealth Report.

Mas é o Mónaco onde o metro quadrado é mais caro. Por cada milhão de dólares a casa de luxo não ultrapassa os 17 metros quadrados. Segue-se Hong Kong onde um milhão de dólares vale uma casa de luxo de 21 metros quadrados e em Saint Tropez será de 30 metros quadrados.

O estudo revela ainda que entre as 20 cidades analisadas, há oito anos Londres ocupava a segunda posição da tabela das cidades mais caras e em 2022 cai para o quinto lugar, onde um milhão de dólares compra uma casa de luxo com 34 metros quadrados, menos de metade da área de Lisboa.

Os dados do relatório The Wealth Report têm em conta dois inquéritos. Um deles é o HNW Pulse Survey, que questionou, em janeiro deste ano, 500 indivíduos de dez países com um património líquido acima de um milhão de dólares. O segundo inquérito, o The Attitudes Survey, que decorreu em novembro de 2022, teve em conta as respostas de mais de 500 banqueiros privados, consultores de património, intermediários e escritórios familiares que, entre eles, gerem mais de 2,5 mil milhões de dólares de património para clientes.

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Hungria ameaça vetar novas sanções da UE contra a Rússia

  • Lusa
  • 13 Maio 2023

A Comissão Europeia divulgou a proposta de um novo pacote de sanções contra a Rússia, o décimo primeiro, que visa impedir que organizações já sancionadas consigam contornar as medidas restritivas.

A Hungria ameaçou este sábado vetar um novo pacote de sanções da União Europeia contra a Rússia após a inclusão do principal banco húngaro numa lista de possíveis sancionados fornecida pela Ucrânia, através do ministro dos Assuntos Exteriores.

Na Suécia, onde participa numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, o governante húngaro deu conta de que aquele banco da Hungria consta de uma lista de organizações que apoiam a guerra russa na Ucrânia. Peter Szijjártó considerou “escandaloso” que o banco OTP apareça na lista porque “não infringiu qualquer lei”.

A Comissão Europeia divulgou a proposta de um novo pacote de sanções contra a Rússia, o décimo primeiro, que visa impedir que organizações já sancionadas consigam contornar as medidas restritivas impostas. Este pacote também inclui novas restrições comerciais que podem afetar as empresas húngaras.

O Alto Representante para a Política Externa da UE não quis responder ao ministro húngaro, argumentando que ainda não ouviu as suas declarações, mas afirmou que “não é segredo para ninguém” que a Hungria não acredita que as sanções são eficazes contra a Rússia.

A Agência Nacional para a Prevenção da Corrupção da Ucrânia incluiu, em maio, o banco OTP, o maior da Hungria e com uma presença significativa na Rússia, numa lista de patrocinadores da guerra.

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Doze mil processos distribuídos eletronicamente nos tribunais, em 48 horas

Ministério da Justiça faz balanço da nova lei de distribuição eletrónica de processos, em vigor desde quinta-feira. "Os problemas técnicos pontuais registados foram ultrapassados", diz o MJ.

A distribuição eletrónica de processos decorreu na sexta-feira, de acordo com as novas regras, “com total normalidade em todas as jurisdições”. Segundo comunicado do Ministério da Justiça, ao longo do dia de sexta-feira, foi distribuído um total de 6.684 processos, respeitantes a 377 secretarias dos tribunais judiciais de primeira instância e superiores. Nos tribunais administrativos e fiscais, foram distribuídos 155 processos. A estes juntam-se os 5.203 processos, respeitantes a 352 secretarias dos tribunais judiciais, distribuídos na quinta-feira.

“Os problemas técnicos pontuais registados no primeiro dia de entrada em vigor das novas regras foram ultrapassados com a ajuda das equipas do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) e da Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ), que apoiaram os juízes que presidiram às sessões. Assim, foi possível distribuir todos os processos cuja distribuição não tinha sido completada com sucesso ontem”, diz ainda o gabinete de Catarina Sarmento e Castro.

Ministra da Justiça, Catarina Sarmento e CastroLusa

Na quinta-feira, no primeiro dia da entrada em vigor no terreno a nova lei de sorteio eletrónico de processos, no total, foram distribuídos 5.203 processos, respeitantes a 352 secretarias dos tribunais judiciais. Já na jurisdição Administrativa e Fiscal, a distribuição foi realizada “com sucesso em 10 dos 17 tribunais de primeira instância. Nos restantes e nos tribunais superiores, onde existiram problemas técnicos, os processos que não foram distribuídos hoje poderão ser distribuídos amanhã, por decisão do juiz que presidirá a essa distribuição”, disse ainda o gabinete, no final do dia de quinta-feira.

Segundo a portaria publicada em Diário da República em 27 de março, que veio regulamentar mais de um ano depois as leis do novo modelo de distribuição processual aprovadas pelo parlamento em 2021, “passa a ser necessário reunir diariamente, em todos os locais onde ocorre distribuição, um conjunto de operadores da justiça para assistir ao ato da distribuição, que até aqui dispensava, na maioria dos casos, qualquer intervenção humana, e elaborar uma ata à qual é anexado o resultado da distribuição”.

Na nova regulamentação, a distribuição tem como intervenientes o presidente do tribunal, que designa “um juiz para presidir e um substituto, para os casos em que aquele se encontre impedido”, um magistrado do Ministério Público (MP), um oficial de justiça (e um substituto, designados pelo administrador judiciário ou secretário do tribunal) e um advogado.

Aleatoriedade nos resultados e igualdade na distribuição do serviço foram duas das condições reforçadas no diploma. Esta lei surge após recaírem suspeitas sobre alguns dos sorteios dos processos mais mediáticos da Justiça portuguesa, a maioria atribuídos ao juiz de instrução Carlos Alexandre. Um desses sorteios – relativo ao processo da Operação Marquês, na fase da instrução – encontra-se atualmente em investigação no Ministério Público.

A partir de agora, os processos são distribuídos por todos os juízes do tribunal, ficando sempre a listagem anexa à ata. Caso um processo seja distribuído a um juiz que esteja impedido de intervir, deve ficar “consignada em ata a causa do impedimento que origina a necessidade de fazer nova distribuição por ter sido distribuído a um juiz impedido”. Todas as operações de distribuição são obrigatoriamente documentadas em ata.

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