PS chumba obrigar bancos a não fixarem spread de acordo com a seguradora de habitação

  • ECO Seguros
  • 28 Novembro 2023

Na reta final do Orçamento de Estado a pressão para regulamentar o Direito ao Esquecimento não teve votos contra, enquanto o PS rejeitou proposta para bancos não fixarem spread de acordo com seguro.

Com votos contra apenas do PS, foi rejeitada a proposta de alteração do PSD que eliminava a possibilidade de os bancos beneficiarem o spread apenas a quem escolhe a seguradora que indicam em operações de crédito à habitação, principalmente na compra de seguros de Vida e multirriscos. Em outra votação, foi aprovado um aditamento à lei sobre o direito ao esquecimento pressionando a ASF e o Banco de Portugal, entidades reguladoras do setor segurador e bancário, a apresentar regulamentação para tornar praticável o exercício desse direito.

No penúltimo dia de debate do Orçamento de Estado 2024 na especialidade estavam dois projetos de alteração a visar diretamente o negócio segurador. Uma proposta do PSD propunha não existir “qualquer penalização para o consumidor que optar por constituir um ou mais contratos de seguro através de um prestador que não seja o da preferência do mutuante (o banco neste caso), não podendo o mutuante exigir o cumprimento de qualquer condição adicional para manutenção das condições do mútuo, nem agravar essas condições, através de taxas, comissões, spread, ou qualquer outra forma”. Esta proposta foi rejeitada com os votos contra do PS e favoráveis do PCP, PSD, Iniciativa Liberal, Livre, Bloco de Esquerda, PAN e Chega.

Na sequência desta votação a APROSE, associação que agrega corretores e mediadores de seguros, lamentou que não se tenham ultrapassado as diferenças no Parlamento e acusa o PS, único partido a votar contra, de “favorecer a banca, penalizando quem tem encargos com as prestações da casa”.

A associação havia proposto aos grupos parlamentares esta alteração à lei, “para que os clientes pudessem escolher livremente onde contratar os seguros, sem que sofram a ameaça de uma penalização do spread, o que acontece na generalidade dos casos”, mas – acrescenta – “tudo vai ficar na mesma, com evidentes prejuízos para quem tem crédito à habitação”.

Apesar deste chumbo, os agentes e corretores de Seguros prometem insistir na implementação desta medida, que, na opinião da APROSE, “não será mais do que justiça feita a inúmeras famílias”.

Já a proposta do grupo parlamentar do Partido Socialista, em forma de aditamento, forçando a uma definição do acordo relativo ao direito ao esquecimento no acesso ao crédito e a contratos de seguros, dirigido “a consumidores que superaram ou mitigaram riscos agravados de saúde, designadamente sobreviventes de cancro, diabéticos e seropositivos”, foi aprovada com zero votos contra e a abstenção do Chega e da Iniciativa Liberal.

Notícia atualizada às 20.30h alterando a posição do PCP que inicialmente se absteve na votação relativa aos seguros bancários, mas terminou votando a favor da proposta de alteração. Foi incluída a entretanto conhecida posição da APROSE sobre a rejeição da proposta.

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Finanças rejeitam responsabilidade na reposição de cortes salariais na TAP

Ministério liderado por Fernando Medina afirma que "não foi informado nem consultado sobre alterações no processamento de vencimentos" na companhia aérea.

O Ministério das Finanças garante que não foi consultado ou informado sobre mudanças no processamento de vencimentos na TAP, descartando responsabilidades na suspensão do pagamento que permitia compensar os cortes salariais na companhia aérea. Informa ainda que na última reunião com a administração liderada por Luís Rodrigues, a 20 de novembro, só tinha conhecimento de quatro acordos de empresa.

A negociação de novos acordos de empresa (AE) levou a companhia aérea a compensar a aplicação dos cortes salariais de 20% previstos no Plano de Reestruturação, através do pagamento de um valor adicional. Uma prática interrompida em novembro, conforme noticiou esta terça-feira o Expresso, por as Finanças não terem ainda dado luz verde a todos os novos acordos de empresa celebrados com os sindicatos.

O ministério liderado por Fernando Medina rejeita qualquer responsabilidade: “O Ministério das Finanças não foi informado nem consultado sobre alterações no processamento de vencimentos, sendo também alheio a comunicações entre a Comissão Executiva e os trabalhadores da empresa“, afirma em resposta ao ECO.

As Finanças informam ainda que à data da última reunião com a administração da TAP, no início da semana passada, só tinham conhecimento de quatro acordos de empresa, de um total de nove, e que iriam dar luz verde aos mesmos.

“Em reunião tida no passado dia 20 de novembro, o Ministro das Finanças teve oportunidade de transmitir à Comissão Executiva da TAP (representada pelo seu Presidente e pelo Administrador com o pelouro financeiro) que os quatro Acordos de Empresa subscritos com estruturas representativas dos trabalhadores e analisados pelos serviços do Ministério seriam autorizados“, afirma o Ministério.

Na resposta é detalhado que a transportadora aérea tinha entregue quatro contratos coletivos até dia 17, a sexta-feira anterior à reunião. Nesse mesmo dia à noite, foram enviados mais cinco, mas que só “deram entrada nos serviços para análise no próprio dia da reunião”. “Tais contratos não eram pois, à data da reunião, do conhecimento de nenhum dos membros do Governo ou de gabinetes presentes”, acrescentam as Finanças.

O Ministro das Finanças solicitou à Comissão Executiva da TAP que submetesse ao Ministério com caráter de urgência todos os Acordos de Empresa entretanto subscritos e que, na inexistência de qualquer inobservância legal ou regulamentar, os mesmos seriam autorizados.

Ministério das Finanças

O Ministério indica ainda que foi solicitado à comissão executiva liderada por Luís Rodrigues que submetesse “com caráter de urgência todos os Acordos de Empresa entretanto subscritos e que, na inexistência de qualquer inobservância legal ou regulamentar, os mesmos seriam autorizados”. “À data de hoje encontra-se pendente na empresa 1 (um) contrato”, informa ainda.

Para atenuar o impacto financeiro nos trabalhadores, a administração decidiu antecipar o pagamento do subsídio de Natal, que costuma ser entregue apenas em meados de dezembro, segundo o Expresso.

Os sindicatos da companhia aérea vão reunir de emergência esta terça-feira à tarde para avaliar como reagir a esta suspensão, apurou o ECO junto de fonte sindical.

Sem cortes ficaram apenas os pilotos da TAP representados pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), porque o seu Acordo de Empresa foi já assinado e publicado no Boletim de Trabalho e Emprego a 8 agosto, explicou o presidente, Tiago Farias Lopes. Na mesma situação estão os pilotos da Portugália representados pelo Sindicato Independente de Pilotos de Linhas Aéreas (SILPA).

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Lucros da Greenvolt caem 64,7% até setembro

  • ECO
  • 28 Novembro 2023

As receitas totais cresceram 45,9%, apesar da quebra no negócio da biomassa. Após "reflexão estratégica", empresa decidiu descontinuar operações nos EUA e Espanha.

A Greenvolt registou lucros de 5,9 milhões de euros nos primeiro nove meses do ano, menos 64,7% que os obtidos em período homólogo. Segundo comunicado ao mercado, divulgado esta terça-feira, a empresa liderada por João Manso Neto destaca o aumento das receitas totais de 45,9%, à boleia “do forte crescimento do segmento de utility scale e da geração distribuída” que mais do que compensou “a quebra registada no negócio da biomassa”.

O EBITDA caiu 3,3% para os 76,9 milhões de euros até setembro, face ao período homólogo, também afetado pela “diferença no nível de preços de eletricidade praticados no Reino Unido”, que está a ter um impacto negativo no segmento da biomassa. Ainda assim, a Greenvolt conseguiu minimizar as perdas com a concretização de transações de ativos na Polónia.

Já os resultados financeiros passaram para 29,9 milhões negativos no final dos primeiros nove meses do ano, “fruto do aumento do stock de dívida impulsionado pelos investimentos em curso e pelo incremento do custo médio da mesma para 4,6%”.

A Greenvolt indica ainda que a sua situação financeira permanece “robusta”, com “71% da dívida a taxa fixa, e um aumento da posição integrada de liquidez” face ao primeiro semestre do ano. A empresa tem ainda “mais de 250 milhões de euros por utilizar em linhas para emissão de garantias”.

A empresa de energia pretende reforçar o “plano de negócios e a confiança nos objetivos definidos”, entre os quais está a venda de ativos de 200 megawatts (MW) este ano. No terceiro trimestre, a Greenvolt reconhece que fez uma “reflexão estratégica” sobre as suas participações e, a partir de 30 de setembro, decidiu descontinuar algumas operações – como a Oak Creek, uma parceria nos EUA, após uma decisão de divisão de ativos, e a venda da participação na Perfecta Energia no mercado espanhol.

“A Greenvolt está já presente em nove geografias europeias no segmento da Geração Distribuída: Portugal, Espanha, Polónia, Grécia, Itália, Roménia, França, Irlanda e Alemanha, onde temos um objetivo claro: queremos continuar a desenvolver uma plataforma pan-europeia para o autoconsumo”, indica o CEO da Greenvolt, citado no comunicado.

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Governo afasta compensação dos senhorios com rendas antigas em 2024

Governo justificou a decisão com atual momento político que o país vive. ALP estima que senhorios estão a subsidiar inquilinos em 800 milhões anualmente.

O Governo vai manter as rendas antigas congeladas em 2024, afastando a possibilidade de os senhorios atualizarem estas rendas ou de qualquer compensação, de acordo com a Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) que considera a decisão como o “pecado original” do mercado de arrendamento português.

A notícia foi avançada esta terça-feira pela ministra da Habitação, Marina Gonçalves, no âmbito de uma reunião do Conselho Nacional de Habitação (CNH), que justificou a manutenção do “maior congelamento do mundo” de rendas com atual momento político que o país vive.

Citando um estudo encomendado pelo Governo, estes senhorios continuarão no próximo ano a suportar “rendas miseráveis” de em média de 120 euros, acusa a ALP, defendendo que “compete ao Estado apoiar” estes inquilinos.

Segundo as contas do estudo, estes senhorios continuam, anualmente “a subsidiar os seus inquilinos em 653 milhões de euros que competiriam ao Estado apoiar”, mas segundo as contas da ALP esse valor é superior. “Este estudo subestima o valor anual das perdas dos senhorios por um erro metodológico, e que estas ascendem a mais de 800 milhões anuais“, alertam.

De acordo com a associação, a ministra da Habitação adiantou que a compensação que o Governo estava a prever dar aos senhorios acaso não tivesse havido crise política, “era simplesmente aquela que sempre esteve inscrita na lei desde o início da reforma do arrendamento”. Ou seja, o inquilino suportaria uma renda de acordo com as taxas de esforço estabelecidas, sendo o senhorio compensado no remanescente pelo Estado até 1/15 do valor patrimonial tributário, quando este valor for superior àquele.

Para a ALP, “da aplicação desta metodologia resultaria, pelas contas do Governo, um custo mensal estimado de cerca de 2,2 milhões de euros, a que corresponde um custo anual de aproximadamente 26,6 milhões de euros”, estima a associação na nota enviada às redações.

Notícia atualizada pela última vez às 18h58

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Rússia diz que decisão finlandesa de encerrar fronteiras é um ato irracional

  • Lusa
  • 28 Novembro 2023

Finlândia encerrou o posto fronteiriço Raja-Jooseppi, o único dos oito que permanecia aberto com a Rússia. Medida estará em vigor até 13 de dezembro.

O governo de Moscovo considera que a decisão da Finlândia de encerrar todas as fronteiras com a Rússia a partir de quinta-feira é um ato irracional, declarou esta terça-feira o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexandr Grushko. “Podemos comentar decisões racionais, nas quais se pode procurar lógica, mas a decisão [da Finlândia] é irracional”, disse Grushko, citado pela agência russa TASS.

Helsínquia anunciou esta terça o encerramento total das suas fronteiras com a Rússia a partir de quinta-feira para evitar que migrantes e refugiados de países terceiros continuem a chegar através da nação vizinha. Segundo o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, o encerramento do posto fronteiriço Raja-Jooseppi, o único dos oito que permanecia aberto, é uma medida “necessária e proporcional” e que estará em vigor até 13 de dezembro.

“A Rússia provocou esta situação e também pode acabar com ela”, declarou. O governo finlandês sustenta que o aumento acentuado de migrantes e refugiados que chegam à sua fronteira oriental se deve a um “ataque híbrido” de Moscovo que visa desestabilizar o país após a sua recente entrada na NATO e ao seu apoio determinado à Ucrânia na guerra em curso com a Rússia.

A ministra do Interior, Mari Rantanen, sublinhou, por sua vez, que o encerramento total da fronteira com a Rússia constitui uma medida “necessária” em nome da segurança nacional, apesar de o Governo ter reconhecido que a decisão foi difícil de assumir.

As autoridades da Finlândia anunciaram no decurso do mês de novembro o encerramento de todos os postos fronteiriços com a Rússia à exceção de Raja-Jooseppi, situado no extremo norte do país e de difícil acesso devido às condições meteorológicas da região. Mais de 700 migrantes sem vistos nem documentação legal, na sua maioria provenientes do Médio Oriente e de África, chegaram à Finlândia este mês, aumentando exponencialmente o número habitual de entradas.

A Rússia alertou na segunda-feira a Finlândia que a sua decisão de fechar as passagens fronteiriças cria novas “linhas divisórias na Europa” e custará aos finlandeses três mil milhões de euros. A Finlândia, o mais recente Estado-membro da NATO (ingressou em abril passado), partilha a mais longa fronteira europeia (1.340 quilómetros) com a Rússia, a seguir à Ucrânia.

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Casos da sustentabilidade: da descarbonização ao envolvimento com as comunidades

  • Capital Verde
  • 28 Novembro 2023

No ESG Forum, falou-se sobre o que empresas dos mais variados setores estão a fazer para atuar ao nível da descarbonização da atividade, mas também no que diz respeito à vertente social do ESG.

Controlar as emissões ambientais e a pegada ecológica, seja pelo combustível que utiliza ou pelo papel da cadeia de valor, é um desafio que as empresas enfrentam para atingir as metas de descarbonização. Com objetivos traçados até 2050, e algumas até 2030, certo é que a neutralidade carbónica e a sustentabilidade são conceitos que já não escapam ao léxico das organizações. Em paralelo, os esforços ocorrem na frente social, na qual as empresas avançam diversas iniciativas para promover o envolvimento com as comunidades e mesmo entre os trabalhadores.

“Não é só o setor dos combustíveis fósseis ou da eletricidade que têm que fazer esse caminho. Por imposição regulamentar da União Europeia, e pela própria competitividade, as empresas têm mesmo que se descarbonizar”, começou por referir Susana Carvalho, head of sustainability e climate transition da Bondalti, durante a sua intervenção na terceira edição do ESG Fórum, organizado pela PLMJ em parceria com o Capital Verde.

Segundo a responsável, a gigante portuguesa da área da química industrial aponta o rumo à descarbonização como uma peça-chave para o futuro da empresa, revelando que os compromissos assumidos nesse sentido, até 2030, estão a ser revistos de forma a serem “mais estruturados”. O objetivo da Bondalti é aderir aos Science Based Targets Initiative (SBTi), ou seja, definir objetivos climáticos mais alinhados com a ciência. “É o início de um caminho mais estruturado. Em 2024 [o plano] será oficializado”, revelou.

Mas até lá, o maior produtor de cloro ibérico já colocou em ação um conjunto de iniciativas que permite limitar o impacto das suas operações no ambiente. A nível das emissões diretas (scope 1 e 2), Susana Carvalho revela que estas estão “bastante reduzidas” e que relativamente às emissões indiretas (scope 3) está a ser desenvolvido um programa de compras sustentáveis através da identificação de “fornecedores críticos”.

“Estamos a começar esta jornada com eles também”, indicou, dando conta que a relação que estabelecem com os clientes é, também ela, relevante: “Queremos perceber de que forma os nossos produtos são utilizados pela indústria transformadora. Queremos que tenham uma utilidade sustentável”, frisou.

A atenção virada pelos clientes é um objetivo partilhado pelos bancos. De acordo com a ESG and Green Finance diretor do Santander, o foco já não recai apenas em tornar as empresas mais sustentáveis, passa também por querer ter uma carteira de ativos também ela alinhada com esses objetivos, e preparada para as exigências associadas à taxonomia europeia. Este mecanismo europeu foi criado para facilitar a identificação de atividades económicas que são qualificadas como sustentáveis, com base em critérios técnicos que vão ao encontro dos objetivos “verdes” da União Europeia.

Painel “Ambiente Sustentável e Responsabilidade Corporativa”. Da esquerda para a direita: Ana Batalha Oliveira, Editora Capital Verde; Rosalina Tanganho, External Affairs & Sustainability Coordinator da Tabaqueira; Susana Bernardo Antunes, ESG & Green Finance do Santander Portugal; Inês Cândido Silva, Subdiretora de Gestão da Sustentabilidade da E-REDES; Francisco Gomes da Silva, Sócio Gerente da AGRO.GES e Susana Carvalho, Head of Sustainability & Climate Transition da BondaltiHugo Amaral/ECO

“No Santander, o objetivo é que também os nossos clientes sejam sustentáveis”, apontou Susana Bernardo Antunes, durante a sua intervenção no debate. “Os bancos têm um papel fundamental na literacia. Há um tsunami regulatório na Europa que afeta muitas empresas e apesar de a regulamentação [da taxonomia] ser neste momento restrito a um conjunto de empresas, vai ser alargado no tempo a um maior número de organizações. É um caminho difícil mas que vai ter que ser feito”, frisou.

Este apoio é igualmente prestado no setor agrícola. Francisco Gomes da Silva, sócio gerente da consultora Agro.Ges, recorda que embora o setor agrícola esteja, para já, de fora da abrangência da taxonomia, os produtores agrícolas “deverão aparecer rebocados pelas maiores empresas que estão mais à frente nas fileiras”. “O trabalho terá que ser feito”, apontou durante a sua intervenção no painel.

Mas existem dificuldades, desde logo a nível do capital. Segundo a responsável do Santander, o acesso a tecnologias inovadoras que permitam acelerar a descarbonização dos processos produtivos exigem, por norma, investimentos significativos “e as empresas com menores recursos têm menos capacidade para investir”, argumenta. Algo que não se verifica no setor energético, por exemplo, que considera estar “a liderar esse trabalho”.

Em representação do setor elétrico, a subdiretora de gestão de sustentabilidade da E-Redes, Inês Cândido Silva, relembra que a empresa responsável pela distribuição de energia na baixa tensão em Portugal tem investido nos últimos anos na modernização das redes com vista a torná-las mais inteligentes. A expectativa é chegar a 2024 com a rede elétrica a nível nacional completamente adaptada.

“Neste momento, 81% da rede já tem contadores inteligentes instalados e o horizonte estipulado pela ERSE [Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos] é que no final de 2024 tenhamos a rede 100% inteligente”, apontou Inês Cândido silva, sublinhando que a eletrificação da rede é um passo chave na descarbonização não só das empresas, mas também do país.

Investimentos significativos tem também levado a cabo a Tabaqueira, subsidiária da Philip Morris Internacional. À semelhança da casa-mãe, a produtora de tabaco em Portugal pretende descarbonizar a sua operação de modo a torná-la não só sustentável do ponto de vista ambiental, mas também a nível social. A estratégia da Tabaqueira, alinhada com a da PMI, passa por querer abandonar os produtos tradicionais de tabaco e transitar para uma estratégia sem fumo, com tabaco aquecido. Em Portugal, as máquinas iQOS já chegaram 500 mil consumidores.

Estamos a trabalhar na transformação da empresa desde 2016. E, sendo a Tabaqueira que produz e comercializa produtos de tabaco, sustentabilidade tem que começar com o próprio produto”, apontou Rosalina Tanganho, external affairs & sustainability coordinator da Tabaqueira, durante a sua intervenção.

Empresas querem-se mais próximas das comunidades

Painel “Impacto Social, Envolvimento da Comunidade e Governance” do ESG Forum. Da esquerda para a direita: Ana Batalha Oliveira, Editora Capital Verde; Margarida Alves, Head of Degree, Siemens Portugal; João Mestre, Head of Sustainability da Fidelidade; Mariana Ribeiro Ferreira, Diretora de Cidadania Empresarial da CUF e José Brandão de Brito, Head of Sustainability do Millenium bcpHugo Amaral/ECO

No âmbito do conceito da Agenda 2030, além de procurar gerar valor para os acionistas, as empresas devem também procurar beneficiar a comunidade onde estão inseridas. Em Portugal, esse trabalho tem sido levado a cabo por vários setores que estiveram representados no painel “Impacto Social, Envolvimento da Comunidade e Governance” no ESG Fórum.

No setor da saúde, os mais de 13 mil trabalhadores da CUF, distribuídos pelos 24 hospitais em Portugal e nos Açores, são os principais beneficiários de uma estratégia que visa promover o bem-estar dentro do grupo. Segundo a diretora de Cidadania Empresarial, a gigante de saúde tem procurado levar a cabo uma estratégia que vai além dos esforços do Código de Trabalho por considerar que “os profissionais de saúde têm mais riscos do que outros grupos profissionais”.

“Têm que ser protegidos. Fazemos este extra mile porque ser um hospital que está aberto 24 horas, 365 dias por ano, que promove o bem-estar e a saúde é um desafio”, admite Mariana Ribeiro Ferreira, revelando que os benefícios extra salariais dos colaboradores estendem-se também às famílias e traduzem-se em acessos a cuidados de saúde gratuitos ou até mesmo ações de voluntariado. “Precisamos todos de sentir que estamos a ser úteis para a comunidade”, sublinhou a mesma durante a sua intervenção.

Este contacto com a comunidade é prioridade para o BCP, que diz estar a levar a cabo a transição digital com uma “interface humana”. Para o head of sustainability do banco o garante de um equilíbrio entre os avanços tecnológicos das empresas e as necessidade e dificuldades dos clientes é, por vezes, “difícil” mas é um caminho que deve ser feito.

Fazemos isso com a existência de sucursais ou ATM mais próximos das pessoas e de melhorias na aplicação”, refere, a título de exemplo, João Brandão de Brito, durante a sua intervenção. Mas a intervenção do banco vai além disso, e assume, também, a forma de mecenato. Com a Fundação BCP, o banco áreas como as artes, o desporto e a ciência e segundo Brito “[o mecenato] é uma área que tenderá a engrossar-se”.

O setor da tecnologia também esteve representado no painel. Na Siemens, a sigla ESG assume uma aparência renovada assente em cinco pilares: descarbonização, ética, governança, eficiência de recursos, equidade e empregabilidade (DEGREE).

“Todos estes conceitos têm a mesma importância. É uma forma diferente de trabalhar e acrescenta foco e o sentimento do “eu contribuo“”, explicou Margarida Alves, head of degree da Siemens Portugal dando conta que a tecnológica alemã tem procurar levar a cabo iniciativas, nomeadamente, 16 horas de voluntariado, que permitem “aproximar” os mais de três mil trabalhadores da Siemens “das comunidades”.

Na Fidelidade, a promoção do bem-estar e da saúde junto das comunidades assume a forma de incentivos. De acordo com João Mestre, através de uma modalidade da Multicare os clientes podem receber incentivos em troca do cumprimento de um conjunto de objetivos que têm como finalidade melhorar a qualidade de vida e promover a mudança de comportamentos. “Queremos que os nossos clientes sejam saudáveis”, frisou o head of sustainability da seguradora portuguesa considerando que o bem-estar dos clientes é fundamental para a própria “saúde” da empresa.

Mas além dos clientes, o foco também é virado para os colaboradores. Não faz sentido prestar apoio externo sem o fazer também internamente”, referiu o responsável da Fidelidade, revelando que a última crise financeira, em 2008, motivou a seguradora a criar um programa de apoio aos colaboradores.

S de ESG ganhou “um charme diferente”

O menos sonante “S” da sigla ESG, referente à responsabilidade social, esteve em destaque numa conversa com Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, que considera que esta vertente “não perdeu o charme”, estando a sofrer uma transformação.

Não acho que a responsabilidade social tenha perdido charme. Ganhou um charme diferente. Mas se não tivermos cuidado [esta transformação] pode matar o essencial“, alertou.

Para Jonet, a responsabilidade social deve estar alinhada com a criação de riqueza. Lembra, por exemplo, que existem benefícios fiscais para as empresas que atuam nesta área. “É essencial que esteja incluído nos valores das empresas criar impacto, porque podem estar a condena-se a si próprias, ao diminuir o número de consumidores que compram aquele produto“, pontua. Mas isto, sem descurar a saúde financeira.

E há outros benefícios para as empresas que se envolvem em causas sociais. “Não imaginam a quantidade de empresas que levam voluntários ao banco alimentar”, partilha, dizendo que este tipo de atividade tem um impacto positivo nos trabalhadores das empresas que as promovem.

Não me parece que a conjuntura venha dificultar as decisões. Até as pode vir a facilitar quando são convictas.

Isabel Jonet

“Social é o impacto que temos na comunidade. Temos de nos preocupar com os mais frágeis da comunidade, obviamente, mas temos de ter a capacidade de deixar uma marca dentro da empresa onde colaboramos”, defende.

Confrontada com a possibilidade de as empresas se retraírem na frente social, numa conjuntura económica mais desafiante que agora atravessam, Jonet não tem dúvidas: “Não me parece que a conjuntura venha dificultar as decisões. Até as pode vir a facilitar quando sao convictas”, alega.

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Sindicato apresenta proposta para aumentos de 7% na NAV em 2024

  • Lusa
  • 28 Novembro 2023

O Sintac destaca que “a fortíssima inflação sentida este ano” tem “levado a uma degradação fortíssima no poder de compra dos trabalhadores, através da grande diminuição dos rendimentos.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac) apresentou à NAV Portugal – Navegação Aérea uma proposta para uma atualização de 7% na tabela salarial e cláusulas relacionadas, de acordo com um comunicado divulgado esta terça-feira.

A estrutura sindical fundamentou o seu pedido, de “atualização salarial de 7% na tabela salarial e cláusulas indexantes”, com as condições da economia, destacando que se prevê um crescimento para 2023 “superior à média europeia, em grande parte catapultado pelos resultados do turismo, no qual a aviação se enquadra”.

Ainda assim, destacou o Sintac, “a fortíssima inflação sentida este ano” tem “levado a uma degradação fortíssima no poder de compra dos trabalhadores, através da grande diminuição dos rendimentos, que não acompanharam o aumento dos preços”, acrescentando que “a última atualização salarial ficou abaixo da inflação”.

O sindicato apontou ainda a “difícil situação social” devido ao “aumento das taxas de juro do crédito à habitação”, bem como “a manutenção de taxa de inflação alta, designadamente sentida ao nível dos bens essenciais como a alimentação, a eletricidade, a água e a energia em geral”.

“Tal constatação tem colocado em crise os rendimentos dos trabalhadores e a continuação de perdas reais nos salários, atendendo à inflação acumulada nos últimos anos e ao não acompanhamento dos aumentos salariais, seja das taxas de inflação, seja do aumento da produtividade”, indicou.

Assim, a proposta do Sintac, “além da inflação sentida em 2023 e das perdas setoriais sentidas pela não cobertura da inflação e dos ganhos de produtividade de 2022, em alguns setores, tem em conta a mais recente versão do Acordo Económico e Social” e a proposta de Orçamento do Estado.

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IL quer relatório sobre sustentabilidade da Segurança Social divulgado em janeiro

  • Lusa
  • 28 Novembro 2023

Rui Rocha considerou inaceitável que a divulgação do relatório seja adiada para depois das eleições de 10 de março, como pediu a Comissão para a Sustentabilidade da Segurança Social.

A Iniciativa Liberal (IL) entregou esta terça-feira um projeto de resolução para que o relatório sobre a sustentabilidade da Segurança Social seja divulgado durante o mês de janeiro, como estava previsto, e não apenas depois das eleições de março.

No projeto de resolução (sem força de lei), a IL recomenda ao Governo “a publicação atempada do livro verde para a sustentabilidade do sistema previdencial elaborado pela Comissão para a Sustentabilidade da Segurança Social, preferencialmente até 31 de janeiro de 2024”.

Em declarações aos jornalistas no parlamento, o presidente da IL, Rui Rocha, considerou inaceitável que a divulgação do relatório seja adiada para depois das eleições de 10 de março, como pediu a Comissão para a Sustentabilidade da Segurança Social.

Depois de um primeiro adiamento para janeiro do próximo ano, o grupo de especialistas pediu ao Governo para entregar o documento apenas depois das eleições legislativas de 10 de março, argumentando que em janeiro estará a decorrer o período pré-eleitoral.

Isso parece-nos completamente inaceitável. Neste momento estamos a discutir propostas de partidos políticos sobre pensões e é fundamental sabermos de facto se há sustentabilidade ou não da Segurança Social e em que condições”, sustentou, considerando que não é possível “discutir medidas concretas” sem saber exatamente qual é a situação da sustentabilidade da Segurança Social.

O liberal disse ainda não ter “nenhuma evidência” de que os especialistas responsáveis pelo relatório não sejam “um grupo competente e com idoneidade”, mas disse ter ficado surpreendido com o pedido de adiamento da divulgação do estudo “com o fundamento de que não se podem perturbar as eleições com o conhecimento da realidade que este estudo demonstra”.

“Eu acho que é precisamente ao contrário. É absolutamente fundamental que os portugueses saibam em que estado está a Segurança Social para depois olharem para as propostas dos diferentes partidos políticos e poderem avaliar a sua bondade”, insistiu.

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Caixa recebe luz verde da CMVM para avançar com programa de obrigações cobertas de 15 mil milhões de euros

A Caixa Geral de Depósitos viu aprovado, pela CMVM, o programa de colocar 15 mil milhões de euros de obrigações hipotecárias junto de investidores profissionais.

A Caixa Geral de Depósitos informou esta terça-feira o mercado que viu aprovada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) um programa de obrigações cobertas de 15 mil milhões de euros destinada apenas a investidores profissionais.

Desta forma, a entidade liderada por Paulo Macedo poderá, em breve, emitir periodicamente obrigações hipotecárias denominadas em qualquer moeda até ao limite máximo de 15 mil milhões de euros com uma maturidade até 50 anos, salvaguardando as respetivas adendas necessárias.

“As receitas líquidas resultantes de cada emissão de obrigações hipotecárias serão aplicadas pelo emitente para os seus objetivos empresariais gerais”, lê-se no prospeto.

No seguimento da decisão da CMVM, que levou à conversão do seu programa de obrigações hipotecárias para um programa de obrigações cobertas, a Caixa informou também que duas das suas emissões obrigações no montante de 1,5 mil milhões de euros cada (uma com maturidade em 2026 e outra com maturidade em 2028) passam a “reger-se pelo Regime Jurídico das Obrigações Cobertas e pelos Termos e Condições constantes do prospeto base do seu Programa, aprovado na presente data pela CMVM, e disponibilizado também nesta data no sistema de difusão de informação da CMVM.”

O prospeto, agora aprovado pela CMVM, é válido por 12 meses, cabendo à Caixa preparar e publicar um suplemento a este documento “na eventualidade de qualquer novo fator significativo, erro material ou inexatidão material relativamente à informação incluída neste prospeto de base que possa afetar a avaliação de quaisquer obrigações hipotecárias”, lê-se no documento publicado no site da CMVM.

A Caixa revela também que solicitou à Euronext Lisboa a admissão das obrigações à negociação no mercado regulamentado e que os títulos poderão tomar a forma de obrigações hipotecárias de taxa fixa, taxa variável ou mediante uma obrigação hipotecária de Cupão Zero.

Para efeitos de avaliação do risco do investimento, o prospeto do programa de obrigações cobertas revela que a Moody’s atribuiu recentemente à Caixa uma notação de dívida de longo prazo de “Baa1”, com uma perspetiva de estável, e que a Fitch subiu em setembro o rating do banco de “BBB-” para “BBB” e manteve o outlook como estável.

No entanto, a Caixa revela que as séries de obrigações hipotecárias a serem emitidas ao abrigo do programa poderão ser objeto de notação ou não. O banco sublinha no prospeto que “uma notação não é uma recomendação para comprar, vender ou manter os títulos e pode ser sujeita a suspensão, alteração ou retirada em qualquer altura pela agência de notação que a atribui.”

De acordo com dados da Refinitiv, a Caixa tem atualmente um saldo vivo de 5,2 mil milhões de euros em obrigações, sendo que 97,5% deste montante é garantido através de 8 linhas de obrigações em euros, de 40 emissões no valor de 125 milhões euros em ienes (2,5%) e de uma emissão de 1,4 milhões de euros em dólares.

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ICNF deteta incumprimento da Start Campus na proteção de habitats em Sines

Inspeção à construção do mega centro de dados em Sines detetou que o primeiro edifício foi construído no local onde havia um charco cuja integridade tinha de ser protegida.

Oito dias depois de a Start Campus ter garantido que “espécies protegidas não estão em risco” na construção de um mega centro de dados em Sines, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) vem afirmar, em comunicado, que detetou a destruição de habitats prioritários durante a construção da primeira fase empreendimento.

O ICNF informa que levou a cabo uma “ação de fiscalização” à construção do data center da Start Campus e detetou que “a condição de garantir a integridade” de um charco temporário “não foi cumprida”. Segundo o instituto, o primeiro edifício do centro de dados, conhecido por NEST, foi “construído em cima da área identificada”.

A inspeção realizou-se entre 13 e 17 de novembro. Ou seja, já depois de a Start Campus ter sido implicada na investigação que ficou conhecida por Operação Influencer e que conduziu depois à queda do Governo. A empresa foi constituída arguida e sujeita a uma caução de 600 mil euros por estar “fortemente indiciada” de um crime de tráfico de influência e de um crime de oferta indevida de vantagem, através de dois administradores.

“Verificou-se que a condição de garantir a integridade do charco temporário identificado no primeiro parecer do ICNF, relativo à construção do primeiro pavilhão do data center em área fora da Zona Especial de Conservação (ZEC) da Costa Sudoeste, não foi cumprida, estando o edifício construído em cima da área identificada”, lê-se no comunicado do ICNF.

Sobre outros dois charcos temporários existentes no local, o ICNF recorda que, na Declaração de Impacte Ambiental, estava prevista uma “medida de compensação de perda de habitat que prevê a translocação de exemplares de Erica ciliaris“, o nome científico de uma planta. Um foi parcialmente aterrado e o outro foi invadido por outras espécies, concluiu a inspeção.

“O ICNF registou que, dos dois locais identificados contendo vegetação a translocar, um deles foi parcialmente aterrado, não tendo sido apresentado ainda o necessário Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução por parte do promotor, enquanto o segundo, devido provavelmente a alterações ambientais, encontra-se invadido por espécies exóticas”, lê-se na nota divulgada esta terça-feira.

“O ICNF adianta que deu conhecimento destas conclusões à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, entidade responsável pela instrução e decisão dos processos contraordenacionais relativos aos incumprimentos detetados, assim como pela determinação das medidas cautelares e/ou preventivas, bem como pela eventual aplicação de sanções acessórias. Foi, ainda, dado conhecimento à Inspeção Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território para os efeitos tido por convenientes, bem como à Agência Portuguesa do Ambiente, enquanto Autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental”, conclui o comunicado, sem dar mais detalhes.

Primeiro pavilhão do data center da Start Campus foi construído “em cima” de um charco que tinha de ser protegido, concluiu o ICNFHugo Amaral/ECO

Espécies protegidas estão num viveiro

Estas conclusões do ICNF são conhecidas cerca de uma semana depois do último comunicado da Start Campus, que veio precisamente assegurar não existir risco para as “espécies protegidas” em Sines na construção do primeiro pavilhão do centro de dados. A empresa disse ainda que “equívocos sobre impacte ambiental do centro de dados da Start Campus ameaçam a continuidade” deste “projeto-chave”.

Segundo a Start Campus, a primeira fase do centro de dados não estava sujeita a uma Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), mas a empresa confirmou que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “adicionou uma condição ao projeto, exigindo que a Start Campus protegesse as plantas Erica cirialis e Erica erigena ao redor do local”. “Alinhada com os valores de sustentabilidade da Start Campus, a empresa trabalhou em estreita colaboração com especialistas no habitat local sobre como proteger as plantas e cumprir esse requisito”, continuou a empresa.

E o que foi feito? Segundo a Start Campus, as “Ericas” foram “removidas do local de construção e colocadas num viveiro, juntamente com 200 toneladas de solo que as sustentam. As plantas estão a crescer na sua casa temporária e serão mais tarde devolvidas ao local” onde está o primeiro pavilhão, assegurou a promotora.

Nessa mesma nota, o CEO interino da Start Campus, Robert Dunn, argumentava que o centro de dados em Sines não iria prejudicar o ambiente, mas sim regenerar o local: “O Sines 4.0 não só regenerará a área e melhorará um local que foi negligenciado, como também será um exemplo de como a indústria da tecnologia pode trabalhar com todas as partes interessadas para se atingir um resultado que beneficia todos.”

“Entendemos as preocupações em torno do desenvolvimento do nosso primeiro edifício; estamos a fazer tudo o que podemos para provar que a Start Campus está a fazer o que está certo, em todos os momentos”, acrescentou ainda o gestor.

Depois da divulgação das conclusões do ICNF, o ECO questionou a Start Campus no sentido de obter uma reação. Encontra-se a aguardar resposta.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h44)

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Leilão e avisos de gases renováveis prontos. Falta ‘ok’ do Governo e Fundo Ambiental

Jerónimo Cunha, líder da DGEG, contabiliza em 75 mil milhões de euros o investimento em novos projetos de produção de energia, que conta que tenham um efeito multiplicador.

O leilão de gases renováveis está pronto a lançar, assim como o terceiro aviso para a produção de gases renováveis, adiantou o novo líder da Direção Geral da Energia e Geologia (DGEG), Jerónimo Cunha.

A transição energética não é um fardo ou um custo. É uma oportunidade“, indicou Jerónimo Cunha na sua primeira intervenção desde que assumiu as rédeas da Direção Geral de Energia e Geologia, no passado mês de setembro (e depois de alguns problemas burocráticos com a saída do respetivo antecessor).

Jerónimo Cunha contabiliza em 75 mil milhões de euros o investimento em novos projetos de produção de energia, que conta que tenham um efeito multiplicador. Da parte da DGEG, o trabalho no que diz respeito aos gases renováveis está avançado, e deve haver novidades em breve.

O novo diretor-geral mostrou-se confiante no hidrogénio verde como solução de futuro, contando com este gás para descarbonizar o que não pode ser eletrificado, tanto por ser tecnicamente ineficiente ou insustentável em termos de preço. Considerou que Portugal tem os recursos, localização e condições certos para avançar neste campo.

A Estratégia Nacional do Biometano pode ser publicada, para consulta pública, “nas próximas semanas ou meses”, adiantou, apesar de o Governo ter apontado para março de 2024 como data de publicação.

No curto prazo, Jerónimo Cunha espera a decisão final do Fundo Ambiental sobre os resultados do segundo aviso para a produção de gases renováveis, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, afirmando que a DGEG já fez a sua avaliação. Em paralelo, informa que será lançado “assim que possível” um terceiro aviso. Isto, depois de as candidaturas ao aviso anterior terem superado a dotação disponível.

No que diz respeito ao leilão de gases renováveis, “tudo está totalmente operacional”, pelo que a DGEG está apenas “à espera do ‘ok’ do Governo”.

Em termos legislativos, estão a começar os trabalhos no âmbito do enquadramento legal da cogeração e a revisão do enquadramento do setor do gás.

Estas pastas serão agarradas por uma DGEG com “mais mãos”: novos trabalhadores devem ser contratados até ao final deste ano. E, ainda antes do término de 2023, vão abrir 100 novas vagas que o diretor-geral espera fechar até ao final do primeiro semestre de 2024 – com o reforço tanto da unidade informática como de uma nova unidade focada em projetos relacionados com o PRR. Isto “vai permitir melhorar significativamente o tempo de resposta aos projetos”, garantiu.

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Pedro Ângelo designado presidente da NAV até 2024

  • Lusa
  • 28 Novembro 2023

"O Governo entende que é necessário e urgente proceder à designação de um novo titular, reformulando a equipa de gestão", indica o ministério das Infraestruturas.

Pedro Ângelo foi designado presidente do Conselho de Administração da NAV Portugal – Navegação Aérea até 2024, disse esta terça-feira à Lusa fonte oficial do gabinete do secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas.

Decidiram os membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças e das Infraestruturas nomear Pedro Gonçalo Roque Ângelo para o cargo de presidente do Conselho de Administração e Ana Cristina Vasconcelos Mendes Russo de Lima para o cargo de vogal do Conselho de Administração da NAV Portugal para completar o mandato em curso relativo ao triénio 2022-2024″, informou o Governo, em resposta escrita à Lusa.

O Expresso adiantou, em 16 de outubro, que Pedro Ângelo seria o novo presidente da NAV, ocupando o lugar que pertencia a Alexandra Reis, mas sem ter conseguido obter até então uma confirmação do Ministério. “Tendo em conta que o cargo de presidente do Conselho de Administração da NAV Portugal se encontra vago desde novembro de 2022, o Governo entende que é necessário e urgente proceder à designação de um novo titular, reformulando a equipa de gestão, por forma a assegurar o cumprimento dos objetivos e desafios que se apresentam à empresa”, respondeu fonte oficial do Gabinete de Frederico Francisco.

Pedro Ângelo foi nomeado pelo ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, e obteve parecer favorável da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) em agosto.

O novo presidente exerceu funções de vogal do Conselho de Administração do prestador de serviços de tráfego aéreo desde 2020, enquanto Ana Cristina Russo de Lima é, desde 2021, chefe dos Serviços de Tráfego Aéreo da Região de Informação de Voo de Lisboa da empresa.

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