“Empresas não votam, mas têm ‘eleições’ todos os meses para pagar salários e impostos”, diz líder da CIP

Com o país em crise política, Armindo Monteiro lamenta que empresários portugueses não tenham “um mínimo de previsibilidade” e lembra que “não se desenvolve a economia com nenhum programa eleitoral".

O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal verbalizou esta quinta-feira a preocupação dos empresários portugueses com o atual cenário de instabilidade política, sublinhando que “precisam de um mínimo de previsibilidade”, ainda que já estejam habituados a uma “constante adaptação às circunstâncias” políticas do país.

“O que está em jogo nestas eleições é algo muito importante. Não vou apelar a nenhum programa eleitoral, apenas ao voto. Manifestem a vossa preferência. As empresas não votam, mas têm eleições todos os meses. Porque todos os meses são desafiados a pagar salários, impostos e contribuições para a Segurança Social. Precisamos de encontrar um enquadramento que nos permita executar a nossa veia” empreendedora, apontou Armindo Monteiro.

Falando para uma sala repleta de industriais do calçado, após a cerimónia de tomada de posse de Luís Onofre para um terceiro mandato à frente da associação do setor (APICCAPS), o patrão dos patrões lembrou os três D’s da revolução do 25 de Abril (Democratizar, Descolonizar e Desenvolver) para referir que este último “não foi cumprido porque não pode ser entregue aos políticos”.

Para o sucessor de António Saraiva, “a ideia de desenvolver a economia é para quem sabe”. “Não estou a atacar ninguém, mas quem conhece as empresas não é quem as visita em determinados momentos, nomeadamente no eleitoral, mas quem as construiu”. “Não se desenvolve a economia com nenhum programa eleitoral, isso acontece todos os dias”, completou.

Proposta do 15.º mês deixou os sindicatos a dançar no meio da sala. Ficaram sem referências. ‘Se é o lado negro da força que está a propor aumentar os salários, o que sobre para nós, sindicatos?’.

Armindo Monteiro

Presidente da CIP

Focando no pós-eleições, o líder da CIP apelou a um maior “equilíbrio e compromisso para encontrar soluções”, que implica um trabalho conjunto entre os empresários e a administração pública. Apesar de acreditar na economia de mercado com um “forte sentido social”, advertiu contra o suposto “milagre económico” de “distribuir aquilo que não se cria”, acrescentando que “os empresários não podem fazer apenas ação social”.

“As empresas são corpos dinâmicos que precisam de ter lucro (…) porque é isso que permite fazer investimentos em transformações para que as empresas se mantenham competitivas. Que permite remunerar devidamente os capitais para que os empresários se sintam motivados a criar mais empresas. O lucro não é um pecado, o lucro é necessário”, resumiu.

Na mesma cerimónia, realizada no Porto, Armindo Monteiro recordou ainda a proposta da CIP para o pagamento voluntário de um 15.º mês isento de impostos e contribuições, que “[deixou] os sindicatos a dançar no meio da sala”. “Ficaram sem referências. ‘Se é o lado negro da força que está a propor aumentar os salários, o que sobra para nós, sindicatos?’. Esta ideia de que tinha de haver algo por trás, naturalmente baralhou e não pudemos construir” essa solução, concluiu.

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