Europa deve organizar-se para evitar impacto se EUA reduzirem ajuda à Ucrânia, diz Macron
"Se os Estados Unidos fizerem a escolha soberana de parar ou reduzir essa ajuda [à Ucrânia], tal não tenha qualquer impacto no terreno", defendeu o Presidente francês, Emmanuel Macron.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou esta terça-feira aos países europeus para apoiarem a Ucrânia “a longo prazo” e compensarem qualquer eventual redução da ajuda norte-americana, a alguns meses das imprevisíveis eleições presidenciais nos Estados Unidos. “Devemos organizar-nos de forma a que, se os Estados Unidos fizerem a escolha soberana de parar ou reduzir essa ajuda, tal não tenha qualquer impacto no terreno”, defendeu Macron, referindo-se aos meios de defesa do país que há quase dois anos combate uma ofensiva russa.
O chefe de Estado francês emitiu este apelo aos países europeus numa conferência de imprensa em Estocolmo com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, no contexto da conclusão entre ambos de uma “parceria estratégica renovada”, com a Defesa no centro dessa cooperação, quando a Suécia está prestes a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
A Hungria do primeiro-ministro Viktor Orbán é o último país da União Europeia (UE) a obstruir a disponibilização de uma ajuda europeia de 50 mil milhões de euros em quatro anos à Ucrânia, que estará no centro da cimeira europeia de quinta-feira em Bruxelas. A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, alterou a situação para a Suécia: durante muito tempo militarmente neutra, Estocolmo decidiu aderir à Aliança Atlântica.
A Hungria continua também a ser o último obstáculo a esta adesão, assunto que Ulf Kristersson tenciona discutir na quinta-feira com o homólogo húngaro, à margem do Conselho Europeu. “França e a Suécia partilham o desejo de se aproximarem, de produzirem em conjunto, de ajudarem juntas a Ucrânia, para termos uma Europa que se proteja melhor”, sustentou Macron.
O Presidente da República francês, que em fevereiro se deslocará à Ucrânia, vai abordar as questões da Defesa num discurso que proferirá hoje à tarde perante jovens oficiais suecos da Academia Militar de Karlberg. A Suécia “é um país que tem a mesma visão da soberania que França”, com “a vontade de desenvolver capacidades num espetro muito alargado, tanto capacidades operacionais como industriais”, declarou um conselheiro de Macron, sublinhando uma perspetiva comum da necessidade de entrar numa “economia de guerra”.
Num sinal de clara mudança de atitude, as autoridades suecas chocaram em janeiro a opinião pública quando o chefe do Estado-Maior do Exército sueco, Micael Bydén, declarou que os suecos “deverão preparar-se mentalmente para a guerra”. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a Suécia anunciou que pretendia atingir os 2% do PIB (Produto Interno Bruto) dedicados a gastos com a Defesa “o mais rapidamente possível”.
O país tem uma sólida indústria do setor da Defesa e tanto França como a Suécia têm em comum o facto de terem desenvolvido os seus próprios aviões de combate, o Rafael, do lado francês, e o Gripen, do lado sueco. Paris e Estocolmo vão assinar uma declaração de intenções sobre sistemas de defesa antiaérea e de vigilância aérea, ao passo que as empresas Saab e MBDA deverão concluir “nos próximos dias um contrato sobre o desenvolvimento do míssil antitanque Akeron”, indicou a Presidência francesa.
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