Peso dos fundos imobiliários no mercado da habitação duplica em 2023
A exposição dos fundos imobiliários a imóveis residenciais aumentou 63% em 2023 para mais de 2,5 mil milhões de euros, cerca de 9,5% do volume de transações de alojamentos familiares no ano passado.
Os fundos de investimento imobiliário nacionais aumentaram substancialmente a sua aposta em imóveis de habitação no ano passado, sobretudo em dezembro.
De acordo com dados da Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM), a exposição dos 265 fundos de investimento imobiliário a imóveis de habitação em Portugal superou os 2,5 mil milhões de euros em dezembro, mais 59% do que o registado em novembro e 63% acima do investimento contabilizado em dezembro de 2022.
Trata-se do valor mais elevado desde 2016, quando a CMVM passou a disponibilizar a fragmentação das carteiras dos fundos por finalidade dos imóveis.
Os dados da CMVM mostram mesmo que o investimento em ativos residenciais na União Europeia (maioritariamente localizados em Portugal) foi destacadamente a maior aposta dos fundos imobiliários no ano passado, crescendo a um ritmo três vezes maior que a média do investimento realizado pelos fundos em imóveis dos setores do comércio e serviços.
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A forte aposta em ativos residenciais foi garantida na sua totalidade pelos fundos fechados que, em dezembro, registaram um aumento de 60,5% da exposição a imóveis de habitação nas suas carteiras. Em oposição, os fundos especiais de investimento imobiliário e os fundos de investimento imobiliários abertos contabilizaram um decréscimo de 31,2% a imóveis residenciais, segundo dados da CMVM.
Para o crescimento contribuiu a constituição de 33 novas sociedades de investimento coletivo imobiliárias, como a Herdade do Pinheirinho II e a Herdade do Pinheirinho Resort, geridas pela GEF, que elevaram esta sociedade gestora da quinta para a terceira posição entre as maiores do país, ficando apenas atrás da Square Asset Managers e da Lynx Asset Managers.
Fundos com pouca influência no mercado
A crescente aposta dos fundos imobiliários em habitação no final do ano passado levou a que os ativos residenciais tivessem um peso de 17,4% na carteira destes fundos, que compara com uma percentagem de 13,3% em 2022 ou 14% nos cinco anos anteriores a 2023.
No entanto, este crescimento não foi ainda suficiente para a habitação deixar a terceira posição entre os principais imóveis da carteira dos fundos imobiliários nacionais, posição que ocupa desde 2016, graças a uma exposição média anual de 1,4 mil milhões de euros nos últimos sete anos até 2022.
Além disso, face aos mais de 102 mil alojamentos familiares transacionados nos primeiros nove meses de 2023 (últimos dados disponibilizados pelo INE), que movimentaram cerca de 21 mil milhões de euros, os fundos imobiliários nacionais continuam a mostrar pouco impacto no setor da habitação nacional.
“Não acho que os fundos tenham verdadeiramente expressão no mercado”, refere Victor Reis, ex-presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), ao ECO.
Mesmo que no último trimestre o mercado volte a registar uma correção homóloga na ordem dos 14,5% (média dos três trimestres anteriores), o volume de transações de alojamentos familiares em 2023 ascenderá a mais de 27 mil milhões de euros, segundo cálculos do ECO.
Isto fará com que os imóveis de habitação na carteira dos fundos imobiliários nacionais representem cerca de 9,5% da totalidade dos alojamentos familiares transacionados no último ano. Mesmo assim, e considerando que nem todos estes imóveis possam estar localizados em Portugal, trata-se de uma percentagem acima dos 4,9% registados em 2022.
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