Bem-estar em Portugal está a convergir com a UE. Mas horas de trabalho e consumo pesam
Em Portugal, há "um menor consumo, mais horas trabalhadas e uma maior desigualdade" do que na UE. Já a esperança média de vida dá um contributo positivo para o bem-estar dos portugueses.
O bem-estar dos portugueses tem convergido com a União Europeia (UE), mas continua a ficar abaixo da média. O que motiva esta menor “felicidade” dos portugueses? Segundo o índice calculado pelo Banco de Portugal, os portugueses consomem menos e trabalham mais horas, o que acaba por prejudicar o bem-estar face aos outros países europeus.
O índice de bem-estar em Portugal “situava-se em 87% em 2022, o que significa que o consumo na UE teria de se reduzir 13% para que fosse indiferente a um cidadão viver em Portugal ou numa economia com as características da média da UE”, indica o Banco de Portugal, no tema de destaque do boletim económico de março.
Neste índice entram quatro indicadores: o consumo, a esperança média de vida, o tempo de lazer e a desigualdade. O indicador em que Portugal compara melhor, e que puxa a performance para cima, é a esperança média de vida. A desigualdade também se tem vindo a reduzir, ainda que continue a ter um contributo negativo.
O maior impacto e o que mais justifica a diferença face à UE é o consumo, seguido pelo (pouco) tempo de lazer. A análise mostra que há “um menor consumo, mais horas trabalhadas e uma maior desigualdade, apenas parcialmente compensados por uma maior esperança de vida”.
Este índice de bem-estar, ainda que abaixo da média da UE, traça um cenário mais animador que o PIB per capita – que não tem em consideração estas outras dimensões da qualidade de vida nas sociedades. Se olharmos para a evolução do índice de bem-estar, pode concluir-se que existiu uma convergência com a UE, o que não se verifica com o PIB per capita.
“Portugal passa da 20.ª posição do ranking com base no PIB per capita para 16.ª usando a medida de bem-estar (situando-se 8 pp mais próximo da média da UE)”, indica o BdP. A melhoria do bem-estar prende-se essencialmente com o aumento da esperança média de vida – que passou de 76 para 82 anos – bem como com a redução da desigualdade.
O crescimento médio do bem-estar foi de 2,7% ao ano em Portugal, “refletindo o aumento do consumo per capita e da esperança média de vida (contributo de 1,3 pp cada) e, em menor grau, a redução da desigualdade”, o que compara com um crescimento médio de 2,4% na UE.
No que diz respeito a este índice mais detalhado, houve uma “aproximação do bem-estar de Portugal ao da média da UE entre 1995 e 2022, apenas interrompida no período da crise da dívida soberana”. Assim, como indica o BdP, “a avaliação do nível de vida em Portugal face à UE com base neste indicador é mais favorável que a sugerida pelo PIB per capita“.
O efeito contrário verifica-se em alguns países do centro/leste da Europa, onde o índice de bem-estar está mais afastado da média do que o PIB per capita, “traduzindo uma menor esperança de vida e, em menor grau, menos horas de lazer”.
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