“Engagement, transição ou exclusão é o destino dos parceiros da Ageas”
Katrien Buys está disposta a mudar o papel dos seguros em Portugal, por isso foi a escolhida pela Ageas para liderar a estratégia, Inovação e Sustentabilidade no grupo. Conheça o que fez e vai fazer.
Para Katrien Buys a abordagem que propõe na Ageas quanto a parceiros é excluir os que não querem ou não podem acompanhar as linhas de sustentabilidade do grupo, ajudar os que podem e querem fazer a transição e, finalmente, aliar-se aos que partilham valores semelhantes na procura de soluções para problemas sociais e ambientais. A estratégia avança internamente mas já chegou e tornou-se visível fora do Grupo que detém as marcas Ageas, Médis, Ocidental e Seguro Directo nos seguros e outras empresas em atividade “para além dos seguros”, revela em entrevista ao ECOseguros.
Portugal começou há oito anos para Katrien Buys, atual Diretora de Estratégia, Inovação e Sustentabilidade do Grupo Ageas Portugal. A matemática belga chegou para auxiliar na transição da AXA para Ageas, quando o grupo belga comprou os negócios da gigante francesa em 2016. Ficou no país e tornou-se protagonista na recente criação da MovSaúde, uma união do Grupo Ageas Portugal com a Multicare, a Generali Tranquilidade e a Aegon Santander, para conseguir uma significativa operação nacional de rastreio do cancro coloretal. Tiago Venâncio, CEO da Aegon Santander, quis mesmo expressar no X “gratidão à Katrien Buys cuja visão e dedicação foram cruciais para reunir o mercado de seguros de saúde em torno deste bem comum inestimável”.
Não pode sair nenhum produto novo que não fez um screening quanto a critérios de sustentabilidade. Para este ano o grupo, a nível global, quer atingir 25% do volume de prémios através de produtos com critérios ESG e lançar 10 novas soluções seguradoras sustentáveis para clientes
A tarefa de juntar quatro concorrentes num projeto de rastreio do cancro colorretal foi notada, Katrien Buys explica que “este tema tem de ser de todas as seguradoras, é mesmo uma resposta pré competitiva, depois cada segurador pode defender o seu seguro de saúde” e acrescenta, “em saúde temos de estar juntos, sem escala não se resolvem estes problemas”.
As tarefas de Katrien Buys começaram por convencer os membros da comissão executiva sobre a importância e a dimensão do tema. Aprovaram, tornaram-se sponsors e agora “a sustentabilidade está bem percebida pelas equipas, estamos a trabalhar transversalmente toda a companhia, tratamos produtos, investimentos e pessoas”, diz a gestora.
Nas questões de oferta “não pode sair nenhum produto novo que não fez um screening quanto a critérios de sustentabilidade”, diz Katrien “estamos numa maneira totalmente nova para refletir como podemos melhorar”. Objetivos quantificados já há. Para este ano o grupo, a nível global, quer atingir 25% do volume de prémios através de produtos com critérios ESG e lançar 10 novas soluções seguradoras sustentáveis para clientes.
O desafio está em conseguir produtos a preços acessíveis. “Não queremos que o seguro seja um produto de luxo porque já temos pobreza em Portugal, temos envelhecimento em Portugal, temos crise de saúde em Portugal” diz a gestora, “temos tantos desafios e, ao mesmo tempo, 19% das pessoas em Portugal em situação de pobreza e mais de 26% em risco de pobreza”, refere.
A sustentabilidade também chega aos fornecedores de produtos e prestadores de serviços ao Grupo Ageas Portugal. “Temos atualmente um projeto interno para rever os nossos critérios de seleção de fornecedores e acompanhar informações sobre a sua sustentabilidade”, revela Katrien Buys, “vamos observar e analisar estes critérios e vai haver um período de transição, de transformação, de engagement com os fornecedores para perceber se eles também estão a caminho de serem empresas mais sustentáveis”.
O grupo procura apoiar projetos empresariais e investiu 3 milhões de euros no fundo de capital de risco para start-ups de impacto, Mustard Seed MAZE (MSM). Cinco projetos de investimento estão em marcha através da Actif, Dioscope, Pedalar sem Idade, Reformers e Maze X
Sendo um grupo com forte componente de seguros de Vida e Pensões, os investimentos realizados pelo Grupo Ageas nos mercados financeiros e imobiliário são volumosos. Só em fundos especializados, a Ageas Pensões gere mais de 6 mil milhões de euros. O grupo fixou um objetivo para a carteira de investimentos com critérios de sustentabilidade: 625 milhões de euros até final de 2023, “ultrapassámos e, em janeiro de 2024, já tínhamos atingido mais de 750 milhões de euros”, afirma Katrien Buys.
Também a inovação no Grupo é assunto para a gestora. Resulta da estratégia do Grupo que tem agora um horizonte 2030, por que “não fazia sentido falar de sustentabilidade, e logo de longo prazo, em ciclos estratégicos de três anos”. O grupo procura ainda apoiar projetos empresariais e investiu 3 milhões de euros no fundo de capital de risco para start-ups de impacto, Mustard Seed MAZE (MSM). Cinco projetos de investimento estão em marcha através da Actif, Dioscope, Pedalar sem Idade, Reformers e Maze X, enquanto 6 projetos estão a ser acompanhados. No total a Ageas Portugal já investiu 395 mil euros e está a observar projetos socialmente inovadores, de valor superior a 1 milhão de euros, com o objetivo de entrar com tickets de 100 mil a 300 mil euros no capital da empresa.
Depois há todo um bem desenvolvido de mecenato mais convencional. “São 1,8 milhões de euros investidos na comunidade em donativos e mecenato em todo o país e setores”. Para além dos apoios mais específicos dirigidos a 2 milhões de clientes Ageas, os 650 mil euros em investimento social realizado pela Fundação Ageas ou a integração da oncologia nas preocupações da Médis, a seguradora de saúde do grupo.
Ainda na MovSaúde, o parceiro Tiago Venâncio, CEO da Aegon Santander, faz menção a Steven Braekeveldt, CEO do Grupo Ageas Portugal, apontando “o generoso patrocínio e compromisso contínuo permitiu que este projeto avançasse com confiança”. Num próximo patamar, Kristien Buys quer alargar o rastreio do cancro colorretal ao rastreio do cancro da mama e precisa de motivar mais parceiros para a causa.
E não adianta tentar encontrar um racional económico para o que está a acontecer. Nem payback period, nem prevenção de custos com sinistros, porque os clientes têm um ano de contrato que pode não ser renovado. “É mesmo um cenário pré-competição, todos por uma causa comum, não procuramos retorno económico”, conclui Katrien Buys.
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