Com mais capital de risco e milionários, Portugal recupera no ranking da qualidade das elites
Portugal sobe cinco lugares no Índice de Qualidade das Elites, que avalia 151 países. Óscar Afonso aponta “deterioração” nos indicadores do investimento estrangeiro, produtividade e custos com saúde.
Depois do trambolhão de oito posições na edição do ano passado, Portugal recupera cinco posições e sobe ao 25.º lugar do mais recente ranking de qualidade das elites, entre 151 países analisados, um instrumento que mede a forma como o modelo de geração de riqueza das elites é mais ou menos extrativo em termos de poder (político e económico) e o seu potencial de tradução em valor, penalizando ou favorecendo o progresso do país.
Os resultados da quinta edição do Índice de Qualidade das Elites (EQx2024), que avaliou 146 indicadores, mostrou que Portugal subiu 1,4 pontos em relação ao ano anterior, para 58,4 pontos, sobretudo devido à melhoria registada em dois indicadores (financiamento de capital de risco e evolução do número de milionários) que “podem variar muito numa economia relativamente pequena como a portuguesa, com apenas alguns milionários e um pequeno mercado de capital de risco”.
A explicação é dada por Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), instituição que participa neste estudo em colaboração com a Universidade de Saint Gallen (Suíça) e uma rede internacional de parceiros e instituições académicas. Por outro lado, “os indicadores relacionados com a produção e o trabalho mostraram uma tendência preocupante, evidenciando uma deterioração em vários deles, como os respeitantes aos custos com a saúde, o investimento direto estrangeiro e a produtividade”.
Óscar Afonso, que renunciou ao mandato de deputado após ser eleito nas listas da AD, é o autor do estudo a nível nacional, juntamente com a também professora Cláudia Ribeiro e o coordenador do Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP, Nuno Torres. O ranking é liderado por Singapura, que retoma este ano o lugar cimeiro que tinha perdido para a Suíça. Países Baixos, Japão e Nova Zelândia completam o top 5.
Já no que se refere aos novos indicadores inseridos nesta edição, os promotores do estudo destacam ainda, em comunicado enviado às redações, que essas classificações ficam abaixo da posição global do país neste ranking: Portugal ocupa o 55.º lugar no Índice de Acessibilidade da Habitação, o 41.º lugar na Densidade da Rede Ferroviária e o 27.º lugar no Índice Global de Inteligência Artificial.
A potencial diminuição da extração por parte das elites face ao que se verificava antes da pandemia ainda não se traduziu num progresso efetivo, em prol da sociedade, em termos de valor gerado pelos modelos de negócio das elites.
“Enquanto Portugal progrediu na atenuação do potencial extrativo das elites, tal não impediu uma deterioração em termos de valor gerado em 2024, com origem no valor económico. Comparando com a primeira edição [2020, com indicadores de 2019], verifica-se que o subíndice de Poder está acima do nível pré-pandemia, mas o subíndice de Valor ainda não atingiu esse patamar”, resume Óscar Afonso.
Isso implica, segundo contextualiza o diretor da FEP, que “a potencial diminuição da extração por parte das elites face ao que se verificava antes da pandemia ainda não se traduziu num progresso efetivo, em prol da sociedade, em termos de valor gerado pelos modelos de negócio das elites”.
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