Esquerda pressiona Bugalho com “linhas vermelhas” de von der Leyen

As "linhas vermelhas" de von der Leyen voltaram a marcar o debate entre os cabeça de lista às europeias, numa altura em que a atual presidente mantém-se disposta a negociar com a extrema-direita.

Sebastião Bugalho voltou a ser questionado sobre a abertura de Ursula von der Leyen a negociar com a extrema-direita no Parlamento Europeu, desta vez pelo cabeça de lista do PAN, Pedro Marques, que desafiou o candidato pela AD a esclarecer se o “não é não”, traçado à extrema-direita em Portugal, com o Chega, será adotado também no europarlamento, na próxima legislatura.

Temos as mesmas linhas vermelhas que Ursula von der Leyen“, afirmou Sebastião Bugalho, esta sexta-feira, durante a sua intervenção no último debate a quatro para as eleições europeias, transmitido pela TVI, acrescentando que essas são a defesa da Europa, do Estado de Direito e da Ucrânia. “Não vão ser cruzadas, são intransponíveis”, frisou.

Em causa está a posição assumida pela atual presidente e recandidata pelo Partido Popular Europeu (família política do PSD e CDS) à Comissão Europeia, que revelou estar disponível para continuar a trabalhar com Georgia Meloni, primeira-ministra italiana e líder dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, na sigla inglês), família política que abriga partidos de extrema-direita como o espanhol Vox e os Irmãos de Itália.

Antes disso, já Ursula von der Leyen tinha sugerido que, se fosse reeleita, e dependendo da composição dos partidos que integrarem o ECR, também estaria disposta a negociar com este grupo político, a partir de julho, quando o novo Parlamento tomar posse após as eleições.

O tema ganha relevância numa altura em que as sondagens a nível europeu apontam para um aumento da representação dos grupos da extrema-direita – ECR e Identidade e Democracia (ID), família do Chega – no hemiciclo, em Bruxelas, reflexo do que está também a acontecer a nível nacional nos 27 Estados-membros, incluindo Portugal.

Catarina Martins alertou para tal durante a sua intervenção, algo que levou Sebastião Bugalho a provocar a candidata do Bloco de Esquerda por estar “tão pessimista em relação à ascensão da direita radical“. “A Catarina Martins já sabe que a extrema-direita vai ganhar?”, questionou o candidato pela Aliança Democrática.

“Podemos fazer de conta que não vemos mas está à nossa frente que a direita está a organizar-se com a extrema-direita para cargos institucionais”, alertou a cabeça de lista bloquista, referindo-se à “amizade” entre von der Leyen e Meloni. “É muito interessante. Registo que a direita anda a dividir a extrema-direita entre boa e má. Mas toda ela gosta de ter Salvini”, que é próximo de Putin, acusa. “E toda ela ataca as mulheres”, atira.

A extrema-direita europeia acabou por dominar o último “debate quadrangular” entre os cabeça de lista, tendo sido referida noutros aspetos relevantes para a política europeia, nomeadamente, as regras de governação económica e aplicação de fundos europeus, que, segundo Marta Temido e Sebastião Bugalho “garantem maior flexibilidade” aos Estados-membros no investimento de políticas públicas, “desde que cumpram os limites do défice”, alertou o candidato pela AD.

Mas para Catarina Martins, não é líquido que assim o seja. Para a candidata do Bloco, as novas regras de governação económica “dão mais poder discricionário à Comissão Europeia [CE]” para determinar os setores em que cada Estado pode investir.

“Deram à Comissão poder para decidir sobre a nossa política de Saúde, e isso é um erro”, atira, sobretudo, diz, num momento em que a Comissão Europeia poderá ficar “condicionada pela extrema-direita”.

António Costa no Conselho? “É diferente de Durão Barroso”

Num dia em que o ex-primeiro ministro foi ouvido enquanto testemunha do DCIAP a propósito da Operação Influencer, Marta Temido considerou serem “boas notícias” que o processo tenha evoluído nesse sentido, recordando que a operação teve início em novembro do ano passado.

“Passaram-se seis meses. Em abril, António Costa pediu para ser ouvido. É uma excelente notícia para começar a noite“, afirmou na sua primeira intervenção do último “debate quadrangular”, desta noite. Mas foi a única que se pronunciou abertamente sobre o assunto, e reiterou o apoio a António Costa numa eventual candidatura à presidência do Conselho Europeu, em setembro.

Sebastião Bugalho, por seu turno, manteve-se reservado quanto a essa matéria, sublinhando estar presente no debate “como candidato pela AD” e não “para fazer campanha por António Costa”. Todavia, e em reação às notícias que saíram esta sexta, o candidato pela Aliança Democrática afirmou sentir “alívio”.

“Um primeiro-ministro, seja de esquerda ou direita, que enquanto esteve em funções não tenha cometido crimes deixa qualquer democrata aliviado dada perplexidade que o processo Influencer criou”, afirmou em resposta à questão.

Pedro Marques, cabeça de lista do PAN, também não abriu o jogo quanto a um eventual apoio de António Costa em Bruxelas, tendo remetido a discussão para o papel da justiça. “Temos de discutir o papel da Justiça e os meios que tem”, disse, frisando que a falta da capacitação deste organismo pode “por em causa a estabilidade do país”.

Catarina Martins, embora não tenha esclarecido se apoiaria a candidatura do ex-primeiro-ministro a Bruxelas, considera que António Costa “é diferente de Durão Barroso” quando se trata do Conselho Europeu. A cabeça de lista pelo Bloco de Esquerda argumenta que não se irá prenunciar “sobre uma candidatura que o próprio não o fez”. Ainda assim, deixou claro: “[António Costa] é diferente de Durão Barroso”.

Notícia atualizada pela última vez às 22h10

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