Embaixador israelita critica reconhecimentos da Palestina e espera que Portugal mantenha posição
O diplomata considera que o reconhecimento do Estado da Palestina por Espanha, Noruega e Irlanda é uma decisão "vergonhosa" e espera que Portugal "mantenha a posição".
O embaixador israelita em Portugal, Dor Shapira, considerou esta terça-feira uma “decisão vergonhosa” o reconhecimento do Estado da Palestina pela Espanha, Noruega e Irlanda e espera que Portugal “mantenha a posição” de reconhecer “no momento e com os intervenientes certos”.
“Acho que é uma decisão vergonhosa porque há três problemas com essa decisão”, resumiu o diplomata em declarações à Lusa em Lisboa, o primeiro dos quais o “momento” para o reconhecimento oficial.
“É como dar um prémio ao terror. Tiveram 60 anos para o fazer e não o fizeram. Estão a fazê-lo logo após o pior ataque terrorista conduzido contra Israel pelo Hamas”, criticou Shapira, argumentando ainda viver-se uma “altura muito sensível” por se tentar chegar a um acordo para “libertar os reféns [israelitas mantidos em Gaza] e encontrar soluções para a situação”.
Assim, segundo o diplomata israelita, dar passos como os desta terça “pode prejudicar” as discussões em curso, no âmbito do atual conflito, desencadeado pelo ataque do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita a 07 de outubro e que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas. Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 36.000 mortos e uma grave crise humanitária, segundo o Hamas, que governa o enclave palestiniano desde 2007.
O “segundo problema”, segundo o diplomata, é a ausência de qualquer condição para reconhecer o Estado palestiniano pelos três países europeus, pelo que o Hamas, “uma organização terrorista segundo a sua definição, pode continuar a estar à frente deste Estado que acabaram de reconhecer”. O diplomata lamentou a falta de condições como a “libertação dos reféns” ou que o Hamas deixasse de “disparar rockets contra Israel”. “Apenas reconheceram [o Estado palestiniano] e acho que é simplesmente inaceitável”, criticou à Lusa.
O “terceiro problema”, adiantou, é o “procedimento errado”, uma vez que é necessário as partes em conflito sentarem-se para procurar as “soluções corretas”. “Em primeiro lugar, temos de acabar com os combates. Mas, quando os combates terminarem, e espero que terminem em breve, os israelitas e os palestinianos sentar-se-ão juntos para resolver o conflito israelo-palestiniano”, afirmou Shapira, indicando que essas conversações não decorrerão em Madrid ou em Dublin.
Dor Shapira recusou que na base do reconhecimento esteja a procura da paz na região, porque as primeiras felicitações vieram do Hamas. “O Hamas é uma organização terrorista. E a organização terrorista foi a primeira a felicitar a Espanha e a Irlanda pelo reconhecimento do Estado Palestiniano e também a Noruega. Isso mostra exatamente o que é este passo: é um prémio para o terror”, considerou.
Questionado sobre o entendimento de Portugal, o embaixador notou que a posição se manteve no atual governo e que “qualquer tipo de reconhecimento ter de ser feito da forma correta”. “Tem de ser feito no momento certo, da forma certa e com os intervenientes certos. Se essas três condições forem cumpridas, então será a altura certa para reconhecer o Estado palestiniano. Mas fazê-lo desta forma agora, não é a altura certa, não é a forma correta. E não é com os intervenientes certos. Por isso, espero que Portugal continue a manter esta posição, porque é a posição correta”, considerou.
Segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, indicou que na questão israelo-palestiniana “Portugal tem uma posição de mediação” para “manter o diálogo inteiro com as autoridades palestinianas e com Israel”. O embaixador informou já se ter reunido com o chefe da diplomacia portuguesa e afirmou como os dois países são democráticos e partilham os mesmos valores. “Somos da mesma escola de pensamento que acredita na democracia, na liberdade de expressão, na liberdade de direitos, independentemente do género e da crença e religião”, concluiu.
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