Derrotado, Montenegro promete que vai manter “caminhada”

O líder do PSD reconheceu que tem de "aprofundar" os entendimentos com o PS, no âmbito da Assembleia da República, sem violar o programa do Governo, e reforçou a cerca sanitária ao Chega.

A derrota da Aliança Democrática (AD) nestas eleições europeias por uma unha negra face ao PS serviu para o líder do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, reforçar o cordão sanitário face ao Chega e desafiar os socialistas a aprofundar o diálogo, na Assembleia da República, em matérias que carecem do crivo parlamentar como diminuição de impostos ou Orçamento do Estado para 2025. “O resultado de hoje dá-nos muito, muito alento para cumprirmos a caminhada que nos trouxe até aqui”, disse.

A AD obteve 31,12% dos votos e conseguiu eleger sete eurodeputados, enquanto o PS alcançou oito mandatos e 32,09% dos votos, segundo os resultados provisórios publicados no site da secretaria-geral da Administração Interna.

“O Governo e a AD estão disponíveis desde a primeira hora para dialogar e encontrar consensos com todas as forças políticas, mas, naturalmente, aquela com quem temos de necessidade de aprofundar é o PS em tudo o que for relevante nas decisões do Governo, nomeadamente aquelas que carecem de pronúncia parlamentar”, anunciou Montenegro na noite de domingo, depois de conhecidos os resultados eleitorais, numa sala do Hotel Epic Sana Marquês, em Lisboa, convertido em quartel-general da AD.

Com estas declarações, Montenegro tentou refrear os ânimos entre AD e PS no Parlamento, designadamente no que diz respeito a medidas como a descida do IRS. De lembrar que PS com a ajuda do Chega conseguiu aprovar um projeto próprio e chumbar a proposta dos partidos que sustentam o Governo.

Porém, Montenegro ressalvou que a coligação PSD/CDS “não consegue obrigar quem não quer consensualizar a fazê-lo” e que há uma linha vermelha que é o programa do Governo. “Se o Parlamento não rejeita o nosso programa é porque assume a responsabilidade de o executar”, reiterou, dirigindo-se ao PS que se absteve nas moções de rejeição de BE e PCP, o que permitiu a viabilização do plano do Executivo.

O cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, reforçou a tese de que PSD e CDS não se devem afastar nem “um ponto dos seus princípios democráticos”. Brincando com a diferença “poucochinha” entre o resultado da AD e do PS, o independente de 28 anos defendeu que nos “nove quilómetros” que a caravana percorreu nesta campanha, não houve “um ataque pessoal, um populismo, um extremismo”. “Ficámos a um ponto da vitória mas não ficámos a um ponto de quebrar o nosso compromisso com a democracia”, sublinhou.

Montenegro assume derrota, mas Bugalho reclama vitória

Logo após conhecidos os resultados eleitorais provisórios, Luís Montenegro reconheceu de imediato a derrota dos partidos do Governo. “Quando há eleições, cada força política tem os seus objetivos, o objetivo da AD é sempre ter pelo menos mais um voto do que outra força partidária. Quero assumir que não cumprimos esse objetivo e quero felicitar o PS e o seu secretário-geral e a sua cabeça de lista“, declarou.

Ainda assim, o líder do PSD lembrou os feitos alcançados pelo partido: “Tendo percorrido até aqui dois anos de trabalho político intenso, tivemos ocasião de vencer quatro eleições com candidatos da AD, nos Açores, duas na Madeira e nas legislativas“. Ora estas vitórias “dão alento para prosseguir a caminhada” que o partido trilhou, defendeu.

Já Sebastião Bugalho preferiu dar ênfase às metas alcançadas, rejeitando derrota alguma. “É com satisfação que vejo que um conjunto de objetivos predeterminados da AD e da candidatura que vejo cumprido”, realçou.

Dissemos que íamos manter a nossa delegação no Parlamento Europeu e cumprimos e vamos manter, continuarmos com sete eurodeputados, enquanto os nossos adversários perderam eurodeputados“, evidenciou Bugalho. De lembrar que o PS elegeu oito mandatos, quando tinha nove. A este respeito, Bugalho aproveitou para dar uma alfinetada, que arrancou aplausos da plateia: “Compreendo os festejos, quando o PS não ganha há quatro eleições“.

O candidatou continuou a apresentar argumentos para refutar a ideia de que a AD tinha sofrido uma derrota. “Pessoalmente ambicionava a ter mais um ponto do que a minha idade (28 anos) e acabei com mais três pontos do que a minha idade“, isto é, a AD obteve 31,21% dos votos enquanto o PS alcançou 32,09%. “Estou aqui mesmo precocemente envelhecido”, afirmou em tom jocoso. “Em comparação com as últimas europeias, a AD teve um aumento de 20% da votação. Pela primeira vez, em 10 anos, tivemos mais de um milhão de eleitores. Não é dia de uma derrota da AD“, concluiu.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Derrotado, Montenegro promete que vai manter “caminhada”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião