Voto contra de Meloni? “Compreendo perfeitamente”, diz Costa

António Costa não mostra ressentimento quanto à rejeição vinda de Itália para o cargo de Conselho Europeu, assegurando que irá manter uma relação saudável e de "enorme proximidade" com Meloni.

António Costa agradeceu aos líderes europeus o “voto de confiança” que foi depositado para a nomeação para presidente do Conselho Europeu, afastando qualquer tipo de ressentimento em relação à primeira-ministra italiana Georgia Meloni que foi a única dos 27 Estados-membros que votou contra o ex-primeiro-ministro.

Compreendo perfeitamente o voto. Creio que a primeira-ministra disse publicamente os motivos do voto contra”, afirmou António Costa em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira, na sede do Partido Socialista Europeu (PES), em Bruxelas. O ex-governante salienta que no Conselho Europeu “todos têm orientações e famílias políticas” e que por isso “votam de acordo com as suas preferências”.

A primeira-ministra italiana mostrou-se, desde logo, descontente com os candidatos aos cargos de topo para a próxima legislatura na União Europeia, por considerar que os votos das eleições de 9 de junho não foram tidos em conta. Em Itália, o partido de extrema-direita de Meloni (Irmãos de Itália) ganhou às eleições, impulsionando significativamente o resultado da sua família política, em Estrasburgo. Os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), também sob a liderança da italiana, são, atualmente, a terceira força política (83 eurodeputados) tendo destronado os liberais do Renovar Europa.

Ainda assim, mantém-se confiante de que nos próximos dois anos e meio manterá uma relação saudável e de “enorme proximidade” com Georgia Meloni, “tal como com os restantes 26”.

“Uma das grandes qualidades da União Europeia é o facto de ser uma união de Estados. Os governos são fruto da vontade popular e o Conselho [Europeu] tem de respeitar todos“, continuou, recordando que o executivo italiano nasceu como resultado de uma eleição democrática. “Que isso depois se manifesta de forma diferente no Conselho [Europeu], é normal”, disse ainda.

Quanto ao seu mandato que irá arrancar a 1 de dezembro, sucedendo a Charles Michel, António Costa diz que espera “contribuir para o prestígio” de Portugal e levar avante duas missões: “Assegurar o bom funcionamento” do Conselho Europeu, sempre em “boa articulação com outras instituições” e, ainda, pôr em prática a agenda estratégica que foi aprovada na reunião desta quinta-feira. Enquanto futuro presidente do Conselho Europeu, Costa promete que se irá “colocar acima das famílias políticas” e ser “o presidente de todos” os 27, fazendo uma alusão a Mário Soares.

Quanto à possível renovação do mandato por mais dois anos e meio, que só deverá ser conhecido em meados de 2027, o ex-primeiro-ministro não faz previsões, nem se compromete com cenários, diz apenas que “vai preparar o processo de transição” para tomar posse a 1 de dezembro, estando nesta altura a formar o gabinete que levará consigo para Bruxelas. Ademais, nos próximos cinco meses, diz, irá “falar com todos os líderes” para ter com conta como “melhorar os métodos de trabalho” no Conselho Europeu.

Esta quinta-feira, após o jantar entre os 27 chefes de Estado e do Governo, em Bruxelas, foram votados os candidatos para os cargos de topo para o próximo ciclo institucional da União Europeia. António Costa foi aprovado por uma maioria qualificada reforçada para presidir ao Conselho Europeu. Igualmente aprovados foram Ursula von der Leyen e Kaja Kallas para presidir a Comissão Europeia e para o cargo de alta representante da UE para a política externa, respetivamente. As duas precisam, no entanto, ainda de passar pelo crivo do Parlamento Europeu, a 16 de julho, com o apoio de 361 votos. Nessa mesma sessão, será votada também a presidente e vice-presidente do hemiciclo em Estrasburgo.

PPE, socialistas e liberais reúnem, atualmente, 399 eurodeputados, mas não é certo que todos tenham o voto alinhado. Também não é certo que este número se mantenha uma vez que as negociações para a formação das bancadas parlamentares em Estrasburgo irão decorrer até ao dia 4 de julho.

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