Portugal paga menos para emitir 1.500 milhões de euros a 3 e 11 meses
O Tesouro português colocou o montante máximo indicativo fixado para esta emissão de dívida de curto prazo. Trata-se do primeiro leilão de dívida realizado após a primeira descida de juros do BCE.
Portugal regressou esta quarta-feira ao mercado de dívida para emitir 1.500 milhões de euros em títulos a três e a 11 meses, com o Tesouro português a pagar taxas de juro ligeiramente inferiores às pagas na emissão comparável, realizada em meados de abril. O instituto que gere a dívida portuguesa conseguiu colocar o máximo pretendido, na primeira emissão após a descida de juros anunciada pelo BCE, no início deste mês.
“O Banco Central Europeu iniciou o ciclo de descida de taxas, as perspetivas relativas a novos cortes continuarão a depender dos dados económicos, uma vez que a inflação apesar de estar numa tendência descendente, não está a descer à velocidade desejada, o que faz com que continuemos num regime de inversão de curva de taxas de juro, onde o curto prazo continua a pagar mais que o longo prazo”, explica Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, num comentário ao duplo leilão de dívida de curto prazo realizado esta manhã.
O especialista acrescenta que “a antecipação de eleições em França fez subir o prémio de risco francês, assim como de todos os países da periferia, no entanto tal não foi suficiente para que o prémio de risco de Portugal subisse para níveis que tínhamos no início do ano. Se viermos a ter uma nova descida de taxas no final do ano, é possível voltar a assistir a uma redução do prémio de risco nacional.”
O Tesouro português emitiu 850 milhões de euros na linha de títulos com uma maturidade em setembro de 2024. A taxa de juro média da operação fixou-se em 3,646%, uma taxa que compara com os 3,769% pagos na emissão de dívida a três meses realizada a 17 de abril. A procura situou-se em 1,7 vezes a oferta.
Para a linha com maturidade em setembro de 2025, o instituto que gere a dívida portuguesa colocou 650 milhões de euros. A taxa de cupão média para emitir os títulos a 11 meses foi de 3,42%, abaixo dos 3,457% pagos para emitir dívida com a mesma maturidade em abril. Para esta linha, a procura superou em 2,5 vezes o montante da oferta.
O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública indicou na passada sexta-feira a realização de um duplo leilão de bilhetes do tesouro (BT) com maturidades a 3 e 11 meses, com um montante indicativo global entre 1.250 e 1.500 milhões de euros, com a entidade liderada por Miguel Martín a conseguir colocar o montante máximo pretendido.
Esta é a primeira emissão de dívida realizada pela República após o Banco Central Europeu ter anunciado a primeira descida de juros em quase cinco anos, uma decisão que colocou a autoridade monetária do euro na dianteira no início de ciclo de descidas de taxas em relação à Reserva Federal dos EUA.
(Notícia atualizada)
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