Instituto Piaget de Silves acolhe unidades residenciais de apoio à saúde mental para 36 utentes

As unidades, que serão instaladas na Escola Superior de Saúde Jean Piaget em Silves, têm capacidade para 36 utentes, incluindo crianças, adolescentes e adultos.

O Instituto Piaget vai acolher, no campus académico em Silves, unidades residenciais de apoio à saúde mental com capacidade para 36 utentes. O projeto também vai contribuir para formar novos profissionais na área do apoio à saúde mental.

As unidades, que serão instaladas na Escola Superior de Saúde Jean Piaget em Silves, têm como objetivo “proporcionar cuidados integrados de suporte, promoção de autonomia e apoio social, em regime ambulatório, a pessoas com diferentes níveis de dependência. Estarão preparadas para receber utentes de diversas idades, incluindo crianças adolescentes e adultos“, explica o instituto num comunicado.

“Além de todos os benefícios para a comunidade com o alargamento da rede nacional de cuidados continuados integrados de saúde mental, este projeto vai também contribuir para a formação de profissionais especializados na área do apoio à saúde mental. Estas instalações serão uma excelente plataforma para a realização de estágios profissionais ou curriculares, fomentando ainda a criação de novos postos de trabalho na região”, destaca Rui Tomás, secretário-geral do Instituto Piaget.

Estas instalações serão uma excelente plataforma para a realização de estágios profissionais ou curriculares, fomentando ainda a criação de novos postos de trabalho na região.

Rui Tomás

Secretário-geral do Instituto Piaget

Este projeto resulta de um protocolo de colaboração entre o Instituto Piaget, a Associação Amigos dos Pequeninos de Silves e o Município de Silves, com o objetivo de enriquecer as respostas nos cuidados de saúde mental a toda a região do Algarve e do Baixo Alentejo.

Este investimento enquadra-se na componente “Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e Rede Nacional de Cuidados Paliativos” do PRR e permitirá ao Algarve ser a primeira região do país a implementar uma Unidade de Dia e Promoção da Autonomia da rede nacional de cuidados continuados integrados, um tipo de unidade previsto desde 2006, mas só agora concretizado.

“A implementação deste novo equipamento de saúde mental na Escola Superior de Saúde Jean Piaget em Silves é um passo importante para a melhoria da prestação de cuidados de saúde na região. Estamos convictos de que contribuirá para reforçar a resiliência do sistema de saúde e assegurar uma maior igualdade de acesso a serviços de qualidade na área da saúde mental e dos cuidados continuados integrados”, conclui Rui Tomás.

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Turismo de massas alvo de protestos em várias regiões de Espanha

  • Lusa
  • 28 Junho 2024

Málaga, no sul de Espanha, junta-se no sábado a outras cidades do país que têm sido palco de manifestações com dezenas de milhar de pessoas contra o turismo de massas e o difícil acesso à habitação.

Málaga, no sul de Espanha, junta-se no sábado a outras cidades do país que têm sido palco de manifestações com dezenas de milhar de pessoas contra o turismo de massas e o difícil acesso à habitação.

Espanha é o segundo destino turístico do mundo, depois de França, e recebeu 86 milhões de visitantes estrangeiros em 2023, segundo estatísticas oficiais.

Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística revelam que o turismo representou 11,6% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol em 2022 e gerou mais de 1,9 milhões de postos de trabalho no mesmo ano.

Apesar do peso na economia, as populações de regiões espanholas com mais turismo têm-se manifestado nos últimos meses por causa daquilo que consideram ser uma saturação da atividade, com esgotamento de recursos ou impactos graves no mercado da habitação.

As ilhas Canárias, no atlântico, onde vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, viveram em 20 de abril uma jornada de protestos contra o turismo de massas que os meios de comunicação social espanhóis classificaram como histórica, por causa da dimensão das manifestações.

Segundo os organizadores, mais de 130 mil pessoas manifestaram-se só em Tenerife e Gran Canária (56 mil em todo o arquipélago, segundo as autoridades)

As manifestações tiveram como lema “As Canárias têm um limite”, com os organizadores a sublinharem a saturação, com turistas, de estradas ou espaços naturais, ao mesmo tempo que os residentes assistem a uma escalada de preços das casas e se mantêm altos níveis de pobreza nas ilhas ou salários baixos.

As Canárias, um dos principais destinos do turismo em Espanha, tem dos salários médios mais baixos de Espanha, só superior ao da região da Extremadura.

Os organizadores dos protestos pediram a suspensão da autorização de novos hotéis e outros alojamentos turísticos, a criação de uma ecotaxa ou a regulamentação da compra de casas por estrangeiros.

Dois dias depois das manifestações, o presidente do governo regional, Fernando Clavijo, reconheceu haver fragilidades no modelo económico das Canárias e a necessidade de rever o modelo turístico.

Segundo Calvijo, a região tem “mais de 70 peritos universitários a colaborar em 14 de grupos de trabalho dedicados ao desenvolvimento económico sustentável e à revisão do modelo turístico” e prometeu medidas concretas “para corrigir a questão da habitação e do arrendamento de férias”.

Outro arquipélago, as Baleares, no Mediterrâneo, onde vivem cerca de 1,2 milhões de pessoas, recebeu 14,4 milhões de turistas em 2023, segundo estatísticas oficiais.

Em 25 de maio, um manifestação na capital do arquipélago, Palma de Maiorca, mobilizou pelo menos 10 mil pessoas, segundo as autoridades, em protesto contra os impactos do turismo de massas, ao mesmo tempo que se sucediam nas televisões espanholas reportagens com dezenas e dezenas de trabalhadores nos serviços públicos ou na hotelaria a viver em tendas e caravanas por não conseguirem pagar uma casa.

Nas reportagens surgem ainda casos de donos de hotéis e restaurantes que optaram por comprar ou arrendar casas nas ilhas para alojarem trabalhadores e assim garantirem a mão-de-obra necessária para manterem os negócios em funcionamento.

A par da manifestação de Málaga, no sábado, há outra convocada para Barcelona, no nordeste de Espanha, para 6 de julho, para pedir limites ao turismo”.

Na semana passada a autarquia de Barcelona anunciou que não vai conceder mais licenças para alojamento local e que não renovará as que existem, o que acabará com os apartamentos para turistas no final de 2028.

Barcelona tem atualmente 10.101 alojamentos locais oficialmente registados e um dos objetivos é que entrem no mercado de habitação, tanto de arrendamento como de venda, disse o autarca Jaume Collboni.

Segundo o presidente do município, nos últimos dez anos, o arrendamento de casas em Barcelona subiu 68% e o de venda 38%.

Collboni disse ser por isso necessário aumentar a oferta e continuar com as medidas de regulação dos preços das rendas, “para os preços não subirem tanto ou começarem a baixar e as pessoas não terem de deixar a cidade”.

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Nova linha de apoio ao Turismo financia até três milhões por operação, o dobro da linha atual

PME têm, no máximo, 15 anos para reembolsar empréstimo com um período de carência máximo de quatro anos. No caso das grandes empresas o prazo máximo de reembolso é de dez anos e de carência três anos.

O Governo vai reforçar em 300 milhões de euros a linha de apoio à qualificação da oferta turística e fez alguns ajustamentos às condições, apurou o ECO. As empresas poderão receber do Turismo de Portugal, no máximo, três milhões de euros por operação, o dobro face à linha que estava em vigor.

A assinatura, com a banca, do protocolo da linha, que teve grande aceitação entre os players do mercado, será feita esta sexta-feira à tarde numa cerimónia presidida pelo ministro da Economia, Pedro Reis.

De acordo com as condições protocoladas, cada empresa pode receber até três milhões de euros por operação, no que diz respeito à parte do Turismo de Portugal, num total que não pode exceder 80% do investimento elegível.

A regra geral de funcionamento da linha determina que o financiamento a conceder é repartido na proporção de 40% pelo Turismo de Portugal e 60% pela banca. Mas, para as grandes empresas, a proporção passa para 30% pelo Turismo de Portugal e 70% pelo banco.

no caso das PME o financiamento é assegurado em 75% pelo Turismo de Portugal e 25% pela banca. Em causa estão projetos de empreendedorismo; projetos em territórios do interior mais desprotegidos, ou seja, os territórios de baixa densidade; e projetos no âmbito do programa Revive.

Esta linha, com as novas condições, vai estar disponível já a partir desta segunda-feira, 1 de julho.

As empresas não pagam juros na parcela referente ao Turismo de Portugal. Na parcela dos bancos, as condições são negociadas entre a empresa e a instituição, de acordo com a análise de risco efetuada. No entanto, fica definido que as comissões a cobrar pelo banco às empresas, independentemente da sua natureza, não podem ultrapassar, no seu conjunto, 0,5% do montante do financiamento em dívida concedido pelo banco. Já o Turismo de Portugal não cobra qualquer comissão.

À semelhança do que já acontece, as PME têm, no máximo, 15 anos para reembolsar empréstimo, havendo um período máximo de carência de quatro anos. No caso das grandes empresas, o prazo máximo de reembolso do financiamento é de dez anos, com um período máximo de carência de três anos.

Os projetos de investimento podem ainda beneficiar de um prémio de desempenho, que se traduz na conversão em incentivo não reembolsável de uma parte da componente do financiamento atribuído pelo Turismo de Portugal. Para as PME 25% do financiamento pode passar a ser a fundo perdido, mas nas grandes empresas esse valor é limitado a 5%. O prémio é atribuído em função do volume de negócios e do valor acrescentado bruto (VAB) e do número de postos de trabalho criados. Se houver despedimentos, a empresa não terá acesso ao prémio de desempenho.

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Seca e os desafios da economia ‘verde’, ECO magazine em banca

  • ECO
  • 28 Junho 2024

O ECO também é uma edição mensal, premium, em papel, com a assinatura “A ECOnomia nas suas mãos” e o mesmo compromisso com os leitores. A edição 'verde' chegou às bancas.

Portugal tem que trabalhar na sua resiliência aos impactos climáticos e a água e a ferrovia deviam ser prioridades. “A água e a ferrovia são talvez dos pontos que podem ter um maior impacto naquilo que é a transformação de Portugal do ponto de vista da resiliência”, defende Miguel Maya, CEO do Millennium bcp, a entrevista de capa da mais recente edição do ECO magazine, um número totalmente dedicado aos temas ESG (ambiente, social e governação).

O gestor do banco, pela sexta vez consecutiva considerado o Melhor Banco de Finanças Sustentáveis pela revista “Global Finance”, alerta para o papel que a regulação deve ter na criação de um level playing field no setor financeiro, monitorizando (e colocando regras) os shadow banks e o seu papel no financiamento da economia. O “grande risco” é o financiamento passar da banca, “bastante regulada”, para os shadow banks. “O grande desafio aqui é garantir que as coisas não passem para fora do sistema.”

Para comprar a 7.ª edição do ECO magazine clique aqui.

Num momento em que o país tem grande parte do território em seca moderada, a água — a sua escassez e sua melhor gestão — é o grande tema de análise nesta edição do Capital. Vários especialistas fazem o retrato e apontadas soluções para mitigar este problema que afeta, sobretudo, o país a Sul. O resultado pode ser lido em “Um país atacado pela seca, mas ainda sem estratégia”.

Na opinião ouvimos especialistas e personalidades com responsabilidades no setor ambiental, energia e gestão de resíduos, ou sobre os temas de governação nas empresas. Maria Graça Carvalho (ministra do Ambiente); João Galamba (economista e antigo secretário de Estado da Energia); Pedro Amaral Jorge (CEO da APREN); Vera Eiró (presidente da ERSAR); Filipa Pantaleão (secretária-geral da BCSD) e Alice Khouri (fundadora da Women in ESG Portugal e head of legal da Helexia) trazem o seu contributo para a discussão nesta nova edição.

Uma reportagem à fábrica da Prio, em Aveiro, onde a empresa está a produzir biocombustível a partir de óleos alimentares, é outro dos temas que pode encontrar nesta edição Verde.

Os temas ESG estão presentes, aliás, em toda a edição. Em “Portefólio Perfeito”, fomos analisar as vantagens de investir em fundos ‘verdes’ e em “Saber Fazer” conhecer alguns projetos de empreendedorismo social. E, num momento em que apertam as regras de reporte ESG para as empresas, ‘Descodificamos’ a nova ferramenta criada pela SIBS com um conjunto de bancos fundadores.

O ECO magazine traz também os contributos dos diversos meios que fazem parte do universo ECO. Os desafios colocados pelas novas regras de reporte às PME é o tema desta edição do Capital Verde — “Nova indústria nasce do reporte verde e PME já sentem peso” ; “Regime híbrido nem sempre é o mais amigo do planeta” é o assunto analisado no Trabalho by ECO; já “Como os seguros podem ajudar na transição climática. Subscrição de riscos e investimentos de reservas mais seletivas” é o tema trazido pelo ECO Seguros.

“Licenciamento ambiental asfixia o investimento?” é o tema abordado pela Advocatus enquanto o Fundos Europeus analisa as agendas ambientais em “PRR pintado de verde”.

“Como as autarquias estão a tornar-se mais verdes” é o tema trazido pelo Local Online, enquanto o +M analisa o ” Greenwashing. Comunicar sustentabilidade: Como evitar o ‘abismo'”.

E depois dos negócios, ficam as sugestões de business & leisure da Time Out, parceira editorial do ECO, também com sugestões de espaços ‘amigos’ do ambiente. Nesta edição voltamos à estrada com o Auto ECO onde, todos os meses, testamos algumas das propostas do mundo automóvel.

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Editorial

Ambientalismo de mercado

O Instituto +Liberdade — de que o ECO é o parceiro de media — editou um livro sobre ambientalismo e economia de mercado que deveria ser de leitura obrigatória para todos os que estão de boa fé na discussão pública sobre a transição energética, o que isso significa para o bem-estar dos cidadãos, para todos os que estão mesmo dispostos a ouvir soluções que não passem por um regresso ao passado ou, se preferirem, por uma espécie de ‘decrescimento’ económico, com menos consumo e menos produção.

O livro — coordenado por Pedro Almeida Jorge e que tem prefácio de Carlos Guimarães Pinto — baseia-se na tradução do livro “Green Market Revolution: How market environmentalism can protect nature and save the world”, publicado em 2020, ao qual foram acrescentados três novos textos a pensar na realidade portuguesa (um dos quais já publicado no ECO, o “Livre mercado e meio ambiente”, de João Pinheiro da Silva).

Infelizmente, não é este o ângulo, que tem caminhos diversos, que domina o debate público e mediático. É outro, o das ações radicais de ativistas ideológicos que usam o ambiente para atacar a economia de mercado. O capitalismo tem os seus problemas, desde logo de distribuição de riqueza, mas também nas externalidades negativas de um conjunto de atividades que capturaram riqueza sem pagar o devido custo ambiental dessa atividade. Mas é a economia de mercado e o capitalismo que têm as respostas para o investimento, inovação e tecnologia necessários para aumentar o bem-estar dos cidadãos sem pôr em causa o ambiente, mais, para o tornar sustentável para esta e para as próximas gerações.

O que se passou em Portugal nos últimos 20 anos é um exemplo, mesmo com problemas pelo caminho, como se sabe, para uma produção renovável que ganha peso e contribuiu, ela própria, para uma mudança da estrutura económica, com mais valor. Fica aqui um dado oficial: Entre 1 de janeiro e 31 de maio de 2024 foram gerados 22.754 GWh de eletricidade em Portugal Continental, dos quais 84,2 % tiveram origem renovável.

Um exemplo de que os incentivos de políticas públicas são o melhor caminho para uma transição ambiental que crie riqueza: Os bancos têm de passar a incluir critérios ESG (ambiente, social e governação) na avaliação de risco dos clientes e consequentemente nas condições de financiamento, desde logo o preço.

A transição climática, de resto, é um compromisso global, e tem de ser negociado a essa escala. No contexto europeu, por um lado, e entre grandes blocos económicos e políticos, por outro, onde há países que partem de bases muito diferentes. Mas se cada país, cada Governo e cada agente económico fizer a sua parte, sem abdicar dos objetivos de crescimento económico, estaremos mais próximos de cumprir os objetivos.

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Isabel Vaz critica falta de clareza na gestão da saúde

A CEO da Luz Saúde defende uma clarificação das responsabilidades da ministra da Saúde e alerta para que a recente integração dos cuidados primários nas ULS possa comprometer o sistema.

A saúde é um dos cinco setores com maiores oportunidades de investimento em Portugal, segundo as conclusões do relatório “Structural Trends Shaping Portugal’s Economy and Growth”, produzido pelo Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa a pedido da Euronext e da AEM, no âmbito da iniciativa Portugal Capital Markets Day 2024, que se realiza esta sexta-feira em Lisboa.

No entanto, nem tudo corre bem no setor, salientou Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde, num painel de discussão do Portugal Capital Markets Day 2024. A líder do maior grupo privado de saúde do país aponta o dedo à atual falta de clareza na gestão do setor por parte do Ministério da Saúde, sublinhando que isso leva a ineficiências e a confusões.

Isabel Vaz sublinhou a ausência de mecanismos de controlo eficazes na gestão da saúde pública como sucede no setor privado, referindo a ausência de “procedimentos de checks and balances adequados” no sistema público.

“É fundamental definir quem é responsável por decidir as políticas públicas de saúde, as coberturas do sistema e a alocação dos recursos provenientes dos impostos”, defende Isabel Vaz, notando a necessidade de haver uma clarificação das responsabilidades da ministra da Saúde nestas matérias.

Um dos pontos levantados por Isabel Vaz prende-se com a gestão dos cuidados primários, questionando, desde logo, a eficácia do modelo de Unidades Locais de Saúde (ULS) recentemente implementado, sugerindo que “a integração dos cuidados primários nas ULS pode comprometer a sua função enquanto guardiões do sistema”.

Para a CEO da Luz Saúde, “os cuidados primários deveriam ser independentes da gestão hospitalar, pois são os guardiões do sistema que previnem a afluência desnecessária aos hospitais”.

Além disso, Isabel Vaz sublinhou a ausência de mecanismos de controlo eficazes na gestão da saúde pública como sucede no setor privado, referindo a ausência de “procedimentos de checks and balances adequados” no sistema público. Para a CEO da Luz Saúde, esta lacuna pode resultar em gastos desnecessários e falta de supervisão adequada.

Ainda no decorrer da sua intervenção, Isabel Vaz abordou também os desafios que enfrenta o setor, nomeadamente a escassez de profissionais de saúde. “Na Europa, estamos a falar de uma carência de um milhão de profissionais de saúde”, alertou, sublinhando a necessidade de encontrar soluções inovadoras para aumentar a produtividade e eficiência do setor.

Perante uma sala de investidores nacionais e internacionais, a CEO da Luz Saúde, que recentemente suspendeu o IPO devido a “condições de mercado adversas”, enfatizou ainda o potencial do investimento em saúde para impulsionar a economia, notando que atualmente a saúde pesa 12% do PIB.

“O investimento em saúde traduz-se em produtividade, não apenas em termos de eficiência, mas também na qualidade do que é produzido”, afirmou Isabel Vaz, defendendo uma abordagem baseada em valor para distinguir os investimentos que efetivamente melhoram a saúde da população.

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Governo afasta aumento intercalar na Função Pública, mas mantém atualização anual de pelo menos 2%

"Não há abertura por parte do Governo" para subir os ordenados ainda este ano, revelou Frente Comum, que ameaça com greves. Mas o acordo de rendimentos assinado pelo anterior Executivo é para manter.

“Não há abertura por parte do Governo” para avançar, ainda este ano, com um aumento intercalar dos salários de todos os funcionários públicos em 15% com um mínimo de 150 euros, como exige Frente Comum, revelou esta sexta-feira o coordenador da federação sindical, Sebastião Santana, depois de uma reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, também esteve presente no início do encontro, mas apenas para apresentar cumprimentos.

Ainda assim, o acordo plurianual para a valorização dos funcionários públicos assinado pelo anterior Executivo de António Costa é para “manter”, indicou a presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Maria Helena Rodrigues. Este pacto prevê uma atualização anual dos ordenados em pelo menos 2%.

Contudo, o secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesap), José Abraão, alertou que o Executivo apenas se comprometeu com “a parte de natureza salarial”. Isto significa que a revisão de carreiras prevista para 2025, como as dos técnicos de saúde e as dos inspetores externos, pode resvalar para mais tarde.

Quanto a uma eventual atualização das remunerações ainda este ano, Sebastião Santana referiu que o Executivo “remeteu a discussão da melhoria dos salários para o Orçamento do Estado para 2025”. Como “não há abertura por parte do Governo, vão ter de ser os trabalhadores a criar essa abertura”, defendeu o líder da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (Frente Comum), afeta à CGTP.

“A Frente Comum não se demite da responsabilidade que tem nisso. Não vamos ficar até janeiro de 2025 a empobrecer. O que vamos fazer é contactar os trabalhadores, ver se a reivindicação dos aumentos dos salários continua a ser prioritária – e continua seguramente – e isso resultará no desenvolvimento da luta”.

Questionado se admite convocar uma greve geral da Função Pública, Santana atirou: “Está tudo em cima da mesa. Não admito nem posso deixar de admitir. O compromisso que a Frente Comum assume é o de mobilizar os trabalhadores na luta pelos seus interesses e não vamos ficar à espera de janeiro para o fazer”.

Sebastião Santana considera que “o Governo tem condições financeiras” para promover uma atualização intercalar dos salários de todos os trabalhadores do Estado e “só não o faz porque não quer”. E até apontou uma solução para financiar esses aumentos: “Há uma rubrica no Orçamento do Estado que se chama ‘aquisição de serviços externos’ e que tem 19 mil milhões de euros, é dinheiro que vai para os privados do erário público. O que propusemos, e não é a primeira vez que o fazemos, é que parte desse valor seja internalizado nos serviços públicos e, entre eles, na melhoria dos salários da Administração Publica”.

Sobre o acordo plurianual para a valorização dos funcionários públicos que determina, grosso modo, atualizações salariais anuais de cerca de 52 euros até certo patamar de rendimento e de 2% acima desse nível, Santana desconhece as intenções do Governo para 2025 e anos seguintes.

“Não assinámos esse acordo, continuamos a apelidar esse acordo de empobrecimento e isso não mudou. Antes dos aumentos de 2025, precisamos de discutir quanto é que vamos aumentar os trabalhadores já”, vincou.

Acordo de rendimentos que prevê uma atualização salarial de pelo menos 2% é para “manter”

Ainda que não esteja em cima da mesa aumentos salariais intercalares, como exige a Frente Comum, o Governo de Luís Montenegro já garantiu que irá “manter o acordo plurianual celebrado com o anterior Governo”, anunciou a presidente do STE, Maria Helena Rodrigues à saída da reunião com a secretária de Estado da Administração Pública.

“É um acordo para se manter, portanto, haverá na mesma as atualizações salariais tal como estavam previstas”, reforçou. O pacto subscrito entre o Executivo de António Costa e as federações sindicais afetas à UGT (Fesap e STE) determina aumentos anuais de cerca de 52 euros até um certo patamar de rendimentos, em torno dos 1.700 euros brutos, e de 2% para vencimentos superiores.

Na mesma senda, o secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesap), José Abraão, afirmou que “o Governo deu a garantia de que pelo menos a parte do acordo de natureza salarial vai cumprir”. Mas, sinalizou, que, “essa matéria não está completamente fechada”.

“Veremos nas negociações, em setembro, se é possível ir mais além ou aumentar o subsídio de refeição”, indicou. Para 2023, o Governo socialista de António Costa, subiu aquela prestação de 4,77 euros para 6 euros por dia, tendo mantido o valor inalterado para este ano.

A Fesap só irá apresentar a sua proposta de atualização do subsídio de alimentação em setembro, mas Abraão reconhece que gostaria muito de sair das negociações “com um subsídio de 10 euros”.

Quanto à possibilidade de um aumento intercalar já este ano, como defende a Frente Comum, mas que já foi afastada pelo Governo, Fesap assim como STE preferem focar-se nas negociações para o Orçamento do Estado para 2025, mas não excluem apresentar uma proposta nesse sentido.

“Ainda estamos na fase de elaboração do caderno reivindicativo que entregaremos até final de agosto”, afirmou Maria Helena Rodrigues, do STE, sublinhando que “a ronda negocial só começará em setembro, no âmbito do Orçamento do Estado para 2025″.

Do mesmo modo José Abraão referiu que “as propostas da Fesap serão apresentadas em setembro”. “Se será com aumentos intercalares ou melhoria do acordo para 2025 logo se verá”, destacou. No entanto, reconheceu que se “o Governo decidir dar um aumento intercalar, a Fesap iria gostar muito”.

Revisão das carreiras dos técnicos de saúde e dos inspetores externos pode atrasar

O acordo é para cumprir mas só em matéria salarial, alertou José Abraão. Ou seja, a valorização das carreiras não revistas como as dos técnicos de saúde e as dos inspetores externos prevista para 2025 poderá resvalar para mais tarde, sinalizou o dirigente sindical.

“O Governo comprometeu-se com a parte do acordo de natureza salarial, já que no que diz respeito à revisão das carreiras não revistas foi-nos dito que até setembro se poderia recalendarizar. Mas a revisão das carreiras prevista para 2025 tem de ser cumprida, independentemente e ser este ou outro Governo”, defendeu.

A expectativa da Fesap é que “ainda durante o mês de julho se possa refazer um calendário negocial”, apontou. “Só podemos dizer que o Governo cumpre integralmente o acordo quando aquilo que diz respeito à revisão das carreiras não revistas – como as dos técnicos de saúde, dos inspetores externos e, por arrastamento, da polícia municipal – estiverem em cima da mesa no ano de 2025”, salientou.

A líder do STE, Maria Helena Rodrigues, revelou também que a calendarização de todo processo será diferente, “porque o Governo só está há três meses, houve um delay até à tomada de posse do novo Governo”.

O sindicato alertou ainda “para um vasto número de serviços que não aplicaram ainda o mecanismo de aceleração de carreiras, nomeadamente, por terem biénios de avaliação ainda não concluídos”, de acordo com o comunicado enviado depois às redações.

Governo garante entrada em vigor do novo sistema de avaliação em 2025

Em relação às alterações ao sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública (SIADAP), preconizadas pelo anterior Governo, Sebastião Santana indicou que a secretária de Estado entregou os projetos das duas portarias que estavam em falta para que o novo regime de avaliação pudesse entrar em vigor em 2025, como previsto. E haverá nova reunião na próxima sexta-feira, 5 de julho, para discutir os diplomas que definem o quadro das competências que serão testadas e a nova plataforma eletrónica do SIADAP.

José Abraão salientou ainda que “essa foi uma prioridade apresentada ao Governo pela Fesap na anterior reunião”. “As portarias são necessárias para que o SIADAP se possa operacionalizar já a 1 de janeiro de 2025”, sublinhou.

No final da ronda negocial com os sindicatos, nem a secretária de Estado nem o ministro das Finanças falaram aos jornalistas, mas enviaram um comunicado, indicando que “o ponto principal da agenda” foi “a finalização da nova metodologia do SIADAP a aplicar no ciclo avaliativo de 2025, que visa contribuir para a melhoria do desempenho e qualidade de serviço da Administração Pública”, lê-se no documento enviado às redações.

De recordar que as mudanças ao SIADAP vão permitir que os funcionários públicos progridam mais rápido, já em 2025, em relação ao ciclo avaliativo de 2023/2024, com apenas oito pontos em vez dos atuais dez. O sistema passará bianual a anual e as quotas para as notas mais altas, e que dão mais pontos, serão alargadas.

Neste momento, apenas 25% dos trabalhadores podem ter “bom” e “excelente”, ou seja, mais do que um ponto. Com o novo regime, esse rácio aumenta para 60%.

Assim, os 60% de funcionários públicos, que são abrangidos pelo SIADAP, o que corresponde a cerca de 286 mil, vão avançar mais rápido na carreira. Desses, 30% podem ter “bom”, que dá 1,5 pontos, e 30% são elegíveis para “muito bom”, que atribui dois pontos. A percentagem de funcionários elegíveis para “excelente” (três pontos) passa de 5% para 10% do universo dos 30% que podem ter “muito bom”.

Apesar das melhorias ao SIADAP, a Frente Comum continua a dar nota negativa, porque defende a “revogação” das quotas de avaliação. “É um sistema injusto que não prevê a possibilidade de todos os trabalhadores de um serviço serem excelentes“, critica.

Esta foi a segunda ronda negocial com os sindicatos representativos dos funcionários públicos, depois de um primeiro encontro, no final de maio. A próxima reunião está marcada para 5 de julho.

(Notícia atualizada às 18h57)

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⛽ Combustíveis vão voltar a subir. Gasóleo fica um cêntimo mais caro e gasolina aumenta 1,5 cêntimos

A partir de segunda-feira, quando for abastecer, deverá pagar 1,595 euros por litro de gasóleo simples e 1,741 euros por litro de gasolina simples 95.

Os preços dos combustíveis vão voltar a subir na próxima semana. O gasóleo, o combustível mais usado em Portugal, deverá subir um cêntimo, enquanto a gasolina deverá aumentar 1,5 cêntimos, avançou ao ECO fonte do mercado. Subidas ligeiramente inferiores às verificadas esta semana.

Quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,595 euros por litro de gasóleo simples e 1,741 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Desde o final de abril que os preços do diesel não estavam tão elevados.

Estes valores já têm em conta os descontos aplicados pelas gasolineiras e a revisão das medidas fiscais temporárias para ajudar a mitigar o aumento dos preços dos combustíveis. A redução de impostos determinada pelas medidas atualmente em vigor é de 25 cêntimos por litro de gasóleo e de 26 cêntimos por litro de gasolina.

Os preços podem ainda sofrer alterações para ter em conta o fecho das cotações do petróleo brent à sexta-feira e o comportamento do mercado cambial. Mas também porque os preços finais resultam da média dos valores praticados por todas as gasolineiras. É ainda de recordar que os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Esta semana, os preços do gasóleo subiram 3,4 cêntimos e os da gasolina 1,8 cêntimos, acima das estimativas do mercado.

O preço do brent, que serve de referência para o mercado europeu, está a subir 0,76% esta sexta-feira, para 87,05 dólares por barril e tudo aponta para que esta seja a terceira semana consecutiva de ganhos.

Perante as expectativas crescentes de que a Reserva Federal dos Estados Unidos rapidamente começará a reduzir a taxa diretora, perante um abrandamento da taxa de inflação, que será divulgada esta sexta-feira.

“Com os mercados a antecipar dois cortes nos juros por parte da Fed até ao final do ano, os dados da inflação servirão como validação das expectativas” disse Yeap Jun Rong, um analista do IG, citado pela Reuters.

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Ercros dispara 12% em bolsa. Preço das ações já ultrapassa oferta portuguesa e italiana

Química de Barcelona voltou a disparar na bolsa com anúncio de OPA da italiana Esseco, que é concorrente à oferta do grupo português Bondalti. Investidores antecipam guerra de preços.

A corrida pelo controlo do grupo catalão Ercros, que coloca a portuguesa Bondalti em competição direta com a italiana Esseco, está a puxar o apetite dos investidores por ações da gigante industrial, especializada na produção e venda de produtos químicos e farmacêuticos.

Esta sexta-feira, pouco antes do meio-dia em Lisboa, e depois de a Esseco ter anunciado uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a Ercros financeiramente mais atrativa que a da OPA da Bondalti, o preço dos títulos da empresa estava a disparar 12%, para 3,91 euros (ver gráfico).

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Nos mercados, antecipa-se uma guerra de preços entre a Bondalti e a Esseco. O preço das ações da Ercros é agora 1,82% superior aos 3,84 euros oferecidos pela Esseco e 8,6% superior aos 3,6 euros oferecidos pela Bondalti. Isto poderá indiciar que alguns investidores acreditam que empresa portuguesa irá subir o preço da sua oferta.

Foi a 5 de março que a química portuguesa Bondalti, detida pelo Grupo José de Mello, lançou uma OPA sobre a Ercros, propondo pagar 3,6 euros por cada ação da empresa sedeada em Barcelona. Na altura, o preço representava um prémio de mais de 40% face à cotação de fecho no dia 4 de março.

Citado em comunicado, João de Mello, presidente da Bondalti, disse então que a oferta “representa uma proposta financeira muito atrativa para os atuais acionistas, assim como para a própria empresa”.

Mas, esta quinta-feira, a italiana Esseco chegou-se à frente com uma OPA com um preço melhor. O grupo italiano oferece 3,84 euros por cada ação da Ercros, sublinhando tratar-se de um prémio de 6,7% face à oferta do grupo português e de 50% face ao preço de fecho na sessão do referido dia 4 de março.

“A Esseco seguiu de perto a evolução da Ercros ao longo dos anos e está impressionada pelas receitas do grupo sob a liderança da equipa de gestão”, justifica a empresa italiana num comunicado divulgado através da Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) espanhola.

A Ercros produz e vende produtos químicos e farmacêuticos, empregando 1.350 pessoas. Em 2023, atingiu uma faturação de cerca de 750 milhões de euros e lucros de 27,5 milhões de euros.

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Marcelo afasta sugestão de Cavaco para eleições antecipadas. “Há caminhos práticos que são mais urgentes”

Presidente da República adverte que soluções que "funcionam em determinado momento não funcionam noutro", depois de Cavaco Silva defender eleições antecipadas para desbloquear atual impasse político.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta sexta-feira que eleições antecipadas não são a solução para resolver o impasse político em Portugal, apelando mais uma vez à aprovação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

O chefe de Estado responde assim ao artigo de opinião do seu antecessor Aníbal Cavaco Silva, publicado no Expresso, que considera que a atual situação política torna inviável a aplicação de políticas públicas orientadas para o crescimento económico.

Em declarações aos jornalistas, à margem da entrega da Bolsa José Manuel de Mello 2024, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Marcelo, ainda que se escusando a comentar a opinião do seu antecessor, defendeu que “em termos realistas e práticos” existe “uma situação económica que tem de se manter equilibrada, em situação positiva” e “um Orçamento que era bom que passasse”.

O Presidente da República voltou, assim, a deixar avisos à navegação sobre a necessidade de uma viabilização, em outubro, do Orçamento do Estado para o próximo ano, aumentando a pressão política sobre o PS de Pedro Nuno Santos.

“No meio de uma Europa que está com problemas de crescimento, Portugal [está] a aguentar-se bem. Apesar da substituição do Governo, das crises politicas que houve – no sentido de necessidade de eleições -, não se alterou aquilo que é a atuação para os resultados da economia portuguesa”, argumentou.

Neste sentido, defendeu ser “importante garantir um fator desta estabilidade que é que o Orçamento possa passar daqui a quatro meses”. Marcelo afasta desta forma o argumento usado por Cavaco Silva, para quem a probabilidade de sucesso é “muito alta” apenas se houver um governo com “apoio maioritário” no Parlamento, na sequência de “eleições legislativas, antecipadas ou não”. O Chefe de Estado recordou que o país já irá ter eleições autárquicas em 2025 e presidenciais em 2026.

“Sejamos realistas. Há situações teóricas que são muito interessantes, mas no imediato há caminhos práticos que são mais urgentes”, afirmou. Marcelo Rebelo de Sousa recordou ainda que o contexto atual é distinto do de 1985, considerando que “a história não se repete”. Pelo que, concluiu, soluções que “funcionam em determinado momento não funcionam noutro momento”.

Marcelo espera propostas concretas para uma reforma da justiça “sem vinganças”

O Presidente da República considerou essencial que uma reforma da justiça tenha como base propostas concretas em áreas definidas e advertiu que não poderá constituir uma “vingança” num processo determinado por factos específicos.

Depois de questionado quer sobre recentes posições da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, que defendeu serem necessárias mudanças na Procuradoria-Geral da República (PGR), quer sobre a disponibilidade de o Governo PSD/CDS-PP e PS promoverem uma reforma no setor da justiça, sobretudo no domínio penal, o chefe de Estado não comentou as posições na ministra, mas falou sobre uma eventual reforma da justiça com base num entendimento político maioritário na Assembleia da República.

“Tem de haver duas preocupações muito importantes, a primeira das quais é trabalhar sobre ideias muito concretas. Quem quer a reforma da justiça, deve avançar com propostas muito concretas, caso contrário, se houver um debate genérico sobre a reforma, isso transforma-se numa arma de arremesso político”, avisou.

Em segundo lugar, de acordo com o chefe de Estado, “não pode ficar a sensação de que se faz uma reforma da justiça à medida de conveniências de cada momento”.

“Nos tempos que se seguem, nesse e em outros domínios, é essencial que haja diálogo entre partidos – um diálogo a favor de melhor justiça e não contra ninguém, um diálogo que não seja a vingança de nada determinado por factos específicos. Tem de ser determinado por questões que, verdadeiramente, têm de ser corrigidas ou que não estão a funcionar bem”, salientou.

O Presidente da República começou por lembrar que logo no primeiro ano do seu mandato lançou a ideia de um pacto na justiça, que “foi celebrado pelos protagonistas da justiça, embora pequeno e estrito, tendo sido depois executado numa parte”.

“Hoje é necessário uma coisa diferente, que exige um entendimento entre as forças políticas. Quando se fala em reforma da justiça, isso engloba realidades muito diferentes e não é possível tratar de todos ao mesmo tempo”, disse.

(Notícia atualizada às 13h38)

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Depois do ataque da ministra da Justiça, deve a PGR demitir-se?

O advogado penalista Paulo Saragoça da Matta considera "óbvio que a senhora PGR e sua equipa são uma 'liability' para a instituição Ministério Público e que não deixarão saudades".

A ministra da Justiça Rita Júdice falou e reiterou. Em entrevista ao Observador, a titular da pasta da Justiça admitiu que quer que o próximo procurador-geral da República tenha um perfil de liderança, que seja comunicativo e que “ponha ordem na casa”. Disse ainda que deve ajudar a pôr fim a uma “certa descredibilização” do Ministério Público (MP), sublinhando que o Governo quer iniciar “uma nova era”. Horas depois, na rede social X, insistiu: “o novo PGR terá de ser alguém que reúna as condições técnicas necessárias, mas sobretudo com boa capacidade de liderança, de organização, de gestão de equipas e de comunicação. Deve ser alguém que tenha a capacidade de inaugurar uma nova era na relação com os cidadãos”.

O ECO/Advocatus tentou obter uma reação do gabinete de Lucília Gago até ao final do dia de quinta-feira, mas sem sucesso.

Lucília Gago, que em seis anos nunca concedeu uma única entrevista a um órgão de comunicação social, tem-se escudado em comunicados pontuais através do seu gabinete de imprensa, mesmo estando no olho do furacão por ter escrito o famoso parágrafo que levou à demissão do ex-PM António Costa. na sequência da Operação Influencer.

Mais ainda quando, quase oito meses depois, o ex-líder socialista não foi constituído arguido, o juiz de instrução já veio dizer que não vê relevância criminal nesta investigação e o país tem vindo a assistir à divulgação constantes de escutas telefónicas com conversas de Costa, numa clara violação do segredo de Justiça. Essas mesmas escutas – que chegaram a gravar uma conversa com António Costa a falar sobre a demissão da presidente da TAP passaram por pelo menos 16 juízes – não foram sequer destruídas, segundo explicou a revista Visão. Além disso, durante mais de três anos, o telemóvel do ex-ministro João Galamba esteve a ser escutado e foram ouvidas conversas com Presidentes da Assembleia da República, ministros e autarcas.

Não veio ajudar o Manifesto dos 50, divulgado em abril. O Manifesto dos 50 foi conhecido em finais de abril, com um grupo de 50 personalidades a assinarem o documento em defesa de um “sobressalto cívico” que acabe com a “preocupante inércia” dos agentes políticos relativamente à reforma da Justiça, num apelo ao Presidente da República, Governo e parlamento.

Uma “verdadeira reforma da Justiça”, com a recondução do Ministério Público (MP) a uma estrutura hierárquica para evitar o que chamam de atual “poder sem controlo” do mesmo, um escrutínio externo e avaliação independente aos tribunais e magistrados. Estas são algumas das ideias e conclusões do manifesto assinado por 50 nomes sonantes da sociedade civil.

Lucília GagoLusa

Desde então, quer partidos quer a sociedade civil tem alertado para a necessidade da PGR ir dar explicações aos deputados, não só pela violação do segredo de Justiça com a divulgação das escutas como para explicar a falta de resultados, até agora, na investigação que teve consequências políticas relevantes para o país.

E agora? Deve Lucília Gago pedir a demissão?

O advogado penalista Paulo Saragoça da Matta considera “óbvio que a senhora PGR e sua equipa são uma liability para a instituição Ministério Público e que não deixarão saudades”. Acrescentando que o óbvio “seria que já há muito se tivesse demitido – em rigor o lugar esta vacante há demasiado tempo”. Esperando que “o novo PGR seja uma personalidade carismática, com pulso firme, sem medos dos corporativismos e sindicalismos internos – não é possível que a mais importante instituição de law enforcement acabe por ser governada não por quem deve mandar, mas por grupos de interesses internos. Essa personalidade, se dentro da corporação não se encontrar ninguém independente e firme, imporá que se repense o sistema de governo, para garantir que quem tem o poder e dever de mandar, efetivamente mande”.

Para o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Paulo Lona, “não cabe ao SMMP dizer se a PGR se deve demitir ou não, até porque quem tem poder de exonerar e nomear a PGR não são os magistrados e sim o poder político, cabendo a estes fazer a respetiva avaliação. O que o SMMP tem entendido é que é necessário melhorar a comunicação interna e externa com os cidadãos e com a sociedade, até para evitar mal entendidos e teorias da conspiração sobre a atuação do Ministério Público.”, explicou Paulo Lona, em declarações ao ECO.

António Marçal, presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, fala num “ataque” a “uma instituição fundamental na consolidação da democracia em Portugal” que é “muito grave”. O sindicalista teme que se esteja a contribuir para a descredibilização das instituições democráticas. “Sem um Ministério Público forte, que seja respeitado e mereça a confiança dos cidadãos, nós não temos um verdadeiro Estado de Direito Democrático”, afirmou António Marçal.

“Há aqui uma tentativa de controle do MP por parte do poder político. Podemos estar a dar ideia que vai ser escolhida uma personalidade que procure exercer o controle político do MP. Esta avaliação feita pelo Governo, do PGR não estar a dar entrevistas, não vejo sequer como essencial”, criticou também o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão.

“Os tempos modernos já não se compatibilizam com a ideia de que podemos estar fechados nos nossos gabinetes e não comunicarmos com os cidadãos nas sedes próprias”, defendeu ainda Rita Júdice, reconhecendo a necessidade do sucessor de Lucília Gago — cujo processo de escolha será liderado pelo primeiro-ministro — “restituir” a confiança no Ministério Público, que tem tido “períodos muitos duros” e que “criaram algum descontentamento” na opinião pública.

Rita Alarcão Júdice mostra-se disponível, por outro lado, para uma alteração legislativa que torne clara a “magistratura hierarquizada” do Ministério Público: “Tem de existir hierarquia no Ministério Público. Não é um corpo que anda à solta”. Já o Conselho Superior da instituição deve cumprir as suas competências de escrutínio, atuando “se existir alguma suspeita de que determinada investigação, determinado procurador, foi para além do exercício dos seus direitos”.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acompanhado pela a ministra da Justiça, Rita Júdice, à chegada para participarem na conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros, na residência oficial, no Palácio de São Bento, Lisboa, 20 de junho de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

Também o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos insistiu que reformar Ministério Público é uma matéria de regime que tem de ser acordada com o PSD. “Não vi a entrevista da senhora ministra em particular, não a queria comentar, mas há uma coisa que para mim é óbvia. O ambiente de suspeita, o clima de desconfiança face ao Ministério Público, só favorece quem é verdadeiramente corrupto“, disse Pedro Nuno Santos, à entrada para uma reunião do Partido Socialista Europeu (PES), em Bruxelas. “Isso pode implicar mudanças, desde logo mudanças legislativas e o PS está disponível, sempre no respeito pela independência do poder judicial. Não é isso que está em causa”, completou, pedindo um “debate sério e adulto sobre o Ministério Público”.

O novo PGR terá de ser alguém que reúna as condições técnicas necessárias, mas sobretudo com boa capacidade de liderança, de organização, de gestão de equipas e de comunicação. Deve ser alguém que tenha a capacidade de inaugurar uma nova era na relação com os cidadãos”.

Rita Alarcão Júdice, ministra da Justiça

O Chega e a reação do gabinete da ministra

“Não existe, na afirmação em causa, como aliás se depreende do contexto geral da entrevista, qualquer referência ou até intenção de interferir com a autonomia do Ministério Público ou com a independência do poder judicial. A afirmação tem um sentido prospetivo, visando apenas o futuro”, lê-se num esclarecimento do gabinete da ministra Rita Alarcão Júdice enviado à Lusa.

Em causa o facto do Chega já ter avisado que quer ouvir a ministra da Justiça no parlamento depois de esta ter dito que o “novo procurador-geral tem que pôr ordem na casa”.

“É uma expressão que não se coaduna com o sistema democrático em que vivemos, é uma expressão que não se coaduna com o sistema de separação de poderes em que vivemos, mas que tem um efeito ainda pior e mais nocivo, é uma expressão que talvez denote de forma involuntária as verdadeiras intenções do Governo e, infelizmente, do Partido Socialista em matéria de justiça”, afirmou o líder do Chega, André Ventura, em declarações aos jornalistas no parlamento.

A nota do gabinete da ministra argumenta que “quando se diz ‘arrumar a casa’ sinaliza-se que em breve se vai iniciar um novo ciclo que contribua para a dignificação da Justiça, eliminando o ambiente de crispação e de tensão causado pelas polémicas e controvérsias em torno das instituições judiciárias, mesmo que, por vezes, sem fundamento. Qualquer outra interpretação é uma deturpação do sentido da entrevista, cuja versão integral está publicamente disponível”.

O gabinete de Rita Alarcão Júdice refere ainda que, independentemente de o pedido de audição ser ou não formalizado pelo Chega, já está prevista uma audição regimental na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias em 17 de julho, o que impede qualquer outro agendamento nos 15 dias anteriores.

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Dazn assegura transmissão mundial e gratuita da primeira edição da Esports World Cup

  • + M
  • 28 Junho 2024

No total serão transmitidos mais de 20 torneios, de forma gratuita. Para assistir à competição, os utilizadores necessitam de criar conta, não sendo necessária qualquer tipo de subscrição.

A Dazn vai assegurar a transmissão da primeira edição da Esports World Cup (EWC), a nível mundial e de forma gratuita. A competição de videojogos acontece em Riade (Arábia Saudita), entre 3 de julho e 25 de agosto.

A plataforma de streaming vai transmitir em direto a totalidade da competição, que vai contar com a presença dos melhores clubes e atletas de esports a nível mundial.

Ao todo serão realizados 22 torneios – de jogos como Call of Duty, Counter Strike 2, League of Legends, Overwatch 2, Honor of Kings, Free Fire ou Fortnite – por mais de 60 milhões de dólares, “o maior prémio da história dos esports”, segundo se refere em nota de imprensa.

Para assistir à competição, os utilizadores necessitam de criar uma conta no site ou app da DAZN, não estando em causa qualquer tipo de subscrição.

“A Dazn distingue-se pelas suas capacidades tecnológicas, de distribuição, de produção e comerciais. Assim, somos o parceiro ideal para a Esports World Cup Foundation e vamos trabalhar em conjunto para continuar a transmissão deste evento inovador, de uma forma que entusiasme e crie novas formas de interação entre fãs e potenciais novos adeptos”, diz Shay Segev, CEO do grupo Dazn, citado em comunicado.

“À medida que trabalhamos para impulsionar os esports a nível global, as parcerias com líderes de mercado como a Dazn são passos essenciais a longo prazo para estimular o interesse e envolver as comunidades de fãs espalhadas por todo o mundo. Estou ansioso pela transmissão de classe mundial da Dazn e por celebrarmos juntos a excelência a nível competitivo e a cultura dos videojogos”, acrescenta Ralf Reichert, CEO da Esports World Cup Foundation.

Durante as suas oito semanas de duração a Esports World Cup vai também contar com outras atividades como ativações de videojogos, torneios comunitários ou eventos de cultura pop.

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“Há muito mais dinheiro do que bons projetos” para a transição energética, alerta CEO da Galp

Financiamento não é um obstáculo para a implementação de projetos de transição energética, desde que haja qualidade, defende Filipe Silva. Negociação de incentivos para refinaria de lítio prosseguem.

O CEO da Galp, Filipe Silva, afirma que “há muito mais dinheiro do que bons projetos” para a transição energética. No que diz respeito aos projetos mais verdes da empresa em Portugal, desde o combustível sustentável até às baterias de lítio, há “centenas de milhões de euros” disponíveis, indica. Apesar de a empresa se ter retirado da corrida nas agendas mobilizadoras para a criação de uma cadeia de valor de baterias de lítio, prosseguem as negociações para obter incentivos para a construção da refinaria.

“Há muito mais dinheiro do que bons projetos” no que diz respeito à transição energética em Portugal, afirmou o CEO da Galp. Os projetos de baterias de lítio, de produção de combustível sustentável e também de hidrogénio verde, que a empresa tem na calha, têm ao seu alcance “centenas de milhões de euros”, indicou o responsável.

Filipe Silva fez estas declarações no âmbito da Conferência Portugal Capital Markets, organizada pela Euronext e que decorreu esta sexta-feira no Centro de Congressos de Lisboa.

Depois de ter abandonado a liderança do consórcio que, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), procurava criar uma cadeia de valor de baterias de lítio em Portugal, o CEO garantiu que o financiamento da refinaria de lítio não é um problema nesta fase.

Além dos fundos da própria Galp, “há imenso dinheiro de entidades multilaterais — e depois há os incentivos que estão a ser negociados com o Governo e com Europa”, indicou, sem adiantar valores. “Como é muito mais caro um projeto destes na Europa do que na China, a Europa tem de dar incentivos para competitividade ser parecida”, entende.

Não parecendo ser o financiamento um entrave ao avanço do projeto, o gestor põe o ónus noutro fator decisivo. “Este projeto depende de haver mina [de lítio] em Portugal“, disse ainda. A Galp tem o final do ano como data indicativa para tomar uma decisão final relativamente ao investimento neste projeto.

Já o chairman da EDP, António Lobo Xavier, afirmou na mesma conferência que “não podemos dizer que temos um ambiente favorável para investimentos”, com “impostos especiais a todo o momento” e taxas de imposto efetivas elevadas para as grandes empresas, numa referência ao panorama português.

Pedro Norton, CEO da Finerge também contribuiu para a discussão e sublinhou que, no mercado de eletricidade, os preços próximos de zero estão a tornar-se um problema. Embora estes preços possam parecer “boas notícias para os consumidores, e são, no curto-prazo, representam também um problema estrutural”, alertou. Isto porque, com os custos de capital a aumentarem, torna-se mais desafiante continuar a financiar nova capacidade renovável. “Temos de criar os incentivos certos para continuar a instalar capacidade”, rematou.

Além destas questões, também sobraram críticas no que diz respeito à regulação europeia. Lobo Xavier assinalou que, na Europa, a regulação pesa sobre as empresas muito antes de serem disponibilizados os incentivos. Como bom exemplo, fala dos Estados Unidos, e afere que “a Europa poderia olhar para esses instrumentos sofisticados” de apoio e acelerar.

A Europa está a diminuir a sua competitividade, está a tornar-se pior e pior”, concordou Filipe Silva. Deu o exemplo de um projeto solar da Galp no Alentejo, que demorou oito anos “desde o primeiro papel até ao primeiro eletrão”, isto é, até estar a produzir energia. Pedro Norton acusa que, “num contexto de transição energética, não faz sentido nenhum” os tempos prolongados exigidos pelo licenciamento.

(Artigo atualizado com mais informação às 12h57)

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