“É preciso que os governos que se sucedem mantenham uma linha coerente”, defende Sérgio Sousa Pinto
Oradores na conferência da Associação Business Roundtable Portugal defenderam que o país precisa de mais meritocracia, mais visão estratégica e menos Estado.
“Faço parte dos portugueses cuja aspiração é mandar os filhos lá para fora. Como os faço voltar? É eliminar todos os fatores que os levaram a sair”, afirmou o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, dando o mote para a reflexão na conferência “Portugal o país onde vais querer estar”, que decorre esta quarta-feira na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos. Mais crescimento, mais meritocracia, mais visão estratégica, menos Estado e melhor educação foram os caminhos apontados.
“Precisamos de um ambiente e negócios mais competitivo, mais saudável e sem partes da economia rentista e dependente dos favores do Estado“, afirmou Sérgio Sousa Pinto. Defendeu também uma maior consistência de políticas. “É preciso ser consistente, que os governos que se sucedem mantenham uma linha coerente que dê continuidade. E a continuidade só existe se existir espírito de compromisso e o compromisso só existe se não existir uma cultura de fação”, disse.
Mafalda Rebordão, co-fundadora do Coletivo Matéria, também defendem que é necessário romper com “a dinâmica em que com a alternância de partidos no poder voltamos a repensar a estratégia”. “Se não houver uma visão para o país é muito difícil os jovens quererem regressar”, afirmou na conferência organizada pela Associação Business Roundtable Portugal.
Ricardo Pires, CEO da Semapa, salientou que o país e as empresas precisam de ter “projeto e ambição” para atrair o talento de volta a Portugal. “Os últimos 10 anos foram muito duros para as empresas portuguesas, foi preciso desalavancar, mas vejo muita ambição”, acrescentou.
Para Sérgio Sousa Pinto, “o sistema de incentivos está distorcido. O território da meritocracia não existe. A cunha continua a ser decisiva”. “Só quem está numa posição de grande privilégio é que pode ficar cá por causa do cozido à portuguesa“, afirmou. A co-fundadora juntou que é decisivo para o país “garantir o acesso de todos a ensino de qualidade. Não pode ser um exclusivo de escolas privadas”.
Ricardo Pires salientou a responsabilidade dos líderes. “A meritocracia é muito importante e as lideranças têm de evoluir. Temos a responsabilidade de ter lideranças com capacidade de delegar”, defendeu.
“Temos um Estado lento, extremamente burocrático, com muito pouco escrutínio sobre como o dinheiro é usado“, criticou Mafalda Rebordão. “É evidente que o Estado tem um peso excessivo na economia portuguesa, é sugador de recursos e não cria riqueza“, considerou Sérgio Sousa Pinto. “Não podemos viver num sistema apenas redistributivo. Deixemos as forças do crescimento económico funcionar”, apelou.
O CEO da Semapa sublinhou que não se pode pensar apenas nos jovens. “Temos de olhar para o talento mais velho e ter pessoas que passaram por experiências diferentes. A diversidade não é só de género mas também de idades”, afirmou o CEO da Semapa. Na minha experiência profissional não tinha lidado com a inflação até há um ou dois anos”, exemplificou.
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