Trabalhadores do Alfeite preocupados com situação do estaleiro
Trabalhadores pediram uma reunião com Nuno Melo para saber que medidas estão a ser estudadas para resolver a situação do estaleiro que o governante centrista disse estar “tecnicamente falido”.
A comissão de trabalhadores do Arsenal do Alfeite pediu esta quarta-feira ao ministro da Defesa uma reunião para saber que medidas estão a ser estudadas para resolver a atual situação financeira do estaleiro, que querem manter público.
“Ficámos preocupados quando o senhor ministro disse que tinha pedido que fosse estudada a situação do Arsenal e que as medidas podem ser controversas e aí ficámos muito preocupados com o que é que o Governo poderá querer fazer com o Arsenal porque só faz sentido um Arsenal do Alfeite público, ao serviço do país, dos trabalhadores e da Marinha”, disse à Lusa António Pereira, membro da comissão de trabalhadores.
Os trabalhadores do Arsenal do Alfeite reuniram-se esta quarta em plenário geral em frente ao Ministério da Defesa para exigir a realização de uma reunião com o ministro da Defesa, Nuno Melo, com o objetivo de tentar perceber que medidas estão a ser estudadas para resolver a situação do estaleiro que o governante centrista disse ter recebido “tecnicamente falido”.
António Pereira salientou que os trabalhadores não sabem que medidas estão a ser analisadas mas rejeitou uma eventual privatização: “Não queremos que seja a solução para um estaleiro que tem como cliente potencial a Marinha, aqui até está em causa a questão da soberania nacional”. O membro da comissão de trabalhadores realçou que “o diagnóstico está feito” e que falta um governo “que queira de facto de uma vez por todas investir no Arsenal”.
António Pereira alertou que o estaleiro necessita de meios humanos, uma vez que conta atualmente com 400 trabalhadores que muitas vezes são deslocados de “grandes projetos”, mais demorados, para ir resolver reparações urgentes da Marinha o que muitas vezes prejudica o cumprimento de prazos.
Além de serem apenas 400, António Pereira salientou que recentemente foram admitidos alguns trabalhadores novos, que necessitam de ser formados e a média de idades ronda os 50 anos – pessoas que poderão pedir a reforma sem conseguir passar conhecimentos técnicos a quem entrou.
Os trabalhadores aguardam agora que o ministro da Defesa, Nuno Melo – que se encontra em Washington, nos Estados Unidos da América, no âmbito da cimeira da NATO – os receba. No passado dia 25 de junho o ministro da Defesa Nacional afirmou que recebeu o Arsenal do Alfeite “tecnicamente falido” e que contraiu empréstimos de cerca de dois milhões de euros para pagar salários e cumprir obrigações fiscais.
“Recebemos um Arsenal do Alfeite tecnicamente falido, com inúmeros navios retidos muito acima do prazo previsto para a sua manutenção, causando um dano grande para o cumprir de missões, para a eficácia da Marinha Portuguesa mas a que teremos de dar resposta”, anunciou.
Na altura, o governante e presidente do CDS-PP disse ter pedido que lhe fosse apresentado, no prazo de 30 dias, um conjunto de “possibilidades de saneamento da situação trágica financeira atual do Arsenal do Alfeite e propostas quanto a possíveis medidas que tenham em vista um outro modelo que garanta à Marinha portuguesa o que a Marinha necessita”.
O Arsenal do Alfeite já atravessou, no passado, graves problemas financeiros que se chegaram a traduzir em atrasos de salários e até do subsídio de Natal em 2020 aos mais de 400 trabalhadores que constituem esta empresa, responsável pela reparação e manutenção dos navios da Marinha portuguesa.
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